Epidemia da obesidade

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arte-obesidade2455_nkfi1b.jpg  A explicação para a epidemia de obesidade que se alastra hoje entre as crianças e os adolescentes brasileiros vai muito além do estilo de vida moderno. Ela tem raízes em um processo que os biólogos denominam de readaptação epigenética. os pediatras estudam hoje as repercussões desse fenômeno entre as gerações e como reverter seus efeitos deletérios O Brasil, a exemplo de outros países da América Latina, passa por um período de transição nutricional, da desnutrição para a obesidade, iniciado há duas décadas. A prevalência de sobrepeso e obesidade vem aumentando, particularmente, nos centros urbanos. Dados americanos do ano de 2000 demonstraram que 15,8% das crianças com idades entre 6 e 11 anos e 16,1% dos adolescentes entre 12 e 19 anos apresentavam obesidade. No Brasil, os  dados são similares: a prevalência de excesso de peso varia entre 10% e 30% na faixa etária pediátrica. O peso excessivo leva seus portadores a desenvolver doenças associadas com a obesidade, em comorbidades, como o diabetes, a hipertensão arterial e as dislipidemias. O organismo de uma pessoa obesa sofre alterações endócrinas, cardiovasculares, gastrointestinais, pulmonares, neurológicas, ortopédicas, dermatológicas e psicossociais que levam a doenças, além de produzir dor e desconforto. A explicação para esse fenômeno no Brasil e nos demais países em desenvolvimento vai muito além do estilo de vida da sociedade moderna, em que o sedentarismo e os hábitos alimentares inadequados predominam. Segundo a Dra. Vera Koch, professora livre-docente do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e médica responsável pela Unidade de Nefrologia Pediátrica do Instituto da Criança da FMUSP, a etiologia da nossa transição nutricional difere, profundamente, da epidemia de obesidade nos países ricos. “A passagem de um período de carência alimentar para outro, de oferta nutricional, como a que caracterizou nossa transição, teve influência no âmbito genético”, explica Koch. A mudança no padrão alimentar produziu modificações no genótipo de uma geração inteira e nos fenótipos de seus descendentes, em um processo que os biólogos denominam de readaptação epigenética. A população, antes programada para um processo de restrição alimentar, apresentava um fenótipo “poupador”, que determinou alterações no desenvolvimento e no crescimento de múltiplos órgãos, com vistas à sua adapta ção à carência de nutrientes. Com a grande oferta de alimentos, tal fenótipo passou a ser negativo, contribuindo para o ganho de peso e o desenvolvimento da obesidade e suas comorbidades, como a hipertensão arterial. “O maior problema desse fenômeno é que uma readaptação epigenética leva muitas gerações para ser modificada”, lembra a especialista.“As condições de alimentação no período pós-natal, além disso, podem influenciar os fatores epigenéticos de maneira negativa”, ela acrescenta. “O ideal é o bebê ganhar peso adequadamente, o que é conseguido com a prática de aleitamento materno.” Estudos recentes vêm iluminando essa relação entre peso ao nascer, tipo de aleitamento e obesidade ou entre obesidade e taxas de ganho de peso durante a infância .

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