A CAMINHO DA RÚSSIA

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Mais alguns dias e não se falará em outro assunto: Rússia, para onde iremos todos em junho, carregando o sonho de mais uma copa. Mas, que Rússia é essa? Que sabemos dela?

Uma boa ideia seria compara-la  ao Brasil, senão futebolisticamente , pelo menos, nos costumes.

1.Os russos são bem conhecidos por serem muito sérios e desconfiados O sorriso, para eles, é uma demonstração de carinho e não deve ser dado para qualquer pessoa sendo, por isso, somente usado em ocasiões excepcionais.

Nesse ponto diferem muito dos brasileiros. O brasileiro, como se sabe,  ri de tudo, desde durante o hino nacional até em cerimonial fúnebre, quando é comum discutir futebol e contar piada. Tem gente que ainda se permite comentar diante do cadáver: “Ficou tão sério agora! Nem parece mais um brasileiro.”

  1. Em momentos de crise é comum os governos da  Rússia   pagarem aos professores com wodka em vez de dinheiro.

Portanto, na Rússia se usa bebida para pagar o salário das pessoas. Por aqui é quase a mesma coisa: as pessoas usam o salário para pagar bebidas.

  1. Existe uma lei na Rússia que proíbe as pessoas de contarem às crianças tudo o que tenha a ver com a homossexualidade.

Por aqui, é o contrário. A s novelas de tevê, o noticiário, e até as novas  leis fazem de tudo não só despertar como também  para estimular a homossexualidade nas crianças.

  1. Até o começo deste século, a cerveja era considerada um refrigerante e não uma bebida alcoólica.

Bem ao contrário do Brasil. Depois da Lei Seca, toda bebida por aqui virou alcoólica e quem as ingere um alcóolatra. Dia virá em que bafo de refrigerante será motivo para alguém ser preso e pagar multa.

  1. Na Rússia existe o dia Nacional da Concepção. Neste dia, os casais ganham meio dia de folga do trabalho para procriar, e isso funciona! As taxas de natalidade em junho normalmente triplicam todos os anos e os casais dão a luz próximos de 12 de junho  – exatamente nove meses depois .  

O Brasil também, embora não oficialmente. Talvez por considerarem  que um dia apenas seja insuficiente , os Brasileiros dispõem de 5 dias dedicados a isso,  que denominam Carnaval.

  1. Os russos gabam-se de possuir a droga mais devastadora do mundo que chama-se krokodil. É dez vezes mais potente do que a morfina e é chamada assim porque deixa seus usuários com pele de aspecto réptil e a maioria dos usuários morre em dois ou três anos.           Quanto ao efeito aniquilante o Brasil também produz uma droga de efeito igualmente letal, embora mais lenta. Trata-se da  música sertaneja  que mata  devagar,  mas idiotiza seus ouvintes de forma irreversível.

 

  1. Os russos adoram xadrez (jogo) Em 1934, 500 mil russos se inscreveram no programa estadual de xadrez. Hoje, mais da metade dos 20 maiores jogadores de xadrez do mundo vem da Rússia ou de um dos países que faziam parte da União Soviética.

Enquanto os russos vivem jogando de xadrez os brasileiros vivem entrando no xadrez. Nossa população dentro das celas quase rivaliza com a população de Moscou. ( E a  de quem deveria estar lá dentro chega a ser 20 vezes maior).  Graças a isso o Brasil criou especialistas em tirar gente  do xadrez,

 

 

 

sendo considerado como grande mestre internacional o jurista Gilmar Mendes, o único no mundo capaz de dar  xeque-mate na própria  justiça,.

 

José Ewerton Neto é autor de

O entrevistador de lendas, sobre lendas maranhenses

 

 

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A SUTIL ARTE DE LIGAR O F**DA-SE

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artigo publicado no jornal o estado do Maranhão

O que acontece quando se juntam  “Sutil arte” com “ligar o F**da-se”? Errou quem disse que nada acontece ou pensou em algo estapafúrdio. Quem se dispôs, como eu, a ver a lista de mais vendidos da Veja e deparou com esse ajuntamento de palavras  chegou à conclusão (com alguma dificuldade) que se trata  do título de um livro. Isso mesmo: o título de um livro.

Já vão longe os tempos em que os títulos dos livros de autoajuda nos assediavam apelando para referências religiosas solidárias do tipo “Jesus, o maior psicólogo que já existiu” ou com conversas para boi dormir do tipo “Você vale o que você pensa”. Parece que a autoafirmação, nesta segunda década de século, dispensa conselhos filosóficos ou religiosos. A coisa vai melhor quando se introduz, forçosamente, uma alusão ao sexo.

Isto  posto, impacto alcançado, só resta ao potencial leitor a tarefa de tentar entender que diabos é isso que estão lhe oferecendo. Intrigado, me dediquei à árdua tarefa. Avante!

