Capetas, exorcismo e presidência

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So chamando um padre
para exorcizar

PRE-HISTÓRIA DO EXORCISMO Alguns religiosos-cientistas acreditam que o Universo tenha começado por causa do exorcismo (ou melhor, pela falta dele). Aporrinhado com as chateações do Satanás, e sem ter acesso aos cursos espanta-demônios que somente começaram a existir neste século,  Deus teria resolvido criar o Mundo para se ver livre do capeta em definitivo. Meio como quem diz:  “Toma, pega tudo isso aí, te diverte, mas me deixa em paz!”

As labaredas quilométricas e as temperaturas altíssimas durante o big-bang  típicas de um inferno em expansão seriam a prova mais cabal disso.  Somente bilhões de anos após,  ao acordar,  o Todo Poderoso  se deu conta do que havia feito e mandou seu filho para tentar consertar as coisas. (obs. Como o tempo nada significa para Deus, toda essa demora foi equivalente apenas ao seu sono de uma noite).

Acontece que os  demônios, mal-acostumados, e já tendo se apossado da maioria das almas daqueles seres minúsculos e arrogantes denominados homens, resolveram crucifica-lo. Deus, triste e decepcionado, desistiu pela segunda vez e resolveu tirar uma breve soneca por mais alguns bilhões de anos.

Durante o sonho, porém, teve visões de que os  demônios haviam tomado conta do planetinha onde mataram seu filho. As provas mais contundentes eram as aparições de figuras diabólicas como Gilmar Mendes, Donald Trump,  Nicólas Maduro etc. Magoado com essa visão perturbadora Deus teria dito: Nada mais farei para salvá-los! Que aprendam sozinhos.

1. Esse aprendizado demorou mas chegou. A prática do espanta-demônio (também chamada de exorcismo) existe desde antes do catolicismo,  há mais de dois mil anos, mas foi aperfeiçoada com o tempo. Na Bíblia há várias passagens sobre expulsão de demônios. Até a reforma protestante no século XVI para exercê-lo bastava ser religioso, a partir daí, um exorcista aprendia com o outro como lidar com Satanás até que no século XVII a Igreja instituiu o exorcismo e estabeleceu regras para o rito oficial.

2. Em tons pós-modernos  o exorcismo ressurgiu a partir de 1999 quando o padre Gabriele Amorth principal exorcista do Vaticano fundou a Associação Internacional dos Exorcistas que desde então organizou o curso que agora está sendo oferecido , mundialmente. As mudanças de método se tornaram um tema de debate palpitante durante o curso, acreditando-se que, em breve, se possa expulsar demônios até pelo whats app – principalmente se este estiver na forma do namorado ou vice-versa.  

Diante disso, várias entidades administrativas em nosso país estão cuidando de credenciar especialistas com o fim de resolver problemas bizarros e insolúveis somente explicáveis pela influência do demo. Uma forte corrente do Governo Bolsonaro, por exemplo, sugere que se peça ajuda do Vaticano para promover a vinda urgente de padres diplomados na matéria.

Como se sabe, o que anda acontecendo de trapalhada por lá não é normal e mais gente do que se imagina estaria possuída. Os filhos de Bolsonaro, por exemplo.  

                                                                       [email protected]

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

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Casca de banana e tragédia

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“Existe uma casca de banana por perto de toda grande tragédia.” Graham Greene

            A frase acima, do escritor inglês Graham Greene, usei-a algumas vezes nas reuniões preventivas sobre segurança de trabalho, antes das jornadas diárias no ambiente de produção metalúrgica, quando me cabia, como engenheiro, ser o palestrante.

            Era repetida aqui e acolá, porque além de seu fácil entendimento continha, em poucas palavras, o apelo à necessária e permanente vigilância de qualquer funcionário diante de desleixos ocasionais que podem ter consequências acumulativas e avassaladoras.

            Uma casca de banana, disposta de forma ocasional e aparentemente inofensiva: um laudo ignorado; uma decisão que se adia; um equipamento sem manutenção; um jeitinho brasileiro; uma barreira de contenção que não se avalia e… Pronto, eis a tragédia!  

