40 anos de minha vida como médico. VERDADE?

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8 DE DEZEMBRO DE 1972, Exatamente nessa data recebi meu grau de médico pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco.

Hoje de volta a esta cidade que me acolheu em seus braços, embalou meus sonhos de adolescente e jovem e me fez HOMEM para o mundo da Ciência e para a vida, me vejo envolto em sentimentos que ora beiram a nostalgia e ora me fazem sentir eufórico. Razões  não me faltam, afinal não é para todo mundo viver esse momento mágico ao lado de minha mãe , mulher, filhos, nora e netas.

Recife está com certeza mais bela e com ares de metrópole mas aos meus olhos sempre surgem pinceladas  nostálgicas de uma cidade bonita cortada por rios,mas com ares provincianos, jardins mistos de flores e frutos cheirosos:manga, pitanga, carambola e goiabas. Os” homens do balaio”‘ rua acima, rua abaixo vendendo verduras frescas sem agrotóxicos, cajá, pinha, jambo branco e rosa e mangaba..

Passaram-se 40 anos  e os espigões arranhando os céus ocupam o lugar de romanticos bagalôs e vilas onde senhores e sinhazinhas habitaram fazendo  sua história. O antigo e até pouco tempo abandonado Hospital Pedro II, onde aprendi os primeiros passos de Propedeutica e Terapeutica,os meandros da Clínica Médica e as minucias da Neurologia, ressurge a  meus olhos rejuvenescido, modernizado só não conseguindo apagar os sons das nossas vozes pelos corredores e pelas salas de pé-direito alto e paredes espessas, que em forma de energia perpetuar-se-ão por toda a vida.

E que dizer  da então moderna Faculdade de Medicina  no Campus da UFPE?   Fecho os  olhos e posso ver os grupos  de colegas, novatos, veteranos adentrando os corredores, alas, salas e anfiteatro todos em busca do saber, ávidos por informações. Nos intervalos por sob as árvores pequens grupos lanchando,conversando, puxando aulas de pequenos gravadores  de fita cassete que hoje habitam os museus da tecnologia.

 Viviamos época de transformações socio-políticas. Os movimentos grevistas estouravam a cada dia e eu menino de interior chegado a pouco  à cidade pouco ou nada entendia e ouvia de uns o comentário de que havia dentre nós colegas comunistas que queriam desestabilizar o “modus vivendi” Universidade. Cheguei a participar de uma panfletagem como se chamava na época a distribuição de papéis mimeografados de conteúdo revolucionário. Não me encontrei naquele meio , mas nunca deixei de respeitar e ser respeitado pelos colegas ditos”comunistas”. Enfim escrevemos nossa história.

As aulas magistrais de grandes mestres da Anatomia  capitaneados pelo Dr. zapalá que por lá aparecia como um meteoro, Histologia com os mestres Hélio Coutinho e Haidée Teixeira, sempre impecavel e muito perfumada. O temor pelo Prof. Bezerrra Coutinho que ao final da aula eu me perguntava, o que mesmo que ele falou? tal meu grau de informação naquela época.. Biofísica com o prof. playboy de karman ghia   de última geração, Bioquímica  de Marcionilo Lins, o decoreba de Farmacologia e por fim as memoráveis aulas de Fisiologia  com os mestres Nelson Chaves, Fernan -do Aguiar e Naíde Teodósio.  A Biblioteca que além dos livros tinha o famoso acesso em aclive por onde os meninos sonhavam em ver as roupas íntimas das meninas  quando o vento lhes ajudava. Memórias..

 Final de curso e todos atrás de D. Adélia Hatem, mulher de origem árabe, gordinha , nariguda e com um coração imenso, para que ela conseguisse logo a assinatura do Diploma, quesito necessário para a inscrição nas provas de residencia.

Passaram-se anos e o tempo mostrou quão unida era nossa turma apesar de tão numerosa. Um grupo abenegado de jovens médicos insistiu em manter a chama de união e a cada final de ano se reunia e mandava notícias dos acontecimentos. Tal fato resultou em grandes e inesquecíveis reuniões que acontecem  de 5 em 5 anos e deu a essa turma a láurea de turma mais unida e que mais corretamente comemora a usa formação médica por nossa Faculdade.

Não seria demais lembrar OS 25 ANOS , quando fomos surpreendidos peo coral composto por nossos filhos cantando e nos saudando pelo Jubileu de Prata. Vieram os 30,35 e agora os 40 anos e a gente se pergunta, será mesmo verdade? já tivemos o privilégio de viver  e exercer a profissão sublime  de médico dos Homens por todo êsse tempo?  Sim é verdade e nós estamos sim,  vivendo esse momento único e definitivamente marcante em nossa existencia.

Unamo-nos queridos colegas-irmãos, e ergamos uma prece uníssona ao Criador em agradecimento a tudo que vivemos nesse longo e ao memso tempo curto espaço de tempo.Abracemo-nos  e digamos: obrigado Senhor.

Depois entreguemo-nos ao tempo para que ele passe leve como o vento, suave como a pluma e intenso como o amor que nos une. Brindemos com o melhor champagne, abramos o nosso mais largo sorriso e quando as  lágrimas que certamente brotarão dos olhos teimarem em cair deixemos que elas escorram pelas nossa faces lavando a nossa alma como diz o poeta e nos fazendo crer que o amanhã virá e com ele a certeza de nos reencontrarmos mais e mais vezes, deixando esse legado de união-força e amor aos nossos filhos-netos e bisnetos para que eles tenham de nós sempre a imagem da fraternidade verdadeira.

 

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