Conselho de ética da Câmara dos Deputados

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O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pode ganhar novos poderes. O presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, deputado José Carlos Araújo (PR-BA) apresentou projeto de resolução que dá ao conselho competências próprias de comissões permanentes, como a de convocar ministros de Estado.

A proposta, além de ganhar novos poderes, também amplia o rol de condutas que podem gerar punições aos parlamentares e dá mais flexibilidade ao órgão na definição das penalidades. O teto da pena de suspensão do mandato passa de 30 dias para seis meses.

O projeto, porém, não atribuiu ao conselho os poderes de CPI, que incluem também a quebra de sigilo telefônico, bancário e fiscal. Essa mudança depende de emenda à Constituição.

O texto inclui como incompatível com o decoro parlamentar a prática de “irregularidades graves no desempenho do mandato ou encargos decorrentes, que afetem a dignidade da representação popular”. O deputado enquadrado nesse dispositivo ou em qualquer outro que configure ato incompatível com o decoro perderá o mandato.

A proposta inclui novas condutas que passam a caracterizar atos atentatórios ao decoro parlamentar, que não resultam na perda do mandato.

O uso indevido de qualquer verba indenizatória, e não apenas a de verba de gabinete, como previsto atualmente, passa a ser infração ao Código de Ética.

Será punido ainda o deputado que valer-se da imunidade para ofender moralmente qualquer pessoa.

Os deputados que não cumprirem com seus deveres fundamentais serão punidos com suspensão do mandato por até seis meses.

Entre esses deveres está o de exercer o mandato com dignidade e respeito à coisa pública e à vontade popular.

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Tirania do virtual e o concerto de dois gatos

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Não quero assustar ninguém, mas viver está ficando complicado. Ouço agora uma música lindíssima, e me bate o desejo de preservá-la. Corro ao gravador mais próximo e aí topo com uma floresta compacta de botões enigmáticos. Resultado: não consigo captar sombra da melodia.

Coabito desconfiado com essas engenhocas. O prosaico microondas da cozinha devia ter uma função singela: aquecer os pratos destas insossas eras de refeições congeladas. A cada vez que o busco, no entanto, derrapo na multidão de teclas, que suspeito criadas com o solerte propósito de me humilhar.

Se vou ao banco, o terminal me recebe com 11 mandamentos irrecorríveis, a principiar pela senha, mutante sopa de letrinhas e números que nunca vou decorar. Minha valente máquina de escrever Olivetti era um lógico, prestante monumento ao bom senso. Já este computador é uma armadilha permanente, que certo dia detonou 20 páginas de um romance para sempre inacabado.

Hoje esqueci o telefone de uma amiga, recorri ao Auxílio ao Cliente, que fez o possível para me desauxiliar. Uma voz metálica declarou que de momento todas as posições estavam ocupadas e em seguida me brindou com um rap atroz. Volvida meia eternidade, fui intimado a discar infinitos coquetéis de algarismos. É óbvio que perdi na hora qualquer vontade de me comunicar com minha amiga ou com o universo.

Refleti, melancólico, que a informática não passa de uma forma requintada de burocracia. Houve um tempo em que te pediam certidões, carimbos, selos. Mas eram exigências sólidas, inteligíveis. Agora, na tirania do virtual, te requerem o domínio de comandos que jamais irás entender.

Nesta última quarta-feira de julho prefiro tentar entender – ou até mesmo decifrar – a reação de animais à música. A reação dos gatos, por exemplo, tem sido motivo de interpretações que tendem a dotar os gatos de especial sensibilidade (de um modo semelhante à humana) a certos sons musicais. Há exemplos conhecidos.

Li, certa vez, que uma gata lambia as mãos do dono pianista, sempre que este tocava determinadas peças. De outra vez. Li sobre um gato que fugia para o ponto mais afastado possível sempre que tocava “O Pássaro de Fogo”, de Stravinsky. No primeiro exemplo, tratava-se de os sons emitidos poderem levar a gata a “pensar” o dono em perigo, lambendo-lhe as mãos em sinal de proteção. No segundo exemplo, o gato refugiava-se por causa das notas agudas emitidas, associando estes sons a sinais de perigo.

