ISSO PODE TE MATAR!

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

A vida humana é efêmera e, sobretudo, frágil. Todos sabem disso, mas a maioria prefere fazer de conta que esse negócio de  morte foi feita para o outro e não para si. Algumas estatísticas assustam ao mostrar o perigo de hábitos e coisas aparentemente inofensivos.

1.Imagine estar voltando do supermercado, olhando para seu celular numa rua. De repente, eis que você se vê mergulhando nas profundezas de um  canal de esgoto. Pesadelo? Uma ficção de Stephen King? Nada disso, você está morto.

Acredite. Pode soar como um exagero, mas em 2011 os bueiros causaram  1843 mortes só na Índia.       Portanto, leitor, por via das duvidas o melhor é se precaver.  Bueiros são redemoinhos prontos para atacar e doidos para aparecer em seu celular, na paisagem de sua última selfie.

2.Talvez você ache relaxante uma tarde de  banho quente em uma banheira. Relaxante pode até ser, mas o perigo é quando o relaxamento passa do ponto e se torna tão perfeito que médico nenhum conseguirá fazê-lo parar.  . (Jamais inventaram equipamento capaz de propiciar um relaxamento tão perfeito como a morte, não é mesmo?)

Entre 1999 e 2003 1700 pessoas  só nos USA acabaram morrendo em uma banheira de hidromassagem e o motivo principal foi o abuso de bebida alcóolica enquanto estavam na banheira.

3.Todo mundo quer ser bom de cama, mas nem sempre a cama retribui com a mesma bondade. Assim é que camas matam em média 773 pessoas por ano só nos USA.

Uma cama, na verdade,  é mais propensa a te matar do que um assaltante. Por via das dúvidas prefira as camas baixas, considerando ainda que neste  levantamento não estão consideradas as situações em que o morto foi o Ricardão em cima da cama.  (Ou em baixo).

  1. Todos preferem, por preguiça, as escadas rolantes às comuns  tanto que se pudessem usariam escadas rolantes  até para sair da cama ou subir na mesma . Hoje elas proliferem nos shoppings e estações de metrô, mas é preciso ter um cuidado triplicado com as mesmas. Segundo o Centro de Controle e prevenção de Doenças dos USA, as escadas rolantes ferem gravemente 17 mil pessoas por ano e desse total são 30 os casos de óbito.

É normal que todo ser humano queira “subir”  na vida, mas se você for mulher prefira usar saltos altos (15 cm) para isso. São menos perigosos.

5.Fones de ouvido parecem inofensivos , mas podem ser assassinos mortais, já que deixam o usuário inconsciente diante do que o rodeia e é por isso que somente em 2010 houve 47 acidentes fatais relacionados ao uso.

Recomenda-se evitar na medida do possível esse costume cujas consequências podem ser ainda mais catastróficas que a morte. Como???? Pode existir  algo pior ainda que a morte?

Aparentemente sim. Dizem que quem morre escutando música de dupla sertaneja, se for direto para o inferno  nem sente a diferença.

7.Todos nós gostamos de comer cachorro quente, não é mesmo, leitor?, Só que esse tipo de sanduiche não é nada bom, especialmente para o futuro dos meninos. Só em 2010 mais de dez mil crianças com menos de 10 anos acabaram na sala de emergência após se engasgar com cachorro quente e 77 perderam a vida.

Por segurança, portanto,  nunca esqueça de que só há um cachorro que nunca foi nem será seu amigo fiel. O cachorro-quente.

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José Ewerton Neto é autor de O Entrevistador de lendas

 

https://www.youtube.com/watch?v=zOVJJTMUHWI

 

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CENAS DE UMA COPA NA RÚSSIA

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1.O EFEITO VAR

Nesta Copa só se fala em VAR. Tenho a impressão de que esta tecnologia (implantada para minimizar as falhas dos juízes de futebol) foi concebida, sobretudo, para que se xingue um pouco menos os árbitros. Por isso a inovação foi bem recebida  pelas mães dos juízes  na medida em que ao invés de as torcidas chamarem o árbitro principal de  filho da p…   insultarão  também o árbitro de vídeo , dividindo assim os impropérios.