            As tragédias de Brumadinho e do Ninho do Urubu são exemplos recentes de como, especialmente em nosso país, os nossos administradores (seja de uma cidade,  de uma empresa, ou de um time de futebol) fazem questão de jamais enxergarem as cascas de banana por considerarem, que são imunes às suas consequências porque jamais pisam no chão de fábrica, num campo de futebol ou no trajeto  de um fluxo de lama. No popular, é como se pensassem “Se alguém tiver de morrer serão os outros, portanto melhor deixar como está !.” 

            No caso do Ninho do Urubu, foi necessária a morte de 10 rapazes para se enxergar o que acontecia nos arredores do luxo obsceno dos salários e das contratações milionárias de jogadores tidos como ídolos. Enquanto isso se dava,  numa farra de gastos incompatível com a privação em paralelo de Jogadores humildes e ainda sem nome, estes eram jogados em contêineres, em condições precárias.

 À semelhança do descaso criminoso de outras tragédias: Mariana, Brumadinho, Boate Kiss etc cujo número de mortos excede a mil,  esse último episódio mostra  que isso ficou corriqueiro num país onde tudo se vê, mas se faz de conta que não , onde as cascas de banana não são afastadas, mas, são deixadas no mesmo lugar para que sobre elas paire o tempo que fará esquecê-las.

Enquanto o ídolo Zico, egresso das divisões de base, em depoimento pungente exigia a apuração rigorosa dos fatos o presidente em exercício  general Mourão Filho, dando uma de torcedor tardio e deslocado,  preferia atribuir a morte dos rapazes a uma fatalidade. Ou seja, ao responsabilizar o imprevisto da natureza para acobertar crimes de descaso o general cometeu o mesmo crime de leniência que as autoridades cometeram em relação aos culpados de Mariana, cuja punição exemplar teria evitado o segundo massacre.

            A omissão no enquadramento desses dirigentes (de times de futebol a  executivos de empresa e  administradores públicos ) por conduta leviana e indiferente  transforma-se assim na casca de banana mais perigosa, a que se perpetua trazendo outra e mais outra, enfim, uma sucessão de grandes tragédias que, pelo visto, tão cedo não serão estancadas.

                                                                       [email protected]

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis, um livro sobre as coisas típicas da ilha, em segunda edição revista e ampliada

sobre foto dos sobrados de São Luis, de Ivanildo Ewerton
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O INVERNO E SEUS HERÓIS

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1.O GUARDA-CHUVA

Basta o inverno chegar, ei-lo de novo. Quase do mesmo jeito que há mais de 200 anos, quando o inglês Jonas Hanway introduziu seu uso diário, apresenta poucos sinais de evolução científica, digamos assim. Um acionamento quase automático aqui, uma cobertura de plástico ali, mas basta uma olhadela em sua direção para constatar que continua o mesmo de sempre: sério, sorumbático e deselegante, com uma indisposição histórica.

Esse seu estoicismo talvez seja decorrente da indiferença com que é tratado pelos homens, nos dias comuns e ensolarados. Tanto se associou à chuva (razão de sua existência) que acabou parecendo uma extensão da mesma. Revoltado com o descaso, torce pela chuva, cagando  e andando para os que o apanham para se proteger. Quando isso acontece demora-se a abrir, e mais ainda a fechar-se, além de dar um jeito de se esconder nos locais mais improváveis. Recente estatística  descobriu que 70 % dos guarda-chuvas são esquecidos (ou fogem) do comprador antes de serem usados pela primeira vez .

Em termos evolucionistas, o único modismo em que se insere é o de pertencer à classe dos produtos descartáveis, por obra e graça dos asiáticos. Em qualquer ajuntamento de camelô chinês, lá estão os guarda-chuvas, aos montes, fazendo concorrência a bonés, pomadas japonesas, bugigangas paraguaias e  mulheres rodando celular (elas não usam mais bolsinhas).  Comprados a preço de banana, são fabricados em escala industrial mais volumosa que a de produção de miojo. Têm prazo de garantia, mas este costuma não passar de meia hora – se não estiver trovejando e relampejando.

