Museu Áudio Visual adquire maior acervo de foto antigas do MA

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Foto 2 - Mavam compra de acervo fotográfico
Visão da Praia Grande, em São Luís

Este blog e o Jornal O Estado do Maranhão (edição deste domingo, dia 11, Caderno Alternativo) são as primeiras mídias da atualidade a divulgarem as três imagens históricas de São Luís que estão aqui postadas, sendo uma um retrato de uma moradora da cidade do Século XIX.

Foto antiga da Praia Grande

Observem bem a fotografia acima. É uma visão panorâmica, inédita, da Praia Grande, na qual o espaço onde fica, hoje, o estacionamento é parte do mar do estuário do Rio Bacanga e ainda não havia o Anel Viário, o Aterro do Bacanga e o prédio da Câmara Municipal de São Luís.

O local onde fica, hoje, uma agência do Banco do Brasil e o Shopping do Cidadão são balcões, provavelmente para descarga de mercadorias. Somente nesta imagem há inúmeros detalhes como a presença de um veículo ao lado esquerdo da imagem.

Museu adquire acervo

As fotografias fazem parte do maior acervo de fotografias antigas do Maranhão: cerca de 30 mil imagens compiladas pelo historiador Antônio Guimarães. Este tesou da memória maranhense foi adquirido pelo o Mavam, Museu da Memória Áudio Visual do Maranhão, da Fundação Nagib Haickel.

Convite

O acadêmico e apoiador das artes audiovisuais, Joaquim Haickel convidou estudiosos em história da fotografia, fotógrafos e cineastas para apresentar parte do acervo, que inclui imagens avulsas, álbuns, cromos e negativos de São Luís e do interior do Maranhão, dos séculos XIX e XX.

Tive o privilégio de ser um dos convidados de Joaquim Haickel. Olhar fotografias antigas de São Luís, a maioria inédita em termos de divulgação na mídia atual, foi um prazer para os convidados e, particularmente para mim, que há 20 anos procuro e estudo as imagens do passado de São Luís. Chamou a atenção fotografias panorâmicas de trechos do centro histórico de São Luís.

Foto 1 - Mavam compra de acervo fotográfico
Joaquim Haickel apresenta o acervo ao diretor do IFMA, Carlos Alexandre Amaral, jornalista José Reinaldo Martins e cineasta Beto Matuck

Presentes também ao encontro, o cineasta Beto Matuck; o diretor geral do Instituto Federal do Maranhão (Ifma) – campus São Luís Centro Histórico, Carlos Alexandre Amaral; historiador e fotógrafo do Ifma, Eduardo Cordeiro; e o fotógrafo André Lucap.

Outro tempo

São Luís sem o Anel Viário e o Aterro do Bacanga, parece invadida pelo mar. É como se ás águas estivessem querendo tocar os casarões coloniais, em um cenário carregado de bucolismo. Tive um grande impacto ao colocar os olhos nas imagens da urbanidade de São Luís dos séculos XIX e XX.

Foto 4 - Mavam compra de acervo fotográfico
Barragem do Bacanga na década de 1970

São milhares de imagens congeladas da vida econômica, social e cultural da cidade.

Os transeuntes, as várias marcas de carros que trafegaram pelas ruas e praças, ao longo do século XX, entre carroças, os comércios, os movimentos políticos, a vida doméstica, escolar

Entre as fotografias, belíssimos retratos de pessoas do século XIX, cuidadosamente retocados por fotógrafos que ainda carregavam em si a chama dos pintores artífices.

Foto 3 - Mavam compra de acervo fotográfico
Retratos de senhora do século XIX, cuidadosamente retocado

O cenário é um convite para pensar a viagem de São Luís pelo tempo: uma cidade que navega entre o virtual e o real, entre a opulência e a ruína.

Nos detalhes das fotografias surgem situações colidentes, seja por uma placa de um estabelecimento comercial ou por uma criança descalça caminhando sozinha por ruas que lembram trechos sofisticados de cidades européias.

As imagens convidam para um passeio e longas horas de conversas. Olhamos casas comerciais, como a padaria Santa Maria; o Cine Éden, na Rua Grande, onde é possível ler o letreiro do filme de arte em cartaz; as pessoas transitando pelas ruas

Há uma visão do bairro São Francisco sem nenhum edifício; a Ponta d’Areia tomada pelo Mar, com o Forte Santo Antônio dentro de uma pequena Ilha.

