Boa Esperança

2comentários

Por José Sarney

Ninguém pode avaliar a guerra necessária para o administrador fazer uma grande obra, com a complexidade e as dificuldades de coordenação, desde o projeto até à construção e à finalização da obra.

Quando assumi o governo do Maranhão, em 1966, o Maranhão estava às escuras. Não havia energia nem em São Luís nem em nenhum lugar do Estado inteiro. Um capitão do Exército, chamado César Cals, sonhava com a construção de uma Hidroelétrica no Rio Parnaíba, em Boa Esperança, onde o rio era mais estreito. Veio 1964 e o sonho morreu. Então, eu e um grupo de deputados do Piauí, entre eles o mais aguerrido, Milton Brandão, apoiamos o Cals e resolvemos ir à frente com a ideia. O Maranhão era contra, queria fazer uma pequena usina perto das nascentes do Itapecuru, inviável por problemas ambientais, de 18 MW, uma PCH, como se chama. Com minhas relações com o Presidente Castelo Branco fui a ele e mostrei que, como nordestino, podia fazer a primeira hidroelétrica da Região, beneficiando dois estados que ele bem conhecia, Maranhão e Piauí, que viviam de energia de pequeno motores a óleo ou a lenha (como era a Ullen de São Luís). Todo o Maranhão consumia o equivalente ao consumo do edifício Avenida Central, no Rio de Janeiro. Ele sensibilizou-se e mandou irmos ao Ministro de Minas e Energia, Dr. Mauro Thibau.

Fui a ele com o César Cals e o Milton Brandão. Ele foi radical. Iniciou dizendo: “Isso é uma total irresponsabilidade, fazer um castelo no deserto. Maranhão e Piauí juntos não tem demanda para uma usina dessas.” Saímos de cabeça baixa. Eu voltei ao Presidente Castelo e relatei a resposta do Ministro, fazendo um destaque para sensibilizar o Presidente. “Presidente, ele disse que seria um ‘Castelo’ no deserto”. O Presidente tomou como uma ironia e respondeu-me: “Pois dr. Sarney, volte ao Thibau, vou falar com ele e vamos ver esse castelo no deserto.” Senti que matava a cobra. Convidei os que tinham ido comigo da primeira vez e voltamos ao Ministério. O Thibau nos recebeu como uma seda e foi logo dizendo: “O Presidente falou-me e vamos tocar o assunto.”

A obra avançou a toda velocidade. Para melhorar logo a situação do Maranhão, convidei o César Cals para presidente da Cemar. Iniciamos a construção das linhas de transmissão no Estado antes da obra existir. Em breve, a convite do Presidente, eu assistia em sua companhia ao desvio do Rio Parnaíba. Mudamos a cidade de Nova Iorque, que ia ser inundada, para a margem da rodovia, com alguns protestos. Mas antes de deixar o governo liguei São Luís e outras cidades do nosso Estado com a energia de Boa Esperança. O Maranhão viu entre as palmeiras de babaçu as linhas de transmissão levadas pelas torres.

Deus deu-me a ventura de como Presidente da República terminar a construção de Tucuruí e ligar a usina a São Luís por dois grandes linhões de 600 MW. Também conectei, em Presidente Dutra, os Sistemas da Chesf e de Tucuruí, levando assim energia do Rio São Francisco à capital.

Graças à abundância de energia foi possível trazer a Alcoa e outras indústrias para cá.

Temos hoje a melhor estrutura de energia do Nordeste. Encontrei o Estado no escuro, deixei o Estado iluminado. Hoje ele é exportador de energia com o gás, que foi descoberto no poço pioneiro e exploratório mandado fazer por mim quando Presidente.

A saga da energia que começou em Boa Esperança é um trunfo do Maranhão para hoje e para um grande futuro.

2 comentários »

AL constata abandono na Barragem do Pericumã

0comentário

Uma comitiva de deputados da Comissão de Obras e Serviços Públicos da Assembleia, composta pelos deputados Felipe dos Pneus (PRTB), Mical Damasceno (PTB), Zé Inácio Lula (PT) e Leonardo Sá (PP) vistoriou, na manhã desta terça-feira (21), a Barragem de Pericumã, situada na cidade de Pinheiro. O coordenador da Defesa Civil, capitão Cláudio Roberto Rodrigues, e o presidente do Conselho Regional de Agronomia (CREA/MA), Berilo Macedo, acompanharam a vistoria.  

