O NADA RESOLVE TUDO

0comentário

artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

Quem diria, acabaram descobrindo o nada como  solução . Na verdade, todos já sabiam mais ou menos disso, o problema  é a espera… As invenções deste século  para antecipar esse tal de nada, tampouco se revelaram sedutoras ou atrativas. Chegar ao nada via uma bala perdida ou uma “baleia azul”, tá na cara que não convence: é melhor sair de fininho.

Pois não é que esse bem danado que só o nada pode trazer  está sendo redescoberto, objetivado e compartilhado em grupo? . “Nada como o nada!”, é o postulado fundamental do Nadismo. Em São Paulo, por exemplo, em um clube  que segue fielmente esses princípios, as pessoas dedicam-se o tempo todo a…não fazer nada. O que está longe de ser uma tarefa fácil, segundo o seu fundador , um    tal de Marcelo Bohrer. “Fazer nada é essencial para a qualidade de vida e isso é difícil porque as pessoas se sentem culpadas por acharem que estão desperdiçando  tempo”.

Oscar Wilde, o grande escritor inglês já antecipava isso, quando dizia que o trabalho é para quem não consegue encontrar coisa melhor para fazer.  De qualquer forma, parecem existir nadas e nadas e o nada parece com tudo, menos com o nada que ele foi um dia (como já dizia o rock de Lulu).

Justamente por saber disso o Nadismo impõe algumas regras, entre as quais a de que o nada não pode ser tratado como se fosse nada. Entre outras coisas  é essencial: esquecer os compromissos e curtir o momento; não se preocupar com o certo ou o errado; privilegiar o silêncio e a imobilidade e não pensar produtivamente.

(Alguém poderia pensar que isso já vem sendo praticado há muito tempo pela maioria dos nossos governantes, obviamente sem qualquer resultado prático a não ser a de encherem suas malas de dinheiro!)

Para não confundir nadas com nadas eis alguns postulados essenciais para desfrutar das maravilhas desse  nada obsessivamente destinado a você, sem que se dê conta disso.

1.Escolha o nada simplesmente. Nada pode ser tão puro e tão simples, mesmo que ‘tudo’ atrapalhe.

3.Ao contrário de tudo no Brasil o nada é incorruptível . Quando os corruptos falam mal dele e dizem que fizeram nada podem acreditar que esse é um falso nada.

  1. O nada é mais forte que a morte. Se um dia morrer, pode ter certeza de que sobreviverá.

4.Assim como a picada de cobra tem como  único remédio o veneno da própria cobra, para combater o vazio nada existe de melhor que o nada.

5 O nada é o único companheiro fiel que existe. E o único que não o abandona, mesmo depois de morto.

Por fim, não aceite imitações. Seu nada particular é seu e será só seu. Não o compartilhe com ninguém. Do jeito que as coisas estão poderão tomá-lo. E cobrar imposto de renda.

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

 

 

sem comentário »

A HORA E A VEZ DA MALA

0comentário

artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

 

Quando as empresas de aviação brasileiras anunciaram que os viajantes teriam, doravante, que pagar dobrado pelo transporte de suas malas, não me surpreendi, já que, neste  país, parece ser sina de todo cidadão pagar caro pelas malas. As suas e as dos outros.

É o que nos conta a  Lava-Jato, e a coisa se passa como se houvesse dois mundos. No primeiro, o deles, cada um tem o direito a ter além de mala o seu “homem da mala”, como aconteceu, segundo a imprensa,  com o nosso presidente e com Aécio Neves, ex-governador de Minas. Um tanto diferente do nosso “mundinho”, no qual, desprovidos de malas e de ilusões,  só nos cabe esperar, pelo menos,   que se faça justiça e que se descubra o que há por trás das malas ( dentro não mais, porque já se sabe).

Mas, eis que sempre aparece um mala  (Gilmar Mendes) para decidir a questão e este há de,  estranhamente, bradar não contra quem botou o dinheiro na mala ou a carregou , mas contra quem viu a mala,  e o brasileiro aprende rapidamente mais uma no país das malas. Por aqui  o famoso provérbio  funciona um pouco diferente. Ao invés de “melhor um pássaro na mão…etc. é  melhor ‘um mala’ na mão, que  duas malas voando ”

Nunca é tarde para aprender sobre os diversos tipos de malas que por aqui proliferam:

1.Mala Popular. Mala tradicional, simplesmente mala. Mala que serve para carregar os panos de b…e mais algumas moedinhas. Esse tipo de mala não serve para a gente do mundo citado acima. Neste, a serventia principal é para carregar propina.

