Sobre buracos e flores

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tatu

 

 

 

 

 

 

Dia desses de chuva um amigo poeta caiu com o carro em um buraco e rasgou o pneu. Cair em buracos por aqui não é algo excepcional. Nem o fato de o sujeito que venha a sofrer o contratempo ser um poeta, afinal vivemos numa cidade onde abundam tanto poetas quanto buracos.

Mas enquanto os poetas, mesmo os maus, procuram honrar o lugar, os buracos fazem o contrário: tratam de denegrir sua imagem causando má impressão aos visitantes, colocam os pedestres e motoristas em riscos constantes e enraízam na população a sensação deprimente de que estamos irremediavelmente condenados a viver no abandono, à margem das atenções do poder público.

Para ilustrar, resgato uma historinha antiga, de quando o saudoso Luciano do Vale, acho que por ocasião da inauguração do Castelão, relatou na televisão uma conversa sua com um motorista de taxi. Comentavam justo sobre a abundância, em São Luis, de poetas e buracos, momento em que o motora, que também cometia seus versos, mandou essa: “Se buraco fosse flor, São Luís era um jardim”.

Sobre o meu amigo, foi ele ao borracheiro onde pagou por uma tal de vulcanização, que em muitos casos é tentar ajeitar o que não tem mais jeito. Dia seguinte caiu em outra cratera, e, acreditem, teve o pneu novamente rasgado. Em defesa do buraco há de se dizer que o pneu era desses “importados”, que a gente compra pela metade do preço, em lojas da linha “O barato que sai caro”.

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