Roseana e Lula vão a Estreito

2comentários

presidente.jpg A governadora Roseana Sarney deve embarcar na primeira semana de agosto para a região sul maranhense. Será a primeira viagem dela depois que se submeteu a intervenção cirúrgica para isolamento de um aneurisma cerebral.

Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos ministros Edison Lobão, de Minas e Energia, e Dilma Roussef, da Casa Civil, Roseana participa no dia 6 de visita ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Estreito, localizada entre o Maranhão e o Tocantins.

Trata-se da primeira visita oficial da equipe do presidente Lula àquela que é considerada a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. 

De Estreito, Roseana segue com o presidente Lula e ministros para São Luís, onde comandam solenidade de inauguração de centros tecnológicos no estado.

2 comentários »

À caça de personagens

11comentários

monument_nabokov_montreux_23_12_2006.jpg

1

O Maranhão intelectual, o Maranhão de todas as artes e feitiços, o Maranhão político, o Maranhão universitário, enfim, o Maranhão de todos os maranhenses verdadeiramente ilustres do passado e do presente, o Maranhão desse povo que faz de sua luta cotidiana motivo de alegria para viver a vida, o Maranhão de todos os santos e de todos os orixás, passa a ter, a partir de hoje, um blog que se propõe a ser um palco permanente para quem pretende mergulhar nas ondas das biografias de seus filhos notáveis, de homens que marcaram a sua história, de personalidades gigantes na batalha da democracia e da liberdade.

2

A propósito não custa lembrar: era uma vez um escritor que caçava personagens. Quando disseram-lhe que se caçam também borboletas, não achou uma barbaridade. Morto, nascido em São Petersburgo, Rússia, Vladimir Nabokov caçava tanto personagens como escritor quanto borboletas como entomólogo. Zombeteiro, lança um riso no escuro quando dizem que Lolita é pornográfico, o livro que a unanimidade da intelligentzia considera um dos maiores romances de todos os tempos.

3

Nabokov, banido politicamente da Rússia, exilou-se em vários países. Eu, diante da realidade que me cerca, ainda não precisei de exílio nem perdi o jeito de escrever sobre personagens do Brasil ou de São Luís. Nunca vou querer ser um locutor em silêncio, falando apenas para aparelhos de rádio desligados.

4

Há dias, no entanto, que prefiro escrever sobre mágicos. E olho para Nabokov como ele olhava para um prestidigitador de rosto empoado, para a flor mágica em sua lapela e especialmente para seus maravilhosos dedos fluidos. Todas as miragens eram produzidas em seu deserto privado, “sem caravanas nem palmeiras.” Detestava políticos com seus vagos liberalismos fora de época, estados totalitários como a Rússia e “seus tumores embaraçosos” como a China.

5

Em Evidência Conclusiva confessava interessar-se apenas pelos temas que pareciam ficção em sua vida. Depois diria: “Sou um autor de problemas de xadrez.” Irritava-se quando o comparavam a Joseph Conrad, o escritor polonês. Ora, Conrad começara a escrever já como inglês. Nabokov passara os primeiros 20 anos de sua vida na Rússia. Era portanto um russo que fizera aprendizado literário dentro de um painel que ia de Jane Austen a James Joyce.

6

Revejo Nabokov, em Fala, Memória ou Coisas Transparentes, Lolita ou Olha os Arlequins!, Riso no Escuro ou Evidência Conclusiva. Tanto quanto ele desenhava borboletas, eu pretendo com este blog desenhar o seu riso no escuro. Afinal, ele é para mim o mágico que gostava de descrever, aquele homem capaz de dissolver a colher num raio de sol ou transformar um prato em um pássaro lançado no ar.

7

Nabokov dizia não a quem considerava mediocridades formidáveis. Como por exemplo Theodore Dreiser, Tagore, Máximo Gorki, Romain Rolland e Thomas Mann. Até Mann? Sim, achava o romance Morte em Veneza tão asinino quanto o melodrama Dr. Jivago, de Pasternak, ou a obra de Faulkner. Dizia sim a obras primas como Ulisses, de James Joyce, Metamorfose, de Kafka, e à primeira metade da série Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust. Abominava Freud, “um homem medieval”, observando que não via guardas-chuva nem balões em seus próprios sonhos. Escrevia para ele mesmo, dizia Nabokov. “Escrevo para mim mesmo, multiplicando-me.”

8

Que me perdoem os leitores, a comparação, mas talvez seja porque estou vivendo o meu melhor momento como profissional. Hoje, mantenho um relacionamento de gente grande com a cidade em que resido há quase meio século e que adotei como minha. Aquele ranço do passado – os inimigos que já vinham de tempo antigos, os agressivos, retrógrados, invejosos e chatos de agora, felizmente, da minha vida, desapareceram. Como não vou mudá-los, evito tê-los por perto.

9

As cartas, fax e e-mails que recebo, todos os dias, geralmente com colaborações inteligentes, contendo críticas e elogios, se fosse publicá-las, precisaria de muitas páginas por dia. A escolha dos lugares que freqüento, socialmente, indo a quase tudo, mas evitando o improdutivo, cansativo e velho, não abrindo mão das noites cheias ou vazias, do vinho e do uisque, do trabalho (meu maior prazer) e do lazer (que o meu é noturno), mas acho que já posso dizer que sou um cidadão feliz.

10

Feliz com o que faço, feliz com o que tenho e feliz, acima de tudo, por ter conseguido o respeito e o reconhecimento da minha comunidade, continuarei neste espaço, tal qual Nabokov como escritor, um jornalista à caça de personagens.

11 comentários »
https://www.blogsoestado.com/ph/wp-admin/
Twitter Facebook RSS