2.Mala de Caixa 2. Ninguém sabe exatamente como é (Distraídos à vista dela, todos estão  mais preocupados em conferir a grana ). Lembra   remotamente uma caixa apenas no formato e esse número 2 parece um humilde intruso no meio de MILHÕES.

3.Malas com rodinhas. Na versão moderna, são as malas que podem ser protegidas por uma rodinha de amigos, superpoderosos a ponto de  não deixar cair a mala.

4.Mala sem alça. É o modelo mais frequente e o mais detestável. Proliferam neste país com uma velocidade assustadora, mas têm especial predileção para se concentrar nos canais de televisão que você assiste, quando o botão dá uma vacilada (e você também)  Ex. Tite, Galvão Bueno, Faustão , Luan Santana etc.

5.Mala-cueca. Ou malacueco,  que significa espertalhão, tanto faz. Fez muito sucesso tempos atrás,  no início da generalização do hábito propineiro.  Lembram? Então era um assessor de José Genoíno que foi descoberto com propina na cueca. O dinheiro deve ter ido para o paraíso fiscal, mas que fim levou a cueca e seu  dono?

7.Mala-faia. Aguardente fraca. Não confundir com outro tipo de Mala-faia (Silas, o pastor) que fala asneiras como se vivesse tomando goles de  aguardente pra lá de forte.

6.Mala-Barismo. Esse é o único tipo de mala accessível aos dons do povo, que tem de se equilibrar carregando tanto mala (com a mala cheia). Infelizmente, a julgar pelo encaminhamento que está sendo dado aos acusadores dos corruptos o  povão estará condenado ainda durante muito tempo  a fazer mala-barismo com  única arte que aprendeu: “Fazer miséria para escapar da miséria”.

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

sem comentário »

MURPHOLOGIA DA LAVA JATO

0comentário

 

artigo publicado hoje, no jornal O estado do Maranhão

José Ewerton Neto, membro da  AML

 

A Lei de Murphy, universalmente conhecida como Murphologia, aplica-se sobremaneira à Lava-Jato – e como! Desde o seu axioma fundamental: “Se alguma coisa tiver que dá errado, dará!” até suas mínimas consequências. Entenda-se como Lava-jato, neste caso, não apenas a operação em si, mas os implicados na  mesma, desde os juristas a seus acusados: desde os carregadores de mala de dinheiro até o presidente da república.

Para simplificar, chamaremos de Corolário LJ ( corolário LJ), àquela lei que, derivada das Leis de Murphy, foi comprovada, aperfeiçoada e aprimorada durante os episódios e o desenrolar da Lava-Jato.

1.Regra da Jurisprudência, de Nelson: “Numa demanda não é da alçada de ninguém discutir a verdade”.

Corolário LJ: Se na demanda  o presidente da República estiver sendo acusado,  a verdade se torna relativa , a realidade indecifrável, as testemunhas nebulosas e tudo o que foi visto pode mudar de  lugar ou de interpretação visual.

2.Postulado de Spencer: “ Um júri é composto de doze pessoas de ignorância média”.

Corolário LJ: Se o julgamento for no Brasil e o réu for o presidente, o júri normalmente será composto por um Gilmar e vários Mendes, em média.”

3.Lei Áurea do Direito à Corrupção no Brasil: “Paranoia é saudável. Cinismo é fundamental”.

Corolário LJ: Paranoia é fundamental. Cinismo  é imprescindível, até o máximo do máximo,  beirando o infinito…

4.Regra do Isomurphismo Legal: “Não há duas situações jurídicas idênticas”.

Corolário LJ: No Brasil, tal regra só vale  se não houver Caixa 2. Neste caso, o empresário,  o político e a mala de dinheiro se repetem até a exaustão.

5.Regra do Grande. “Quando aquele profissional conceituado que você admira e respeita parece estar tendo pensamentos profundos, ele provavelmente estará pensando no que vai comer no almoço ou no jantar.”

Corolário LJ: No Brasil se  o profissional em questão for justamente o político no qual você votou e admira, ele provavelmente estará pensando na quantidade de dinheiro que seu auxiliar trouxe na mala.

 

 

 

6.Lei do rato do navio: “Quando alguma coisa der errado tente pular fora.”

Corolário LJ: “Se não der tente uma delação premiada.”

