Santo Domingo, no Cine Santa, em Santa Tereza (RJ)

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Aproveitei o Santo Domingo de 16 de setembro e último dia de meteórica visita ao Rio de Janeiro, para assistir no concorrdo e charmoso Cine Santa, no bairro de Santa Tereza, o documentário Tropicália. Valeu a pena.

Embora a história da Tropicália pareça repetitiva, o roteiro do documentário apresenta os fatos em ordem cronológica, mas começa uma cena rara que mostra o fim do movimento. Caetano e Gil cantam em um programa de televisão portuguesa, em 1969. Caetano avisa que a Tropicália não existe mais como movimento. Ali se torna claro a história pela visão de seus dois protagonistas. Tom Zé, Nara Leão, Gal Costa, Torquato Neto, Rogério Duprat, giram em torno dos baianos Gil e Caetano.

O documentário constata, ainda, que o Brasil vivia sob duas ditaduras: a militar, iniciada em abril de 1964, e da Música Popular Brasileira, onde alguns puristas, intelectuais de esquerda de plantão, os chamados patrulheiros ideológicos-musicais, não tolerava interferência de sonoridades estrangeiras, riffs de guitarras na cadeia produtiva musical da época. A bossa nova já fazia isso influenciada pelo Jazz. Caetano e Gil sempre inquietos e sempre a frente do tempo resolveram reinventar a ordem no Festival da Record, em 1967, com ‘Domingo no Parque’ (Gilberto Gil) e ‘Alegria Alegria’ (Caetano) e no II Festival Internacional da Canção, com ‘É Proibido Proibir’, de Caetano, com direito a vaias da esquerda estudantil.

Mesmo com os críticos voraz, o AI-5, a prisão em São Paulo e o exílio em Londres, Caetano e Gil romperam com o bom mocismo e a aura casta da MPB. E como diz Tom Zé no filme: Gil e Caetano tiraram o país da Idade Média’. Assim é a Tropicália.   Entre as imagens raríssimas, algumas inéditas, destaques para o lançamento do disco manifesto “Panis Et Circenses”, o casamento hippie de Caetano Veloso e Dedé Gadelha, em Salvador, uma festinha de aniversário no exílio de Caetano Veloso e Gil, em Londres, curtas e longa-metragens diversos, a entrevista a um programa de TV portuguesa pouco depois de deixar o Brasil em 1969, após dois meses na cadeia e outros quatro em prisão domiciliar.

É mostrado também Gil e Caetano, em uma uma participação em 1970 no Festival da Ilha de Wight, no interior inglês, no mesmo ano em que tocaram artistas como Miles Davis, The Doors e Jimi Hendrix. O show, filmado, nunca havia vindo a público.   Mais a imagem mais curiosa do filme-documentário na minha visão foi a aparição, sutilmente, do boi de Pindaré do Maranhão no período áureo sob o comando do amo Coxinho. Isso traduz que a Tropicália é uma grande ‘Geléia Geral” muito presente na cultura nacional recente e influenciando até gringos.

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