Homens e mulheres sentem dor com intensidades diferentes

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Elas passam pela dor do parto e garantem que não há nada mais sofrido. Eles afirmam que a pior dor do mundo é um chute entre as pernas. Para elas, a sensibilidade a uma enxaqueca muda conforme o período do mês. Para eles, costuma ser estável e aguda. Quando o assunto é dor, a ciência não deixa dúvidas: a igualdade de gêneros não tem vez. São eles os que resistem mais.

O impacto da dor segundo o sexo do paciente é um assunto que ainda intriga a ciência. Já é consenso que as mulheres sofrem com maior intensidade e frequência mesmo quando são acometidas pelas mesmas doenças que os homens — sejam elas uma artrite, dor de cabeça ou muscular. As explicações para isso são muitas e estão ganhando novos contornos.

Durante muito tempo, acreditou-se que os grandes responsáveis eram os hormônios. Como elas possuem menor concentração de testosterona (hormônio masculino que ajuda na redução da dor), teriam um limiar muito mais baixo para o problema.

Mas novos estudos mostraram que as diferenças são muito mais complexas e podem estar também em outro lugar: o cérebro. Ao induzir voluntários a diferentes estímulos dolorosos, pesquisadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, acompanharam a resposta cerebral por ressonância magnética e concluíram que os circuitos de interpretação da dor não são os mesmos em homens e mulheres.

Como consequência, estratégias para interromper a sensação dolorosa podem funcionar para eles, mas não para elas. Mesmo assim, ainda hoje as recomendações para tratamentos seguem sendo as mesmas para ambos os sexos.

Muito mais do que aliviar a curiosidade, essas descobertas estão abrindo as portas para o desenvolvimento de novos tratamentos, focados nas características de cada gênero.

Foi a partir dos anos 1990 que o tema das diferenças de gênero sobre dor e analgesia ganharam maior destaque clínico e científico. Além da constatação de que as mulheres são mais sensíveis, estudos epidemiológicos do Instituto Nacional de Saúde, nos Estados Unidos, indicaram que elas também são as mais suscetíveis a uma série de doenças, como artrite, fibromialgia e distúrbios nas articulações da face. Saiba o que a ciência tem investigado sobre o assunto.

Oscilações hormonais

Conforme dados reunidos pela Associação Internacional para o Estudo da Dor, a oscilação hormonal tem consequências para as mulheres muito mais sérias do que as mudanças no humor tão comuns na TPM.

Há estudos que mostram que determinadas fases do ciclo menstrual estão relacionadas com a maior sensibilidade à dor. Curiosamente, esses efeitos não são encontrados em mulheres que usam contraceptivos orais, que passam a ter um perfil hormonal mais estável. Isso sugere que os hormônios sexuais podem desempenhar um papel importante para explicar a variação no limiar da dor

Os hormônios sexuais influenciam todo o sistema nervoso periférico e central e, provavelmente, contribuem de forma importante para as diferenças entre gêneros na percepção da dor. Para elas, além das mudanças mensais, os níveis hormonais se alteram significativamente durante e após a gravidez e a menopausa. Enquanto isso, os homens estão expostos a flutuações muito menores nos níveis hormonais ao longo da vida.

Fatores sociais e psicológicos

A sensação de dor também é envolta em aspectos subjetivos, como a relação com as emoções e o contexto social.A percepção da dor está diretamente ligada a questões emocionais. A dor é uma experiência sensorial e emocional, sempre de aspecto individual. Ela é influenciada pela estrutura de personalidade, pelo estado de humor e pelo nível de ansiedade de cada um. E isso independe do gênero.

O aspecto cultural é o que traz muito impacto..Pela forma como as meninas são criadas, existe uma tendência de aceitar mais que a mulher demonstre seus sentimentos, entre eles a dor. E isso tem um lado positivo, que é o fato de elas se sentirem mais à vontade para buscar tratamentos. Já o homem reluta mais em admitir que precisa de auxílio, e isso pode prejudicar a saúde.

Diferentes interpretações no cérebro

Uma hipótese levantada por um grupo de 21 cientistas e publicada na revista científica Nature Neuroscience em junho deste ano reforçou que as diferenças entre eles e elas estão também no circuito de interpretação da dor, que vai desde o sistema imune até a forma como as informações são recebidas e decodificadas no cérebro.

Experimentos feitos em ratos já haviam mostrado que as micróglias, células que fazem parte do sistema de defesa do organismo, exerciam uma importante função no processamento da dor. Quando ativadas por inflamações e ferimentos, entre outros fatores, elas estimulavam o cérebro a sentir dor. Só que, enquanto nos machos o alívio dos sintomas era interrompido quando o funcionamento dessas células era bloqueado, nas fêmeas o mesmo não ocorreu.

