Tambor de Choro: morreu Naná Vasconcelos

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A percussão mundial está de luto. Morreu na manhã desta quarta-feira (9/3), no Recife (PE),  o músico pernambucano Naná Vasconcelos, de 71 anos, cujo o legado tenho registrado em ‘vinil’ pela ECM, gravadora alemã, criada por Manfred Eicher, em que só músicos brilhantes e ‘virtuosos’ do Jazz e Música Instrumental tiveram acesso. Naná era um dos meus preferidos nos programas Acordes e Jam Session, apresentado por mim, lá pelos anos 90, na Mirante FM. Tive o privilégio de assisti-lo no PERCPAN – Panorama Percussivo Mundial, em 1995, em Salvador (BA). Ele era um dos curadores do evento, juntamente com Gilberto Gil. Clique Aqui e Leia

Naná Vasconcelos morre aos 71 anos, no Recife (PE). Foto: Divulgação
Naná Vasconcelos morre aos 71 anos, no Recife (PE). Foto: Divulgação

Naná estava internado desde o último dia 29 no Recife com complicações por causa da evolução de um câncer no pulmão.

Mundanidade

Referência internacional na música brasileira, jazz e world music, Naná Vasconcelos já venceu oito prêmios Grammy e também foi eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo pela revista americana de jazz “Down Beat”, que é publicada desde 1934.

A última apresentação de Naná foi em Salvador, no 1º Festival Internacional de Percussão. Ele se apresentou com Lui Coimbra no dia 27 de fevereiro. O percussionista teria passado mal logo após o show. Referência internacional, Naná Vasconcelos também tinha apresentações agendadas na Ásia para o mês de abril.

Em 2013, Naná Vasconcelos foi o grande homenageado da folia na capital pernambucana. Na época, ele declarou ao UOL: “Ser homenageado vivo já é uma vitória. Na minha terra, são duas. O que mais posso querer?”.

O músico tratava a doença desde 2015, quando chegou a se submeter a sessões de quimioterapia. No mesmo ano, ele recebeu título de doutor honoris causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Trajetória

Nascido no Recife em 2 de agosto de 1944, começou a fazer música ainda criança, tocando bateria em cabarés e se envolvendo com o movimento do maracatu em Pernambuco. Além da habilidade com os tambores, também era referência pela habilidade em tocar berimbau.

Nos anos 1960, chegou a acompanhar Gilberto Gil e Gal Costa em shows. Mas a carreira tomou novos rumos quando ele viajou para o Rio, conhecendo nomes Maurício Mendonça, Nélson Angelo, Joyce e Milton Nascimento, com quem gravou dois LPs.

Em São Paulo, Naná fez parte do Quarteto Livre, que acompanhou Geraldo Vandré na histórica “Pra não Dizer que Não Falei de Flores” na fase paulista do III Festival Internacional da Canção.

Posteriormente, depois de formar Trio do Bagaço, com Nélson Angelo e Maurício Maestro, Naná empreendeu em uma bem-sucedida carreira internacional.

Utilizando instrumentos de percussão como o berimbau e a queixada de burro, chegou a tocar com ícones do jazz, incluindo Miles Davis, Art Blakey, Tony Williams, Don Cherry e Oliver Nelson.

Na década de 1970, o pernambucano tocou com grandes nomes da música internacional como Pat Metheny e Paul Simon, e fez shows históricos em Nova York e no prestigiado festival de jazz de Montreaux, na Suiça, encantando público e crítica.

Eclético, Naná também fez parcerias com nomes como B.B. King, Jean-Luc Ponty e com a banda Talking Heads.

No cinema, esteve em trilhas sonoras de filmes como “Procura-se Susan Desesperadamente”, estrelado por Madonna, e “Down By Law”, do cineasta Jim Jarmusch.

No Recife, o músico marcou época abrindo por vários anos o Carnaval do Recife, regendo uma espécie de procissão com centenas de batuqueiros de diferentes nações de maracatu.

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