A iniciativa da visita partiu dos deputados Felipe dos Pneus, presidente da Comissão de Obras e Serviços Públicos, Leonardo Sá e Thayza Hortegal (PP), presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Barragens e Comportas do Estado do Maranhão.

A primeira etapa da agenda foi cumprida no turno matutino, com a visita da comitiva à Câmara de Vereadores de Pinheiro, na qual os deputados manifestaram-se justificando a visita à região e, em especial, à barragem de Pericumã. Eles ouviram os vereadores.

 “Estamos aqui para visitar, in loco, a barragem de Pericumã, que nos causa preocupação devido ao problema de rompimento dos cabos das comportas e a falta de manutenção. Já estivemos com o ministro do Desenvolvimento Regional, em Brasília, e vamos encaminhar um relatório dessa vistoria àquele órgão para que tome as providências necessárias”, esclareceu o deputado Felipe dos Pneus.

Histórico da obra

O vereador João Moraes (PSB) fez um relato resumido sobre a barragem do Pericumã: “A construção dessa barragem foi iniciada em 1977 e sua inauguração, em 1982. Sempre fomos nós, da comunidade, eu e outros voluntários, que operamos a barragem. Esta é uma obra de fundamental importância para essa região, pois garante a dessalinização da água do Rio Pericumã e o consumo da água pela população e animais”.

“A Prefeitura de Pinheiro tem contribuído com a contratação de dois funcionários que têm ajudado nesse trabalho. O serviço de manutenção, principalmente na parte elétrica e mecânica, tem um custo muito alto. Já enviamos diagnóstico da situação dessa barragem, em DVD, até para o Senado da República, quando presidido pelo senador José Sarney. Até agora, nada foi feito”, acrescentou João Moraes.

O vereador Edinildo (PCdoB) informou que a Câmara de Vereadores instalou uma Comissão Especial de Estudos sobre a situação da Barragem de Pericumã. “Estamos ouvindo técnicos e pessoas da comunidade. Ao  término dos trabalhos, vamos elaborar e encaminhar um relatório para as autoridades competentes. Nossa preocupação com a situação dessa barragem é muito grande e aumentou quando, recentemente, os cabos das comportas se romperam e causou alagamento em alguns bairros da cidade de Pinheiro”, destacou.

Avaliação

O deputado Felipe dos Pneus contou o que foi constatado na vistoria: “Uma situação muito perigosa, até mesmo para realizarmos a vistoria. Constatamos que as informações que o ministro de Desenvolvimento Regional tem dessa barragem, quais sejam, de que não corre nenhum risco e está funcionando plenamente, são totalmente desencontradas da realidade. O que vimos foi uma obra abandonada pelo DNOCS e que oferece risco à população. Na próxima sexta-feira, iremos até Fortaleza nos reunir com o DNOCS, em busca de uma solução para esse grave problema”.

Segundo o deputado Leonardo Sá, o que se viu foi as estruturas da barragem sem proteção, as casas de máquinas totalmente deterioradas e vidros quebrados. “Uma situação muito difícil. Registramos tudo em vídeo. Vamos voltar ao ministro de Desenvolvimento Regional para entregar em mãos o relatório da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) e do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e o relatório desta comissão, para tentar obter a liberação dos recursos necessários para a recuperação da Barragem de Pericumã”, salientou.

“Vimos muitos problemas. Nosso relatório vai apontar os problemas que podem ser resolvidos pelo Governo do Estado, como, por exemplo, os aterros que garantem a estrutura das comportas, e os de competência do Governo Federal. Foi uma visita muito importante e nosso relatório fará as reivindicações necessárias para que essa importante obra continue a beneficiar os municípios da região da Baixada Maranhense”, relatou o deputado Zé Inácio Lula.

A deputada Mical Damasceno disse que, de fato, a barragem de Pericumã encontra-se sem manutenção e que algo precisa ser feito pelas autoridades responsáveis para que a população dessa região não seja prejudicada. “Realmente, é uma situação que preocupa e que merece uma solução urgente das autoridades”, complementou.

Para o presidente do CREA/MA, a situação da barragem de Pericumã é grave e requer uma ação imediata por parte das autoridades responsáveis. “Verificamos que a barragem está em completo abandono. As funções da barragem não estão em operação por conta dos equipamentos estarem danificados. É urgente que o DNOCS, gestor da obra, providencie a recuperação da barragem e, posteriormente, faça um contrato de manutenção. Se nada for feito, há riscos de danos às comunidades”, ressaltou.

Foto: Divulgação

sem comentário »
https://www.blogsoestado.com/zecasoares/wp-admin/
Twitter Facebook RSS