Nova música de Otto em download

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O cantor Otto divulgou ao público a faixa “Ela Falava”, presente no próximo disco do músico chamado “The Moon 1111” na tarde desta quarta-feira (26). A música está disponível para download gratuito no site de uma marca de cosméticos desde as 14 horas (clique aqui para escutar).

Já o álbum será lançado somente no dia 11 de novembro — a data faz alusão ao próprio nome do disco. Um mês antes, no dia 12 de outubro, haverá um show do cantor na Praça Victor Civita, em São Paulo. A atriz Tainá Muller faz uma participação especial na música.

Inspirado no personagem Guy Montag, do filme “Farenheit 451”, de François Truffaut, o álbum contou com a produção de Pupillo, membro da Nação Zumbi. A banda esteve representada no disco de Otto também pelo baixista Dengue. As gravações aconteceram em Nascedouro de Peixinhos (PE).

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Neguinho Babaçu na mira da polícia

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Infelizmente, mas tenho que falar que o preconceito é algo sobrenatural e real. Se manifesta de diversas  maneiras. O papo aqui não é de um corporativista ou complexado.  O papo aqui é reto e sério.  O fato de ser negro no Brasil, ainda, serve de tema para antrópologos, sociólogos, entre outros estudiosos no assunto.  E resumindo: lá se foram mais cem anos de escravidão e o negro continua tendo os seus direitos de cidadão excluídos.

Na pirâmide social, estão cimentados e legitimados o mais ordinários dos racismos em que os bairros carentes de qualquer metrópole brasileira são habitados por negros. Muitos vivem na extrema miséria. Outros com salários abaixo do mínimo, frequentando uma escola pública excludente, restando apenas ficar na mira de uma polícia oprimida e opressora ao mesmo tempo.

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da República, reconhece que é preciso que as Polícias Civil e Militar mudem o padrão de abordagem aos jovens negros.

“A forma de a polícia abordar o homem branco e negro é diferenciada. É preciso que haja uma reeducação da Polícia Militar e Polícia Civil para mudar o padrão de abordagem, que já chega suspeitando que o negro é bandido”, disse Carvalho.

É triste esse quadro da violência urbana no país, em que milhares de negros são assassinados, muitos confundidos como bandidos. E se a maioria da população jovem negra envereda pelo mundo do crime é motivada por um processo de exclusão histórico, concebido com a chegada dos africanos no processo de colonização do Brasil Império e se estendeu no Brasil República.

Várias tentativas têm sido feitas pelo Poder Público para compensar essa dívida histórica. E mais nova iniciativa do governo federal é a criação do Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra, que será lançado nesta quinta-feira (27), em Maceió, capital das Alagoas. De acordo com a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, no programa radiofônico,  Bom Dia Ministro, desta quarta-feira (26), que o objetivo do plano é reduzir o índice de homicídios de negros no país, intitulado “Juventude Viva”.

Em Alagoas, o programa irá complementar iniciativas que já estão em curso, como o Programa Brasil Mais Seguro, do Ministério da Justiça. A ministra esclareceu que a escolha do estado também se justifica porque a capital, Maceió, ocupa o segundo lugar entre as cidades com o maior número de homicídios no país. Nesta primeira etapa, além de Maceió, o Juventude Viva também será testado em outras três cidades alagoanas: Arapiraca, Marechal Deodoro e União dos Palmares. A meta do governo federal é, a partir da experiência inicial, estender a iniciativa para os 132 municípios mais violentos do país.  Enfim, é um programa abrangente que envolve diversos setores ligados as questões sócioeconômicas da população.

A gente espera que o Plano funcione para melhoria dos indicadores sociais da população negra no País, contribua para identidade, autoestima, reconhecimento e que possa construir mecanismos de superação a opressão, quase irreversível, vinda de qualquer segmento preconceituoso da sociedade.

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“Inovar não é uma opção, uma necessidade”

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“Inovar não é mais uma opção, mas sim uma necessidade”. Essas palavras não são minhas. Eu ouvi durante palestra “Inovação: nem Criatividade, nem Invenção”, ministrada pelo doutor da Fundação Dom Cabral (FDC) e reitor do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), de Minas Gerais, Rivadávia Drummond de Alvarenga Neto.

