Joãozinho Ribeiro grava DVD no TAA

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João Batista Ribeiro Filho, ou simplesmente Joãozinho Ribeiro, viveu e cresceu em São Luís, entre os casarões da cidade histórica, grava cd ao vivo, nesta terça (27) e quarta (28), no show”Milhões de Uns”, no Teatro Artur Azevedo. Artista de múltiplas vertentes no campo da música popular,  o compositor divide o palco com vários convidados. Entre eles, Alê Muniz, Milla Camões, Josias Sobrinho, Rosa Reis, Chico Saldanha, Lena Machado, Célia Maria, Cesar Teixeira, Coral São João, Zeca Baleiro e o paraibano Chico César. Ele será acompanhado no show por: George Gomes na bateria; percussão Arlindo Carvalho e Wanderson Silva; no contrabaixo Serginho Carvalho; trompete Hugo Carafunin; além do saxofonista, Danilo Santos.
 
A iniciativa partiu do cantor Zeca Baleiro, que escreveu um texto distribuído aos artistas, poetas, produtores e amigos de Joãozinho sobre a importância do registro das cançõs do compositor, ressaltando: “Joãozinho Ribeiro é um poeta e compositor maiúsculo. Mas sempre foi mais que isso. João é uma espécie de ‘Guru da Galera’, o cara que aponta caminhos, que lança luz sobre as trevas culturais da cidade de São Luís – incansável, obstinado, convicto”. A gravação do primeiro disco de Joãozinho Ribeiro traz a expectativa de ser um registro clássico, comparado a outros grandes discos importantes da música popular brasileira. Em entrevista ao Blog do jornalista Pedro Sobrinho, Joáozinho Ribeiro relata a cada pergunta porque é um artista multifacetado e sempre em movimento.
 
Pedro Sobrinho  – Você tem uma história de miltância com a música. O seu legado abrange diversos gêneros musicais, desde o choro, samba e afins.. São mais de oitenta composições gravadas por artistas maranhenses. Zeca Baleiro o cita em texto que você é o ‘Guru da Galera’. Porque só agora a gravação de um disco ?

Joãozinho Ribeiro – Acho que uma das características que sempre mantive foi a de um cidadão do mundo multifacetado, fazendo muitas coisas ao mesmo tempo, sem a dosimetria (está na moda, né…rsss) do equilíbrio, do foco, ou coisa parecida. Produzi muito nestas últimas quatro décadas e o processo criativo sempre esteve ligado a construção coletiva de novas pontes humanas, defendendo um entendimento da Cultura pra lá das manifestações artísticas e dos eventos. Cultura como direito, economia, cidadania, alegria e dignidade das pessoas. O agora, talvez, tenha muito a ver com o meu atual estado de espírito – sou um guerrilheiro inveterado sonhando com a paz.

Pedro Sobrinho – Para Joãozinho Ribeiro, o que significa esse projeto “Milhões de Uns” ?

Joãozinho Ribeiro – Significa compartilhar com outros artistas, parceiros, perspectivas de transformar esse encontro em festa. Esse encontro é o resultado, a soma, de toda a contribuição que tenho procurado dar a música maranhense, definida também como brasileira.

Pedro Sobrinho – Fale da estratégia de dividir o show em duas etapas, ou seja, nos dias 27 e 28 deste mês, tendo como cenário o Teatro Artur Azevedo ?
 
Joãozinho Ribeiro – A estratégia se deve ao tamanho do repertório e das pessoas participantes que não caberiam em um só dia, além do risco que toda descoberta oferece. Essa  gravação ao vivo não é coisa para principiantes como eu…(risos). Todo cuidado é mínimo e devemos render além da conta tudo aquilo que faz bem a alma e ao corpo. A música me faz um bem danado. Talvez uma semana fosse a dose mais ou menos indicada para esse bem. São tantas almas envolvidas nesta construção coletiva que dá vontade de não desligar os aparelhos…
 
Pedro Sobrinho – Zeca Baleiro e Chico César virão a São Luís, especialmente, para celebrar com você esse seu momento. Bom, com Zeca você já tem uma afinidade geográfica e musical. Como você explica a participação do paraibano, do Catolé do Rocha, Chico César ?

Joãozinho Ribeiro – A idéia do registro sempre foi fazer algo que tivesse a cara da diversidade maranhense, brasileira, Àfrica, Caribe…e afinidade com o meu processo criativo. Conheci e me aproximei do Chico quando estava trabalhando no Ministério da Cultura e ele era Secretário de Cultura de João Pessoa. Sempre estava em Brasília, discutindo propostas de avanços da política cultural, e inúmeras vezes nos encontramos no Congresso Nacional, nas Comissões de Educação e Cultura, apresentando propostas e prestando informações sobre projetos de interesse do Governo Federal e dos Municípios. Começou uma amizade que até hoje permanece, fortalecida pela admiração mútua, pelo respeito que tenho pela sua produção musical e suas idéias. Não poderia fica fora do CD e aceitou o convite para a participação na primeira pegada, apesar dos inúmeros compromissos que possui atualmente com cantor e compositor e Secretário de Cultura da Paraíba. Uma pessoa fundamental neste Milhões de Uns.
 
