Virada Cultural com festa e manifesto

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Foram necessários doze anos da Virada Cultural, na capital paulista, para prestigiar de perto, pela primeira vez, o evento gratuito, organizado pela Prefeitura de São Paulo. Em três dias, o coração da maior cidade América Latina respirou música e sorria feliz a cada esquina. Gente de todas as idades, gêneros e gostos musicais cruzavam a cidade quase sem carro. Eram pessoas com a felicidade estampada no rosto, numa celebração coletiva, porém sem aquela excitação do carnaval.

Numa festa em que se poderia esquecer todas as energias negativas que têm deixado o país triste e preocupado com o seu futuro, artistas e plateia disseram em uma só voz que fazer e consumir arte não é sinônimo de vagabundagem. E como em quase todas as ocasiões a política também faz parte da vida do brasileiro, haja manifesto político durante a maratona cultural na capital paulista. Eu prefiro a neutralidade para tentar entender a complexidade e indefinições políticas no país.

Mesmo assim, o tom de protesto prevaleceu, e começou na noite de sexta (20) durante o ‘happy hou’ da Virada 2016, teve continuidade e não faltaram manifestantes nos principais pontos do evento.

Durante as apresentações de artistas consagrados como Ney Matogrosso, Elza Soares, Baby do Brasil, Alcione e a plateia se mostraram insatisfeitas com a atual situação do país.

Em especial, foram os protestos contra toda essa conjuntura política nacional que marcaram a maior parte dos shows do evento, mostrando que o passo atrás de recriar o Ministério da Cultura não foi suficiente para acalmar os ânimos dos artistas. E o discurso continuou nos shows de Elba Ramalho, Céu, Criolo, Nação Zumbi.

No sábado, Alcione pegou o microfone e criticou as mudanças no Ministério da Cultura. Lembrou o desastre ambiental causado pela Samarco em Mariana (MG) e expressou sua admiração pela presidente afastada Dilma Rousseff. A banda que acompanhou Elza Soares na avenida São João estendeu uma faixa recebida do público e a cantora pediu “mais revolta”, sem citar nominalmente o presidente interino.

Um domingo tranquilo e de sol, mas a política voltou à tona no início da tarde, no palco dedicado às mulheres, na avenida São João, onde a cantora Tereza Cristina pediu mais representatividade na política e repetiu o coro de “Golpe não”. Ali perto, Leci Brandão também fez um show bastante politizado, falando sobre racismo, pedindo apoio aos estudantes paulistas e puxando um grito de fora o novo governo federal. O mesmo tipo de discurso ainda se repetiu na apresentação dos Detonautas e da Nação Zumbi, que fechou a Virada no palco Júlio Prestes. “Não nos calemos, porque quem cala desaparece”, bradou o vocalista Jorge Du Peixe. Enfim, só a música salva !!!!

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