Ciência e saúde

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A literatura médica registra pouquíssimos casos de cirurgia bariátrica em menores de 16 anos, mas a tendência é crescente, já que há cada vez mais crianças obesas. Nesta terça-feira, foi noticiada a operação do indiano Ksithijj Jindger, de dez anos, possivelmente o mais jovem da história a ter realizado a cirurgia.

Uma resolução do Conselho Federal de Medicina recomenda “precauções especiais” em cirurgias com pacientes que têm entre 16 e 18 anos, e sequer cita os menores de 16. Porém, o procedimento não é proibido. O cirurgião bariátrico Ricardo Cohen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, conta que já operou um menino de 11 anos e explica o que pode justificar a medida.

“Doenças associadas à obesidade, como diabetes tipo 2 e hipertensão, têm aumentado entre crianças. Quando elas não são controláveis clinicamente, o paciente corre risco de vida e a cirurgia é recomendada”, afirmou o médico.

Como a cirurgia só acontece quando há alguma doença grave em questão, é preciso que uma equipe interdisciplinar entre em consenso quanto à operação, assim como os pais. “São casos de exceção que requerem muito critério. É a última opção e é muito bem estudado”, esclareceu Cohen.

Para ele, a principal peculiaridade da cirurgia entre os mais jovens é psicológica. “O mais importante é a criança entender que sua relação com a comida vai mudar”, explicou o especialista. Como a criança não escolhe sozinha sua alimentação, precisa de muito controle. “Os pais são tão pacientes quanto as crianças, é preciso haver cumplicidade da família”, ponderou.

Lilian Zaboto, especialista em obesidade infantil da Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), concorda que há casos em que a cirurgia é inevitável, mas alerta para um outro problema de se fazer a cirurgia em crianças e adolescentes.

“Toda pessoa que é submetida à cirurgia bariátrica vai ter depois deficiências protéicas e nutricionais. Em se tratando de uma criança que está em crescimento e desenvolvimento, ela precisa de algumas proteínas essenciais que serão perdidas em conseqüência da cirurgia”, argumentou a médica.

Segundo Cohen, o pós-operatório nas crianças e nos adolescentes não mostra mais complicações que nos adultos, e que a desnutrição não chega a ser um problema. Ele concorda, no entanto, com o fato de que esses pacientes devem ser acompanhados com mais atenção. O médico diz ainda que não há restrições às atividades físicas, e que os jovens podem brincar normalmente.

G1

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