Foto: Maurício Araya/Imirante.com

Promovida pela Vale, a palestra foi reservada a profissionais de rádio e on-line, na noite desta terça-feira (25), no Hotel Luzeiros.

Ele esclareceu que inovação tem sido confundida com criatividade e invenção. Inovar, segundo Rivadávia, é mudar hábitos. É derrubar conceitos pré-estabelecidos ao longo de uma história. E essas mudanças só podem ser feitas com atitude. E ter atitude é correr riscos. Coisa que muito gente tem medo porque está acostumado ao velho chavão do futebol: “time que está ganhando não se mexe”.

Tenho a sensação que pensar dessa forma é um autêntico equívoco. Quem não arrisca quando é necessário perde a chance de dar um passo a frente e não ser mais o mesmo.

Dono de uma inquietude genuína, quando o tema é a sociedade de informação, eu acredito e defendo a inovação não a enxergando de maneira unilateral.

Pois bem, o discurso da hora é a internet, as mídias sociais, convergência de mídias é a notícia com apelo sexual e sensacionalista como vetores de inovação no universo da comunicação. Cá com meus botões inovar é sinônimo também de conteúdo, da riqueza das palavras e de detalhes, o compromisso com o conhecimento científico e a teoria aliada a prática. Acho que dessa forma estaríamos também colaborando para se criar valores organizacionais e construir uma sociedade que compartilhe coletivamente qualidade de vida.

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Zeca Baleiro no Ano do Brasil em Lisboa

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Zeca Baleiro, que retorna para show em São Luís, no próximo dia 6 de outubro, se fez presente no Ano do Brasil em Portugal.

O músico maranhense participou no domingo (23), do show “Brasil abraça Portugal”

Mais de 40 mil pessoas estavam na Praça do Comércio em Lisboa, onde foi realizado este show, marcando a abertura das comemorações do Ano do Brasil em Portugal.   O espetáculo reuniu nomes da música portuguesa e brasileira. Além de sua participação solo, Baleiro faz uma ponte entre os dois países, dividindo o palco com os portugueses Paulo Gonzo e Boss AC. Também participaram do show Carminho, Martinho da Vila, Pedro Luis e Zé Ricardo.

Começa nesta sexta-feira (21), com um evento de literatura e um debate sobre cultura, ciência e tecnologia, o Ano do Brasil em Portugal. A programação prevê, ao longo de nove meses, até junho de 2013, uma série apresentações de teatro, cinema, música, literatura, artes plásticas e dança.

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O que é sucesso ? O que é Música Boa ?

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O Video Music Brasil (VMB 2012) ignorou novamente nessa versão temas como sertanejo ou pagode, por não considerar irrelevante para seu público.

Destaque ficou com o rap e hip-hop pelo segundo ano consecutivo. Com a escolha dos artistas principais, a emissora parece ter encorajado o engajamento. Já o Prêmio o Multishow de Música, idealizado pelo O Globo, foi mais formal e eclético. Privilegiou a todos.

No ano que vem, quando as próximas edições forem ao ar, poucos se lembrarão quem ganhou ou quem perdeu no Prêmio Multishow e no VMB que passaram. O que fica é a mensagem que cada um deixa como contribuição para o cenário da música brasileira: a MTV querendo ser referência no que é novo, e o Multishow tentando agradar a todos.

Mais um dos debates interessantes é tentar entender “o que e sucesso hoje em dia ?” e se “existe música boa ou ruim” ?

A Nova MPB

Ontem (24), em casa de bobeira em frente à TV, vendo um pouco do ‘Domingão do Faustão’, logo após em ver o meu Corinthians empatar com o Botafogo, assisti a apresentação do grupo de pagode Sonho Maroto e Michel Teló. A banda é responsável pelo sucesso atual ‘Assim Mata o Papai’, na trilha da novela Avenida Brasil. Enquanto Michel Teló se consagrou mundialmente, com o apoio das redes sociais, com o ‘hit’ Ai, Se Eu Te Pego’.