Fico imaginando se o Var for submetido a um juiz  do tipo Gilmar Mendes na função de árbitro de vídeo. Com ele não haveria pênalti, nem impedimento, nem cartão amarelo, muito menos expulsão  para o infrator. As regras  do jogo valeriam apenas para jogadores comuns, já para os  bem aquinhoados até gol de mão (como o famoso de Maradona) passaria. Neste caso, nada tendo a ver com “La Mano de Dios”.

  1. CANONIZAÇÃO Interrompida.

Pelo menos temporariamente, depois do empate do Brasil na Copa, foi interrompido o processo de canonização de Tite promovido por Galvão Bueno, Rede Globo e comentaristas esportivos adoradores do técnico. Estacionou antes de chegar ao Papa,  já que  os primeiros sinais de incômodo com essa santificação antecipada começaram  a pipocar aqui e ali em todo o território nacional.

Acontece que São Tite, na hora de fazer milagres, depende de pedi-los emprestados aos jogadores de talento da seleção como Neymar, Coutinho, Marcelo etc que nem sempre estão inspirados para patrocinar a divinização tão esperada. A Copa é longa e o que se teme é que  um Coutinho só ( que tirou um milagre da cartola fazendo um gol incrível contra a Suíça) não seja  suficiente.

 

3.Penteado 7 , Bola 1.

Bons tempos aqueles em que os craques apelidavam seus gols com títulos bizarros, mas engraçados. Era gol Helicóptero aqui, gol Borboleta acolá, como fazia Dario Maravilha um atacante cujo talento para fazer gols era da mesma ordem de sua capacidade de estabelecer empatia com os torcedores.

 

 

Os tempos mudaram e se tornou mais importante a visibilidade nas redes sociais com gol ou sem gols. Alguns craques são obsessivos em promover  o visual, como qualquer celebridade.   Isso explica porque o goleiro Alisson da seleção brasileira se fez acompanhar, na concentração, de um cabeleireiro pago a peso de ouro.

Neymar, por sua vez, tornou-se um mestre nisso, inovando o que está acima de sua cabeça com maior apuro do que o que tem dentro.  Como muda a cada jogo mais de penteado do que de drible a grande dificuldade para os torcedores é encontrar um apelido à altura para  cada uma de suas performances.

Assim é que basta Neymar adentrar o gramado para que se inicie, entre os torcedores, o exercício de escolher um apelido para o que se vê. Na estreia do Brasil surgiram as opções: Cabelo de Martnália, Penteado Nissin Miojo, penteado Espiga de Milho etc.

Menos mal que restou aos brasileiros esse consolo: quando os gols escasseiam, a diversão é tentar nomear os penteados de Neymar. Qual será o próximo?

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

 

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PARA QUE SERVE UM NAMORADO

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Anteontem comemorou-se o Dia dos Namorados. Nada  como ajustar o significado do termo aos dias atuais

 

NAMORADO.

Indivíduo (ou objeto, com queira) de uso pessoal feminino, geralmente descartável que,  mesmo sendo encontrado  a preço de banana, pode sair muito caro. Sua principal  serventia é como adorno em passeios de shopping centers , cinema, baladas, ou, com maior frequência, como objeto de exibição para as amigas.

Normalmente é substituído por outro em casos de urgência, ou seja, necessidade sexual inadiável. Um dos requisitos mais apreciados entre os diversos tipos é a boca fechada. Tal fato,  é encarado por elas como uma espécie de garantia para que não sejam forçadas a ouvir asneiras. Recomenda-se, portanto, atenção redobrada ao manual de utilização.

PRAZO DE VALIDADE

Um dos atributos mais importantes é o Prazo de Validade. Se o namorado for do tipo antigo (mais de 50 anos) quanto menor a vida útil esperada, maior a preferência. Isso acontece porque uma vida útil menor, nesse caso, significará, no futuro,  uma vida útil maior para a parceira que o adquiriu. Claro, um namorado de mais de 50 anos subtende-se que só seja adotado se tiver posses e bens a perder de vista.

Se o namorado, por outro lado,  for do tipo jovem (a idade mental de um namorado com a mesma idade de sua cliente mal chega à metade), o grande risco que a mulher corre é o de pensar que está levando um namorado e, na prática, estar  levando um bebê para criar e dar de mamar.

 

 

 

AMOR.

Amor é a moeda de troca mais praticada em um namoro. Talvez porque ninguém saiba exatamente o que seja, muito menos  o que significa  (nisso se parece  com o BITCOIN moeda da Internet) , nem  como funciona ( idem) .

