A última volta de Briatore?

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O anúncio da saída de Flavio Briatore da Renault, nesta quarta-feira, pode ser o fim da linha para uma das figuras mais polêmicas da Fórmula 1 atual. Flavio Briatore, de 59 anos, pode ser banido do esporte na reunião do Conselho Mundial de Esporte a Motor da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), no próximo dia 21 de setembro. O italiano sempre teve seu nome envolvido em vários escândalos na era moderna da categoria. Próximo dos 20 anos de carreira, o dirigente aparentemente encontrou seu obstáculo final.

A FIA contratou uma empresa independente – a Qwest – para investigar o acidente de Nelsinho Piquet no GP de Cingapura de 2008. Briatore teria mandado o brasileiro bater de propósito na 16ª volta, três após o primeiro pit stop do espanhol. Após colher depoimentos e buscar provas na telemetria da Renault, o Conselho Mundial da entidade foi convocado para julgar o caso. Para evitar uma punição ainda maior, a equipe francesa aceitou afastar seu chefe, além de Pat Symonds, diretor de engenharia.

Após escapar de várias punições ao longo de sua carreira na Fórmula 1, Briatore não resistiu à vingança de Nelson e Nelsinho Piquet, que denunciaram a tramoia de Cingapura à FIA – fato confirmado por Max Mosley, presidente da entidade. Mesmo com a saída do dirigente da Renault, o Conselho Mundial não deve perdoar o dirigente no próximo dia 21 de setembro.

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Fórmula 1

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Recebi um e-mail do Eurico Pacífico, presidente da Federação Maranhense de Beach Soccer. Veja o que diz o Eurico após ler uma matéria do Globoesporte.com, onde o piloto brasileiro Nelsinho Piquet diz que não tem medo de reações da Renault e de Flávio Briatore.
 
Nelsinho Piquet se pronunciou pela primeira vez após o começo da polêmica sobre o GP de Cingapura de 2008. O brasileiro disse que cooperou com a investigação da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e que não teme as reações de Flavio Briatore ou da Renault. Ele disse que não será coagido novamente a tomar uma decisão com a qual não concorda.

– Sobre a atual investigação da FIA, eu confirmo que cooperei completa e honestamente com eles. Porque estou dizendo a verdade, não tenho nada a temer, seja da Renault ou de Briatore, e sei bem do poder e influência que os investigados têm, além dos enormes recursos que eles têm ao dispor. Não serei intimidado de novo para tomar uma decisão da qual me arrependerei. Confio na investigação da FIA e no Conselho Mundial de Esporte a Motor e não farei mais comentários após a conclusão da audiência, no dia 21 de setembro – diz Nelsinho, em comunicado publicado em seu site oficial.

Diz o Eurico: Eu fiquei decepcionado com a postura do Nelsinho Piquet neste episódio, pois além de bater propositadamente, achei pior ele ter aceito uma proposta indecorosa como essa, entretanto, ao ler a matéria acima, lembrei que o próprio Rubinho não é nenhum santo. Qual a diferença entre um piloto que bate intencionalmente e outro que recebeu uma orientação da equipe para abrir para Schumacker em uma corrida? Onde está a diferença? A ação do Rubinho ficou bastante evidente durante a transmissão da TV Globo. No caso do Nelsinho, só descobrimos depois que o mesmo se sentiu ameaçado na equipe e diante da possibilidade de não ter o contrato renovado. Estou encaminhando este e-mail para você porque até agora não vi ninguém fazer a relação dos casos Nelxinho x Rubinho.

E você tem toda razão Eurico. Os dois casos envolvendo os pilotos brasileiros são escandalosos. Vou dividir com você e demais internautas uma convicção que tenho. Acho que a FIA precisa acabar com a figura do segundo piloto. A “sacanagem” começa dentro da própria equipe. Sempre trabalham para o piloto nº 1. Daí o tamanho desequilíbrio e as armações que cada vez mais são registradas na Fórmula 1.