7.Axioma de Beiser: “Quando colocar algo na memória , tente memorizar em que lugar da mesma  foi colocado”.

Corolário LJ: Se você for acusado de corrupção esqueça tudo  o que estiver na memória, mas se os delegados insistirem esqueça até de que você teve memória um dia.

8.Princípio da Culpa de Collor: “O grau de culpa é diretamente proporcional à intensidade de negação de culpa.

Corolário LJ: (aprimorado por Temer, passando por Aécio): Como também à vontade obsessiva de não largar o osso.

9.Lei do Ministério do Planejamento: “Nada jamais sai do jeito que foi planejado.”

Corolário LJ: “Quando a propina acontece de ser bem planejada,  os apelidos não são.”

10.Lei do juiz Nicolau: “Sempre que a gente inventa um bom golpe, aparece um FDP para dedurar”

Corolário LJ: “E ainda sai premiado pela delação!”

 

11.Extensão da extensão da lei de Murphy: “Nada é tão ruim que não possa piorar ainda mais”

Corolário LJ: Quando se pensava que não poderia haver nada pior que Lula veio Dilma Roussef. E depois dela, Michel Temer.

 

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luiz

sem comentário »

6 presentões para os namorados (urgente)

0comentário

 

 

As mulheres (namoradas ou não) sempre reclamam  da  dificuldade de escolher um presente para um namorado.  Na verdade, parece que mais importante para a mulher  que o namorado em si, é ter alguém para quem dar um presente  mesmo que raramente eles o mereçam, principalmente se forem namorados de verdade.

A dificuldade é  elementar : os homens são tão básicos que a lista de opções não passa de três (bermuda, boné e bebida) sendo que qualquer tentativa de inovação acaba dando em merda. Como, por exemplo, um caso recente na Rússia, quando a companheira de um moscovita  quis dar-lhe de presente uma prótese peniana e ele, em troca lhe deu um nariz novo, depois de uma sessão de bofetes.

            Entre outras alternativas seguem as 6 melhores

1.Dê-lhe um namorado.

Isso mesmo: um namorado. Com duas possibilidades Na primeira, o namorado que você vai lhe dar de presente é outro  namorado seu (oculto, claro) o que implica fazê-lo desconfiado, de que você tem outro. Embora aparentemente inconformado com o chifre em potencial, acredite, num futuro não muito distante ele estará feliz da vida com isso. A explicação – se Freud não explica, Darwin dá um jeito – é a de que todo homem adora uma competição e tende irremediavelmente para ser corno, ( no final, quando morre,  é  traído pela vida – sua mais adorada companhia) e no resto do tempo, ( que jeito!) aprimora-se .

 

 

2.Um livro.

Vá de best-seller, mas, de preferência um que tenha virado filme, como A culpa é das estrelas.  Se o cara não gostar de ler, há de gostar de cinema,  e orgulhosamente, poderá dizer que gostou mais do filme que do livro,  sem ter aberto sequer uma página do mesmo. Se ele não gosta nem de livro, nem de cinema e muito menos de você há uma vantagem óbvia nesse presente específico. Quando as amigas lhe perguntarem  porque o namoro acabou você poderá responder candidamente que A culpa foi  das estrelas.

3.Uma camisa de futebol.

Existe homem que não gosta de futebol? São poucos, mas existem. Mas, que não goste de camisa não existe nenhum, certo? Se na hora de adquiri-la você não se lembrar do time dele (mulheres não costumam lembrar-se disso e além disso tem marmanjo  que troca de time mais rápido do que de namorada) só tenha o cuidado de escolher um produto pirata para que dure , pelo menos, o tempo em que vocês se suportarem. E já que o assunto é camisa porque não dar-lhe uma camisinha? Eles não costumam gostar do produto, mas da insinuação, sim.

 

4.Uma lupa.

Um presente além de original,  significativo, se ele for bom entendedor ou não. Para que ele consiga descobrir onde está o seu Ponto G.

5.Uma passagem para o Japão.

Não para ambos, mas para ele, somente, e isso se você já tiver um tempo longo de namoro, digamos, mais de oito meses, atualmente.  Trabalhe, sue a camisa, faça um pouco de sacrifício, mas mande-o urgentemente para o Japão ou para a Cochinchina, sem passagem de  volta. Claro,  nem toda mulher tem dinheiro para gastar com passagens de avião para namorado,  mas lembre-se : sairá muito mais caro se ele continuar com você.