Para uma adquirente, parece elementar que o objeto deva  oferecer dosagem equivalente em termos de dedicação amorosa, mas isso raramente ocorre. Nunca dá empate,  pois no jogo do amor uma das partes sempre sai ganhando. Quando dá empate a mulher já está perdendo

ONDE ACHAR

Namorados são encontráveis em todo canto e em qualquer lugar. Normalmente os camelôs não os vendem  mas uma infinidade de produtos piratas seriam facilmente adquiridos  se suas ex-namoradas,  que normalmente os atiram no rejeito de suas casas ou das redes sociais, se dispusessem a vende-los.

Apesar disso, o produto de segunda mão, não necessariamente é de baixa qualidade, tanto assim que existem mulheres que preferem produtos gastos e abusados.   Como  dizia Marlene Dietrich “Pouquíssimos homens tem capacidade de entender e amar a uma mulher. Infelizmente, para elas, são sempre aqueles que têm mais de uma.”

PEDIDO DE NAMORO.

Espécie de ritual antigo que precedia o namoro, hoje em completo desuso. Foi substituído pelo pedido de acasalamento sexual feito através de aplicativos da internet. O único pedido de namoro reconhecido como tal hoje em dia é o número do cartão de crédito da parceira.

 

 

 

Tudo é muito liberal como convêm aos tempos modernos. Se a eventual cliente, por exemplo,  ao invés de desperdiçar seu tempo com seu namorado preferir sair com as amigas para se divertir o fará  numa boa. Se  voltar para casa caindo de bêbada e deparar com um namorado em cima de si,  de  uma coisa pode ter certeza: A cama é  da sua colega. E o namorado também.

 

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

 

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COISA DE BANDIDO

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O que pode se entender no Brasil como  ‘coisa de bandido’? Ser pego pela lava-jato recebendo propina e jurar que nunca roubou, ou ser solto por Gilmar Mendes e voltar a roubar? Dizer que uma mala de 50 milhões encontrada no seu apartamento não é sua, ou dizer que foi doação de campanha? Fugir da penitenciária via túnel, ser novamente preso e voltar a fugir pelo mesmo túnel, ou pegar um indulto de feriado, praticar crimes, ser preso novamente  e ser solto em outro feriado?

Bem, sendo o Brasil esse país especialíssimo onde as organizações de direitos humanos têm mais pena dos bandidos que das vítimas e, sendo também, para um eminente historiador, “ Um país feito por bandidos para bandidos”, é normal que exista por aqui uma infinidade de atitudes que alguém poderia chamar de ‘coisa de bandido’. O que causa espécie  são as novidades.

Como a do cantor de música sertaneja César Menotti  que insinuou ter descoberto mais uma.  Isso mesmo. Durante o programa Altas Horas da TV Globo, César da dupla com Fabiano (?) se  saiu com essa: tendo sido convidado a cantar numa penitenciária foi solicitado a cantar um samba e, como não soubesse, respondeu aos encarcerados: “Desculpa, é que realmente a gente não sabe cantar samba. E tem mais, na   minha  opinião samba é coisa de bandido”.

Se os presos gostaram da resposta não se sabe, o que se sabe é que a plateia do  programa  morreu de rir. Donde se conclui que o apresentador Serginho, sua turma de convidados e os demais cantores concordaram com a opinião de Menotti. O que não se sabe é se estão rindo até hoje porque descobriram mais uma ‘coisa de bandido’ num país de  bandidos, ou estavam felizes porque existe tanta coisa de bandido neste país que se tornou quase obrigatório se achar graça quando se fala em bandido.

Houve,  porém,  uma pequena parte da população brasileira  que não viu tanta graça nisso. Como  a cantora sambista e deputada Leci Brandão a quem aprouve se manifestar nas redes sociais para dizer ao senhor César Menotti,  “…Que samba não é música de bandido. Bandido para mim é quem compra a mídia para a gente ouvir um tipo de música que não leva o país a não ter nenhuma reflexão, nenhuma consciência. Isso sim é  bandidagem. Bandidagem para mim é fazer com que cultura seja toda direcionada a quem tem poder. E o samba, graças a Deus, ainda tem gente que leva reflexão e bons pensamentos para a democracia deste país”, desabafou a compositora.