O que significaria ligar o F**da-se? Até onde eu sabia esse ato não precisa ser ligado na tomada. Ou precisa? Vá lá, é sabido cientificamente que as vaginas quando excitadas produzem algum grau de eletricidade, mas como se daria o ato de inseri-las, digamos assim, num fluxo elétrico?

????

Eipa! Eis que surge outra opção.  Vai ver que o F**da-se não está sugerindo um movimento, mas subtendendo uma imprecação: a de mandar o mundo às favas. Parece que estamos diante de um autor que nos dará apoio nesse propósito (…Mas, cá pra nós, precisa ajuda para isso?)

Huuumm! Como poderia ser também uma proposta de auxílio para quem queira suicidar-se. Se o verbo está no modo reflexivo isso significa que encontramos alguém disposto a ensinar o leitor a se F***, ou seja, a morrer… Heureca!

Metade da questão resolvida,  eis que me deparo com outra parte mais complicada do entendimento. O mais bizarro agora nem é mais o tal  “Ligar o F**”, mas conceber uma explicação para o que vem antes. Pois o autor categoricamente insinua que, por trás disso, há uma arte sutil. Sim, senhores: Nada de Shakespeare, nada dos aforismos de Millor Fernandes ou de Mencken, arte sutil, nos dias de hoje é ligar o F**da-se!

Embaralhado, agora, mais que antes, me deu uma maldita vontade de comprar o livro só para resolver o mistério, o que acabaria fazendo, caso não contemplasse na lista, outra vez, a mesma palavra. Vi que o sexto da lista também vai pela mesma onda sexual e o título  do livro é “Eu sou foda”, de um tal de Caio Carneiro. (Portanto, temos F*** pra dar e vender numa lista de livros mais do que numa edição do BBBrasil)

Enquanto meditava sobre o que levaria alguém a comprar o livro de um sujeito que se julga foda, sem ser o Messi ou o Cristiano Ronaldo, me deparei, afinal, com outro título da lista, este sim, de enorme valia para o momento de ‘dúvida existencial’ que eu passava. É o terceiro mais vendido, com o título Porque fazemos o que fazemos, de certo Sergio Cortella,  certamente um aparentado de Deus para saber tanta coisa a respeito da gente que nem  mesmo a gente sabe.

Talvez ele conseguisse me explicar, afinal, o que leva marmanjos aparentemente normais a escrever livros com título como esses.

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas, sobre lendas maranhenses

 

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MENTIRAS BRASILEIRÍSSIMAS

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Todo mundo mente em todo lugar do mundo, mas o que distingue a mentiroso brasileiro é que, por ser tão desonesto, consegue enganar a si próprio, passando a acreditar na mentira que ele próprio inventa. E o pior para a verdade é que o mentiroso brasileiro tem uma obsessão: deseja que os outros também acreditem na sua mentira.

Ora, como todo poderoso  tende para a arrogância, deriva-se, como evidente, que a mentira há de imperar neste país: por vocação, por talento e, se isso ainda não for suficiente, por imposição. Haja mentira pra todo lado!, este País se dando ao luxo de se aprimorar nas ‘mentiras fora de série’,   ou seja, as brasileiríssimas: que todos acabam aceitando  como se fossem verdades.

1.Deus é brasileiro.

Pode até ser, mas qual deles? Tem deus que se presta pra tudo neste país, desde para fazer papel de gaiato em discurso de Michel Temer até a aparecer feito guru, um tanto a contragosto,  em música de Roberto Carlos. Já o Deus  único , exclusivo e onipotente esse parece ter corrido há algum tempo desta terra depois que tanta gente não quis mais ser rei e preferiu ser Deus. Primeiro foi Pelé, depois FHC, Lula,  e agora, Neymar que vai fazer vestibular para ser deus na próxima Copa, na boca de Galvão Bueno.

Aparentemente, foram dois os sinais evidentes de que o Deus verdadeiro não queria mais nada com esta Terra: primeiro  o 7 a 1 da Alemanha, depois quando um raio cortou a mão do Cristo Redentor, logo depois. Os vários sinais de sua debandada seguiram, sendo o mais eloquente a presença de um sujeito como Gilmar Mendes no Supremo Tribunal deste país ( outro que se considera Deus). Hoje já não resta mais dúvida: Deus nos disse Adeus.

2.O Brasileiro não é preconceituoso.

Durante muito tempo acreditou=se que o Brasil era um país em que não havia preconceito racial. Tudo ia relativamente bem até que inventaram o tal sistema de cotas, para despertar o “monstro”. Hoje, além do preconceito racial surgiram à tona vários outros, sendo o mais intolerante o que se pratica contra gente honesta. Honesto é mal visto, na escola ( onde sofre bullyng por causa disso); nas reuniões sociais (rejeitado quando pretendente ao sexo oposto, por não ter futuro) nas blitzes da lei seca ( ser honesto é o primeiro passo para ser tratado como bandido) e, principalmente, na política, onde simplesmente não tem vez.