Nelas, é outra célula do sistema de defesa (as chamadas células T) a responsável por dar o mesmo sinal de dor. Por essa razão, interromper o funcionamento das micróglias era inútil para as fêmeas.

Existe um mecanismo alternativo ligado ao sistema imune de ratas fêmeas, que mantém a dor e sugere a importância de individualizar as pesquisas por sexo. Descobrir que elas processam a dor de modo diferente ajuda também a focar em terapias diferenciadas para cada gênero.

O futuro dos tratamentos

As descobertas recentes sobre o tema têm elucidado muitas questões sobre a dor, mas convergido para uma dúvida em comum: os tratamentos precisam, então, mudar de acordo com o sexo?

Conforme especialistas, pesquisas mostram, por exemplo, que machos apresentaram melhores respostas aos opioides — analgésicos à base de ópio — do que fêmeas. Isso já está induzindo muitos médicos a ajustar as doses de analgésicos conforme o gênero do paciente.

Esse é um começo, mas futuramente teremos muitas mudanças para fazer a partir dessas descobertas, focando as terapias conforme as diferentes respostas de cada sexo.

Dores mais comuns neles
— Dor causada por doenças cardíacas coronarianas
— Pancreatite crônica
— Gota (um tipo de artrite)
— Dores musculares e ósseas decorrentes de traumas

Dores mais comuns nelas
— Enxaqueca
— Dores na coluna
— Fibromialgia
— Dores abdominais

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Por que beijamos (e outros animais não)?

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Analisando friamente, beijar é algo um tanto estranho: a troca prolongada de saliva com outra pessoa aumenta a possibilidade de transmitir até 80 milhões de bactérias com um único gesto.
Ainda assim, praticamente todo mundo se lembra de seu primeiro beijo, com todos os detalhes íntimos e deliciosos. E beijar continua sendo uma parte importantíssima do romance.

Quem vive nos países do Ocidente pode pensar que o beijo na boca é um comportamento humano universal.
Mas um estudo recente, realizado por especialistas das Universidades de Nevada e Indiana, nos Estados Unidos, sugere que menos da metade das culturas do mundo adota o gesto. Beijar também é extremamente raro entre os bichos.
De onde vem o beijo, então? Se é algo útil, por que não é adotado por todos os humanos e outros animais?

Invenção recente

Bem, pode ser justamente o fato de outros não beijarem o que explicaria nossa preferência pelo gesto.
Segundo o estudo americano, que analisou 168 sociedades em todo o mundo, apenas 46% delas cultivam o hábito do beijo como uma demonstração romântica. Anteriormente, pensava-se que seriam 90%. A pesquisa excluiu o beijo entre pessoas da mesma família e se concentrou apenas no beijo na boca entre casais.

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Muitas sociedades que se baseiam na caça não demonstraram interesse em beijar, e algumas até consideram o ato repugnante. A tribo dos Meinacos, que vive no Xingu, teria se referido ao ato como “nojento”, de acordo com os pesquisadores americanos.
Como esses grupos são os que possuem um estilo de vida mais próximo do de nossos ancestrais, é possível imaginar que o beijo tenha sido uma invenção recente.
Segundo o antropólogo William Jankowiak, um dos autores do estudo, o gesto parece ser um produto das sociedades ocidentais, passado de uma geração a outra.

‘Aspirar a alma’

Algumas evidências históricas ajudam a comprovar essa tese.
O psicólogo Rafael Wlodarski, da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, passou um pente fino em inúmeros estudos para encontrar indícios de como o beijo mudou ao longo do tempo.
O sinal mais antigo de um comportamento parecido com o beijo vem de textos em sânscrito védico hindu de mais de 3,5 mil anos atrás. Neles, beijar é descrito como “aspirar a alma um do outro”.

Por outro lado, hieróglifos egípcios retratam pessoas perto umas das outras, mas não com seus lábios colados.
Será, então, que o beijo é algo natural que algumas culturas reprimiram?
A melhor maneira de descobrir é observando os animais.

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Os machos da aranha viúva negra conseguem sentir pelo olfato o melhor momento de copular

O poder dos odores

Os chimpanzés e os bonobos, nossos parentes mais próximos, se beijam.

O primatólogo Frans de Waal, da Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, já presenciou várias cenas de chimpanzés se beijando e se abraçando após um confronto. Para eles, o beijo é uma forma de reconciliação, e é mais comum entre machos. Ou seja, não é um ato romântico.

