Por que a elite não gosta de arte?

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O desenvolvimento das artes, infelizmente, depende muito de uma elite que seja culta, porém desprendida de valores morais e burgueses. Se não há quem invista (e quem mais pode fazer isto se não a elite?), a arte se cobre de uma invisibilidade cruel aos artistas e a seus consumidores. Os motivos para que a elite (falo da empresarial e política, muitas vezes imbricadas numa só) não querer investir ou prestigiar a arte local (ou quando vê investe apenas naquela extemporânea e fora do foco real da produção contemporânea) são vários.

O Maranhão é composto de uma das piores elites do país. Dois motivos principais (porém são inúmeros) emperram o investimento e aceitação do que se produz de bom por aqui. Primeiro, porque a elite acredita numa arte provida de “mensagem” (atribuição de um utilitarismo típico de quem está acostumado às trocas e não à entrega, como faz o artista), e, segundo, que deve ser espelho de uma realidade absoluta (desconhecendo a relativa e, conseqüentemente, ainda quer ligá-la, na maioria das vezes, a atributos morais, porém não necessariamente éticos).

É normal ouvir de senhoras e senhores da elite elogios a pinturas quase fotográficas, como se copiar a realidade (se isso fosse possível, mas é outra conversa) fosse a principal qualidade de uma obra. E isto serve também para a música, o teatro (a elite só enche o teatro se tiver ator “global”), o cinema (que para a elite deve ser naturalista), a literatura (ela não sente os experimentos de linguagem), à arquitetura (basta olhar o contorno da Ponta d’Areia para compreender) e à dança (pelo apreço que se tem ainda pela dança popular).

Há ainda um deslumbre tosco por tudo o que é “de fora”. Não sou xenófobo, mas o descompasso entre o que se investe na produção de arte desse tipo (ainda que seja interessante, o que não é o caso aqui) e a produção crítica contemporânea é absurdo.

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