Deuses e diabos

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josesarneyPor Benedito Buzar

As mortes de presos na Penitenciária de Pedrinhas não são novidades no Brasil e as barbaridades delas decorrentes também não são exclusividades do Maranhão. Tão lamentáveis fatos fazem parte de uma indiscutível e triste realidade vigente em todo o país, resultado da superlotação das penitenciárias e da inércia dos governantes.

Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Porto Alegre serviram, servem e continuarão a servir de palco para ocorrências iguais ou mais violentas das aqui registradas e nada diferem quanto à natureza e objetivos. Só quanto à repercussão apresentam diferenças. Todas foram pautadas nos noticiários da grande mídia impressa e eletrônica do país. Contudo, as ocorridas em São Luis ganharam mais repercussão e foram mais escandalizadas do que as acontecidas em outros lugares.

Qual o motivo disso? Fácil e simples de explicar: por que foram praticadas na terra onde nasceu um homem chamado de José Sarney. Outra pergunta se impõe: desde quando começou esta campanha difamatória contra o Maranhão, apontado como o mais atrasado e a vergonha do Brasil? Resposta: desde quando Sarney chegou, por mérito pessoal e bafejo dos deuses, ao posto mais alto desta República.

Foi a partir desse marco temporal que ele passou a ser satanizado e acusado de responsável direto por tudo de ruim que acontece no Estado. Ao longo desse tempo, os poderosos meios de comunicação – que nunca imaginaram ver o país governado por um nordestino, com agravante de ser do Maranhão, começaram a desencadear contra o político maranhense as mais torpes campanhas.

Não sabem que ao assumir o governo do Maranhão, em 1966, Sarney encontrou o Estado atravessando um dos piores momentos de sua história. O quadro político, econômico e social era tão desolador que deixava o maranhense triste, constrangido e pessimista. Basta dizer que no interior do Estado só havia 27 médicos para atender uma população que crescia celeremente e atacada por doenças endêmicas e epidêmicas; a maioria esmagadora dos habitantes vivia no campo e cultivando uma agricultura de subsistência; as pequenas indústrias funcionavam com capacidade ociosa; o abastecimento de água e rede de esgoto só atendia a área urbana de São Luis; na área educacional, apenas duas escolas superiores e um ginásio oficial; nenhuma estrada asfaltada; a energia elétrica era racionada e deficiente; infra- estrutura, nem pensar; nas comunicações, só os Correios e Telégrafos prestavam serviços à população. Enfim, essas e outras mazelas dominavam o Estado de ponta e ponta.

Mas com a força de sua inteligência e de sua juventude, Sarney conseguiu reunir uma equipe de auxiliares competentes e fez o Maranhão mudar e trilhar por uma nova trajetória de desenvolvimento. As gerações de hoje, que de uns tempos para cá, influenciadas pelos meios de comunicação e pelas redes sociais passaram a vê-lo como malfeitor e causador dos males que nos afligem, deveriam, antes de demonizá-lo, ouvir os antepassados ou fazer pesquisas, para saber, na verdade, o realizado e construído no Maranhão, no período de 1966 a 1970.

Se assim o fizessem, certamente seriam informados de que Sarney, ao concluir a sua administração, legou ao povo maranhense um Estado em pleno processo de mudança, transformação e modernização, mercê das obras e serviços na capital e no interior, dentre as quais selecionamos as mais importantes: montagem da infra-estrutura com novas linhas de transmissão de energia elétrica da Usina de Boa Esperança para todos os municípios; construção de novos eixos rodoviários para integrar o Estado; asfaltamento da estrada São Luis-Teresina; implantação de ginásios Bandeirantes, escolas João de Barros, de combate ao analfabetismo, fundação das faculdades de Engenharia, Administração, Comunicação e Educação, em Caxias, núcleo que deu origem à Universidade Estadual do Maranhão; criação da Televisão Educativa; construção da Barragem do Bacanga, que permitiu a criação do bairro Anjo da Guarda; implementação da Ponte do São Francisco, que possibilitou o nascimento de uma cidade nova e a preservação da cidade velha e histórica; construção em parceria com o Governo Federal do Porto do Itaqui; fundação da Companhia de Telecomunicações do Maranhão, introdução de sistema de computador para modernizar a administração; asfaltamento da cidade de São Luis e abertura da Avenida Kennedy; ampliação da rede de distribuição de água de São Luis e cidades do interior.

Este elenco numeroso de obras públicas, todas imprescindíveis ao progresso do Estado, realizadas por Sarney, o levaram a conquistar forte popularidade e inconteste liderança política, a ponto de ser considerado o melhor e mais operoso governador que já tivemos. O Brasil todo, à época, se curvava ao Maranhão pelo fato de ter um homem público de sua envergadura e tenacidade, mas cuja imagem foi sendo deteriorada pela grande imprensa nacional e por alguns governadores que passaram pelo Palácio dos Leões, os quais, em vez de darem continuidade ao trabalho realizado, fizeram retroagir o Estado.

