Guerra moral

5comentários

AdrianoSarneyInstalou-se no Maranhão uma perigosa guerra moral que pode resultar na maior ilusão eleitoral da história do estado. O governador, que é político e jurista, utiliza-se de técnicas retóricas que confiscam para ele a moralidade, negando aos adversários políticos até mesmo a qualidade de ser humano. Faz com que seus inimigos pareçam perversos para que, quando atacado, se coloque em posição de vítima, injustiçado, mártir; fugindo assim da sua responsabilidade de administrar a máquina pública.

Depois de 100 dias de governo, Flavio Dino ainda fala em oligarquia, coronelismo, patrimonialismo e se coloca como o salvador, aquele que monopoliza a ética e os bons princípios. A moral se tornou uma arma para conquistar o poder e levar vantagens, enquanto distrai a atenção dos erros e falhas, que são muitas, desse início de gestão. São questões que confrontam diretamente com as crenças professadas pelo governador e seu grupo político.

Chamamos a atenção para algumas delas:

– Ilegalidades comprovadas na formação da Comissão Central de Licitação com desrespeito a Lei Federal de Licitação e ao Código Estadual;

– Inoperância no sistema penitenciário e de segurança que ocasionou no resgate de 4 criminosos e um total de 23 fugas apenas este ano em unidades prisionais do estado;

– 333 mortes violentas apenas em São Luis e 29 assaltos a bancos no interior do Maranhão;

– Nomeações de aliados que não são considerados ficha limpa para cargos comissionados na administração pública, desrespeitando Lei Estadual;

– Ausência de um plano ou ação para combater os impactos da crise econômica que vive o Maranhão, apenas em janeiro e fevereiro, segundo o Caged, mais de 6.300 postos de trabalho com carteira assinada foram fechados no Estado;

– Falhas no atendimento das UPAs, segundo relatório da Secretaria de Planejamento (Seplan), o Governo investiu menos do que a obrigação constitucional de alocar 12% da receita em Saúde;

– Graves equívocos que o Governo insiste em não regularizar, como a contratação sem licitação e supostamente direcionada no Detran;

– Contratação de parentes de aliados e lideranças políticas entre órgãos do Poder Estadual;

– Contratação, sem licitação, de empresa ligada a família do irmão do Governador;

– Pagamento de jetons que chegam a cerca de R$ 6.000,00 por reunião dos chamados Conselhões;

–  Indeferimento de requerimentos da oposição que buscam informações sobre contratos suspeitos, que ocorreram sem licitação, envolvendo de um lado o Governo e do outro lado escritórios de advocacia de aliados políticos e ex-sócios de gestores da alta cúpula da administração estadual.

Para que o engodo continue, é necessário manter o inimigo forte e poderoso no imaginário do povo para alimentar o discurso do bem contra o mal e impor a culpa. Temos como exemplo o caso da contratação sem licitação da empresa da família do irmão do Governador onde, ao invés de explicar, Flavio Dino tergiversa em sua conta no Twitter: “Meu irmão tem uma carreira limpa e honrada, derivada de concurso público e de promoções por mérito. Difícil Sarney entender o que é isso.” Além de não cumprir a sua obrigação de explicar os fatos, o Governador culpou o ex-Presidente Sarney, que nada tem a ver com os privilégios que Flavio Dino concedeu à família de seu irmão. É a lógica de responder de qualquer maneira, ainda que de forma distorcida, desde que tenha respostas para os fatos que não tem argumentos.

Outro exemplo das contradições e da retórica vazia do governador ocorreu no programa Roda Viva, em rede nacional, antes de assumir o cargo, quando afirmou: “A partir do dia primeiro de janeiro o Estado comanda o sistema prisional.” Na vida real, sobre o recente episódio do resgate de presos, em sua conta no Twitter, o Governador ataca a gestão anterior e não explica os motivos de não ter assumido o comando do sistema: “Do jeito que a oligarquia fala, até parece que Pedrinhas era uma maravilha, organizada e pacifica. Só que todos lembram.”

A Saúde, antes organizada e funcionando, vê hoje seus prestadores de serviço e seus ex-gestores sendo acusados de malfeitos. Acontece que antes a saúde funcionava no Estado e hoje está no caminho do mais absoluto caos, como já observado nas UPAs que eram referencia em qualidade.

Muitas distorções também na criação de uma Superintendência de Combate a Corrupção. Esta nova área do Governo vai combater a corrupção na atual administração ou vai apenas servir para perseguir inimigos políticos? Um bom começo seria dar uma resposta a sociedade sobre o recente escândalo no Detran.

Uma guerra moral não é sustentável, sua sobrevivência depende do contraste entre as crenças professadas e os atos executados, do que é dito e do que é feito. É possível observar uma mudança nas expectativas da população quando observa-se que, depois de um breve período de popularidade de começo de governo, o instituto de pesquisas Exata, ligado ao Governador, detectou um declínio de 5 pontos nos poucos meses de fevereiro a abril.

A estratégia de desqualificação dos adversários quase sempre trai aquele que a implementa. É sempre oportuno lembrar o que disse Abraham Lincoln: “Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo.”

Nós, que hoje exercemos uma oposição responsável a esse Governo, queremos o desenvolvimento do Maranhão acima do ideário político-partidário que querem nos impor. Respeitamos a alternância de poder e a democracia. Contudo, o Maranhão espera uma conduta séria e responsável daqueles que comandam o Estado.

Adriano Sarney, economista e administrador, Deputado Estadual (PV).

5 comentários para "Guerra moral"


  1. Joaquim

    Mídia de gente perigosa! Mas vá treinando Deputado, pois o resto de sua militância política será onde vocês enxergam os erros, só quando estão na oposição.

  2. chico serra

    Onde estava este deputado quando a administração dos Sarneys desviou dinheiro do polo de Rosário, estradas fantasma e outras coisas mais. Quantos fichas sujas trabalharam nos governos passados? Será que estava dormindo ou morando em outro Pais?

    • Zeca Soares

      Então se tudo isso é errado quer dizer que agora pode????

    • Mazinhopvieira

      chico serra mais o correto era o governo flavio dino apurar as inrregularidade do governo anterior e não cometer inrregularidade, quer dizer, porque o governo anterior cometeu inrregularidade o governo flávio dino pode cometer inrregularidade, isso não é correto queremos do governo flávio dino um exemplo de governo e pelo que eu li a materia do discurso do dep.adriano sarney as coisas não anda nada bem nos seus 1º 100 dias.

  3. Cesar Bolivão

    Creio que guerra moral é essa que o governo Flávio Dino vai ter que enfrentar uma oposição da imprensa em geral e deputados.

deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS
%d blogueiros gostam disto: