Ortorexia nervosa

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A ortorexia nervosa é um novo distúrbio do comportamento alimentar caracterizado por uma obsessão para comer saudável. O termo (do grego, ortho: correto; orexis: apetite) foi criado pelo médico americano Steven Bratman, autor do livro Health Food Junkies (Viciados em comida saudável).

As pessoas com este quadro apresentam uma preocupação excessiva com a qualidade da alimentação limitando a variedade; e acabam excluindo certos grupos como carnes, laticínios, gorduras, carboidratos sem fazer a substituição adequada podendo levar a quadros de carências nutricionais ou a um quadro completo de distúrbio da conduta alimentar.

A ortorexia não foi reconhecido como diagnóstico no manual de psiquiatria, DSM-IV, porém apresenta atualmente mais de 30 trabalhos científicos e deve ser considerado com critérios diagnósticos definidos num futuro próximo.

A pessoa ortoréxica, inicia uma busca obsessiva por normas (ou regras) de alimentação saudável. As informações são obtidas através dos meios de comunicação porém são informações distorcidas e exageradas para ficar saudável. Dessa forma, acaba excluindo muitos alimentos, por exemplo, começa com aqueles considerados impuros, como corantes, conservantes, gorduras trans, açúcar, sal, com agrotóxicos, pesticidas, alimentos transgênicos, entre muitos outros. Isso leva até a exclusão de grupos de alimentos considerados importantes para uma nutrição adequada podendo levar a quadros de carências nutricionais ou subclínicos (fome oculta, déficit de vitaminas e micronutrientes, anemia, ostopenia, entre outros).

Também associa uma preocupação com a forma de preparo e os utensílios utilizados na preparação dos alimentos. Comer fora de casa é considerado um problema ,evitam reuniões sociais e jantares para não “cair na tentação” de ingerir outro tipo de produto e pesam os alimentos e sentem “grande culpa se quebrar as regras”, e pelo contrário sentem uma sensação confortável ao fazer um prato elaborado exclusivamente com produtos orgânicos,ecológicos, bio ou com determinados certificados de salubridade. Acabam se isolando para conseguir se alimentar dessa forma saudável ou com alimentos considerados “puros” em casa, não aceitando comer em restaurantes e dessa forma acabam deixando de sair com os amigos ou namoradas/os. A dieta “saudável” acaba tomando conta da sua vida.

O problema é que a pessoa ortoréxica não procura ajuda porque acredita que está fazendo a escolha certa. Na prática clínica, os pacientes com ortorexia atendidos nos consultórios ambulatoriais, foram encaminhados pelos familiares, principalmente as mães, que acreditavam que existia “algo de errado” na alimentação do familiar “ortorexico”. Nesses pacientes, na consulta nutrológica foi realizado uma anamnese alimentar abrangente para procurar determinar a omissão de grupos de alimentos, assim como no exame físico, o aparecimento de alguns sinais de falta de nutrientes (queda de cabelo, unhas quebradiças , entre muitos outros). Também foi realizada uma investigação laboratorial procurando e observando vários déficits de nutrientes que precisaram de suplementação e de adequação na dieta (de acordo ao sexo, a idade, momento evolutivo, as atividades que realiza, entre muitas outras, que precisam ser consideradas) que a pessoa ortoréxica estava realizando. Com alguns desses pacientes, também foi observada a necessidade de um encaminhamento para uma psicoterapia .

Na prática clínica também, observamos que em algumas das pacientes que tiveram um diagnóstico de anorexia nervosa ou bulimia nervosa no passado foi possível observar a passagem para um quadro com características ortoréxicas antes da sua recuperação. É importante lembrar aqui, que quando um paciente se recupera de um Transtorno Compulsívo Alimentar, comenta que está comendo “normal” e sem alimentos proibidos, participando do lado social da alimentação e sendo “flexível”.

Ainda não sabemos qual a prevalência deste distúrbio na população geral, porém alguns grupos foram identificados nos últimos trabalhos científicos. Dentro deles, aparecem os atletas, esportistas, os artistas, os médicos e as nutricionistas.

“Comportamentos nutrológicamente desequilibrados merecem toda a atenção e o aconselhamento alimentar e nutrológico adequado”

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