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Nelsinho confessa

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O site inglês “F1SA” publicou nesta quinta-feira a íntegra do depoimento de Nelsinho Piquet à Federação Internacional de Automobilismo (FIA) sobre o caso do acidente deliberado do GP de Cingapura de 2008. O brasileiro admite a “armação” no documento.

Em depoimento à FIA, Nelsinho Piquet admite ter causado acidente à mando da Renault em Cingapura

Leia abaixo a íntegra do depoimento de Nelsinho Piquet:

“Íntegra do depoimento dado por Nelsinho Piquet à FIA, sobre o GP de Cingapura de 2008:

Eu, Nelson Ângelo Piquet, nascido em 25 de julho de 1985 em Heidelberg, Alemanha, morando atualmente em Mônaco, disse o que segue:

1 – Salvo prova em contrário, os fatos e declarações contidas neste depoimento são baseadas em fatos e assuntos de meu conhecimento. Acredito que os fatos e declarações contidos neste depoimento são verdadeiros e corretos. Sempre que quaisquer fatos ou declarações não estiverem dentro de meu próprio conhecimento, eles serão verdadeiros ao melhor de meu conhecimento e crença e, se este for o caso, indico a fonte deste conhecimento e desta crença.

2 – Faço esta declaração voluntariamente à FIA, a fim de permitir que ela exerça suas funções de supervisão e regulamentação no que diz respeito ao Mundial de Fórmula 1.

3 – Estou ciente de que existe um acordo entre os participantes do Mundial de F-1 e todos os titulares tem sua superlicença para assegurar a justiça e a legitimidade do campeonato, e estou ciente das consequências caso forneça à FIA informações falsas ou enganosas.

4 – Entendo que a minha declaração completa foi gravada áudio e que uma transcrição completa será disponibilizada para mim e para a FIA. O documento constitui um resumo dos principais pontos abordados durante minha declaração verbal.

5 – Gostaria de trazer os seguintes fatos ao conhecimento da FIA.

6 – Durante o GP de Cingapura, realizado no dia 28 de setembro de 2008, fui convidado pelo Sr. Flavio Briatore, que é tanto meu ‘manager’ quanto diretor da equipe Renault, e pelo Sr. Pat Symonds, diretor técnico da mesma equipe, a bater deliberadamente meu carro, a fim de influenciar positivamente o desempenho da Renault no evento em questão. Concordei com esta proposta e conduzi meu carro para acertar o muro, provocando um acidente entre as voltas 13 e 14.

7 – A proposta de provocar deliberadamente um acidente me foi feita pouco antes da corrida, quando fui convocado pelo Sr. Briatore e pelo Sr. Symonds no escritório do Sr. Briatore. O Sr. Symonds, na presença do Sr. Briatore, perguntou se eu estaria disposto a sacrificar minha corrida pela equipe por um safety car. Todo piloto sabe que o safety car entra na pista quando há um acidente que a bloqueia ou joga detritos, ou quando há um carro parado onde é difícil resgatá-lo, como foi o caso.

8 – No momento da conversa, estava em um estado mental e emocional muito frágil. Este estado de espírito foi provocado pelo estresse intenso causado pelo fato de que o Sr. Briatore se recusou a informar da existência da renovação de meu contrato de piloto para 2009, como habitualmente ocorre no meio da temporada (entre julho ou agosto). Ao contrário, o Sr. Briatore repetidamente pediu-me para assinar uma “opção”, o que significava que eu não estava autorizado a negociar com outras equipes no mesmo período. Ele repetidamente me colocou sob pressão para prolongar a opção que tinha assinado, e iria me chamar regularmente em seu escritório para discutir a renovação, mesmo em dia de corrida – um momento que deveria ser apenas para concentração e relaxamento. Este esforço foi acentuado pelo fato de que, durante o GP de Cingapura, tinha me classificado em 16º no grid, então estava muito inseguro sobre meu futuro na Renault. Quando me pediram para bater o carro e provocar a entrada do ‘safety car’ a fim de ajudar a equipe, aceitei porque esperava que pudesse melhorar minha posição na equipe neste momento crítico da temporada. Em nenhum momento fui informado por qualquer pessoa que, ao concordar em provocar um incidente, eu teria garantido a renovação de meu contrato ou qualquer outra vantagem. No entanto, no contexto, pensei que seria útil para alcançar este objetivo. Por isso, concordei em provocar o incidente.