Agora apareceram discos com música especialmente arranjada para gatos. E há o gato de Domenico Scarlatti (1685-1757) que tinha a especial predileção de passear por cima do teclado do cravo do compositor, detendo-se por vezes em determinada nota e esticando as orelhas até que o som cessasse.

Bom! Esse gato é o único exemplo de gato compositor: uma noite, o seu passeio sobre o teclado, que acordou Scarlatti, produzia uma linha melódica que o músico transcreveu para um papel que tinha à mão, tendo daí nascido a “Fuga do Gato” (K.30 ou L.499). Há ainda o gato do poema “Cancíon novísima de los gatos” de García Lorca, que também passeava de noite no teclado, que escutava Debussy, mas não gostava de Beethoven. Este mesmo Debussy, que de acordo com o poema foi um gato filarmônico na sua vida anterior, compreendia bem a beleza do acorde felino sobre o teclado.

Compositores especialmente sensíveis a gatos: Tchaikovsky, no bailado “A Bela Adormecida” (O Gato das Botas), Rossini a quem é atribuído o dueto para dois sopranos Duetto buffo di due gatti  e Stravinsky que compôs canções para embalar gatos .Brahms, por outro lado, odiava gatos e entrava em pânico, sempre que avistava algum.  ( Veja o vídeo abaixo )

Na área de outras músicas (jazz e pop), há também compositores e instrumentistas que se inspiraram em gatos para títulos de composições, de discos e até do seu próprio nome artístico. No teatro musicado, uma das melhores obras é Cats, de Andrew Lloyd Weber, baseada em versos do poeta T. S. Eliot.

A tirania do virtual, a te requerer o domínio de comandos que jamais irás entender, não deixa de ser também uma forma de te distanciar de pequenos gestos de sensibilidade como a tentativa de decifrar a reação de animais – o gato como exemplo – à música.
 
Talvez não demore muito a época em que proscreverão os livros, banirão os sonhos, exilarão os poemas. E seremos todos comportados autômatos, alheios aos mistérios do amor, incapazes de distinguir o som de uma canção do ruído espectral de máquinas que pouco a pouco engolirão o mundo.

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As faces de Machado de Assis

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A propósito da crônica em que faço referência à minha paixão pelo universo do Bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis (1839-1908), leitor do blog se apressa em informar que um dos mais respeitados críticos literários brasileiros, o ensaísta mineiro Fábio Lucas, radicado em São Paulo desde a década de 1970, homenageia o autor de “Dom Casmurro” e “Memórias Póstumas de Brás Cubas” no livro “O Núcleo e a Periferia de Machado de Assis”, que está sendo lançado pela editora paulista Amarilys.

“Há 40 anos estudo a obra de Machado de Assis. Não é pouco, nem o bastante. Resolvi escolher, submetidos a revisão, os meus trabalhos sobre o escritor, que estavam espalhados em outras publicações”, afirma o autor de “O Caráter Social da Literatura Brasileira” e “Mineiranças”.

Continua Fábio Lucas: “Notei que muitos aspectos pioneiros de minhas análises sobre Machado de Assis estavam sendo adotados e copiados por outros sem menção ou respeito à autoria. Resolvi então trazer estas ideias de volta ao debate. Novas interpretações e juízos críticos ocorreram-me nas comemorações do centenário de Machado de Assis”.

O crítico esmiuça os motivos que o levaram a usar as palavras “núcleo” e “periferia” no título desta obra, uma resposta dialógica a um estudo clássico de interpretação machadiana de Roberto Schwarz, “Um Mestre na Periferia do Capitalismo”, lançado na década de 1970.

“No meu livro, o núcleo diz respeito às obras de Machado de Assis. A periferia se refere às suas circunstâncias”, salienta
Fábio Lucas, que estuda o criticismo de Machado.

“Superada a fase de confronto direto com as obras, deu maior elasticidade à visão do mundo e efetivou, sem desfalecimento, a ação corrosiva contra ideias feitas e herdadas da tradição conservadora. Machado entregou-se à crítica implícita, sem visar diretamente às obras e seus respectivos autores. Punia conceitos mal concebidos, vícios de linguagem e estilo, atacava a empáfia humana, as contradições e injustiças”, frisa o grande ensaísta.

