Brasil descumpre medidas para Pedrinhas

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Pedrinhas

Mais de dois anos após a crise de violência no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA), os governos federal e do Maranhão falharam no cumprimento das medidas aplicadas contra o Brasil em 2013 e 2014 pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estado Americanos (OEA). Essa é a constatação do relatório ‘Violação continuada: dois anos da crise em Pedrinhas’, divulgado nessa terça-feira (1º).

O relatório – criado com informações obtidas após inspeções realizadas pela Conectas, Justiça Global, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) e Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil do Maranhão (OAB-MA) entre os anos de 2014 e 2015 – diz que apesar da redução do número de mortes no Complexo de Pedrinhas, são contínuas as violações de direitos humanos, com presos submetidos a tortura, comida estragada, celas hiperlotadas e higiene precária.

“Os ossos quebrados e marcas de espancamento foram substituídos pelo uso do spray de pimenta e pelas bombas de gás lacrimogêneo, frequentemente disparadas para dentro das celas”, ressalta Sandra Carvalho, coordenadora da Justiça Global, sobre métodos de tortura utilizados para punir e castigar detentos.

Prisões provisórias

Segundo o relatório, o difícil acesso dos presos à Justiça reflete no alto número de prisões provisórias: 60% dos detentos de Pedrinhas ainda não foram condenados, enquanto a média brasileira é de 41%.

“A maioria dos presos com os quais tivemos contato nestes dois anos de inspeções afirmou nunca ter visto um juiz, promotor ou defensor público”, diz Wagner Cabral, presidente do Conselho Diretor da SMDH.

Recomendações

O relatório destaca ainda cinco recomendações ao Estado brasileiro para solucionar as violações de direitos humanos no Complexo de Pedrinhas.

São elas: adequação das instalações; apuração de fugas, rebeliões, corrupção e mortes; aumento do efetivo de agentes penitenciários e substituição de terceirizados; cumprimento das normas de regulação do uso da força e de armas por agentes de segurança; e fortalecimento da Defensoria Pública no Maranhão e instalação do Comitê e do Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura.

Esclarecimento

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Sejap), em nota, afirma que, pautada na aplicação da Lei de Execuções Penais (LEP), alcançou, em 14 meses de gestão, alguns resultados. Entre eles, a gestão destaca que ‘fechou o primeiro ano de governo com uma expressiva diminuição no número de homicídios (-76,47%) e fugas (-72,16%), no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, ao cumprir, entre outras providências, a separação de presos em prol de sua integridade física, conforme reza o art. 84 da LEP’.

A Sejap ressalta ainda que em um ano, não houve qualquer registro de motins e rebeliões; e há nove meses não há homicídio no Complexo de Pedrinhas.

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De braços com o crime?

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A descoberta, pela polícia, de que detentos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas mantiveram inúmeros contatos telefônicos com integrantes da cúpula do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Maranhão (Sindspem) reforçou a suspeita – levantada há tempos – de que parte do poder de fogo demonstrado por bandidos nos motins e chacinas vem do apoio que recebem de agentes públicos supostamente idôneos que conseguem cooptar, seja pela coação, seja pelo suborno.

O suposto envolvimento de chefes do Sindspem – entidade corporativa que representa exatamente agentes público cuja tarefa é atuar para que as regras penitenciárias sejam cumpridas à risca pelos apenados – é um escândalo sem precedentes na nada edificante história do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Isso porque, se verdadeira a relação, se trata de um conluio inaceitável, por representar um caso de corrupção difícil de ser classificado. Afinal, é inimaginável por um cidadão comum, que respeita as regras da vida em sociedade e banca o serviço público, que agentes penitenciários se envolvam com presidiários.

No caso dos telefonemas captados pela Polícia, uma diretora do sindicado dos agentes troca informações com um interno da Casa de Detenção Provisória (CDP), numa relação de cumplicidade não admitida sequer com familiares. O caso reúne vários crimes, sendo o primeiro deles o fato de um detento dispor de celular. Outro: a agente penitenciária receber ligações e trocar informações com o tal detento. Uma análise fria e equilibrada do caso certamente identificará problemas graves, pelos quais responderão o detento e a diretora e terceiros envolvidos, se houver.

O caso torna mais grave ainda a situação em Pedrinhas, porque sugere a existência de outros conluios, o que fragiliza o controle e a gestão do Complexo Penitenciário. Põe sub suspeita toda uma categoria de servidores cuja obrigação funcional é fundamental para assegurar a normalidade nos presídios do estado. E atinge mortalmente a credibilidade do sindicato, que pode estar sendo usado para essa prática criminosa.

Causou perplexidade, por exemplo, o esforço que chefes daquele sindicato fizeram para forjar denúncias contra o Governo do Estado durante a inspeção feita por representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em dezembro passado. A forja mais escandalosa foi um vídeo mostrando pessoas com membros dilacerados, como sendo de fato violento ocorrido em Pedrinhas. Tais imagens foram incluídas no relatório, numa atitude de clara má-fé. A direção de Pedrinhas contestou a “prova” e mostrou tratar-se de imagens retiradas de um site pornográfico dos Estados Unidos.

Além do mais, informações divulgadas em blogs apontam a militância política dos lideres do Sindspem, com fortes indicativos de que parte dessas ações teria esse viés. E o fato é que, por mais difícil que seja admitir e já não é possível aceitar, que são muito fortes o indícios de que agentes penitenciários, sob influência de terceiros, podem ter operado como “agentes” do crime dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Trata-se de uma possibilidade reforçada por indícios insuspeitos, que não podem e não devem ser desprezados.

O cidadão, que paga impostos e vive a mercê do crime, quer essa situação inteiramente passada a limpo.

Editorial de O Estado

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Implosão de Pedrinhas

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sebastiaouchoa

O secretário de Estado da Justiça e da Administração Penitenciária, Sebastião Uchôa defendeu em entrevista ao Bom Dia Mirante, na TV Mirante a implosão do do Complexo de Pedrinhas. Segundo Uchôa, somente este ano 21 presos morreram em disputa entre facções criminosas.

“A questão da implosão do Complexo de Pedrinhas é inevitável, mas tem que ser com legalidade, com o compromisso com o manuseio do dinheiro público. A descentralização do complexo já está em andamento. Estamos na fase administrativa, em razão desse contexto as políticas públicas demoram a ser efetivadas. A visibilidade do trabalho infelizmente é lenta”, afirmou.

Veja a entrevista completa

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