Tudo Azul no Réveillon da Lua Azul

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Dezembro_2O Réveillon é sempre um momento mágico. As pessoas ficam mais alegres e enxergam no novo momento que se aproxima uma chance de consertar tudo de errado que aconteceu durante o ano que passou. Mágoas são resolvidas, discussões perdoadas, amores se fortalecem e outros novos surgem. Tudo isso sob um céu estrelado. Os que têm chance de ir até um lugar belo e distante de toda a poluição das cidades grandes, enxergam os astros de verdade. Já os que ficam nas metrópoles, recebem as boas-vindas de uma imensidão repleta de pontinhos brilhantes artificiais, de cores e formato diferentes, que fazem barulho e promovem a alegria de pessoas de todas as idades logo que os ponteiros dos relógios apontam para cima, marcando a meia-noite.

No Réveillon da Lua Azul não foi diferente. A começar pela decoração – uma viagem pelos diversos tons de azul contrastando com dourado e prata, feita pela designer Cíntia Klamt Motta, que mandou vir de Gramado e Canela, na serra gaúcha, hortênsias azuis e folhas de plátanos também azuis, algumas douradas e prateadas, para compor um cenário que incluía painéis de palácios franceses e todo um conjunto de obras de arte dos mais famosos gênios da pintura universal.

Logo no hall de entrada dos salões, a famosa tela “Bal Au Moulin de la Galette”, de Renoir, saudava os convidados. E dividia os olhares, no mesmo espaço, com O Jardim de Monet, em Giverny, e as bailarinas de Degas (“Uma nuvem passa entre o chão/ e os pés das bailarinas/ como a nuvem/ mudam de forma/ e estão poucas vezes em terra/ as mãos em pontas/ nos braços também aparecem/ como a inconstância do vento/ as bailarinas de Degas/ não precisam do nosso olho/ – menos rápido, quase sempre/ para as elevar do solo.” – canta o poeta).

No primeiro salão, “A Mulher com Sombrinha”, de Claude Monet, cujo fascínio está no modo pelo qual a luz e a brisa conservam-se na tela para um eterno deleite. Ela parece flutuar ali, levada pela sombrinha e envolta na luminosidade do instante. No mesmo salão, a presença exuberante de Van Gogh, com sua “Noite estrelada sobre o rio Ródano” (1888), cujo procedimento ele repetiu no quadro “A Noite Estrelada” (1889): o uso de estrelas como fundo de suas telas. Em destaque no fundo do salão, a famosa tela pintada de memória – e não a partir da vista correspondente de uma paisagem, como de costume – era a melhor prova de que nenhum pintor sentiu melhor a força da música cromática da noite que o atormentado holandês. Van Gogh era um artista que não desprezava a realidade dos fenômenos. E soube, como ninguém, ouvir a sinfonia cromática do céu.

No grande salão, grandes painéis de pintura com desenhos de papéis de parede, em dourado e azul, remetiam aos palácios franceses e faziam uma belíssima e deslumbrante composição com os variados tons de azul dos lustres de voil e dos balões japoneses também azuis que despencavam do teto. No centro do salão, o palco onde se apresentaram as bandas. Mákina du Tempo, All Times, Bicho Terra e Sambauê conseguiram manter a pista de dança lotada até o dia amanhecer.

Ao se despedirem, com o dia já claro, os últimos convidados, tal e qual uma pintura impressionista de Monet, mesmo sem os traços  fortes iluminados pelos fogos da meia-noite, ainda conseguiam refletir a luz natural do mundo…

REVEILLON-2009-2010

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