A dupla resolveu juntar as mãos e as ideias para gravar “É nós Fazê Parapapá”, uma mistura de samba e o sertanejo. Já virou ‘hit’ e caiu na boca, Ipod, entre outras ferramentas, da galera. O ‘single’ de Michel Teló e Sorriso Maroto é o mais baixado na internet e repercute no exterior, mas agride a gramática. Parece que estão falando gringo. Cadê a criatividade na música ? Por onde a poesia de verdade ?

O que é Música Boa ?

Outro dia ouvi a declaração de uma cantora baiana que entrou na minha ‘caixola’ e por lá fez um certo efeito. Ela disse mais ou menos, que não existia música pré-rotulada, música não foi feita pra ser classificada, foi feita para ser sentida. Talvez isso explique porque tanta gente “da hight society” sobe o morro pra dançar ao som de “música de preto e favelado”, ou porque a “elite”, vai atrás do “forró do escondidinho”. É o ritmo, a batida, a mistura ou chame como quiser chamar.

Será que música boa é aquela que provoca uma ginga, que faz alguém cantarolar, bater o pé ?

Música boa é aquela que  faz lembrar de algo ou alguém especial, uma frase, um momento, um lugar, uma coisa engraçada ou mesmo a que nos faça sentir uma vontade doida de sair dançando, mesmo que a pista de dança seja o tapete da sala ?

Concluo a cada dia que música é combustível da vida, e sendo assim, não cabem rótulos nem patrulhamento ideológico.   E que o politicamente correto é as pessoas se reservarem o direito de gostar de MPB, jazz, música dos Balcãs e ouvir a Ivete Sangalo sem culpa. Ter o direito de cantarolar o mais irreverente funk sem medo de ser zoada.

E como fica aqueles artistas e público que se definem de gosto apurado, dizem ouvir música de qualidade ?

Em meio a essa eterna turbulência, a impressão é que a maioria tem sempre razão.

Eu prefiro acreditar que “Deus é um ‘deejay’ e a vida é uma pista de dança em que toda música é boa e vira sucesso”…

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Ana do Maranhão em cartaz: 25/9, 13 e 14/10

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Mil e Uma Músicas para Se Ouvir Numa Sexta Básica

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Entre as canções escolhidas está “You Don´t Know Me”, do antológico “Transa”, de 1972, numa releitura da banda indie londrina ‘The Magic Numbers”.Aceito a sugestão do jornalista Alex Palhano que me enviou de presente pelo ‘facebook’ e vamos compartilhar dessa audição. The Magic Numbers é uma banda indie londrina criada em 2002. Clique aqui

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Santo Domingo, no Cine Santa, em Santa Tereza (RJ)

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Aproveitei o Santo Domingo de 16 de setembro e último dia de meteórica visita ao Rio de Janeiro, para assistir no concorrdo e charmoso Cine Santa, no bairro de Santa Tereza, o documentário Tropicália. Valeu a pena.

Embora a história da Tropicália pareça repetitiva, o roteiro do documentário apresenta os fatos em ordem cronológica, mas começa uma cena rara que mostra o fim do movimento. Caetano e Gil cantam em um programa de televisão portuguesa, em 1969. Caetano avisa que a Tropicália não existe mais como movimento. Ali se torna claro a história pela visão de seus dois protagonistas. Tom Zé, Nara Leão, Gal Costa, Torquato Neto, Rogério Duprat, giram em torno dos baianos Gil e Caetano.

O documentário constata, ainda, que o Brasil vivia sob duas ditaduras: a militar, iniciada em abril de 1964, e da Música Popular Brasileira, onde alguns puristas, intelectuais de esquerda de plantão, os chamados patrulheiros ideológicos-musicais, não tolerava interferência de sonoridades estrangeiras, riffs de guitarras na cadeia produtiva musical da época. A bossa nova já fazia isso influenciada pelo Jazz. Caetano e Gil sempre inquietos e sempre a frente do tempo resolveram reinventar a ordem no Festival da Record, em 1967, com ‘Domingo no Parque’ (Gilberto Gil) e ‘Alegria Alegria’ (Caetano) e no II Festival Internacional da Canção, com ‘É Proibido Proibir’, de Caetano, com direito a vaias da esquerda estudantil.

