
SÃO LUÍS – O Hospital dos Servidores Estaduais (HSE – HSLZ) promoveu, no mês de junho, ao longo de dois dias, o I Simpósio Multidisciplinar HSE: Saúde do Idoso, reunindo profissionais de diversas áreas da saúde para uma discussão ampla e profunda sobre os desafios e soluções para a assistência ao paciente idoso.
O evento teve como foco o cuidado integral, humanizado e eficiente, envolvendo aspectos físicos, psicológicos e sociais, não apenas do paciente, mas também de seus cuidadores.

Uma população que envelhece e demanda atenção especializada
O Brasil vive um acelerado processo de envelhecimento populacional. Segundo o diretor geral do HSE – HSLZ, Plínio Túzzolo, a proposta do simpósio vai além da assistência hospitalar.
“A proposta desse I Simpósio é fomentar a discussão sobre o melhor cuidado ao idoso, assim como a socialização e maior inserção social dos idosos em um país que está envelhecendo, e precisa dessa atenção. As unidades de saúde precisam estar melhor preparadas para cuidar dos idosos, assim como precisam ter estratégias de cuidado diferenciado. Por isso reunimos um time multidisciplinar de destacados profissionais que já atuam na assistência ao idoso. Estamos em busca de excelência também nessa frente de assistência ao idoso, para ser cada vez melhor”, destacou o diretor.

A diretora médica do HSE – HSLZ, Dra. Sílvia Mochel, reforçou a importância do evento, especialmente considerando o perfil da clientela do hospital.
“A nossa clientela aqui no HSE, formada por servidores estaduais usuários do FUNBEN, é 80% composta de pessoas idosas. Por isso, foi muito importante termos esse I Simpósio reunindo diversos profissionais que trabalham na assistência ao idoso. Sabemos que o processo de envelhecimento humano em si é desafiador e quando o idoso precisa se internar é ainda mais delicado, daí a necessidade de contar com uma assistência não apenas eficiente, mas também humanizada e acolhedora, faz toda a diferença”, destacou a Dra. Sílvia Mochel.

Temas
Durante o simpósio, os participantes puderam acompanhar palestras sobre temas como ‘Mobilização Precoce’, ‘Idoso Frágil’, ‘Prevenção de Quedas no Ambiente Hospitalar’, ‘Envelhecimento’ e ‘Disfagia’, entre outros.
Um dos destaques foi a palestra sobre ‘Saúde Mental do Cuidador’, com o psicólogo Paulo Vasconcelos, que alertou para o alto grau de estresse enfrentado por quem cuida de idosos.
“Sempre focamos muito no paciente, mas é fundamental trabalhar também a saúde mental do cuidador para se evitar um múltiplo adoecimento na família, devido ao alto grau de estresse que é enfrentado. Por isso, trouxemos também esse debate para alertar a todos sobre a maior efetividade na assistência, que passa pelo bem-estar do cuidador. Muitas vezes há uma dificuldade grande em reconhecer os sinais de sofrimento de quem cuida de um enfermo, mas isso é fundamental para poder se cuidar, tentando preservar também um momento de bem-estar para si próprio dentro da rotina de cuidados que sempre é muito exaustiva”, explicou o psicólogo.

Dignidade e qualidade de vida
Outro momento marcante do evento foi a aula ministrada pelo médico paliativista Dr. Ricardo Medeiros, com o tema “Cuidados Paliativos e a Importância do Contexto Atual”. Ele destacou que o cuidado paliativo vai além do tratamento médico convencional: é um processo de acolhimento e respeito à dignidade da vida, mesmo diante de uma doença incurável.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o Cuidado Paliativo é uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares que enfrentam problemas associados a doenças que ameaçam a vida.
Dr. Ricardo abordou os conceitos e princípios fundamentais dos cuidados paliativos, como o alívio da dor e dos sintomas, a integração dos aspectos psicossociais e espirituais e a preparação do paciente e da família para decisões éticas e antecipadas de vontade. “O sofrimento só é intolerável quando ninguém cuida”, destacou, citando a pioneira dos cuidados paliativos, Cicely Saunders.
Ele também trouxe dados preocupantes sobre a qualidade da morte no Brasil, que ocupa a 42ª posição mundial, ficando atrás de países como Chile, Costa Rica e até Uganda, segundo avaliação internacional.
“Cuidado paliativo é tratar e escutar o paciente e a família. É dizer: ‘sim, sempre há algo que pode ser feito’, da forma mais sublime e amorosa que pode existir. É um avanço da medicina”, completou o especialista ao repetir essa declaração deixada pela filha de um paciente na despedida a seu pai.
Compromisso
O simpósio marcou o início de uma nova fase para o HSE – HSLZ na implementação de estratégias mais humanizadas e integradas para o cuidado ao idoso.
Os debates reforçaram a importância de uma equipe multidisciplinar preparada, do atendimento humanizado, da prevenção de agravos e, acima de tudo, de uma abordagem que respeite a individualidade e o contexto de vida de cada paciente.
O evento reforçou o compromisso geral das equipes do HSE – HSLZ de continuar investindo em capacitação, melhoria de processos e práticas inovadoras de cuidado ao idoso, acompanhando a evolução das necessidades de uma população que envelhece de forma acelerada.