Pedro Sobrinho  – Os shows têm várias participações. Célia Maria, Rosa Reis, Lena Machado, Mila Camões, Alê Muniz, Josias Sobrinho, Chico Saldanha, César Teixeira, além do Coral de São João. O que representa cada convidado em sua trajetória musical ?
 
Joãozinho Ribeiro – São parceiros antes de tudo, de copo, de alma, de militância cultural, de afinidade criativa. A maioria já compartilha comigo de longas datas, o ato de criar e produzir coletivamente. Individualmente, cada um tem uma história específica, porém no conjunto cada um é uma pessoa fundamental na formação dos Milhões… de música, de canto, de encantamento e cumplicidade cultural e artística. 
 
Pedro Sobrinho –  Você sempre enxergou a arte, especialmente a música, como um agente transformador. Você ainda acredita que ela tem o poder de influenciar as pessoas para lutar por uma causa ? Ou tem se tornado uma ferramenta obsoleta para a mudança ?

Joãozinho Ribeiro – Acho que a música pode ser traduzida em milhões de coisas, mas nunca pode deixar de ser música. Quanto a sua possibilidade de transformação vai depender muito da honestidade do criador com a sua arte musical. Assim entendida, faz muito sentido lutar pelas coisas que acreditamos. Por isso, acredito nelas e faço 
 
Pedro Sobrinho –  Além de músico, existe um Joãozinho que atuou no cinema e no teatro. Fez passeatas em defesa da meia-passagem para estudantes. Chegou a ocupar a Secretaria de Estadual de Cultura. Enfim, você é um artista sempre em movimento. Como você vê o cenário artístico do Maranhão, principalmente o da música ?

Joãozinho Ribeiro – Gostei do artista em movimento, você é a primeira pessoa que me traz esta imagem. Fiz muito de tudo e de tudo um pouco nesta paisagem feita de tempo, que sempre foi a minha vida. Da experiência colhida do ofício de viver e outros vícios, trago comigo a insuportável esperança de que o Maranhão ainda vai dar certo e a contribuição da Cultura será primordial. Acho que novamente ela está se colocando na mesa de debate, como fator essencial e estratégico de desenvolvimento humano. Acho que a criatividade é a grande ferramenta para enfrentarmos este fosso cruel das desigualdades que, ainda, atormenta em nosso Estado. Já passamos por vários ciclos: da cana-de-açúcar, da soja, dos minérios…por que não da criatividade?
 
Pedro Sobrinho – Onde você acertou, onde você pecou como secretário de Cultura do Estado ?
 
Joãozinho Ribeiro –  Não tenho nenhum instrumento perfeito de aferição, mas acho que a maior contribuição foi propor um Plano de Cultura para o Estado, pensando a cultura a curto, médio e longo prazo, com a implantação de instrumentos legislativos necessários – Fundo, Lei de Incentivo, Conselho, Plano, que até hoje serve de referência em todo território nacional. O pecado, se assim pode ser chamado, foi não ter conseguido superar a “cultura de Evento” e um entendimento bastante enraizado, que reduz as grandes possibilidades de uma gestão cultural aos festejos juninos e carnavalescos. Também não conseguimos avançar na questão do Patrimônio Histórico como desejávamos.

Pedro Sobrinho – Pra finalizar, a gravação desse disco já é um marco na sua carreira. Com ele você encerra um ciclo ou, ainda tem muitas cartas na manga pela frente ? Afinal, nunca é tarde para a poesia.

Joãozinho Ribeiro – Acho que ele escancara as janelas da vida para novas e imensas possibilidades, juntando pedaços do passado e do presente, apontando firme para o futuro, e provocando nas pessoas o sentimento de que a Cultura continua sendo o grande cimento da humanidade, ligando partes fragmentadas de um corpo que quer ser feito de solidariedade e carinho. “Sou cantador do tempo. E o tempo tenho cantado. Tempo que falta é futuro. Tempo que sobra é passado. Cantador que canta só, canta mal acompanhado”.
 
Serviço
 
Show “Milhões de Uns”, gravação do primeiro CD de Joãozinho Ribeiro
Quando: 27 e 28 de novembro, 21h
Local: Teatro Arthur Azevedo
Entrada: R$ 50,00 (meia para estudante)
Produção: Ópera Night Produções
Contato: 8137.7452 / 8786.6766

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