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Memórias: o humano além da conversa

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Quando comecei a estudar longe de minha casa, deixando para trás uma infância de sonhos de criança simples do interior, fui viver, durante algum tempo, numa casa de muitos livros – e eles eram algo mais do que simples peças decorativas.
 
Da bem provida biblioteca, uma prateleira em especial me dominava a atenção. Era a ocupada por uma longa série de volumes verde-escuros. Já tinha então aprendido a decifrar as lombadas e me enchia de admiração o fato de que em todas elas constava um nome: W.M. Jackson, Inc.
 
Um dia perguntei que espantoso autor era aquele e logo me esclareceram que aquele era o editor, o que imprimia a larguíssima coleção. O escritor era outro. Seu nome aparecia mais em cima: Machado de Assis.
 
– Ele é bom? – indaguei.
 
– Ele é o melhor – me esclareceram.
 
Apesar da propaganda, foi só na quarta série do ginásio – que era um curso que havia entre o primário e o colegial – que abri pela primeira vez um dos livros verde-escuros. Chamava-se Memórias Póstumas de Brás Cubas, e não só o li como o reli. E não só o reli como fui atrás de tudo o que havia sobre o criador de Brás e de Virgília, desafio que naquele tempo não se resolvia na internet, mas imergindo em cada enciclopédia ao alcance da mão.
 
As enciclopédias são breves, cada verbete não te dá mais que umas coordenadas gerais. De modo que resolvi tirar um curso intensivo de Machado de Assis percorrendo toda a sua obra. É o que venho fazendo desde então.
 
Mas, para ser bem sincero, o que eu estou querendo mesmo, nesta manhã de julho e de sol, é falar de beleza e de poesia. Na poesia de hoje, há uma lei oculta: a beleza é proibida. É inconveniente dizer que um poema é belo, como uma senhora não pode dizer, no meio da festa, que vai ao banheiro. O belo é um palavrão. Diga que a madame foi ao toalete, diga que o poema é instigante. O belo pesa nos ombros do poeta.
 
Os substantivos abstratos entraram numa crise irreversível. Ninguém acredita mais em nomes que são apenas conchas vazias. Mas não acreditar em conchas vazias como beleza, maldade, ética não implica se abster de perceber o concreto, de vivê-lo. Renunciar à palavra beleza e a seu arquétipo não significa ficar mudo diante da mulher bela: é preciso dizê-lo, com o adjetivo concreto, não com o substantivo abstrato – ela é bela.
 
Por delicadeza, só se fala do belo sozinho em casa, para as paredes. Mas por delicadeza se pode perder a vida. O belo é brusco, intrusivo, antieconômico. É o conflito entre a forma desejada e a forma percebida. Pense no conflito entre uma curva de concreto armado e o cálculo estrutural de um vão livre, a forma suspensa de uma obra de Niemeyer! Pense no conflito entre a técnica da veladura, da sobreposição de cores espessas, de onde emergem formas semi-iluminadas, e o custo das tintas, o preço dos tubos de cores, que tanto preocupou Antonio Almeida. O belo não é politicamente correto, ele valoriza contrastes específicos e exclui partes da vida que não geram o efeito pretendido. O belo escolhe e discrimina.
 
E o burburinho em torno do poeta é sempre o mesmo: modere o tom, baixe a guarda, deponha as armas! Cultive o não-eu e o sem-sentido!
 
Como toda diferença é aceitável, o idêntico domina. E o poeta, com medo, renuncia ao conflito físico com o belo, a luta corporal com a forma percebida. A beleza migrou para os objetos funcionais, a sede de beleza está à venda.
 
Um monitor de computador, um aparelho de DVD, no design e na cor, devem gerar prazer estético, que todos reconhecem e aceitam, mas de um poema se espera apenas que proteste moderadamente contra a identidade da linguagem, com a voz sufocada atrás de uma parede de uma casa de ninguém. Ao poeta é concedido o seu subúrbio.
 
O arquiteto da voz, o poeta, o artista da arte mais humana, feita apenas com as cordas vocais vibradas com sopros curtos e precisos, rajadas de vento, o arquiteto da voz calcula a largura da onda sonora e luta com o resultado que ela incita no ouvido e na mente. O poeta produz o belo com a laringe.
 
Essa arte começa humilde. É preciso amor para sintonizar a voz modulada do outro, o eu-outro imbricado no poema. O amor que se dedica a uma conversa de vizinho, mas despida do momentâneo e do casual.
 