Mesmo com os críticos voraz, o AI-5, a prisão em São Paulo e o exílio em Londres, Caetano e Gil romperam com o bom mocismo e a aura casta da MPB. E como diz Tom Zé no filme: Gil e Caetano tiraram o país da Idade Média’. Assim é a Tropicália.   Entre as imagens raríssimas, algumas inéditas, destaques para o lançamento do disco manifesto “Panis Et Circenses”, o casamento hippie de Caetano Veloso e Dedé Gadelha, em Salvador, uma festinha de aniversário no exílio de Caetano Veloso e Gil, em Londres, curtas e longa-metragens diversos, a entrevista a um programa de TV portuguesa pouco depois de deixar o Brasil em 1969, após dois meses na cadeia e outros quatro em prisão domiciliar.

É mostrado também Gil e Caetano, em uma uma participação em 1970 no Festival da Ilha de Wight, no interior inglês, no mesmo ano em que tocaram artistas como Miles Davis, The Doors e Jimi Hendrix. O show, filmado, nunca havia vindo a público.   Mais a imagem mais curiosa do filme-documentário na minha visão foi a aparição, sutilmente, do boi de Pindaré do Maranhão no período áureo sob o comando do amo Coxinho. Isso traduz que a Tropicália é uma grande ‘Geléia Geral” muito presente na cultura nacional recente e influenciando até gringos.

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HajaLexotan em festa

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Rita Benneditto canta nos 400 anos de São Luís

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Num bate papo informal, na manhã de domingo, (16/9), no CroaSonho, na avenida Barata Ribeiro, em Copacabana, no Rio de Janeiro, a cantora Rita Benneditto disse estar feliz com o convite de participar neste sábado (22/9), do show de 400 anos de São Luís, neste idealizado pelo governo do Estado, na Lagoa da Jansen. Durante a conversa de aproximadamente 40 minutos com direito a um café da manhã, ela falou do processo de transição da nova identidade artística. Falou do sucesso do Tecnomacumba e garantiu não estar com pressa para lançar novo CD. Rita Benneditto vai estar na mesma noite, em que se apresenta a dupla renomada sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano. Rita definiu o encontro com o gênero sertanejo como extremamente interessante. “Eu vou cantar também para o público de Zezé Di Camargo e Luciano. “As pessoas terão a oportunidade de conviver com a diversidade existente na Música Brasileira Contemporânea “, ressaltou.

Na Mira – Você vive um momento de transição com a mudança da identidade artística para Rita Benneditto. O público já está familiarizado, reagindo com aceitação ao novo sobrenome ?

Rita Ribeiro – Eu acredito que o processo é um pouco lento. Não é assim tão instantaneo mudar um nome depois de mais de 20 anos de carreira. Não é fácil, não é banal. Isso requer toda uma reestruturação para mim e também para o meu público. O primeiro impacto da mudança foi extremamente positiva. Eu percebi que tenho um público fiel. Uma galera que já me acompanha há muitos anos. Tenho recebido várias manifestações de apoio por parte do público. De gente que fala que tanto faz ser Rita Ribeiro ou Rita Benneditto, o importante é o que eu faço, é a minha história com a música. Alguns comentam que gostaram da mudança. Outros acham estranho. Eu ainda não fiz um trabalho de divulgação a nível nacional por questões particulares. Mas eu gosto de dizer de cara que eu quis mudar o nome. Independente de mudar existiam fatos reais que me levaram a tomar essa decisão. Comecei a observar o surgimento de homônimos, de muitas pessoas públicas com o mesmo nome na minha área. Existe uma Rita Ribeiro escritora, além de uma cantora portuguesa com o mesmo nome, gerando alguns conflitos. Uma dessas Rita Ribeiro resolveu fazer o registro artístico impossibilitando todas as outras de usarem o nome. Percebendo que a energia do estica pra lá e puxa pra cá é desgastante resolvi mudar de nome. Foi uma decisão extremamente delicada. Mas embarquei. Me sinto acolhida e familiarizada com a nova identidade. Antes de qualquer decisão procurei um numerólogo.

Na Mira – E como a numerologia interferiu na mudança ?

