Os 10 maiores avanços da área médica em 2007

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Publicados pela revista TIME.

1# Circuncisão pode prevenir AIDS.

Em dezembro de 2006. O Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos apresentou dois trials clínicos (trabalho científico) de homens submetidos a circuncisão. A revisão inicial mostrava que o procedimento reduzia drasticamente a transmissão do vírus HIV. No início de 2007, os detalhes desses estudos foram publicados na conceituada revista médica The LANCET.
Nos dois trials randomizados, que incluíam 7880 homens com HIV negativo oriundos de Rakai-Uganda e Kisumu-Quênia, pesquisadores acharam que os homens tratados com circunsição tiveram até 51% menos que homens não circuncisados que adquiriram HIV durante atividade sexual com mulheres.
Os editores do LANCET mencionam a descoberta “ uma nova era para prevenção da AIDS” . Cientistas ainda não sabem se a circuncisão confere proteção para a cônjuge – Um novo estudo com a hipótese está programado para este ano.

BLOGUEIRO COLABORADOR.
COMENTÁRIOS:DR ANTONIO DE PÁDUA SILVA E SOUSA
ESPECIALISTA EM UROLOGIA.
UROCLÍNICA-SÃO LUIS-MA.
CONSELHEIRO DO CRM-MA.
PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA/MA

A Circuncisão (Postectomia) constitui-se na retirada da pele que cobre a glande peniana. É, talvez, o mais antigo procedimento cirúrgico urológico. No Velho testamento (Gênesis 17; 1-14) encontramos a origem deste ritual, onde Deus ordena a Abraão que ele e todos os seus descendentes se circuncidem como sinal de um pacto com Ele. Na cultura hebraica a circuncisão ou “Brit milᔠé realizada no oitavo dia do nascimento da criança do sexo masculino, quando então lhe será dado o nome.
Hoje a postectomia é realizada com objetivos distintos daqueles entre os judeus. Visa facilitar a higiene peniana, prevenir Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), Infecção do Trato Urinário e Câncer de Pênis. É a cirurgia mais freqüentemente realizada no sexo masculino. Nos EUA 64 % dos meninos nascidos em 1.995 foram circuncidados (48 % no Canadá e 24 % na Grã-Bretanha).
Estudos epidemiológicos realizados na África, especificamente no Quênia e Zâmbia mostraram uma significativa redução da incidência de infecção por HIV, em até 50%, nas regiões onde a Postectomia era realizada de rotina. Entretanto, essa proteção não se estende aos homossexuais. Estes dados motivaram a OMS a recomendar a utilização deste procedimento cirúrgico como estratégia de controle da disseminação virótica nas áreas onde ela tem característica endêmica.
Não estão bem claros os mecanismos pelos quais a Postectomia previne a contaminação pelo HIV. Parece que algumas células do prepúcio se constituem alvos potenciais para a infecção pelo vírus. Outro fator de proteção é a hiperqueratinização do epitélio da glande, tornando-o mais resistente. Além disso, a retirada do excesso de pele ameniza os traumas vaginais durante o intercurso sexual, reduzindo as lesões das mucosas e, consequentemente, a probabilidade da inoculação viral..
Se a circuncisão protege ou não do HIV, isto não tem grande relevância no nosso meio, pois não constituímos uma área endêmica desta virose, embora seja importante insistirmos na recomendação da prática sexual segura, que consiste em evitar a multiplicidade de parceiros; no uso constante do preservativo durante o ato sexual e em abolir os comportamentos de risco. O que dever ser enfatizado entre nós, no que diz respeito à postectomia, é a importância que essa pequena cirurgia tem na proteção contra o câncer de pênis. O Maranhão é um dos estados brasileiros de maior incidência desta neoplasia. Estudos realizados pelo Hospital Aldenora Bello mostram que se diagnostica um novo caso de câncer de pênis a cada 13 dias. No que concerne ao câncer de pênis não há dúvida sobre a ação protetora da Postectomia na prevenção desta doença grave. Diante desta realidade, torna-se imperativo facilitarmos o acesso dos portadores de fimose a este tratamento, hoje inviabilizado pelos baixos valores com que o Sistema SUS remunera a rede hospitalar e os médicos.
Deve ficar claro que, se há controvérsias sobre a capacidade protetora da postectomia no que concerne a infecção por HIV, não existe dúvida sobre a importância desta cirurgia no controle do câncer de pênis. Se o HIV não tem grande significado em nossa latitude, com já disse anteriormente, o mesmo não acontece com o câncer de pênis. Este ronda o nosso quintal.

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