Imagine conversar com um vizinho que modula o tempo de sua voz, que converte sua conversa no ritmo de sua existência, que funde forma e informação, que transforma o eu do momento num tom preciso. A poesia nos converte em leitores de eus instantâneos.
 
Nós sabemos identificar uma pessoa que sabe conversar, um grande causeur. E podemos ainda identificar o arquiteto da voz, aquele que funde conversa e universo, o fundador do belo que vem da laringe, criando o humano além da conversa.

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A moda que vem de Paris

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Pesquisando e vendo tantas imagens de mulheres produzidas para seduzir ou para encantar ou para fazer os outros terem vontade de consumir, surge a figura de Claudia Cardinale no período do hiper realismo italiano. Há quem diga que a imagem para 2009 de beleza, no conceito do que é elegância, pode ser bem a dela. Cabelos, plumas, maquiagem, tudo lindo, perfeito e nada exagerado.

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De Ana Clara Garmendia, que está no foco da moda, em Paris, vem as novidades. Como Mariacarla Boscono na campanha de inverno de Salvatore Ferragamo. O classicismo continua, segundo Ana Clara, mas ganha toques luxuosos tecidos, couros, peles e de cores. Vermelho e bordeaux vários continuam nos lábios, na roupa e até nas meias. As armações de lentes mais em alta agora são as que a gente chamava antigamente de tartaruga, esse marrom estampadinho… 

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Eva Herzigova é a parceira de Mariacarla Boscono nas ruas de Paris

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Eva entra mais uma vez na Salvatore com o bailarino Roberto Bolle (veja o vídeo).

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Até os scarpins de Salvatore são sensacionais, com estes saltos imensos. Finalmente um toque moderno.

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Perfil do Turista no Maranhão Vale Festejar

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Nota distribuída pelo São Luís Convention & Visitors Bureau, informa que a entidade, em parceria com dois dos seus mantenedores, a Sacada Eventos e a Faculdade São Luís, realizaram a pesquisa do Perfil Socioeconômico do Turista de Eventos durante o Maranhão Vale Festejar 2009, durante os dias 25 e 26 de julho, no Convento das Mercês.

O levantamento é parte das ações anuais que o Convention realiza em todos os eventos apoiados pela entidade e comporá o resultado da pesquisa 2009, que tem apresentação prevista para 1º semestre de 2010.

A pesquisa 2008 teve sua tabulação encerrada recentemente e será apresentada ao público durante as comemorações do aniversário da cidade de São Luís, em setembro. O estudo representa uma importante ferramenta de subsídio sobre o Turismo de Eventos em São Luís.

Para Fernando Saraiva, Coordenador do Núcleo de Pesquisas do SLC&VB, “a pesquisa é interessante, pois conseguimos informações privilegiadas e com elas é possível se fomentar uma política mais eficiente para o setor”.

A equipe de pesquisadores foi composta por alunos do Curso de Turismo da Faculdade São Luís, divididos durante os dois dias de programação. A supervisão estava a cargo de Fernando Saraiva, coordenador do Núcleo de Pesquisa do SLC&VB e de Beatrice Borges, Superintendente da entidade.

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Após cirurgia, Dona Marly passa bem

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Durou aproximadamente cinco horas – começou por volta das 21h e só terminou pouco antes das 2h da madrugada – a delicada cirurgia que Dona Marly Sarney se submeteu esta noite no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para corrigir quatro fraturas no ombro esquerdo.

O ato cirúrgico foi realizado pelo professor doutor Sergio Cecchia, que é considerado um dos maiores especialistas da atualidade em cirurgia do ombro (artroscopia), que contou em sua equipe de assistentes com o jovem ortopedista e cirurgião maranhense Ruy Mesquita Maranhão.

Somente durante o dia de hoje, quando passar os efeitos da anestesia, é que a equipe médica chefiada pelo Dr. Sergio Cecchia dirá quanto tempo D Marly ficará hospitalizada.

Ela passa esta noite na UTI do Sírio-Libanês, em observação. E até onde se sabe está reagindo muito bem ao pós-operatório.

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Dona Marly Sarney se opera esta noite em São Paulo

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Dona Marly Sarney se opera em São Paulo

Todas as atenções do Maranhão se voltam, agora à noite, para São Paulo.

