Projeto utiliza ópera para alfabetizar crianças

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O processo de alfabetização está além de apenas ensinar uma criança a saber as letras, juntar sílabas e formar palavras. É necessário encontrar metodologias que contribuam para o sucesso do ensino educacional. Um método bastante útil e eficaz é o adotado pelo Projeto Ópera para Todos, iniciativa patrocinada pela Cemar e pelo governo do Estado, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, que tem como característica principal utilizar música, dança e teatro na alfabetização de crianças da rede municipal de ensino de São Luís.

Em 2019, o Ópera para Todos completa 22 anos de existência. O projeto tem uma metodologia peculiar: por meio dos estudos de peças da música erudita, as crianças são alfabetizadas, produzem textos próprios com mais significado, ampliam suas visões de mundo e culminam seu aprendizado com a encenação da ópera estudada que, neste ano, ocorrerá no dia 17 de novembro. Uma oportunidade única de utilizar a arte como um poderoso instrumento pedagógico.

“O grande ganho do Projeto Ópera para Todos é trazer para as crianças um universo cultural que é interessante, emocionante, cheio de sentido e que serve de pano de fundo para a alfabetização. A coisa mais penosa durante o processo de alfabetização, é você aprender a ler e escrever com textos que não fazem sentido, textos compostos só para ensinar a escrever as sílabas, e isso desmotiva muito as crianças. Mas quando você traz um universo cultural, uma história cheia de sentido e que transmite emoção pela música, pela dança e pelo teatro, a alfabetização flui e a qualidade do que as crianças escrevem no final é muito grande. A arte é um poderoso instrumento pedagógico para ensinar a pensar, ensinar a escrever e a ler”, explicou a professora Ceres Murad, idealizadora e responsável pelo projeto.

A 22ª edição do Ópera para Todos já começou para os alunos das escolas municipais Maria Alice Coutinho (Turu), José Sarney (Itapiracó) e Luiz Pinho (Divineia), instituições de ensino agraciadas pelo projeto. A alfabetização nestes colégios está entrelaçada aos estudos da ópera “Sansão e Dalila”, que traz consigo uma trama rica em valores que precisam ser vivenciados e aprendidos pelas crianças.

“Sansão e Dalila, além de ser um clássico da Bíblia, foi escolhido como tema para fazer uma ópera que tem melodias belíssimas. Além da beleza da coreografia, ela tem lições de lealdade e alianças, e as crianças amadurecem vivenciando isso. Um dos grandes ganhos da ópera é que as tramas são dramas humanos muito concretos e palpáveis, e as crianças mostram uma maturidade enorme de lidar com esses temas. Patriotismo, lealdade, confianças são valores eternos que as crianças precisam vivenciar e aprender”, analisou a professora Ceres Murad.

Pais e filhos

Engana-se quem pensa que o Ópera para Todos fica restrito apenas aos alunos participantes. Na verdade, o projeto ultrapassa as paredes da sala de aula e os muros dos colégios para adentrar nas casas dos estudantes.

“Esse é um grande resultado do projeto porque, às vezes, os pais não têm noção do potencial dos seus filhos e isso causa uma certa baixa estima. Então, quando esses pais veem o que os filhos são capazes de fazer, a própria relação deles com os filhos muda. Temos muitos depoimentos assim. Os pais são atingidos porque, com esse trabalho, a gente desenvolve o potencial das crianças de forma muito intensa. E qual é o pai que não se orgulha de ver o filho se apresentando para um grande público de maneira linda?”, comenta a idealizadora do projeto.

Projeto premiado

O Projeto Ópera para Todos é uma iniciativa que já faz parte da cultura da capital maranhense. O uso de uma metodologia própria e revolucionária desenvolvida pela professora Ceres Murad tem, inclusive, o reconhecimento nacional.

Em 2003, o projeto recebeu o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação – a mais importante comenda concedida pela Câmara dos Deputados na área de Educação – por despertar o interesse de crianças de baixa renda pela leitura e escrita por meio da ópera. A iniciativa foi destaque por seu trabalho pioneiro na área da alfabetização que privilegia o envolvimento da literatura desde as primeiras classes da pré-escola.