9- Após a reunião com o Sr. Briatore e o Sr. Symonds, o Sr. Symonds me puxou para um canto tranquilo e, usando um mapa, apontou-me para a curva exata da pista onde eu deveria bater. Esta curva foi escolhida porque aquele local específico não possui guindastes que permitiriam que um carro danificado pudesse ser rapidamente removido da pista, nem possui entradas laterais, o que permitiria que um fiscal pudesse empurrar rapidamente o carro para fora dela. Assim, considerou-se que um acidente neste lugar específico seria quase certo de provocar uma obstrução da pista e que, portanto, seria necessária a entrada do safety car a fim de permitir que a pista fosse limpa e para assegurar a continuidade da corrida.

10 – O Sr. Symonds também me disse em que volta exata, eu deveria provocar o incidente, de modo a proporcionar a meu companheiro de equipe, o Sr. Fernando Alonso, uma boa estratégia, já que ele faria seu reabastecimento pouco antes da entrada do safety car, durante a 12ª volta. A chave para a estratégia reside no fato de que o conhecimento de que o safety car entraria na pista entre as voltas 13 e 14 permitiu que a equipe fizesse no carro do Sr. Alonso uma estratégia agressiva de combustível, suficiente para chegar a 12 voltas, mas não muito mais. Isso permitiria que o Sr. Alonso ultrapassasse o máximo de carros possível, sabendo que os carros teriam dificuldade em recuperar o tempo perdido depois do pit stop devido à implantação posterior do safety car. A estratégia foi bem sucedida e o Sr. Alonso venceu o GP de Cingapura de F-1 de 2008.

11 – Durante as discussões, não foi feita qualquer menção de quaisquer preocupações no que diz respeito à segurança desta estratégia para mim, para os espectadores ou para os outros pilotos. O único comentário feito neste contexto foi realizado pelo Sr. Pat Symonds, que me alertou para “ter cuidado”, dizendo que não deveria me ferir.

12 – Intencionalmente causei o acidente, deixando o carro sair lateralmente pouco antes da curva. A fim de me certificar que eu provocaria o acidente durante a volta certa, perguntei para a minha equipe por diversas vezes, através do rádio, para confirmar o número da volta, algo que não faria normalmente. Não me feri no acidente, nem ninguém.

13 – Após as discussões com o Sr. Briatore e o Sr. Symonds a “estratégia do acidente” nunca foi discutida novamente. O Sr. Briatore discretamente disse “obrigado” após o final da corrida, sem falar mais nada. Não sei se alguém tinha conhecimento da estratégia no início da corrida.

14 – Após a corrida, informei ao Sr. Felipe Vargas, amigo da família, o fato de que o acidente tinha sido intencional. O Sr. Vargas ainda informou meu pai, o Sr. Nelson Piquet, algum tempo depois.

15 – Depois da corrida, vários jornalistas perguntaram sobre o acidente e me questionaram se eu havia feito de propósito, porque sentiram que era “suspeito”.

16 – Na minha equipe, o engenheiro do carro questionou a natureza do incidente, porque achou incomum, e respondi que tinha perdido o controle do carro. Acredito que um engenheiro inteligente notaria que os dados de telemetria indicariam que o acidente foi causado de propósito, já que continuei acelerando, enquanto que o “normal” seria frear o mais rapidamente possível.

Declaração de Verdade

Acredito e juro que os fatos citados nesta declaração são verdadeiros.

Este depoimento foi feito na sede da FIA em Paris, no dia 30 de julho de 2009, na presença do Sr. Alan Donnelly (chefe dos comissários da FIA), Sr. Martin Smith e Sr. Jacob Marsh (ambos investigadores da empresa Quest, mantidos pela FIA para ajudar na investigação). As notas foram tomadas pela Sra. Dondnique Costesec (Sidley Austin LLP).

Assinado:

Nelson Piquet Jr.”

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