Dito isto, que seja esclarecido algo que virou samba de uma nota só: a de que Sarney, de 1965 aos dias correntes, domina o Maranhão face à montagem de uma oligarquia. Se os arautos desse ridículo discurso tivessem conhecimento de nossa história, se certificariam de que o Maranhão, do período Imperial aos dias atuais, sempre teve sob seu comando políticos com capacidade de chefiá-lo por longo tempo. Vejamos. Bem antes da Proclamação da República, o Partido Liberal e Conservador monopolizaram a cena política através de Gomes de Castro e José da Silva Maia, que se alternavam no poder conforme os interesses do regime monárquico. Com a implantação do regime republicano, ascende à chefia política do Estado, Benedito Leite, que só não permanece mais tempo no governo por causa de uma enfermidade que o levou a morte em 1908, em Paris. O sucessor de Benedito Leite – Urbano Santos, outro político brilhante, dominou a política estadual de 1909 à sua morte, em 1921, quando viajava num navio para o Rio de Janeiro, onde assumiria o cargo de vice-presidente da República. O desaparecimento de Benedito Leite e de Urbano Santos fez o poder político do Maranhão se transferir para as mãos de Marcelino Machado e Magalhães de Almeida, genros dos falecidos governantes. Nenhum deles deu continuidade às lutas dos sogros, pois a Revolução de 30 se encarregou de expurgá-los da vida pública.

O retorno do país ao regime democrático, em 1945, trouxe novamente ao Maranhão, o pernambucano Vitorino Freire, que aqui chegara em 1932, pelas mãos do interventor Martins de Almeida. A partir, portanto, das eleições de 1946, destinada à elaboração da nova Constituição brasileira, Vitorino impôs-se como novo comandante da política maranhense, comando esse só findo com a Revolução de 1964, que, usando poderes extraordinários, fez através da Justiça Eleitoral, a revisão do eleitorado do Maranhão, que sustentava a fraude eleitoral e manteve o vitorinismo no poder por vinte anos. Esse reinado foi literalmente dizimado nas eleições de 1965, que conduziu José Sarney ao governo do Estado.

22 comentários para "Deuses e diabos"


  1. Andre

    José Chagas a ONU também esta contra Sarney! afinal ela tmb cobrou providências. Maldita ONU faz isso só pq sarney é nordestino……

  2. Paulo Scott

    COMENTÁRIO MODERADO

  3. cesar jansen ferreira

    O maranhense precisa ler e ouvir a imprensa alheia. De fora, sabemos muitas mais coisas do que aqui dentro.! Esse Buzar, é puxa saco e babão, medíocre!

  4. ozeas

    a democracia onde está? com certeza Zeca ela está bem longe daqui do Maranhão!

  5. flavio 54

    Zeca, estou achando que vc ta precisando de um psiquiatra, pará de falar dessa familia em teu blog, acho que vc ta piorando a situaçao politica deles, vc fala, o povo te critica e fala mal deles. Procure urgente um medico, vai ser melhor pra vc. Fica com Deus.

    • Zeca Soares

      Estou muito bem. Fique tranquilo.

  6. Paulo Scott

    COMENTÁRIO MODERADO

  7. marcos bolivia

    COMENTÁRIO MODERADO

  8. claudio

    COMENTÁRIO MODERADO

  9. genilson campos

    É desespero?

  10. BANDEIRA

    MUITO BEM, FEZ TUDO ISSO, BASTA VER O DOCUMENTÁRIO DO GLAUBER ROCHA DE 1966, VEJA AS PROMESSAS FEITAS ÀQUELA ÉPOCA E VEJA O MARANHÃO HOJE, SE NÃO É O MESMO, A MESMA MISÉRIA, VEJA AS PALAFITAS QUE RODEIAM AS MAIS BELAS PRAIAS DA ILHA, A VERGONHA CONTINUA. CHEGOU A HORA DE MUDAR, É SABER SE A OLIGARQUIA ESTÁ PREPARADA PARA A PERDA DO PODER, POIS NA FAMÍLIA NÃO HÁ MAIS QUADROS, CHEGOU A HORA DA MUDANÇA.

  11. maximus menezes

    Chega ser ridiculoso usar o passado para redenção do presente. A realidade dói isso é fato! A mudança está chegando!

  12. claudio

    Comentário moderado

  13. ozeas

    zeca! eu acho que já chega né? sei que o blog é seu, mais vc tentar justicar algo injustificável , chega a ser ridículo.Sabemos que esse tipo de problema não é exclusividade só do maranhão, Mais qual a justificativa lógica, para o dinheiro federal, que foi enviado ao Maranhão para construção de novos presídios teram retornados, por não haver cumprimento dos prazos para construção por parte do governo estadual?, acredito que está na hora de vc rever os seus conceitos,poia tentado justicar tal situação vc passou a ser um jornalista totalmente parcial e previsivel.

    • Zeca Soares

      Quando se escreve o que você não gosta não prestamos mais. E a democracia onde está?

  14. maranhense

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK………………………

  15. Paulo Scott

    Comentário moderado

  16. genilson campos

    COMENTÁRIO MODERADO

    • genilson campos

      COMENTÁRIO MODERADO

      • genilson campos

        Sei que você não vai publicar, mas tenho certeza que lerá. Considerava você uma pessoa do bem, que levantava debates sobre questões sociais, políticas e esportivas locais e do mundo. Todavia, pude constatar que não passa de mais um aristocrata antidemocrático e puritano que só enxerga o próprio umbigo. Aproveite a oportunidade e ajoelhe-se diante da imagem do coronel e o venere como você sempre fez.

        • Zeca Soares

          Cara sugiro a você escrever uma tese.

  17. jp neto

    Falar que existem problemas em outros estados é chover no molhado. O problema é que aqui a situação é muito pior. MUITO, MUITO, MUITO pior.

    Vamos aos números:

    Em números absolutos, dos 197 homicídios registrados nas cadeias brasileiras em 2013, o Maranhão responde por 60 casos. São Paulo teve o segundo maior número absoluto de homicídios, com 22 casos, seguido do Amazonas, com 20 registros. Entretanto, a população carcerária do Maranhão é 35 vezes menor que a de São Paulo. E a do Amazonas, 30 vezes menor que a paulistana.

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