Junk Food

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Nos idos de 1970 o mundo ocidental experimentou a chamada Transição Epidemiológica, onde as principais causas de morte eram as doenças infecto-parasitárias que foram trocadas pelas doenças crônico-degenerativas – em outras palavras hipertensão,diabetes e doenças cardiovasculares.Fatores foram inúmeros mais é necessário inumerar os mais importantes,como a descoberta das vacinas,dos antibióticos,aplicação do cloro na água e as melhores condições sanitárias.
Logo depois o mundo se chocou com a imagem de países africanos como a Etiópia que se tornou símbolo da desnutrição. Alguns especialistas acreditavam que centenas de milhões de pessoas iriam morrer de fome, à medida que o crescimento populacional ultrapassassem os níveis limitados de recursos. Recentemente até o nosso presidente empunhou a bandeira da fome, que hoje foi trocada pelo etanol.
Esse cenário nunca se concretizou. Agora na virada do século o mundo em desenvolvimento está mais preocupado com a gordura que com a fome –Transição Nutricional. A população mundial de sobrepesados se igualou à de desnutridos, os 1,3 bilhão de supernutridos ultrapassaram os famintos em várias centenas de milhões. Os ricos e os pobres agora compartilham vários itens em comum em sua mesa de refeições.
E a novidade da vez é a – terminologia americana para comida de baixo valor nutritivo (a comida lixo) Bombons,bolachas,sorvetes,tortas,bata-tas,pipoca,sanduíches…Esses alimentos são alguns dos que se enquadram na categoria e são consumidos diariamente e em grandes quantidades. Os fãs de podem ter aumento significativo do colesterol e da pressão arterial, além do ganho de peso. Margarinas, óleos e açucares também enquadram-se nessa categoria de comida e devem ser consumidas com moderação.O protótipo desses tipos de alimentos são as máquinas de vendas automáticas. Doces altamente processados e petiscos carregados de sal, açúcar e aditivos artificiais. Existe algum tipo de alimento encontrado em nossos supermercados que não tenha um desses requisitos? Os distribuidores de coca-cola conseguem assinar acordos hoje até com pequenas mercearias, fornecendo geladeiras e materiais de pontos de venda aos lojistas. A título de curiosidade olhem nos rótulas de coca-cola e vejam a quantidade sódio de cada latinha (coca-cola normal-10 mg, coca light-23 e coca zero-28 mg),pouca caloria mais o dobro de sal como conservante. O bombardeio de comerciais de Junk Food endereçados as crianças pelos canais de televisão só perdem para os corpos esculturais das loiras e morenas das cervejas, dos bancos que cada vez são mais caridosos em seus empréstimos e dos lançamentos de carros modernos que geralmente cabe no bolso de qualquer consumidor, é só olhar nossas ruas! Esses comerciais dirigidos a crianças e adolescentes, 72% são doces, salgadinhos, cereais açucarados ou restaurantes de comida rápida. E ainda são hipnóticos pois o máximo que as crianças conseguem fazer é trocar de canal com o controle remoto e encontrar os mesmos comerciais. É um belo banho de marketing.
Pior, pesquisa publicada no British Journal of Nutrition mostrou que o desejo exagerado das crianças por pode estar condicionados a alimentação da mãe ainda durante a gestação.
Pior ainda estar por vir, o poder das indústrias alimentícias é tão grande que nós profissionais já fomos ludibriados com as famosas gorduras trans durante duas décadas enganados pela consistência e aparência dos alimentos como se fossem saudáveis. Aos críticos como nós profissionais de saúde eles criaram uma derradeira terminologia “Junk Science’’(ciência sem valor).

José Xavier de Melo Filho
Cardiologia

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Revisitando a Terapia de Reposição Hormonal

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Até os idos de 1900 a expectativa de vida nos países mais desenvolvidos,incluindo os Estados Unidos da América era de 50 anos,por conseguinte a Menopausa não era problema entre as mulheres.50 anos é o pico médio do aparecimento da menopausa.Hoje a mulher moderna passa um terço ou um meio de sua vida em fase menopausal.
A última década foi muita confusa para cabeça das mulheres no tocante as orientações sobre a terapia de reposição hormonal.Senão vejamos.Nos anos 80 apareceram vários trabalhos chamados observacionais e o mais importante deles foi feito com um grupo enorme de enfermeiras dos Estados Unidos. Os resultados apontavam para uma melhor qualidade de vida nas que usaram a reposição hormonal,benefício mais importante encontrado foi a redução de mortalidade por doenças cardiovasculares,que nessa época já despontavam como a principal causa de morte no mundo ocidental. Foi uma revolução na época, mas o difícil foi colocar na cabeça dos médicos o valor dessa terapia. Já para as mulheres era a própria pílula da eterna juventude.
Anos se passaram e recentemente dois trabalhos que não foram patrocinados pela indústria farmacêutica e sim pelos órgãos governamentais de saúde americano, jogaram água nessa fervura. Badalados pela imprensa leiga,tinham seus nomes abreviados com as siglas HERS e WHI, o primeiro testava a terapia de reposição hormonal em mulheres que já eram portadoras de doenças no coração e o segundo em pacientes sadias sem doenças cardiovasculares,o objetivo dos dois eram semelhante quanto a questão dos resultados.Prevenia doença cardiovascular? Evitava novos eventos de trombose? Os resultados chocaram a comunidade médica que tanto protegia a terapia hormonal. Além de não prevenir doenças cardíacas, algumas vezes produzia tromboses cerebrais e coronarianas,e ainda com o agravante de aumentar a incidência de câncer de mama.
Após um silencio de meses, esses trabalhos foram reavaliados e ficou demonstrado que o grupo de mulheres usados nesse trabalhos eram de pacientes muito idosas que já não necessitavam da terapia hormonal para prevenção e muitas delas já não esboçavam qualquer sintoma típico da menopausa,nesses trabalhos foram aceitas pacientes com até 79 anos de idade. O agravante é que esse grupo de mulheres provavelmente já eram portadoras de placas gordurosas em suas artérias.
Nesse momento um novo conceito emerge no tocante as doenças cardiovasculares. Os estrógenos só agem beneficamente nas mulheres mais jovens de até 60 anos ou pelo menos naquelas que tiveram o ínicio da menopausa há 5 anos.Não se deve usar os hormônios com o intuito de prevenção(para isso existem medicações específicas) e sim reduzir a sintomatologia de fogachos ,secura vaginal,entre outros com um tempo curto de no máximo 4 a 5 anos e nunca usar em portadoras de doenças cardíacas.
O verdadeiro é que se deve ao indicar a terapia de reposição hormonal:considerar objetivos específicos,individualizar o tratamento,encontrar via de administração adequada,usar baixas doses,hormônios mais próximos ao natural,menor tempo de uso e avaliar os riscos e benefícios a cada consulta.

José Xavier de Melo Filho
CARDIOLOGIA
[email protected]

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