Cada imagem, na visão de Haickel, são descobertas e fontes de inspiração. “Uma só destas 30 mil fotografias pode gerar um grande documentário”, afirmou.

Preservar

 Tive vontade de tocar nas imagens, como que quisesse ser transportado para um tempo passado congelado pelo clique fotográfico. Fui lembrado pelo fotografo Eduardo Cordeiro, que o recomendável é tocar o material somente com luvas. A medida é necessária para preservar as ‘joias raras’.

E é justamente com o objetivo de preservar os originais e digitalizar todo o acervo que o Mavam adquiriu as fotografias. Joaquim Haickel ressaltou que a proposta é garantir que as imagens do Maranhão sejam preservadas para as futuras gerações. “O museu é um polo de memória, documentação e pesquisa”, afirmou.

O Mavam, agora, é detentor do maior acervo de imagens fotográficas históricas do Maranhão, pois, possui, também, outro acervo: do Estúdio Edgar Rocha. As fotografias adquiridas do historiador Antônio Guimarães serão numeradas, higienizadas e catalogadas. Somente depois poderão ser disponibilizadas a pesquisadores.

“O nosso objetivo, depois de todo o trabalho de limpeza e acondicionamento é criar um espaço em que pesquisadores sejam os protagonistas na divulgação e preservação das imagens”, afirmou Joaquim Haickel. Para ele, o acervo abre inúmeras possibilidades de concepção de produtos e subprodutos a partir do conteúdo e técnicas condensadas nas fotografias.

Pesquisas

As possibilidades de pesquisas, para historiadores, antropólogos e sociólogos são as melhores possíveis. Um dos pontos cruciais é saber quem são os autores das imagens, o que motivou a concepção fotográfica e como e quando o ato foi realizado. É a partir deste ponto que se constrói a História da Fotografia.

Entre as propostas iniciais colocadas em prática pelo Mavam, a partir do acervo, um documentário sobre o trabalho do colecionar Antônio Guimarães, que dedicou parte de sua vida para reunir e salvar as imagens e, em um segundo momento, criar uma serie de 13 documentários de 26 minutos sobre os fotógrafos maranhenses do século XIX e XX.

Ifma e Fundação Nagib Haickel

Depois da reunião no Mavam, Joaquim Haickel, em nome da Fundação Nagib Haickel, reuniu-se com o reitor do Instituto Federal do Maranhão (Ifma), Francisco Roberto Brandão.

Foto 5 - Mavam compra de acervo fotográfico
Joaquim Haickel conversa com o reitor do Ifma, Francisco Brandão, e o fotógrafo Eduardo Cordeiro

Os dois mantiveram contatos sobre a parceria das duas instituições no sentido de criar um Núcleo do Pensamento Fotográfico no Centro Histórico de São Luís. A superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no Maranhão deverá participar da parceria.

O espaço intermediaria o acesso de historiadores, fotógrafos, jornalistas, artistas, cineastas, professores e estudantes, sobretudo os do Ifma – Campus Centro Histórico de São Luís, ao acervo. Será, também, um núcleo de promoção do pensamento fotográfico e terá a incumbência de criar alternativas pedagógicas de apresentar as imagens ao grande público por meio de canais como exposições, seminários, palestras e produções audiovisuais.

Memória

O Mavam está aberto para receber arquivos fotográficos, e audiovisuais de famílias, de empresa e de instituições. O museu se compromete em digitalizar as imagens para os interessados que permanecerão, se assim desejarem, com os originais e receberão uma cópia do material digitalizado em CD, DVD ou HD, como melhor lhe aprouver, permitindo e autorizando, no entanto, que o Mavam e a sociedade maranhense tenham acesso ao material.

O objetivo do Mavam, afirmou Joaquim Haickel, é preservar a memória fotográfica, fílmica e audível do Maranhão. Os interessados devem entrar em contato o Mavam (Avenida Senador Vitorino Freire, 42 – Anel Viário, bairro do Desterro). Fone: (98) 81243244 / 99744799.

 Projetos

O Mavam está desenvolvendo também outros dois importantes projetos: telecinar filmes produzidos por realizadores maranhenses em plataforma de 8 mm, super 8, e 16 mm e digitalizar o material em mídia magnética de áudio e vídeo em diversos formatos e padrões, preservando assim boa parte da memória de nossa terra.

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