 

6.Uma criança.

Isso , dê-lhe uma criança. De preferência sua, e de preferência com outro (sem que ele saiba). Isso o fará refletir pela primeira vez na vida e num segundo você descobrirá  o que ele quer, de fato, com você. Você tem uma chance em mil  de ele assumir seu presente, mas creia, isso acabará lhe saindo vantajoso. É melhor uma filhinho na mão do que um cafajeste enfiado em outro lugar do seu corpo.

 

Jose Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luiz

sem comentário »

JUMENTO x CAVALO DE LATA

0comentário

artigo publicado  no jornal O estado do Maranhão

Como é triste a sina do pobre do jumento! Ao longo do tempo, para sobreviver,  acabou tendo que se acostumar ( que jeito!) ao chicote do carroceiro e aos seus  xingamentos . Vieram as inovações deste século  e a tudo isso ele aguentou, estoicamente e de longe, como é de seu feitio: internet, o forró eletrônico,  o aedes egyptus; o ecstasy, o sexo virtual, o VLT, o bullyng e a Baleia Azul . Nada disso abalou sua paciência. Até que apareceu o cavalo de lata.

Sim senhores: o cavalo de lata. Por obra e graça das autoridades do trânsito desta  cidade acaba de ser anunciado O CAVALO-DE-LATA, com o fim de debandar definitivamente o jumento das ruas e avenidas da cidade. Sob a alegação ser um equipamento capaz de melhorar o fluxo de veículos (na verdade, uma parafernália eletrônica a meio caminho entre uma carroça e um carro) a geringonça surge com a função de substituir, com vantagem, segundo os anunciantes, os serviços até agora  prestados pelo humilde jumento. O fato é que, mais uma vez, um  trabalhador brasileiro honesto fica ameaçado de perder o seu emprego e seus direitos. (Honestíssimo, diga-se de passagem, pois nunca se viu um jumento se corromper e exigir propina como fazem tantos por aí).

Por que a Reforma Trabalhista de Temer tinha que chegar também ao jumento? Solidários com essa classe tão sofrida, fomos entrevistar um deles. Comia tranquilamente o seu capim numa das praças da cidade. Por coincidência era justamente o presidente do sindicato.

 

 

-E então, senhor Jumento. Tem algo a dizer a respeito da novidade?

            – Uma grande injustiça. Como acreditar que um cavalo venha  nos substituir, ainda por cima, de lata? O que vai acontecer com nossos empregos? Até agora ninguém nos informou de nada.

            – As autoridades garantem que isso beneficiará a classe. Ao melhorar  o fluxo de veículos, ao mesmo tempo, evita que a classe dos burros seja maltratada.

            -Mentira!  O carroceiro nos chicoteia  mas nos arruma o que comer. Quem nos alimentará agora? Onde permaneceremos?

            -Seria uma espécie de aposentadoria.

            – E quem disse que queremos nos aposentar? Garantimos nossa sobrevivência até hoje com nosso trabalho, que nos impediu de sermos exterminados. Por acaso estariam pensando em nos hospedar  em hotéis de luxo com estrebarias com ar condicionado e capinzais a perder de vista?

            – Eles alegam que o exercício da profissão de vocês atrapalha o trânsito.

            -Outra  mentira deslavada. Se  querem trânsito rápido porque enchem as avenidas de barreiras eletrônicas e guardas justamente para que os carros circulem mais devagar? Por que a barreira eletrônica serve para retardar o trânsito e nós não? Haja incoerência e  preconceito.  

            -Que estão pensando em fazer para reagir, como forma de chamar a atenção. Alguma manifestação programada?

            -Não precisa. A nossa própria existência já é uma manifestação de luta, de coragem e patriotismo. Só queríamos era continuar com  nosso trabalho tão pouco valorizado.

            -Sr. Jumento, infelizmente,  o nosso tempo acabou.  O nosso propósito  é justamente chamar a atenção do povo e das autoridades para mais essa injustiça. Alguma coisa a mais?

            -Sim.

            -O quê?

            – Se nada puder impedir que o Cavalo de Lata venha, estamos  dispostos até a aceitar o convívio com eles. Mas que não inventem  jamais o Jumento de Lata. Aí seria demais!

