Homenagem a um amigo especial

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É quase impossível falar em morte quando se é absolutamente crente na existência de outra vida. Ou, quem sabe, da continuação desta em outro plano. Penso ser assim.

Estamos vivendo uma passagem, sabe-se lá de quantas, mas quantas forem necessárias para o nosso aperfeiçoamento, até a morada definitiva ao lado do Senhor.

Não me cumpre e não quero misturar as considerações de hoje com polêmicas. Por incrível que possa parecer, falar em fé deveria gerar unanimidade. Não é assim. Muitas pessoas julgam valorizar-se aos olhos das demais, simplesmente passando por diferentes, se dizendo descrentes. Ateus. É comum, ao final, traídos pelo subconsciente, sintetizarem: ‘Sou ateu, graças a Deus.’

Quando perco um amigo querido, as lembranças das horas vividas com ele e das lições por ele deixadas, fazem-me chorar. Pode parecer paradoxal. Talvez seja. O homem nunca estará preparado para suportar perdas, sejam elas pequenas ou grandes.

De qualquer sorte, as lágrimas lavam a alma e não contraditam a fé, a esperança de um amanhã onde nos reencontraremos no reino encantado do único Pastor. Falar de quem se foi antes de nós é redundância. Ninguém ousa falar mal de quem partiu.

Houve tempo, na redação de O ESTADO, que o telefone batia e o chamado do redator-chefe trazia-me a incumbência de escrever sobre alguém que já não estava entre nós.

Um dia destes, cultivando um velho hábito, andei manuseando folhas de arquivo. Fácil concluir. Também eu incorria no erro de todos. Escrevia linhas laudatórias repetindo as mesmas palavras. Antecipando a mesma saudade e caminhando pelas mesmas lembranças. Invariavelmente terminava dizendo ‘até logo’. Hoje sei porque.

Quem crê como eu creio em outra vida. Quem tem fé porque entende ser ela o ‘abre-te sésamo’ de um amanhã melhor, não veste a prepotência e nem se diz imortal. Imortal é o espírito.

É justamente em torno de algo que não morre que desejo situar o meu até logo a Manoel Alves Ferreira. Grande amigo. Grande empresário. Gente, em uma palavra. Não se diz de sua correção por simples homenagem a quem partiu. Porém, por justiça, por agradecimento às horas, horas e mais horas que privamos do seu discreto e agradável convívio.

Bem, a crônica vai chegando ao fim. Como quase tudo neste mundo, menos o espírito, menos a fé. Já falo no Manoel Ferreira com uma ponta de saudade e com uma lembrança, misto de tristeza e de alegria. Tristeza pela sua partida. Alegria porque ele viveu plenamente. Deixa por aqui um rastro luminoso de quem soube querer, lutar e vencer.

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