Amônia,farinha de trigo e soda cáustica

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Dr José Xavier de Melo Filho
Cardiologista.

A população brasileira ficou estarrecida com nível de insensatez de alguns empresários do mal, que a qualquer custo coloca seus ganhos em detrimento da saúde de seus semelhantes.
Ficamos a endeusar alguns neologismos de primeira hora como Marketing, Globalização, Capitalismo, Desenvolvimento, Sustentabilidade, Neoliberalismo, Privatização, Ecologia, Exclusão social, Know how, Fashion, Paradigmas,etc.O mais representativo é stress-neologismo estrangeiro,adaptado do inglês por causa dos executivos e empresários que se negavam a dizer ‘‘cansaço’’ . Todos artificialismos usados na mídia para não dar a real clareza de condutas de uma parcela do empresariado que no final é sempre uma forma a mais de ludibriar a população com criação de novas taxas, como é o caso dos bancos e impostos quando o patrão é o governo. Somadas ao famoso economês, uma língua estranha e difícílima que quase nenhum adulto entende (royalties, spread, selic, alíquota, dumping,etc).
Mas vamos ao que interessa, vejamos o problema de agora, o leite adulterado, o uso de soda cáustica com o intuito de aumentar o seu volume e estender o seu tempo de validade. A adição de peróxido de hidrogênio(água oxigenada)reduzindo seu valor nutricional e disfarçando as más condições sanitárias de conservação e transporte. Não deixa de ser uma atitude hitleriana de colocar judeus em câmaras de gás e exterminá-los. Guardando as devidas proporções vamos morrendo mais lentamente as custas de uns poucos trocados para os empresários do ramo de alimentos. Ainda temos profissionais de saúde e químicos a se prestarem a isso! Estamos criando novos Mengeles (o famoso médico nazista encontrado no Brasil) agora de forma Made in Brasil, para não esquecer os neologismos.
Não faz muito tempo, aí pelos idos de 1998 onde alguns laboratórios de fundo de quintal que usavam “pílulas de farinha” e que eram vendidos como antibióticos. O mais grave foi uma multinacional que vendeu anticoncepcional sem a substância ativa. Ao invés das vitimas tomarem hormônios, as pílulas continham farinha. Cerca de 200 mulheres em todo o Brasil entraram com ações contra o laboratório, pois engravidaram inesperadamente enquanto faziam uso do medicamento. Algumas recorreram a justiça, poucas ganharam a causa.
Outro fato inusitado aconteceu há alguns anos ,com a chamada fábrica de doentes, mais conhecida como indústria tabágica. Criaram o cigarro turbinado. As duas maiores indústrias, detentoras de mais de 90% do mercado brasileiro, adicionaram amônia ao tabaco para que o fumo,ao ser queimado,e a fumaça,inalada,libere uma quantidade maior de nicotina no organismo do fumante. Mais nicotina=maior dependência do cigarro=mais prejuízos à saúde.Esse processo é conhecido como “ free basing’’, que é semelhante ao utilizado para aumentar os efeitos da cocaína. Para os menos avisados além da nicotina, monóxido de carbono e alcatrão. O cigarro ao ser queimado ele produz uma fumaça composta de, pelo menos, 4800 produtos e entre esses aditivos também temos acetona,cianeto,tolueno,butano,naftalina,acroleína,cresol,benzopireno,fenol,etc.
E olha que agora nós temos vigilância sanitária sobrando , é federal,estadual e municipal.ANVISA,Ministério da Saúde e da Agricultura.
Órgãos reguladores que parecem mais loja de departamento dos empresários. Algumas vezes se fazem como porta voz da FIESP. Ninguém esqueceu da ANAC na crise da aviação onde seus diretores pareciam mais funcionários da TAM e da GOL, e a BRA que nem chegou a ser reconhecida como companhia de aviação e já faliu, mas uma vez o consumidor ficou a ver navios.
Aquele famoso SIF no rótulo dos alimentos que era sinal de segurança para população. Quando o problema era só gasolina adulterada, fazia mal ao bolso, mas alimento e medicamentos! Como fica agora ?.
Todas situações grosseiras que não passam de negligência, mau-caratismo, ganância, enfim adjetivo é que não falta.
Imaginemos que tivéssemos de fazer a coisa séria. No caso dos remédios em particular, analisarmos cada fórmula de medicamentos, como é feita pelos órgãos de vigilância internacionais como o EMEA na Europa e FDA americano, que nesse momento estão sendo colocados em cheque pela liberação de medicamentos, alimentos e próteses, onde também são questionados a segurança. Teriamos competência para esse trabalho refinado? Acho que ainda não.
O certo mesmo é que aqui no Brasil estamos quase conseguindo erradicar os copos quebrados que são usados em bares da periferia ou em nossas limpas praias. Já é um grande avanço.
E agora, só resta chorar o leite derramado!

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Vacina contra Hipertensão

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A grande novidade da sessão do Congresso Americano de Cardiologia que se encerra hoje nos Estados Unidos, foi apresentação dos resultados preliminares do trabalho de pesquisadores ingleses que mostram a ação de uma vacina contra o hormônio Angiotensina II, um fatores na gênese da hipertensão arterial sistêmica que acomete em média 20% da população adulta do planeta.
CYT006-AngQb-viruslike é uma vacina com objetivo terapêutico,após o seu uso o sistema imunológico das pessoas produz anticorpos específicos anti-Angiotensina II.O hormônio Angiotensina II é produzido no organismo como regulador da pressão arterial. A sua liberação em grandes quantidades produz hipertensão arterial.
A vacina produz anticorpos ação prolongada, tem uma meia vida de 4 meses.O trabalho foi realizado com 72 pessoas portadoras de hipertensão leve a moderada, se mostrou segura e bem tolerada. Estudos estão em fase 2, necessitarão ainda serem testados em estudos multicêntricos.
O controle eficaz da hipertensão é um grande problema de saúde pública mundial,principalmente devido a má aderência aos medicamentos. Nos Estados Unidos somente 25% da população são otimamente controlados.
Muitos dos medicamentos disponíveis no mercado tem sua meia-vida menor que 24 horas, como são tomados no período da manhã, ao acordar no dia seguinte os medicamentos já se tornam sem efeito, situação perigosa pois é o momento mais vulnerável para eventos como infarto, derrame cerebral, arritmias e morte súbita.Os testes com a vacina apontam para o controle matutino mais eficaz, dando uma segurança e uma prevenção para esses eventos graves. Os pacientes só necessitarão procurar seus médicos a cada 3 ou 4 meses por ano. Nem todas pessoas terão indicação para essa vacina, mas aqueles que não gostam de tomar medicamento diariamente, terão uma grande oportunidade no sucesso de seu tratamento.
É uma grande notícia para medicina cardiovascular e a saúde pública mundial.

José Xavier de Melo Filho.
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