Bid e o seu Bambas Dois

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pedroebid2510Tive acesso ao disco“Bambas e Biritas”, do produtor paulista Bid, nome artístico de Eduardo Bidlovski, em Santa Tereza, no Rio de Janeiro, após audição feita com o amigo e parceiro, o DJ Zod. Foi um amor à primeira ouvida. Acabei fazendo uma resenha, publicada na segunda edição da revista Ótima, no ‘Music News’. E logo depois o‘deejay‘ Franklin fez um ‘download’ na internet e me presenteou com o ‘Bamba Dois. Uma outra proposta sonora, mas aprovada pelo meu ouvido criterioso.

No último dia (9/1), numa quinta-feira, tive o privilégio de conhecer ‘in loco’, o produtor Bid o responsável por essas duas obras representativas para a música brasileira e ser presenteado com o CD Book. “Bambas Dois”. Para o produtor, os dois discos são misturas de ritmos, filhos da Àfrica, que vão do samba ao funk, à musica do Nordeste e Norte, e um elo entre o velho e o novo.

– “Essa mistura e o elo entre o velho e o novo é uma coisa que gosto de fazer. Capto sons como se faziam antigamente. Gosto de mexer com equipamentos e microfones antigos e dar um tratamento mais moderno com o computador e a música vai para um terceiro lugar. É disso que chegou o resultado bacana das misturas. Faço isso sempre com músicos’ e nada de‘samplers’.. Músicos gravam colocam ali seu coração e sua vibração, Dali, vai para dentro do computador e trabalho sempre com uma mão humana como material de trabalho. Essa coisa entre o velho e o novo se estende aos convidados. No primeiro, a gente vê a nova escola com Black Alien, Rapin Hood, Seu Jorge fazendo contraponto com Elza Soares, Marku Ribas e o Carlos Dafé.  A troca entre o velho e o novo também é importante.O velho absorve um pouco do novo. O novo, a experiência e a história dos mais velhos. Isso aconteceu nos ‘Bambas e Biritas e ‘Bamba Dois – explicou.

Férias

Foto: Domenico Pugliese
Foto: Domenico Pugliese

Questionado por mim sobre essa vinda ao Maranhão, Bid disse que já era uma vontade de conhecer o Estado tendo em vista a amizade com o percussionista maranhense Papete, que participou do ‘Bamba Dois”.–  “Há muito tempo estava a fim de conhecer o Maranhão. Papete teria feito o convite para que eu conhecesse o Maranhão. Só agora, de férias, pude fazer a viagem e vim acompanhado de Otávio Rodrigues, o ‘Doctor Reggae’, que já morou em São Luís, e ,agora, somos parceiros musicais. Foram nove dias no Estado e vivenciei uma experiência valiosa. Tive o privilégio de visitar os Lençóis Maranhenses e participar das festas nos clubes de reggae de São Luís. Os costumes de quem consome essa música jamaicana na ilha. Tudo é muito peculiar. As radiolas, o culto ao reggae de raiz jamaicano, a forma de dançar agarradinho. Enfim, tem toda uma particularidade – ressaltou.

Bid deixou São Luís levando um pandeirão e uma parelha de tambor crioula recomendada e batizada pelo mestre Amaral.

Lipedroebid7510quidificador

Bid contribuiu no começo dos anos 1990, quando ajudou Chico Science & Nação Zumbi a produzir uma das obras-primas do movimento manguebeat, Afrociberdelia. Foi também fundador do “Funk Como Le Gusta”. Tampouco que, nos últimos anos, ele esteve envolvido na produção de outras dezenas de discos e trilhas sonoras de filmes.

Misturar é primordial na trajetória de Bird. E o “Bambas Dois” é o exemplo. O disco foi criado por ele, ao lado do músico Fernando Nunes e de DJ Gusta, da banda Echo Sound Systema, sendo gravado entre a Jamaica e o Brasil.

Segundo Bid, o novo disco soa como a continuação de “Bambas e Biritas – Vol. 1″, mas tem como objetivo convergir a polirritmia brasileira com o reggae e outros gêneros jamaicanos, entre eles o rocksteady e dancehall. E, para tanto, contou com a participação de vários e importantes artistas jamaicanos e brasileiros que dão legitimidade ao projeto.

pedroebid9510BiD apostou mais alto e chamou colaboradores internacionais: os jamaicanos Luciano, Sizzla, Kymani Marley (um dos filhos de Bob Marley), Jah Marcus, I Wayne, Queen Ifrica, Tony Rebel e o trio vocal The Heptones e Luciano, que fez a releitura de ‘Something”, dos Beatles.. Entre os artistas brasileiros que participaram do projeto estão: Dominguinhos, Luiz Melodia, Chico César, Daniel Ganjaman, Siba, o percussionista maranhense Papete, Pitoco, Céu, Anelis Assumpção e Lucio Maia (Nação Zumbi), entre outros. “Eu tentei pegar as pessoas autênticas em seus instrumentos. Esse disco tem o conceito de escrever músicas em conjunto. Os jamaicanos escreveram as letras, gravaram, adicionei para um equilíbrio do disco, para que  não ficasse nem Jamaica, nem muito nordestino, do Norte., Essa foi a busca”, assegurou.

Indagado se sentia a ausência de algum artista no projeto “Bamba Dois”, Bid citou os nomes de Chico César, além de Gilberto Gil, que já havia feito passeio por essa viagem, principalmente com o ‘Kaya N`Gandaya’ e o jamaicano Gregory Isaacs, que já estava doente no período da gravação. E, ao explicar sobre a importância de Chico César na concepção do disco, Bid disse que tudo começou durante viagem à Jamaica.

“Na primeira viagem a Jamaica e estava num barquinho para um mergulho Eu coloquei o disco ‘Francisco, Forró e Frevo”. Eu escolhi uma músicapara tocar e ver como iria soar em terras jamaicanas. O cara que estava conduzindo o barco começou a cantar em uma ,linha meio dancehall. Na hora deu o click e vou fazer um disco que vai misturar as duas culturas. Quando você viu U-Roy, Luciano, Heptones cantando e apesar da linha do baixo do reggae, existe a presença da zabumba, pandeirão, triângulo, e uma mistura que causou, não uma estranheza, mas um desafio. Enfim, eles perceberam que, na verdade, havia a mesma divisão rítmicas. Eles assimiliram a ideia que tem como objetivo juntar as culturas. Eles adoram o Brasil, futebol. E ao ouvir a música tiveram outra reação, pois a músicas falaram por si”. ressaltou.

pedroebid12510Na Estrada

Bid deixou bem claro que o trabalho não se resume apenas ao disco. Ele montou uma banda com doze músicos. “É difícil fazer shows. É difícil viajar por aí, É muita gente. Tá muito caro passagem, A gente conseguiu entrar em alguns festivais importantes, como, o Natura Nós, um festival bem grande. Tocamos em no festival Rio Louco, em Toulouse, na França, em junho deste ano, como ‘headline’ e a participação de Luciano. Em todos os shows chamamos músicos jamaicanos envolvidos no projeto para tocar. Estamos tentando trazer o show para São Luís, mas as coisas não parece fácil de viabilização. A ideia é trabalhar o disco com shows e a gente que São Luís seja um roteiro. Mas, vamos trabalhar o disco e lançá-lo na Europa este ano”. garantiu.

Para quem tem a música como combustível, oxigênio, musa, paixão eterna e prima pela criatividade, misturas e experimenta novas sonoridades, nada mais sugestivo essa audição de bambas.

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