Sal: importante, mas perigoso

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O sal, substância essencial a todos os organismos animais por suas propriedades específicas, tem seu registro através da história da humanidade, onde ilustrações e escritos evidenciaram sua importância desde o início da civilização. Contam os documentos que após a descoberta do fogo e, conseqüente, utilização para o cozimento da carne, o sabor da mesma mudou devido à perda do sal natural, tendo começado aí, a busca pelo chamado sal adicional. Os povos costeiros é que podiam desfrutar desse condimento, pois o mar o ofertava de acordo com os humores das condições climáticas, sendo sua única fonte, muito antes da descoberta da tecnologia de mineração. Seu valor inestimável é confirmado por percepções como a do senador romano Cassiodoro, que ao comercializar o grama desse ingrediente, equivalendo-o ao peso do ouro, concluiu: Alguns não precisam de ouro, mas qual é o homem que não precisa de sal?  Nessa época da Roma antiga, a principal estrada que viabilizava o transporte dos grandes carregamentos de tal produto chamava-se “Via Salaria” e, ao final de suas jornadas, os soldados recebiam esse tempero como parte de sua remuneração, originando a palavra salarium. Mas esse pó foi motivo de discórdia entre os homens, pois o controle e o abuso nos impostos pelos governos durante séculos precipitaram movimentos históricos, sendo uma das causas da revolução Francesa em 1789 e, mais recente, liderado por Ghandi na década de 30 do século passado, a Índia começou uma ação contra os ingleses devido às taxas escorchantes praticadas.

Até o século 18, o saleiro de prata, colocado numa mesa de banquete, balizava a importância dos comensais, estando acima, o anfitrião, juntamente com os convidados mais nobres, e abaixo, os menos ilustres, mas a genialidade de Leonardo de Vinci, demonstrada em sua tela sobre A Última Ceia, em que o sal também simboliza cenários preocupantes, na medida em que colocou Judas frente a um saleiro tombado, prenunciando desfechos sombrios. Por sua capacidade em aumentar o sabor dos alimentos, contribuindo até mesmo na confecção dos doces, sua participação tem crescido através dos tempos, mas também tem aumentado muito a preocupação quanto a sua contribuição em doenças tão prevalentes, como a Hipertensão Arterial Sistêmica e em suas consequências, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o Infarto do Miocárdio, em especial no nosso estado, onde temos por hábito, abusar nesse tempero em iguarias tão presentes em nossas confraternizações. Temos a informação sobre o efeito prejudicial dessa substância; começamos timidamente um movimento para mudar a concentração desse ingrediente no nosso pãozinho (pão francês), mas alerto: é pouco! Os argentinos já transformaram em lei a proibição dos saleiros nas mesas dos restaurantes, numa política acertada de diminuição da oferta. O que estamos esperando para modificarmos nossa relação com esse pó branco, que, apesar de ser legalizado, mata mais que outros, usados em lugares recônditos? Pense sobre isso, ou poderá perder essa capacidade ao ter um AVC!

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