Não estamos perdemos a “guerra para as drogas”

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Cerca de 210 milhões de pessoas em todo o mundo – 4,8 por cento da população entre  15 e 64 anos de idade, consumiu drogas no ano passado. Estes dados das Nações Unidas foi anunciado por seu setor encarregado desse assunto (UNODC), o qual aponta para uma “estabilização” quer do consumo esporádico quer do consumo abusivo. “Contudo, está em alta a procura desenfreada de substâncias fora do controle internacional”, diz o relatório, isto é, drogas que não estão nas listas internacionais de substâncias proscrita para o consumo. Entre essas os canabinóides sintéticos, com efeitos semelhantes aos da “cannabis” natural, também conhecidos por “especiarias”.

“Os ganhos a que assistimos nos mercados de drogas tradicionais estão a ser anulados por uma moda de consumo de “drogas designer” (desenho) ou drogas sintéticas que imitam os efeitos das substâncias ilegais”, afirma o Diretor Executivo da Agência, das Nações Unidas, o Sr. Yuri Fedotov.

Qualquer lado que se vá, aí estarão elas sempre conosco, sejam drogas sintética, semi-sintética ou natural. A busca por drogas é a tônica da sociedade contemporânea onde esse comportamento se inseri entre outros, também contraditórios, impostos pelos novos  tempos e paradigmas que estamos inventando para vivermos.

Se formos atrás das causas desse consumo compulsivo, teríamos muitas dificuldades para identificá-las pois uma das caraterísticas desse fenômeno é ter natureza multicausal, onde diferentes fatores pessoais, sociais e transculturais, irão exercer um papel importante na gênesis desses problemas.

Vejam. Nesta semana foram anunciados pela grande mídia a presença no solo brasileiro de duas outras drogas com caraterísticas psicoativas deletérias e que já se encontram na lista de substâncias proibidas da ANVISA, são a metilona e a 25i. Ambas as substâncias são deglutidas, alcançam o cérebro de forma muito rápida e apresentam efeitos comportamentais imediatos. Essas ações poderosas no cérebro pode inclusive provocar óbitos facilmente, segundo os toxicologistas.

A primeira delas, a metilona se assemelha à Dietilamida do Ácido Lisérgico – LSD, substância alucinogênica ( induz a alucinação)  e deliriogência (induz a delírios) ocasionando surto psicóticos agudos que evolui de forma dramática para muitas doenças mentais.

A outra, denominada de 25i, ainda desconhecida, parece com o Ecstasy, uma metanfetamina. Entre os efeitos da primeira, destaca-se a sensação de “despersonalização” que como o próprio nome diz, os usuários se desorientam quanto a si mesmos. Perdem sua identidade temporariamente ficando a mercê da própria sorte. Esse é um sintoma muito grave que em alguns casos pode ocorrer mesmo que a pessoa deixe de usar a droga.

A outra droga se assemelha ao ecstasy, uma metanfetamina. É denominada de 25I-NBOMe conhecida como 25i. Entre os sintomas que mais chama a atenção nesse produto é o comportamento extremamente violento que o usuário apresenta quando as coisas não estão saindo à contento.

Segundo informações da Polícia Federal, são drogas por demais conhecidas em alguns países. No Brasil, a metilona já foi encontrada em São Paulo e também no Rio Grande do Norte. A 25I, em São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso e segundo a própria Polícia as drogas são sintetizadas na Índia e na China. Mas o caminho obrigatório para vir para o Brasil é via Europa. Eram drogas, até bem pouco tempo, vendidas livremente na internet. Seus consumidores são jovens de classe média alta que as utilizam.

Nos Estados Unidos as duas drogas mataram pelo menos 19 pessoas no ano passado e lá,  como aqui, já foram proscritas. A metilona foi proibida nos Estados Unidos em abril do ano passado. A 25I, há apenas três meses. Reino Unido e Dinamarca também baniram as duas.  Outros países, como Rússia, Israel e Canadá, proibiram pelo menos uma delas.

Um fato digno de nota é que somente em 2014, mais de 30 drogas desconhecidas foram levadas para análise no Instituto Nacional de Criminalística, no Distrito Federal, demonstrando a corrida frenética por drogas de todos os tipos, como dissemos acima, para o consumo abusivo. Acorrida entre oferta de novas drogas e a procura das mesmas é tão intensa que “todas as novas drogas sintéticas e semissintéticas que chegam no território nacional deveriam ser inseridas imediatamente, após a apreensão em situação de crime naturalmente, em uma lista que vai caracterizá-las como drogas proscritas, proibidas”, diz Carlos Antônio de Oliveira, da Associação Nacional dos Peritos Criminais.

A luta, às vezes, parece desigual, nos dando uma “sensação de desalento angustiante” ou como dizem alguns, “perdemos a guerra para as  drogas”. Ocorre, que esses não entendem que a guerra que estamos enfrentando não é “conta as drogas”, pois essas não guerreiam, é sim contra um estado desorganizado que não dispõe de política pública eficiente sobre esse tema, contra um estado desigual, injusto, incompetente, contra uma organização criminosa cada vez mais poderosa que nos ameaça a todos, é contra um ser humano autofágico e desorientado na vida, que não  sabe sobre seu rumo. Essa é a guerra que teremos que enfrentar. As drogas em si não nos ameaçam, até porque não podem fazê-lo, embora todas elas tem um poder de nos destruir, mas o que está em “jogo é seu uso” e é sobre isso que temos que guerrear e lutar sempre.

 

2 comentários para "Não estamos perdemos a “guerra para as drogas”"


  1. Valdirene Silva Ferreira Mourao

    Muito rico esse assunto!! Parabéns

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