Rita Ribeiro – Em lugar de entrar com um longo e, possivelmente, desgastante processo na justiça e já que sempre fui ligada ao sagrado – vide o sucesso do show Tecnomacumba– resolvi então atender aos sinais e mudar o meu nome artístico. Escolhi um sobrenome que é, ao mesmo tempo, uma homenagem ao meu pai, que se chamava Fausto Benedito Ribeiro; à minha terra natal, São Benedito do Rio Preto, cidade do Interior do Maranhão; e também por ser um nome abençoado. Pensei também em São Benedito, que é um santo padroeiro das festas populares no Maranhão, especialmente, o tambor de crioula. E mais, Benedito tem origem no latim, Benedictus, significa abençoado, louvado, consagrado. Eu sou uma artista que se relaciona profundamente com os mistérios da existência. Cantar, para mim, não é só um meio de sobrevivência ou uma questão de prazer e vaidade. É antes de tudo, me relacionar com o sagrado. Então, alguns fatos me levaram a concluir que o sagrado estava me sinalizando para a troca de nome. Eu consultei um numerólogo de minha confiança para chegar a uma melhor grafia para novo nome artístico, garantindo as melhores vibrações possíveis. Se pensou na fusão do feminino, Rita, com o masculino, Benedito. Isso é muito forte, imponente. E para me respaldar o numerólogo sugeriu que eu escrevesse o Benneditto com dois (N) e dois (T), pois teria um potencial maior de carisma, sucesso e de mídia espontânea. O nome já está registrado para nao ser surpreendida novamente. Estou feliz com a mudança.

Na Mira – São Luís festeja 400 anos. Não são quatro meses, nem quatro anos ou quarenta anos. São quatro séculos de existência. Como você traduz o convite para fazer parte da festa ?

Rita Ribeiro – Fiz questão de fazer parte da festa. O meu compromisso é com o povo do Maranhão. O povo ludovicense. Com a história da minha cidade. De acordo com a sua pergunta estamos comemorando 400 anos e não 40 anos. Uma história extremamente rica. São Luís é um patrimônio histórico mundial. Já foi chamada de Atenas Brasileira, por conta de sua tradição de poesia e cultura. Já teve o apogeu industrial no período da produção de algodão. Tem personalidades importantes na sua história, entre eles, Sousândrade, Ferreira Gullar, Aluísio Azevedo, os mestres Felipe e Leonardo, na cultura popular. Tem a tradição do povo negro representado pela Casas da Minas, Nagô e Fanti Ashanti. Temos os índios Tupinambás, Guajajara. São Luís foi a primeira cidade fundada por franceses e depois colonizada por portugueses e holandeses. Temos uma culinária e indumentárias muito ricas. Tudo nosso é muito rico. Eu faço questão de estar em São Luís reverenciando a cidade. Isso não impede para que eu feche os olhos para alguns desequilíbrios no campo social no Maranhão, especialmente, em São Luís. Nós temos consciência desses problemas, mas também devemos ter consciência da nossa capacidade de transformação. Nós temos que delegar a nós essa responsabilidade acima de tudo. Eu penso assim. Sou uma artista, uma comunicadora. Eu acho que é uma responsabilidade minha estar em São Luís comunicando com o meu povo, comemorando com ele a mnha cidade. Se as pessoas estão lá é porque elas também tem consciência. Temos que equilibrar a balança das coisas. Não podemos deixar para trás tantos anos de história, simplesmente, porque o momento não seja mais adequado. Temos mais é que reverter isso a partir de nós mesmos e com festa.

Na Mira – Você poderia adiantar para o público o que está reservado em seu ‘set’ para o sábado, dia 22, na Lagoa da Jansen ?

Rita Ribeiro – Infelizmente só vou em São Luís anualmente. Fui na festa dos 399 anos e retorno para festejar os 400. É pouco tempo para usufruir da minha cidade. É pouco tempo para estar em contato de maneira mais constante com o povo da minha terra. Eu acabei montando um repertório para esse show fazendo com que as pessoas possam escutar sucessos representativos na minha carreira, dos meus discos lançados, e que todo mundo gosta de cantar. Fazemos isso para continuar essa cumplicidade. Eu também estou levando um pouco do repertório do Tecnomacumba, que também são músicas populares, músicas conhecidas. Estou levando algumas novidades pontuais. Uma delas é uma Mina Gegê, de autoria de Josias Sobrinho, que fez pra mim e conta a história da Mina no Maranhão. O resto eu prefiro deixar para o momento no palco. Ah, irei acompanhada de um quarteto de baixo, guitarra, bateria e percussão. Faremos um show bem diverso e divertido.