É que Dona Marly Sarney, acompanhada do presidente José Sarney, desembarcou hoje na capital paulista onde, logo mais às 20h, será submetida a uma delicada cirurgia ortopédica no Hospital Sírio Libanês, onde está internada desde o começo da tarde de hoje.

Na última quinta-feira, Dona Marly sofreu uma queda em sua residência no Calhau e fraturou o braço esquerdo em quatro partes, na altura do ombro.

Ela será operada pelo famoso ortopedista Sergio Cecchia, considerado um dos maiores especialistas em cirurgia do ombro (artroscopia). Membro da Sociedade Latino Americana de Ortopedia, da Sociedade Brasileira de Ortopedia, da Associação Brasileira de Medicina, da Sociedade Paulista de Ortopedia e da American Shoulder and Elbow Sugerons, o Dr. Sergio Cecchia participou de Congressos Internacionais de Ortopedia em Paris, Estados Unidos, Finlândia, Atlanta e Austrália e participa periodicamente de Congressos Brasileiros de Ortopedia. Recebeu prêmio como melhor Vídeo em Cirurgia de Ombros pela American Academy of Orthopaedic Surgeons dos Estados Unidos. É Dr. em Cirurgia Ortopédica pela Faculdade de Ciências de São Paulo.

O Dr. Sergio Secchia tem um maranhense em sua equipe: o jovem ortopedista Ruy Mesquita Maranhão, filho de Marilia e do ortopedista Raimundo Maranhão e é irmão do também ortopedista Gabriel Maranhão.

Vamos todos juntar as mãos e, de pensamento voltado para Deus, fazer uma corrente positiva pelo sucesso da cirurgia de Dona Marly.

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Encantamento com os chatos

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Creio que foi na internet – esta ferramenta miraculosa que encurta distâncias, aproxima pessoas e pela qual se difunde a maior quantidade de notícias, textos, e-mails e apresentações de Power Point de que jamais deveríamos tomar conhecimento – que li alguém sugerindo a criação oficial do Dia do Chato. Espantosa ideia! Depois, pensando melhor, me ocorreu que ninguém, até hoje, respondeu de onde vem esse encantamento com os chatos.

Os chatos se nutrem de uma imensurável simpatia que as pessoas comuns lhes devotam. Há uma aura em volta da cara de pau do chato, o chato brilha, arranca suspiros das moças e conquista a admiração dos homens. O que conforta os que não saturam o mundo de chatice é que os cães sempre flagram o chato, e o esnobam. O cachorro não lambe as botas do chato – quase todo o resto se curva a ele e a ele dirige doces palavras.

O chato gosta de falar de si, e o eu do chato é, invariavelmente, maior, mais reluzente, mais sedutor, competente e confiável do que o eu de uma pessoa comum, de uma pessoa para quem o eu não passa de um pronome.

O chato narra em terceira pessoa as aventuras do eu que ele feliz e orgulhosamente carrega e exibe nas rodas sociais, nas casas noturnas, nos almoços de trabalho.

O chato é o Proust de si mesmo, o Picasso dos feitos inesquecíveis do seu eu extraordinário.

O chato está acima dos demais, dos que lhe rodeiam, dos que lhe cercam ávidos por ouvir as histórias surpreendentes do seu eu único. Ele conhece todos os assuntos, experimentou quase todas as sensações humanas, tem exemplos pessoais a dar para qualquer situação ou para qualquer problema por que passe o seu interlocutor. Jamais fica em dúvida, nunca sofre crises de consciência e é incapaz de hesitar em fazer o que a sua personalidade percebe como o correto.

Porque nunca erra, o chato faz-se adorável para quem lhe ouve e para aqueles que com ele convivem.

O Dia do Chato. Quem sabe algum político da nossa Assembleia não apresenta o projeto para criar a efeméride? Dispensável dizer que o Dia do Chato deveria ser feriado estadual? Pois eu acho que sim, ao menos para que pudéssemos ficar em casa, afastado da presença e da voz dos chatos.

