Insônia e Doença Mental

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           É certamente uma das piores queixas que alguém pode apresentar em uma consulta médica o fato de se ter dificuldades de dormir, ter uma noite mal dormida ou um sono atrapalhado. As alterações logo se apresentam no dia seguinte: indisposição geral, cansaço matinal, irritabilidade exagerada, dores de cabeça, indisposição, mau humor e muitos outros sintomas em geral muito desagradáveis. E, se a insônia se sucede estes sintomas se agravam ao ponto das noites se transformarem em “verdadeiros tormentos”.

            Desde a antiguidade clássica que a insônia desperta grandes interesses e curiosidades. Filósofos e médicos como Hipócrates relacionava a insônia a aborrecimento e à tristeza, enquanto Aristóteles tinha mais interesse nos estudos da fisiologia do sono, acreditando que o sono era uma condição necessária para a manutenção da percepção. Desta época pra cá muitos outros estudos sobre o sono foram se desenvolvendo ao ponto de considerá-los atualmente como uma das mais importantes estudos da neurofisiologia e da medicina.

Do ponto de vista funcional os distúrbios do sono são classificados em 04 categorias, estando as insônias na categoria das Dissonias. Que são distúrbios que refletem anormalidades na quantidade, qualidade ou tempo de sono. Neste grupo estão também as hipersônias, narcolepsias, pesadelos, terror noturno, sonambulismo, entre os principais distúrbios.

Entre estes distúrbios a insônia é um dos mais referidos, em torno de 20% dos adultos sendo mais comun entre mulheres. É incomum entre crianças e adolescentes, aparece geralmente no adulto jovem (entre 20 e 30 anos) e se intensifica gradativamente, sendo muito frequente entre os idosos.

Clinicamente temos a insônia primária onde sua prevalência anual gira em torno de 30 a 40% entre os adultos. Em clínicas especializadas em transtornos do sono, aproximadamente 15 a 25% dos indivíduos com insônia crônica recebem o diagnóstico de Insônia Primária. Neste tipo de insônia a queixa principal é a dificuldade para iniciar ou manter o sono, que dura em geral no mínimo 1 mês e causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

Temos ainda insônias secundárias onde a insônia é sintomas de um transtorno médico, psicológico ou social subjacentes: depressões, distress, transtornos de ansiedade, distúrbios ocupacionais, abuso de álcool e de outras drogas, bem como outros transtornos médicos de diferentes naturezas podem também alterar a fisiologia do sono provocando insônias graves.

Clinicamente há três tipos de insônias: insônia inicial, intermediária e a final. A inicial é muito frequente e a que mais comumente aparece como queixa nos consultórios. Nesta a pessoa tem dificuldade de começar a dormir passando horas rolando na cama e o sono não chega. É uma situação angustiante e incomoda demais as pessoas. Esta situação pode estar relacionada a pessoas ansiosas, excessivamente preocupadas que estejam passando por problemas recentes ou são reações iniciais de episódio depressivo.

A insônia intermediaria é aquela em que a pessoa inicia seu sono, porém na madrugada não dorme mais ou fica acordando várias vezes na noite, tendo um sono interrompido fazendo com que no dia seguinte a pessoa tenha a sensação de não ter dormido nada. E por último a insônia terminal na qual a pessoa acorda no raiar do dia e não consegue mais dormir. Este tipo é comum e muito angustiante observdo em paciente portadores de depressões graves.

A evolução dos meios de diagnóstico das insônias e o surgimento de modernos tratamentos farmacológicos e não farmacológicos destes distúrbios vieram ajudar muito o seu tratamento. Em princípio deve-se sempre buscar as causas da insônia seja ela primaria ou secundária, para orientar seu tratamento.  O uso de medicamentos nem sempre é o único recurso e se houver opção por este, deve-se sempre ter muita cautela para evitar que os portadores de insônias não fiquem viciados em hipnóticos.

 

 

 

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