 

 

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

 

sem comentário »

INTRODUÇÃO À TEORIA DO NÃO SEI

0comentário

 

artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

Tudo indica que o Não sei começou milionésimos de segundos após Deus ter criado o Universo. Inquirido por si mesmo (Deus é pai e filho ao mesmo tempo)  sobre qual a  razão  de ter feito isso ele, sentindo-se culpado e já com remorso,  respondeu: “Não sei”.

 

 

E foi assim que o “Não sei” começou sua grande trajetória.

 

 

Toda a matéria em expansão a partir do big-bang (átomos se chocando entre si sem saber por que) reproduzia,  em pensamento, claro, as primeiras palavras sentenciadas pelo Todo Poderoso. Os átomos em revolução, nem precisavam falar  para deixar a entender que estavam movidos de agora em diante pela Lei do Não sei. Por que vocês estão se expandindo? “Não sei”. Onde e quando isso vai parar? “Não sei”.

E assim o Não sei passou a conduzir todas as ações do Universo através do tempo. A dúvida, não a certeza, comandava as realizações, se é que podemos chamar assim. Quando 12 bilhões e muitos  milhões de anos  depois, os ancestrais dos homens começaram a se formar (parecidos a chimpanzés, num planeta minúsculo de uma galáxia desprezível)  algo, ou alguém, quis saber de Deus porque ele havia cometido o desperdício de deixar nascer esses seres insignificantes, dando-lhes  a capacidade de pensar. Deus teria respondido: “Para ter alguém que  pense e fale Não sei, como eu naquele dia. Por vingança, talvez”  Enfim, Deus precisava de alguém para dividir sua culpa original.

E assim de Não sei em Não sei,  os homens e o Universo chegaram  até hoje. Cerca de 2500 anos atrás, Confúcio, um humano que pensava um pouquinho mais  que os outros, resumiu em poucas palavras a arquitetura desse dilema divino, que se tornou humano : “Quanto mais sei , mais sei que nada sei.”

Dizem que Deus teria ficado muito satisfeito com o resumo de Confúcio.

 

2. Ninguém poderia imaginar, porém, que, algum tempo depois, neste século de 2000 d.c.  o Não sei viesse a se alastrar como epidemia num país chamado Brasil, o país do lava-jato,

 

a ponto de ser a expressão mais repetida pelas autoridades  junto à Justiça, parecendo que os políticos, só sabem  conjugar o verbo saber da seguinte maneira: Eu não sei, tu sabes , ele sabe, nós sabemos, vós sabeis eles sabem. Ou seja, todo mundo sabe que eles sabem, só eles não. Ora, que impacto tem isso para a teoria?

Tudo indica  que o Não sei da dúvida,  que se iniciou divina e universal aos poucos se tornou  existencial e humana, evoluiu,  e se transformou no  Não Sei do cinismo e da desfaçatez . Só assim se  explica que alguém que receba um meliante em sua casa (ou palácio) dez horas da noite, ou então se aposse de uma mala de dinheiro, ou então se apodere de um sítio,  com gravações, vídeos, e testemunhas comprovando o crime, tenha o desplante de dizer,  com a maior cara de pau,  que não sabe e não viu o que aconteceu.

Pobre Confúcio, pobre Deus! Os  brasileiros, sem conseguir corromper a realidade, corromperam o Não sei original a ponto de transformarem a sábia frase de Confúcio “Quanto mais sei, mais sei que nada sei” em: “ Quanto mais eu sei que sei, mais minto que nada sei ”

Deus não deve estar nada satisfeito.

 

José Ewerton Neto é membro  da AML e autor de O entrevistador de lendas

 

 

 

 

sem comentário »

A VERDADEIRA HISTÓRIA DA BUNDA

0comentário

Difícil precisar quando a bunda começou, justamente porque os seres humanos até hoje não sabem exatamente quando começaram. O fato é que ela veio logo a seguir, ou seja,  atrás , já que não lhe deram outra alternativa.

Dizem os evolucionistas que bundas arredondadas são causadas pelo estrógeno, o que torna o traseiro das fêmeas  tão desejável para o sexo oposto. O fato é que esse tal de estrógeno fez com que, desde o princípio, a bunda feminina causasse sempre maior reboliço na mente dos  homens que o inverso, e isso durou por séculos e séculos até cerca de dez anos atrás quando,  pela primeira vez, um homem deu-se ao luxo de assombrar-se com a bunda de outro: Caetano Veloso, o baiano que , empolgadíssimo  com o traseiro do cantor, Shandy,  lá  de suas bandas ( eu disse banda?), proclamou que esse era o bumbum mais bonito do universo.