Se a ideia vingasse e ainda propusessem a criação de uma Estátua do Chato na Praça João Lisboa, creio que o povo não se negaria a colaborar com sugestões de personagens que servissem de modelo para o hierático busto de bronze.
Catálogo de chatos
Vou publicar hoje vários tipos de chatos que cataloguei no cotidiano da cidade:
Chato Quebra-Agenda – É aquele chato que tão pronto topa com você vem logo pedindo: “O senhor me concederia alguns minutos do seu tempo?”
Chato Semântico – É o chato que está conversando todo o tempo com você sem prestar atenção no mérito do que você diz. Ele só presta atenção no português que você usa. E, quando você incorre num erro, ele interrompe sua fala para salientá-lo e corrigi-lo. Dá vontade de dar um murro nesse tipo de chato. Quero informar num acesso de humildade que por vezes incorro nesse tipo de chatice.
Chato do Adianto – É aquele jornalista que escreve uma ótima matéria para seu jornal, antes de baixá-la para a edição fica mostrando o seu golaço a todos os colegas da Redação que encontra. Todos são obrigados a ler, isso que vão ter de ler novamente quando o texto for editado. Quero confessar que cometo esse tipo de chatice todos os dias.
Chato Etário – É aquele chato que, na conversa, fica espreitando tudo que você fala para achar a oportunidade de manifestar a sua ancestral chatice, basta que você lhe conceda a deixa na conversa e ele ataca: “Qual é a sua idade?” E logo compara a sua idade com a dele, as vantagens e desvantagens. Muitas vezes incido nesse execrável erro. 
Chato Autoral – É o ótimo cantor a quem você vai ouvir no teatro ou na casa noturna, pagando até ingresso muitas vezes para vê-lo, mas chega lá e é obrigado a ouvir várias músicas que ele compôs. Ora, a gente vai lá para ouvir um excelente cantor, não ouve, acaba ouvindo um péssimo compositor. Em São Luís é freqüentíssimo na noite esse tipo de chato abominável. O oposto a esse chato é o grande compositor que é péssimo cantor, mas insiste em interpretar todas as suas músicas. Esse tipo de chato é relevado pela curiosidade que se tem sempre de ouvir a criação na própria voz.
Chato do insuperável – É o sujeito que, numa Redação do jornal, numa roda de médicos ou engenheiros ou de advogados, submete o seguinte ao chefão: “Estou de posse de um trabalho magistral, você quer aproveitá-lo?” E o chefão pergunta: “De quem é o trabalho”? E o chato responde: “Meu”.

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O sol e a janela da vida

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Você acorda e percebe que um pequeno raio de sol aparece pela fresta da janela. Não dá a mínima importância: é apenas uma pontinha de sol e luz, um quase nada que nem merece muita atenção. Errado: esse quase nada pode significar tudo. Essa pontinha de sol que entra pela janela timidamente é que nos mostra que o sol pode estar brilhando intensamente lá fora e que é importante abrir a janela para encontrá-lo inteiro e intenso.

A vida também é assim: às vezes na grande escuridão não percebemos e nem valorizamos a simples pontinha de sol a nos mostrar que podemos sair dos dias escuros para encontrar os caminhos que nos levem ao sol intenso. Ainda não aprendemos a valorizar pequenas coisas como, por exemplo, os pequenos avisos de que um mínimo de raio de sol pode ser o início de uma grande, nova e brilhante claridade. Um reinício de vida e esperança.

Tem sempre uma pontinha de luz em nossas vidas e é necessário abrir a janela da nossa existência para encontrar o sol que volta sempre a brilhar depois de qualquer tempestade. Os encontros e desencontros com os quais nos deparamos quase que diariamente são exatamente como as chuvas que escondem o sol e não permitem que nem o tímido raio de luz solar apareça pela fresta da janela. Da janela da vida.

Fortes ou fracas, as chuvas não são para sempre. Mais do que a esperança, existe sempre a certeza de que mais dia menos dia o sol voltará a brilhar. Pela fresta da janela. Pela fresta da vida. É importante se deixar perceber qualquer seja a pontinha de sol que entre pelas janelas da vida, que, de uma maneira ou de outra, o sol sempre pode voltar a brilhar intensamente. Mais para uns, menos para outros, mas brilhará porque, como diz a sabedoria popular, “o sol nasceu para todos”.

Só precisamos aprender a enxergá-lo, mesmo quando entra apenas timidamente pela fresta da janela. Da janela da vida

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