Ópera para Todos

O Projeto Ópera para Todos é uma iniciativa pioneira no Brasil, que visa não só educar o público infantil para a apreciação de música erudita, como utiliza todo o potencial emocional dos grandes clássicos da cultura universal enquanto fator motivador da aprendizagem das crianças.

A ópera é, neste projeto, um instrumento para convidar as crianças a adentrarem no universo da arte, da leitura e da escrita. Enquanto recurso pedagógico, a ópera estimula as crianças das classes de alfabetização a vivenciarem sentimentos profundos, conduzidas por composições magistrais, que transmitem emoções por meio de acordes intensos e vibrantes, materializados na dramaticidade das cenas.

O projeto trabalha as diversas linguagens da ópera – música, dança, literatura, poesia e drama – para potencializar o processo da aprendizagem da leitura e escrita. Essa riqueza de estimulação emocional e intelectual se reflete na qualidade dos textos que as crianças produzem ao longo do projeto, ao mesmo tempo em que proporciona a ampliação do seu universo cultural e da sua visão de mundo.

Os produtos finais do projeto são um livro de reescrita narrativa do libreto e a encenação, em que as crianças tocam, dançam e representam a ópera. No Ópera para Todos, as crianças atuam não como simples espectadoras, mas como protagonistas dessas grandes obras da cultura universal.

Foto: Divulgação

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Ópera Para Todos

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Plateia

Cerca de cinco mil pessoas prestigiaram, durante o último sábado (29) e domingo (30), os espetáculos do projeto “Ópera para Todos”, na Praça Maria Aragão. O projeto foi desenvolvido nas escolas da rede municipal de ensino por meio de parceria entre a Prefeitura de São Luís, através da Secretaria de Educação (Semed), e o Colégio Dom Bosco. A versão adaptada da ópera Aída, de Giuseppe Verdi, foi encenada por 280 crianças em fase de alfabetização, sendo 180 estudantes de escolas do município e 100 estudantes do Colégio Dom Bosco.

O secretário municipal de Educação, Geraldo Castro Sobrinho, esteve presente às duas apresentações e parabenizou os gestores, professores e demais educadores que se empenharam em transformar a parceria em um grande espetáculo. “Para o prefeito Edivaldo e para a equipe Semed, é uma grande alegria ver a concretização de uma parceria tão frutífera como foi a que estabelecemos com o Colégio Dom Bosco. Destaco a imensa contribuição que este trabalho conjunto trouxe para nossos professores e gestores e, principalmente, para cada uma das crianças que se apresentam neste final de semana na Praça Maria Aragão”, declarou.

Participaram do projeto estudantes da Unidade de Educação Básica (U.E.B.) Maria Alice Coutinho, juntamente com os anexos Luís Pinho Rodrigues (Divinéia) e José Sarney Costa (Matões/Turu). Durante os quatro meses de ensaios e trabalhos pedagógicos confeccionados com base na ópera Aída, as crianças puderam ampliar seu universo de conhecimentos e trabalhar de forma diferenciada os conteúdos da alfabetização e do letramento, a partir da leitura e do desenho de trechos da obra de Verdi.

GeraldoCastro

Dirigida e adaptada por Ceres Murad, diretora do Colégio Dom Bosco, a obra prima de Giuseppe Verdi trouxe ganhos inestimáveis para cada uma das instituições parceiras. “A participação de mais escolas enriqueceu o espetáculo e revelou grandes talentos”, observou Ceres Murad, que também destacou a dedicação e empenho de todas as crianças que participaram do projeto. “Foi maravilhoso ver durante esses meses de trabalho a grande disposição das crianças e a motivação em sala de aula”, completou.

Joelma Lorena Guterres, de 8 anos, estudante da U.E.B. Maria Alice Coutinho, atuou como uma das sacerdotisas do palácio real. Para ela, interpretar pela primeira vez um personagem de um espetáculo tão grandioso foi maravilhoso. “Meus pais e professoras pensaram que eu ia ficar nervosa, mas eu não fiquei. Gostei demais e espero participar outras vezes”, garantiu.