Tem-se como verdadeiro, na comunidade científica, que o uso  do guarda-chuva em pleno século XXI acontece muito mais por uma imposição psicológica. Ao começarem os raios seguidos de trovões um medo anterior e ancestral se apossa do inconsciente humano e o indivíduo se socorre da arma que tiver em mãos para superar seu pavor. A seguir, faz questão de brandir seu guarda-chuva como se fosse um escudo ou uma arma.  Claro que, ao fim, se encharca todo, mas a ilusão de que enfrentou de igual para igual as adversidades impostas pela natureza acaricia seu subconsciente, e isso lhe basta.

Recentemente, um cientista japonês se saiu com uma teoria originalíssima para justificar o fato de nenhuma civilização extraterrestre, haver estabelecido,  até hoje, contato com os terráqueos. Segundo ele, ao tomarem conhecimento da geringonça que os homens usam para se proteger das tempestades, enviaram para as demais comunidades interplanetárias uma mensagem com os seguintes termos: “Não percamos tempo com eles. Não é merecedora de atenção uma raça que após 4 milhões de anos não conseguiu inventar, para se proteger da água,  um equipamento melhor do que um guarda-chuva.”

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem-humorado de São Luis , segunda edição revista e ampliada nas bancas e livrarias da cidade.

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100 metas em 100 dias

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O novo presidente, começou 2019 apresentando 100 metas para serem executadas em 100 dias.  A julgar pelo que já se constatou antes, vejamos como os executores  dos projetos estão se virando para poder cumpri-los.

 1.Combate a fraudes no INSS. Revisar cerca de 6,4 milhões de benefícios. A MP 871 já foi publicada.

Ação. O ato de respirar passará a ser considerado um benefício doado pelo Governo. Os executores acreditam que  seja muito mais fácil extrair dinheiro do povo cobrando imposto pelo ar que se respira do que revisar 6,4 milhões de casos de invalidez.

2.Reduzir a máquina administrativa.

Ação. Ao invés de extinguir 21 mil funções comissionadas a “Máquina” será reduzida eliminando máquinas de ar  condicionado, de computação, máquinas de cortar grama, máquinas de calcular e demais máquinas.

3.Lei anticrime. Esse projeto de lei será criado para aumentar a eficácia no combate ao crime organizado.

Ação. Como o combate é ao crime organizado e não ao desorganizado, os crimes de bala perdida passarão a serem considerados crimes organizados e uma nova lei será criada: “Se alguém for morto por bala perdida, a partir de agora a bala terá de ser identificada e presa. “

4.Operação Lava-Jato. Melhoria da capacidade através da recomposição e aumento da estrutura.

Ação. Para isso a Operação Lava-Jato terá seu nome mudado para Operação Lava-Transatlântico.

5.Passaporte. Retirada do brasão atual para fortalecer  a identidade e o amor à pátria.

Ação. O Hino Nacional cuja cantoria em jogo de futebol hoje é a maior demonstração cívica brasileira coletiva, passará a ser cantado em missa de sétimo dia, casamento e até na louvação do pôr-do-sol em Copacabana.

6.Cargos no Governo. Impedir o loteamento político de cargos públicos adotando critérios objetivos de nomeação.

Ação. A partir de agora o loteamento será feito através de leilão,  em sessão restrita a políticos e empresários. Lances só a partir de uma BMW

 (isso será feito para evitar rachadinhas e sucessivos depósitos de 2 mil à la Queiroz / Flávio).

8.Campanha nacional de prevenção ao suicídio. Programar ações de conscientização.

Ação. O porte de armas, já aprovado, será um avanço nesse sentido. Ao invés de recorrer a armas brancas o suicida poderá utilizar armas de qualquer cor, o que, já será um passo do Governo contra a discriminação racial.  

9.Educação Domiciliar. Regulamentar o direito à Educação Domiciliar.

Ação. Programas da tevê serão regulamentados como educação domiciliar. A educação sexual, por exemplo, será reconhecida, através da audiência a programas como o  BBBrasil. Teoria e prática.

10.Bolsa-Atleta. Modernizar o programa para maior estímulo.

Ação. Identificar e aproveitar o potencial de jovens atletas, que se destacam em corridas. Terão direito a bolsa aqueles que já batem recordes no dia a dia das ruas, ou correndo para assaltar alguém ou fugindo dos ladrões.

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luís, segunda edição revista e ampliada sobre fatos, lendas, curiosidades etc da cidade e de seu povo.

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