Joanete:como previnir

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O joanete, tecnicamente chamado de hálux valgo, consiste em uma deformidade do osso, ou das estruturas que o recobrem, localizada na articulação metatarsofalangiana, da base do primeiro dedo (vulgarmente conhecido como dedão) do pé. Nessa condição, ele se inclina na direção do segundo dedo, a ponto de cobri-lo ou de entrar embaixo dele, e o osso local, o metatarso, desloca-se para o lado oposto, determinando uma dolorosa e esteticamente comprometedora saliência na borda interna do pé, semelhante a um grande calo. Em vista da dor e do desconforto que provoca, a condição pode necessitar tratamento, sem o que a deformidade pode ficar mais importante, agravando o sintoma doloroso. Estima-se que quatro em cada cinco pessoas apresentem, em algum momento da vida, problemas que envolvem a saúde dos pés, dentre os quais o joanete é um dos mais prevalentes. O transtorno afeta um terço da população urbana – usuária de calçados fechados –, atingindo mais as mulheres que os homens, na proporção de oito para um.

A condição começa com um pequeno inchaço, podendo provocar inicialmente apenas incômodo, dado o atrito da região acometida com os calçados. À medida em que a deformidade se acentua, o inchaço na base do dedo aumenta, trazendo consigo dores e pontadas, que se tornam mais intensas com o uso de sapatos apertados. Aliás, muitas vezes os calçados do portador do joanete ficam também deformados, uma vez que se amoldam ao pé doente.

Embora esteja associado ao uso de sapatos apertados, o joanete é considerado uma condição com predisposição hereditária, uma vez que a estrutura óssea de cada pessoa deriva da de seus progenitores. Portanto, a presença de familiares portadores dessa deformidade constitui, sozinha, um fator de risco importante para seu desenvolvimento. É claro que a combinação da história familiar com o uso de calçados desconfortáveis torna a possibilidade do surgimento desse distúrbio bem mais provável, especialmente os de bico fino, que apertam os dedos uns contra os outros, e os saltos altos, que levam quase todo o apoio do peso do corpo para a parte da frente do pé, intensificando a compressão dos dedos – aliás, isso ajuda a explicar o motivo da predominância do joanete nas mulheres. Existem também alguns problemas de saúde que estão relacionados com o surgimento dessa deformidade, como a artrite reumatóide.

O diagnóstico do joanete é basicamente clínico e, portanto, feito com base nos sintomas e no exame físico do pé afetado, por meio do qual o ortopedista consegue verificar as estruturas alteradas, até porque geralmente a deformidade é visível. Quase sempre, porém, o médico solicita radiografias da região para verificar a extensão do problema e planejar o tratamento. Os raios X precisam ser feitos com a pessoa em pé, pois o peso do corpo acentua as deformidades e pode revelar detalhes não captados na avaliação clínica.

O médico vai estabelecer o tratamento conforme a gravidade do quadro, a intensidade dos sintomas, a presença de outras queixas e o perfil da pessoa, incluindo sua idade, seu estado geral de saúde e sua própria expectativa. Assim, de acordo com esses fatores, a abordagem pode ser efetuada apenas com medidas conservadoras, que aliviam a dor e previnem a progressão da alteração, ou, então, com correção cirúrgica. A terapia conservadora implica a mudança de calçados, o uso de acessórios ortopédicos especiais, como palmilhas para evitar a pressão sobre a área deformada, espaçadores de dedos e mesmo o emprego de antiinflamatórios, quando necessário. A cirurgia costuma ser feita mais por motivos clínicos que estéticos e tem o objetivo de remover a deformidade, realinhar ou reconstruir a articulação e restaurar seu funcionamento, o que resulta na eliminação dos sintomas. Atualmente, há mais de cem técnicas cirúrgicas diferentes para tratar o joanete, a maioria passível de ser efetuada em ambiente ambulatorial.

Para prevenir o joanete, independentemente de haver história familiar, é importante usar calçados confortáveis, que distribuam o peso do corpo de forma equilibrada nos pés. Quem usa sapatos de bico fino e de salto alto por gosto ou por necessidade deve, pelo menos, alterná-los com sapatos baixos e de bico largo algumas vezes durante a semana. Além disso, na medida do possível, os saltos não devem ultrapassar três centímetros para não sobrecarregar a parte dianteira dos pés. É importante deixar claro que pés saudáveis não doem. Por isso, eventuais dores e pontadas precisam ser valorizadas. Muitas vezes, a progressão de uma deformidade, identificada no início, pode ser contida com o uso de acessórios ortopédicos e, principalmente, com orientações adequadas.

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