A apresentação de Amanda Carvalho, 7 anos, aluna do 2º ano na U.E.B. Maria Alice Coutinho, foi acompanhada de perto pela mãe, Fátima Oliveira Carvalho, e por sua irmã Nicole Carvalho, que faz o 4º ano na mesma escola. “Ela era muito tímida e pensei que ela não fosse acompanhar os trabalhos e ensaios, mas ela se superou. Gostei muito da atuação dela, minha filha está de parabéns”, comentou, ressaltando o aprendizado e desenvolvimento da filha em sala de aula possibilitado pelo projeto.

O projeto Ópera para Todos nasceu em 1997 no colégio Dom Bosco. O intuito é utilizar a ópera como porta de entrada para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. As atividades desenvolvidas durante o projeto também estimulam o aprimoramento da coordenação motora, desenvolvem a linguagem oral e escrita, estimulam a criatividade e o imaginário e potencializam o interesse pela leitura.

Fotos: A. Baêta

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opera

A Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria de Educação (Semed), e o Colégio Dom Bosco promovem neste fim de semana mais uma edição do projeto Ópera Para Todos. Cerca de cem crianças do Colégio Dom Bosco e 180 crianças de escolas da rede municipal encenarão uma versão adaptada da Ópera Aída, de Giuseppe Verdi. Os espetáculos ocorrem no sábado (29) e no domingo (30), às 19h, na Praça Maria Aragão.

Para o secretário de Educação, Geraldo Castro Sobrinho, o trabalho conjunto e as atividades artísticas enriquecem o desenvolvimento integral das crianças. “Em nome do prefeito Edivaldo, agradeço a parceria com o Colégio Dom Bosco e o empenho dos nossos professores, que abraçaram o projeto e foram fundamentais para o êxito deste projeto, que potencializa o saber, impulsiona as crianças ao auto-descobrimento e valoriza a criatividade”, ressaltou.

A atividade envolve estudantes das Unidades de Educação Básica (U.E.B.) Maria Alice Coutinho e dos anexos Luís Pinho e José Sarney Costa. Na semana que antecede as apresentações, pais, alunos, professores e gestores realizaram os últimos preparativos e participaram dos ensaios finais. Segundo a diretora adjunta da U.E.B. Maria Alice Coutinho, Luzinélia Ribeiro, os estudantes estão entusiasmados e confiantes para as apresentações.

“Ver nossas crianças seguras de si mesmas e prontas pra subir ao palco é compensador. As atividades desenvolvidas durante o projeto estimulam a coordenação motora, desenvolvem a linguagem oral e escrita, a criatividade e o imaginário e potencializam o interesse pela leitura”, declarou Luzinélia Ribeiro.

A professora do 5º ano do Ensino Fundamental, Maria Raimunda Fragas, destacou que o envolvimento das crianças produziu uma mudança cultural significativa na vida de seus familiares e de toda a comunidade. “Trabalhar a ópera trouxe uma visão diferenciada com relação à leitura, à escrita e à socialização. São inúmeros os ganhos. O projeto tornou-se porta de entrada para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças”, disse.

Duas estudantes da U.E.B. Maria Alice Coutinho interpretarão personagens principais da Ópera Aída, Luma Nunes Machado e Bruna Gabrielle da Silva Cabral. Luma interpreta Amneres, princesa egípcia que disputa o amor do comandante das tropas egípcias com a princesa etíope Aída, que foi raptada e mantida como escrava no palácio do rei do Egito. Bruna é uma das crianças preparadas para representar a princesa Aída.

“Meus pais falam que estou me saindo muito bem interpretando. Minha mãe disse até que vou ser atriz”, contou Luma Machado. Já Bruna Cabral disse ter aprendido a ler e escrever melhor. “Tem sido ótimo. É muito legal participar, dançar e fazer o papel da Aída. Meus pais também acharam muito legal. Dizem que vai ajudar no meu desenvolvimento, para eu aprender mais”, disse.

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