Tão eloquente foi  a resposta da Leci que nem foi precisou evocar em seu socorro  guardiões do samba como Noel Rosa, Martinho da Vila ou Dorival Caymmi que um dia sentenciou

 

 

“Quem não gosta de samba bom sujeito não é. É ruim da cabeça e doente do pé” . Ao mesmo tempo em que a compositora excluiu o samba definitivamente fora desse contexto conseguiu enriquecer o Vocabulário Nacional das Coisas da Bandidagem que Assola o País:

Pois, de fato, a música dessas duplas sertanejas é tão ruim  que comprar a mídia, para fazer gente inculta se regalar com as asneiras que dizem e as porcarias melódicas que cantam, isto sim é uma sonora bandidagem.

 

José Ewerton Neto é autor de O Entrevistador de lendas

 

 

https://www.youtube.com/watch?v=zOVJJTMUHWI

 

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A VERDADEIRA HISTÓRIA DO NADA

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O começo da história do Nada é coisa difícil para a Ciência resolver, e até mesmo Deus não resolve bem esta parada.

O que se pode dizer é que a infância,  e a juventude do Nada, deve ter sido absolutamente  tranquila e em paz já que nada acontecia. Isso deve ter durado uma eternidade e, só por isso, estamos insinuando que o Nada já tivesse atingido a velhice quando surgiu o Tudo.

Somente quando o Tudo chegou, por volta de 13,5 bilhões de anos atrás, é que se movimentaram matéria, energia, céu, inferno, corpo, pensamento, infinitos, explosões etc.etc. Deve ter havido pela primeira vez um entendimento entre o Nada e o Tudo, do tipo “Agora é sua vez”, dito pelo Nada, naturalmente.

O que se suspeita é que um supremo Juiz, no caso Deus, haja  decidido essa contenda pela convivência  alternada entre ambos, para felicidade nossa já que nascemos depois por causa disso.  Até mesmo porque o Nada obstaculizava o próprio Deus Onipotente. Sem a presença de Tudo, Deus  não poderia existir o que constituía um paradoxo que nem Deus , com toda a sua infinita bondade, poderia aguentar.

2.E foi então que o Tudo começou a tomar conta de Tudo. O Todo Universal continua se expandindo, mesmo depois de 13,5  bilhões de anos, Inclusive na cabeça de um minúsculo ser chamado homem lá pras bandas de um insignificante planeta pras bandas de uma minúscula galáxia chamada Via Láctea. Num Universo em que tudo se expande (menos o nosso salário) nossos ancestrais, por exemplo,  tinham um cérebro muito menor.

Por que razão esse ser foi o único escolhido para pensar em todo este mundo ninguém sabe  explicar, mas pode-se conjecturar que talvez tenha sido essa uma das condições impostas pelo Nada para permitir que o Tudo surgisse através daquele minúsculo e invisível ponto, origem do big-bang, que só ele, o Nada, sabia onde se encontrava.

É como se o Nada impusesse, para dar lugar ao Tudo,  uma obrigação contratual: “Tudo bem, eu deixo o Tudo surgir mas o único ser que vai poder pensar terá de ser  um… quase Nada”.

  1. Dito e feito. O certo é que esse insignificante animal quase nada, dotado de pensamento e empolgado com tudo o que vê, entendeu de querer ser tudo e poder tudo sem jamais se lembrar do nada que foi e que será depois de um tantinho de anos.

Recente reportagem da revista Superinteressante mostra que nosso corpo é constituído mais de nada que outra coisa e, mais precisamente,  99,9999999999 % do volume do nosso corpo é constituído de vazio puro, oco, portanto. (Para entender melhor basta lembrar que se o núcleo de um átomo tivesse o volume de um cabeça  de alfinete o átomo seria do tamanho do estádio do Maracanã, sendo nosso corpo constituído de um mar de Maracanãs desertos, cada um com uma cabeça de alfinete no centro).

A mesma reportagem insinua que o Todo Universal em sua maior parte é constituído de Nadas doidos para aparecer  “Talvez o nada seja algo intrinsecamente instável , que tenda sempre a se transformar em alguma coisa e em antialguma coisa”.

O que induz  a pensar  que o Tudo e o Nada, ao fim,  talvez sejam a mesma  coisa e que o poeta estava certo: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. Inclusive o Nada.

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de Lendas

 

 

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