Na Mira – A dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano dividirão à noite com você. Você já vivenciou uma experiência com a música sertaneja ? E o que você acha dessa diversidade imposta pela na atual conjuntura pela indústria cultural em que o ecletismo de estilos e gostos é a palavra de ordem.

Rita Ribeiro – Será uma experiência pioneira. Vai ser legal porque estarei em contato com o público de Zezé Di Camargo e Luciano. Quanto a gosto musical é uma coisa indiscutível. Eu não sou apaixonada, enloquecida pela música sertaneja. Não compro discos, não gosto dos timbres das vozes. Não canto música sertaneja. Mas eu gosto de algumas músicas de Zezé Di Camargo e Luciano, sem nenhuma demagogia. Eu respeito o trabalho deles, pois são profissionais da música brasileira que alçaram voo e tiveram o trabalho reconhecido no cenário da Música Popular Brasileira. Eles falam de amor, uma coisa que o brasileiro adora. Uma característica do brasileiro, principalmente, do grande público que gosta dessa abordagem de amor que os sertanejos tratam com muita particularidade e que deu muito certo. Não é a minha melhor música, mas eu tenho respeito pelo trabalho desses caras. Eles têm um talento, uma força. Isso será importante para mim pois nesse encontro vou estar também com um público que não é meu. As pessoas vão assistir Zezé Di Camargo e Luciano e vão assistir Rita Benneditto. Mas é bom que se diga: eu vou abrir o show de Zezé Di Camargo e Luciano. Eu sou do Maranhão. Eu sou de casa. Eu estou recebendo a dupla. Eu sou anfitriã de Zezé Di Camargo e Luciano (brinca) e ao mesmo tempo irei recepcioná-los logo em seguida. Eu acho isso muito interessante. É a diversidade. Cada um com a sua sonoridade. Eu e meu quarteto numa pegada mais rock´n´roll. Eu tenho uma tendência mais rock´n´roll na atitude do meu som. E depois todo aquele aparato de super banda com aquelas coisas que já estamos acostumados de ver. As pessoas vão conviver com um panorama diverso da música brasileira. Você gosta de sertanejo, você gosta de Música Popular Brasileira Contemporânea. Vai ser extremamente interessante.

Na Mira – Falando do Tecnomacumba. O público já se desapegou dele ou continua ávido pelo projeto ?

Rita Ribeiro – O Tecnomacumba é um projeto atemporal. Quando eu penso que as pessoas se desencantaram, elas ficam enloquecidas pelo projeto. Nem eu mais tenho uma explicação muito lógica para esse fenômeno. Mas acredito que o Tecnomacumba pegou na veia do povo brasileiro, porque ele mexe com o imaginário, a memória cultural e afetiva do povo brasileiro. Há um hiato, um vazio nesse contexto. Quem hoje no Brasil faz música com essa temática tão escancarada quanto eu ? Eu chamo o Tecnomacumba de um manifesto de brasilidade. Uma intervenção cultural que trouxe à tona a herança da religião africana para a música brasileira. Eu digo que a música brasileira deve muito a religiosidade africana. Por isso, me respaldei de compositores que bebem nessa fonte como Toninho e Romildo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Benjor, Nei Lopes, Arlindo Cruz, Clara Nunes, Maria Bethânia. E mais, esse projeto deu certo porque foi concebido no Rio de Janeiro. O povo carioca é extremamente religioso e ‘linkado’ com a religião de matriz africana. No Rio, São Jorge é um Deus. Macumba aqui é mais forte do que na Bahia. Não estou preocupada em fazer disco para público religioso. Não faço apologia a religião. Mas deixo bem claro que tenho como matriz a religiosidade africana. Enfim, o que fiz com o Tecnomacumba é uma representação da cultura popular brasileira, principalmente, a nordestina em formato de show, disco e DVD, em que a entidade principal é a deusa música. Ela consegue transcender qualquer tipo de preconceito. A música se faz presente de maneira absoluta. Eu aproveitei [ela] a música para difundir ao povo brasileiro a herança cultural africana que, de repente, ficou debaixo do tapete. Eu consegui elevar o nome dessa cultura a nível de mitologia. Há 9 anos faço o show do projeto sem parar. Sei que ainda tem muita gente que associa o Tecnomacumba de forma pejorativa. Modéstia à parte, eu tenho feito um grande serviço à música brasileira apresentando mantras maravilhosos construídos pelo povo negro. Me sinto feliz e realizada com o Tecnomacumba.

