Família de Gerô será indenizada pelo Estado do MA

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A família do artista maranhense Jeremias Pereira da Silva, o Gerô, vai receber indenização após acordo firmado com o governo do Estado, finalizando processo que estava em tramitação na Justiça. Clique e Leia artigo publicado em 23 de março de 2007.

Moisés Nobre e Gerô. Foto: Divulgação
Moisés Nobre e Gerô. Foto: Divulgação

A ação foi movida pelo filho do artista, Jederson Rodrigues da Silva, 25 anos, com a finalidade de obter provimento judicial para responsabilização civil do Estado, à época, pela morte do artista.

‘Gerô’, como era conhecido no cenário artístico local, foi morto em 2007, aos 46 anos, quando estava sob custódia estadual, após ser confundido com um suspeito de assalto.

Para o filho do artista, que durante todos estes anos vem acompanhando o processo, a dor da família não se apaga com este resultado, mas é uma forma de tentar minimizar o sentimento de impunidade que também permanece. “Não repara a dor de uma perda, mas algum retorno o Estado ia ter que nos dar, por direito”, avalia.

“Aqueles dias nunca serão esquecidos”, enfatiza o jovem, mas, sobretudo, ele diz que tenta amenizar a dor com as boas lembranças que tem do pai. “Sempre que ouço uma canção de João do Vale, ou quando olho o violão do meu pai, ou quando preciso de um conselho, ele está em minha cabeça. Eu lembro dele me chamando de ‘negão’, pedindo para eu escutar a música que ele havia acabado de fazer e pedindo meu palpite, mesmo nunca aceitando os palpites”, diz ele, emocionado.

Cordelista, fã de João do Vale, Gerô foi parceiro de Joãozinho Ribeiro, de Escrete, de Josias Sobrinho, de Ribão da Flor, o Ribão de Olodum, hoje Ribão da Favela. Com seu inseparável chapéu de couro, Gerô gravou quatro CDs e diversos jingles de campanhas políticas e eleitorais.

Fonte: Secap

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Contra a banalização do crime

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Amanheci com a sensação de que o Brasil é uma caixinha de boas e péssimas surpresas. E o Maranhão, como um dos estados da federação, não pode ficar de fora do contexto. Sentimos orgulhosos em dizer que vivemos num País e num estado cheio de belezas naturais, arquitetônicas, rico e diversificado culturalmente, e com um povo trabalhador e festivo. Mas é deprimente quando temos que ler um jornal, acessar a internet, ligar o rádio ou a TV e estar diante de noticiários destacando os mais variados tipos de crimes, como exemplos: seqüestro, latrocínio, homicídio, entre outras barbáries, que nos causam uma certa “síndrome do medo”.

Moisés Nobre e Gerô. Foto: Divulgação
Moisés Nobre e Gerô. Foto: Divulgação

Ao levantar bem cedo soube da morte do repentista Jeremias Pereira da Silva, carinhosamente chamado no meio artístico de Gerô. Segundo a imprensa, ele foi vítima da atitude inconseqüente e racista de dois policiais militares fardados e em plena atividade.

Gerô era um artista simples, às vezes angustiado pelas contradições da vida, mas dono de um bom caráter. Sempre que o encontrava pelas ruas de São Luís, lá estava ele cantarolando um baião já gravado, ou outro que acabara de gravar. É triste saber que tenha morrido de forma trágica e o pior confundido como um delinqüente pelo fato de ser pobre e negro.

Chegamos a uma guerra urbana e rural velada que tem deixado a sociedade civil e governantes atordoados. De um lado, a criminalidade banalizada e devastadora e do outro a Polícia, que em determinados momentos deixa de cumprir o seu papel de cidadã e proteger aqueles que não precisam de Polícia.

É bíblico, está nos mandamentos da Lei de Deus. Não justifica se tirar a vida de um irmão em qualquer que seja a circunstância. A atitude dos policiais foi de despreparo e abuso de poder. Esperamos que o Sistema de Segurança Pública se sensibilize com o caso, apurando. E se os policiais tiverem a culpa no cartório que paguem pelo que fizeram, não apenas sendo expulsos da Corporação, mas sendo punidos no rigor da lei.  Afinal de contas, torturar também é crime Hediondo.

E que o governo do Estado cumpra o seu papel indenizando a família de Gerô, mesmo sabendo que o dinheiro não venha confortar a dor da perda.

Fique com Deus Gerô. A forma trágica com que você partiu simbolize uma luta da sociedade civil e poderes constituídos. Governantes e Poderes Constituídos (Movimentos Negros, Secretaria Extraordinária de Promoção da Igualdade Racial, etc.) que trabalham em defesa das minorias. Juntos possamos refletir numa perspectiva de uma mudança de comportamento. Assim, estaremos evitando no futuro episódios dessa natureza tendo como vítimas Gerôs, Josés, Joãos, Pedros, caboclos, mestiços, artistas ou anônimos, residentes na Liberdade, Barreto, Anjo da Guarda, Coroadinho, entre outros bairros carentes e vulneráveis pela falta de Políticas Públicas.

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