Já os bonobos se beijam com mais frequência e costumam usar suas línguas no gesto. Isso talvez não seja surpreendente porque essa espécie é altamente sexual: quando dois seres humanos são apresentados pela primeira vez, provavelmente trocam um aperto de mão; já os bonobos fazem sexo. Portanto, seus beijos não são necessariamente românticos.

Esses dois primatas são uma exceção. Até onde se sabe, outros animais não beijam. Alguns podem esfregar os rostos mas não trocam saliva ou estalam seus lábios.

Em vez disso, as espécies exalam odores tão fortes para atrair o sexo oposto que elas não precisam se aproximar para senti-lo. O principal componente desse odor são os feromônios, que despertam o desejo de acasalar.

Mamíferos como o javali, o hamster e o rato têm um olfato apurado e seguem o rastro dos odores para conseguir encontrar parceiros geneticamente diferentes.
Até mesmo as aranhas são dotadas do mesmo recurso: o macho da viúva negra consegue sentir o cheiro dos feromônios liberados pela fêmea que sinalizam se ela está de barriga cheia. Ele só se acasala com ela se entender que ela não está faminta e não o matará após a cópula.

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Os elefantes demonstram afeição usando as trombas

Ou seja, os animais não precisam chegar muito perto uns dos outros para encontrar um bom parceiro em potencial.

O ser humano possui um olfato bastante rudimentar. Portanto, chegar bem perto de outra pessoa pode ser uma vantagem. E estudos mostram que, apesar do odor não ser o único sinal que usamos para avaliar se um parceiro é apropriado, ele tem um papel fundamental nessa escolha.

Suor masculino

Um estudo publicado em 1995 mostrou que as mulheres, assim com os camundongos, preferem os odores dos homens geneticamente diferentes delas. Isso faz sentido, já que a mistura de genes distintos tende a produzir filhotes mais saudáveis. Ou seja, beijar pode ser uma ótima maneira de se estar próximo o suficiente para farejar os genes do parceiro.

Em 2013, Wlodarski entrevistou centenas de voluntários sobre suas preferências na hora do beijo. A importância do cheiro foi citada pela maioria deles, e aumentava ainda mais quando as mulheres estavam em seu período mais fértil.

Cientistas descobriram que os homens também produzem uma versão do feromônio que é tão atraente entre os animais. O hormônio está presente no suor masculino e, quando as mulheres o percebem, tendem a ficar ligeiramente mais excitadas.

Segundo Wlodarski, os feromônios são essenciais na escolha de parceiros entre os mamíferos, e nós, humanos, temos alguns deles.

Desse ponto de vista, o beijo seria apenas uma maneira culturalmente aceitável de se chegar perto o suficiente de alguém para detectar seus feromônios.

Em algumas culturas, esse comportamento evoluiu para o contato físico entre os lábios. “É difícil saber quando exatamente isso aconteceu, mas o objetivo do beijo é o mesmo do farejar entre os animais”, conclui o cientista.

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Saiba como podemos desacelerar o envelhecimento

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Envelhecer é uma coisa que nos acontece, mas é principalmente algo que infligimos a nós mesmos. Está nas nossas mãos, desde os anos de juventude, colocar rédeas no processo e forçá-lo ao trote, ou deixar que desembeste, a galope solto. A diferença entre as duas atitudes pode ser brutal, como revela um estudo recém-publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Realizado por um grupo internacional de pesquisadores, liderados pelo especialista em envelhecimento humano Daniel Belsky, o trabalho demonstrou de forma inédita que as pessoas envelhecem em ritmos espantosamente distintos — e que isso já é perceptível quando elas ainda são jovens.

O objeto da pesquisa foram 954 neozelandeses da cidade de Dunedin, todos da mesma idade, acompanhados pela ciência desde que eram bebês. A equipe de Belsky verificou como eles estavam envelhecendo, em diferentes momentos, ao longo de 12 anos, por meio de 18 marcadores biológicos com potencial para medir a deterioração de diversos órgãos e sistemas do organismo. Apesar de a carteira de identidade afirmar que todos os participantes tinham idade cronológica de 38 anos ao final do estudo, os cálculos dos cientistas revelaram que suas idades biológicas variavam desde os 28 até os 61 anos.