Como ia dizendo, embora machos e fêmeas sejam dotados de nádegas, fica claro que o ornamento cai muito melhor nelas. Embora a quantidade de bunda seja a mesma nos dois sexos sempre se imagina que a mulher, pelo deslumbramento em torno,  a possua mais em abundância . Na verdade, algumas chegam a parecer que têm até mais de vinte (como a Mulher Maravilha,  a Mulher  Melancia e outras frutas).

À história:

 

1.26 mil anos atrás um escultor desconhecido fez uma boneca de 11 cm, dotada de um enorme traseiro, batizada em 1904 de  Vênus de Willendorf. A peça, veio comprovar que o ideal feminino – peitos grandes e ancas largas –  já era o mesmo do atual e as bundas disputadíssimas.

4 mil anos atrás, Ló foi  visitado por anjos disfarçados, para salvá-lo da destruição de Sodoma, a terra da perdição. Ao descobrirem que anjo pode até não ter sexo, mas tem bumbum sedutor, sodomitas tarados resolveram abusar dos mesmos. Revoltado Deus  mandou destruir Sodoma , a cidade onde Ló morava, donde nasceu o termo sodomizar, com suas variadas interpretações.  Portanto,  quando alguém no auge da sodomia, hoje diz para sua parceira “Meu anjo, você tem uma bunda diabólica”,  isso tem raízes históricas muito profundas e bote  profundeza nisso.

 

  1. 2. A bunda não poderia deixar de ser parte íntima das grandes batalhas humanas.  A disputa bunda versus bunda,  hoje tão comum nas praias, nos bailes funk e nos concursos de miss bumbum, parece ter começado em Sira-cu-sa, 200 a.c. quando duas gêmeas de traseiros invejáveis acabaram dando origem ao termo Vênus Calipígia, uma estátua esculpida no museu de Nápoles, em homenagem à vitoriosa.                                                  

Igualmente, a bunda teve participação tanto na Guerra de Cem Anos, quando soldados franceses exibiram os seus aos ingleses (sem muito sucesso, como era de se esperar), como quando anos depois, a lavadeira francesa  Catherine Ségurane exibiu a sua para os turcos e fez com que a batalha fosse ganha. Se alguém perguntar se isso foi causado pelo horror ou pela sedução, basta lembrar os filmes com a mais famosa bunda francesa, a de Brigite Bardot, para intuir que a segunda hipótese deve ter sido a verdadeira.

 

 

  1. 3. Ao mesmo tempo, as bundas influenciaram os gênios. Jean Jaques Rousseau publicou em suas memórias que seu hobby predileto era ser espancado no traseiro. Mozart, por sua vez escreveu Leck mir den Arsch Fein Recht Schon Sauberque em tradução livre significa “Lambe meu rabo bem limpo e legalzinho”. Não é de espantar que em 1830, na Inglaterra durante a Era Vitoriana o tapa na bunda tenha virado moda (Imagina se eles já conhecessem o funk, suas dançarinas e o fundo musical “um tapinha não dói’!”). Foi por essa época, por volta de 1820, que  Carlota Joaquina, esposa de Dom João VI  oficializou no Brasil, bem antes de Sandy, a história de que era possível, sim, ter prazer anal.  Tanto prazer tinha a mulher que os cadetes do palácio faziam fila para serem incluídos no cardápio principal do Palácio: “Imperatriz, de pé, e de costas, ao molho Madeira, ou melhor, da madeira”

 

  1. Até que veio o século 20, o poder das nádegas crescente, agora devidamente estimulado por uma descoberta de 1904, por acaso: o KY, que era  destinado apenas para lubrificação em cirurgias. Assim como o Viagra, anos depois também descoberto por acaso,  há de se acreditar que tudo veio depois apenas por acaso: Marilyn Monroe na primeira capa da Playboy motivando o comentário de Grouxo Marx : “

Essa garota tem um baita futuro pelas costas”; as duas polegadas a mais de Marta Rocha; a carreira solo da bunda de Gretchen; até culminar no grupo musical é o Tchan, cuja única melodia lembrada até hoje  é a do traseiro de Carla Peres rebolando. Por acaso, por acaso…

As bundas continuam atrás nas necessidades, mas colocaram-se à frente, nos desejos.

 

Jose Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

 

 

sem comentário »
https://www.blogsoestado.com/ewertonneto/wp-admin/
Twitter Facebook RSS