É tanto o preconceito que a ideia de um sistema de cotas para o honesto chegou a ser  idealizado, para evitar tanta discriminação. O problema passou  a ser a formação da banca julgadora. Como encontrar um honesto para descobrir quem seja honesto?

  1. Brasileiro é bom naquilo.

Durante muitos anos o macho brasileiro acreditou piamente nisso, mas parece que se esquecia de perguntar à sua mulher. Novas pesquisas denunciaram que a coisa não é tão boa assim a julgar pelas caixas de pílulas azuis e similares que são consumidas neste país (segundo lugar no mundo) . Como afrodisíaco natural é o que não falta: guaraná, catuaba, açaí, samba, praia, e carnaval, cada vez mais fica evidente que bom nisso é mesmo a fêmea brasileira  até mesmo porque dentro e fora do país ela dá verdadeiro baile, dançando lambada em pé, deitada, e em todas as posições do kama-sutra ( vide Anitta). E ainda sobra para o Pablo Vittar.

[email protected]

 

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

 

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JOSÉ LOUZEIRO, UM ROTEIRO EXEMPLAR

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

Uma das maiores alegrias de minha vida me foi propiciada pelo escritor José Louzeiro, morto na sexta feira passada, quando dele recebi uma pequena carta, quase um bilhete. Dizia: “Um verdadeiro  romance policial. Denso. De suspense. Como um bom roteiro de cinema.”

Referia-se aos originais do meu primeiro romance O Prazer de Matar ( que ,mais tarde, em duas reedições sucessivas no Sul do país recebeu o nome de O oficio de matar suicidas). Até então, nos idos da década de oitenta eu não sabia que aquilo que havia escrito em trinta dias  – na convalescença de uma cirurgia –  daria um livro: um romance ou, muito menos, um policial.

Neste episódio destaca-se um dos mais preciosos atributos do caráter de José Louzeiro: a sua generosidade, expressa de duas formas: no apoio que concedia aos escritores em potencial, nos quais vislumbrava o embrião do talento (a bondade do homem);  ou na incorporação  de personagens sofridos e marginalizados ( a generosidade de sua escrita).

Essa sua magnanimidade haveria, talvez, de atingir seu clímax na criação de seu personagem mais famoso: Pixote, em cujo romance A infância dos Mortos, se desenrola a história de um pivete, sem rumo e sem salvação, que, adaptado ao cinema pelo diretor argentino Hector Babenco ganhou vários  prêmios vindo a se instalar, certamente,  entre os dez melhores filmes já produzidos pela cinematografia brasileira.

 

 

A leitura atenta desse romance permite vislumbrar que o escritor não estava ali criando um personagem e dosando- o para o gosto do público ou das expectativas de mercado, mas sim se transfigurando no mesmo, expondo através dele a sua alma de repórter jornalístico revoltado com as injustiças sociais. José Louzeiro montou sua arquitetura criativa para tornar-se a voz deles todos: De Pixote, a criança excluída;  De Lúcio Flávio, a juventude perdida nas teias dos ideais inalcançáveis  e da menina Araceli ( de Araceli, meu amor)  a adolescente pobre e bonita, triturada por uma corja de “mauricinhos” ricaços, sob a proteção da impunidade.

Essa face da postura intelectual de Louzeiro  o fez desaguar  em um gênero literário muito adequado para  isso: o romance-reportagem , por ele inaugurado no Brasil (que teve, lá fora, com  Truman Capote em A Sangue Frio sua marca mais notável)  e que doou à sua literatura um componente de originalidade para cuja concepção eram necessários justamente esses ingredientes: o fato real, o destino  irremediável e acachapante para os fracos, a denúncia.

Pois foi partindo da realidade nua e crua que José Louzeiro inscreveu sua trajetória romanesca, o que o tornou  um inovador, um dos primeiros cultores do policial no Brasil, esse gênero literário ainda hoje considerado menor pela crítica universitária – o que causa estranheza, justamente numa nação como a nossa, em que tudo acaba em polícia e crime. Seria por isso que José Louzeiro jamais teve um reconhecimento à altura de sua estatura literária, mesmo em sua terra?

Que a memória trazida pelo seu falecimento corrija essa injustiça trazendo novamente seus livros ao alcance das novas gerações,  e que, a reboque dessa necessária reavaliação se faça uma biografia à altura de sua trajetória de lutas e  realizações, plena de valores essenciais para a construção de uma humanidade melhor. Como um roteiro de cinema. Um grande roteiro!

José Ewerton Neto é autor de O ofício de matar suicidas

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