Décadas antes de se tornarem idosos, demonstrou o trabalho, os indivíduos com envelhecimento mais veloz já apresentavam físico debilitado, declínio cognitivo e saúde periclitante, bem como piores indicadores cardiovasculares, metabólicos, imunológicos, renais, pulmonares e de deterioração do DNA. Em outro teste, concluiu-se que as pessoas com idade biológica avançada eram também aquelas a quem, a partir da aparência, voluntários atribuíam uma faixa etária mais alta. Segundo a publicação assinada por Belsky e outros 14 pesquisadores, o estudo indica que “intervenções para desacelerar o envelhecimento humano devem ser aplicadas quando os indivíduos ainda são jovens”.

Processo quase personalizado

Felizmente, há muito a fazer para brecar o declínio do organismo. Diferentes estudos sugerem que 25% do ritmo é ditado pela genética. Quanto a isso, somos impotentes. Mas os outros 75% da aceleração no envelhecimento são de responsabilidade individual. Estão relacionados principalmente ao que se chama de “santíssima trindade”: nutrição, atividade física e estresse.

A idade cronológica não é o mais importante. Ela é um fator probabilístico, porque é mais provável ter doenças e disfunções com o avançar dos anos. Mas o envelhecimento é quase personalizado. As pessoas têm um nível de controle sobre ele. Não conseguimos pará-lo nem fazê-lo voltar, mas podemos acelerá-lo ou desacelerá-lo. É como um carro. Nós somos o motorista. A decisão é entre acelerar ou desacelerar. E é possível desacelerar muito.

Em pesquisas, há jovens que tinham marcadores biológicos de idoso e com idosos que apresentavam índices quase de adolescente. Alimentação, exercícios, gestão das emoções, exposição ao sol e hábitos como fumar ou beber — os chamados fatores ambientais — explicam a diferença por intervir no nível de desgaste do organismo.

Há um padrão de envelhecimento característico para cada espécie. Só que, na medida em que o organismo passa tempo no ambiente, ocorrem variações que fazem com que cada indivíduo se modifique de uma maneira. Se pegarmos gêmeos univitelinos que viveram em ambientes distintos, os dois terão as mesmas características genéticas, mas depois de um tempo vamos perceber que um está diferente do outro.

O desgaste biológico pode se dar de muitas formas, por sermos compostos de várias partes e sistemas que entram em declínio de maneira desarmônica. Eles não envelhecem ao mesmo tempo. Uma implicação disso é que o jeito de colocar o processo em câmera lenta também terá de ser personalizado.

O mais importante é ter consciência do que está envelhecendo mais rapidamente no corpo e o que se pode fazer em relação a isso. Não é difícil de identificar, porque será aquilo que começa a apresentar disfunções. Há quem tenha um problema no joelho e diga: “Ah, então não faço mais nada”. Está errado. Aí, sim, é que tem de fazer alguma coisa. Além disso, desde os 20 anos, é legal conferir como vão a glicose e o colesterol. Depois disso, tem de fazer exames preventivos, conforme a idade.

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Combinação de diabetes, doenças cardíacas e derrame pode reduzir a expectativa de vida em 20 anos

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Por meio de uma análise de 135 mil mortes, pesquisadores concluíram que a expectativa de vida pode ser significativamente menor quando problemas como diabetes, doenças do coração e derrame surgem ao mesmo tempo. O estudo, publicado no periódico JAMA, foi realizado por uma equipe da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e envolveu mais de um milhão de participantes.

Evidências anteriores já mostraram que cada uma dessas doenças, por si só, já são suficientes para a redução da vida útil. O que se concluiu com as novas observações foi de que duas ou três condições combinadas podem diminuir a expectativa de vida em cerca de 20 anos. As observações também descobriram que esse risco pode ser ainda maior se as três doenças surgirem juntas até os 40 anos.

— Quanto mais cedo a pessoa adquire as doenças, menor pode ser a expectativa de vida — comenta Emanuele Di Angelantonio, da Universidade de Cambridge.

Além disso, a autora também descobriu que, no caso de diabetes e ataque cardíaco, quando combinados, a redução da expectativa de vida pode chegar a uma década, enquanto que pessoas com 60 anos que apresentam os três problemas podem ter a vida útil reduzida em cerca de 15 anos.

A equipe estima que 10 milhões de adultos nos Estados Unidos e na União Soviética são diagnosticados com duas ou mais doenças ao mesmo tempo.

— Nossos resultados reforçam a importância de medidas para prevenir doenças cardiovasculares em pessoas que já têm diabetes e vice-versa, assim como para alertar pessoas com mais de um problema — afirma a especialista.

Praticar exercícios físicos, manter uma dieta equilibrada, evitar o tabaco, entre outras medidas que estimulem hábitos de vida saudável, ajudam de forma considerável para a diminuição do risco dessas doenças.

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