Na Mira – Mesmo com o sucesso do Tecnomacumba e do que ele representa em sua trajetória artística, o público, a crítica, cobra um novo disco seu. Isso é normal nesse mercado da música ?

Rita Ribeiro – Eu também acho que preciso de apresentar um novo disco. Agora, sou uma cantora independente desde 2003. Ser independente não é fácil. Às vezes eu questiono essa forma de cobrança do mercado e do público que exigem do artista que ele grave um disco por ano. Vejo Marisa Monte. Ela passa seis anos sem gravar e todo mundo acha ‘cult’. Que bom que ela pode passar todo esse período da vida dela reelaborando o que ela quer mostrar dentro da sua linhagem musical, no jeito Marisa Monte de fazer as coisas. Bom, eu lancei em 2009, o Tecnomacumba em CD e DVD. Estou em fase de pré-produção do novo disco, a príncipio, vai se chamar ‘Encanto’.  Ele está sendo estruturado. Vou esperar um pouco mais para explicar sobre esse projeto. Uma outra coisa que me preocupa no fato de ser independente é que saímos do patronismo das gravadores e passamos a ser reféns dos editais. Estamos com a lei Rouanet que nós dá uma carta de anuência para que possamos viabilizar os projetos. Portanto, ficamos a mercê desses editais. Não é um papo rançoso, pois não parei de trabalhar. O Tecnomacumba está aí resistindo ao tempo como uma peça de teatro que tem longa vida em cartaz. È preciso rever esse tipo de pensamento e perceber que a música pode seguir a mesma trilha do teatro nesse sentido. Quanto ao meu trabalho é de formiguinha, construído de degrau em degrau. O público que está comigo é porque gosta do que faço.

Na Mira – São Luís agora é quatrocentona. Daqui pra frente é chegada a hora da serpente acordar de vez ?

Rita Ribeiro – Eu acho que sim. Temos que ter um pensamento diferente dessa serpente. Todo mundo diz que a cabeça está na Fonte do Ribeirão. Á Fonte do Ribeirão é uma fonte de água. E quando se fala em uma fonte não se fala em ciclos, se fala em fluxos. Se está dormindo debaixo de nós e se acordarmos ela iremos abaixo. Temos que mudar esse pensamento. Eu sei que a serpente tem vários cultos. Para os cultos africanos ela tem uma força positiva muito grande. A serpente dourada nos rituais pagãs, os da Mina Gegê, que se chama Dan, é muito poderosa, e deu origem a Daomé [como diz o samba enredo da Flor do Samba]. O maranhense, o ludovicense tem total consciência disso. A gente não pode pensar nessa serpente parada, sem ação, esperando qualquer vacilo nosso para afundar com a nossa ilha. Se a gente pensar num movimento ascendente de evolução, de mudança, de transformação, essa serpente passa a ser a nossa parceira. E passa a vibrar positivamente na nossa cabeça, no nosso pensamento, na nossa história. Não sei se é uma viagem cósmica (rsrsrs), mas se pensarmos contra o contrário, o negativo de que vamos afundar, teremos um espiral de crescimento. Eu trago a minha terra comigo para qualquer lugar que eu vou. Eu tenho orgulho de ser maranhense, de ser criada em São Luís, orgulho do meu povo. E quero pensar que esse povo seja capaz de fazer uma grande transformação necessária para nossa história, para que a gente possa comemorar mais 400 anos de maneira mais consciente e evolutiva.

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