Consumo de Álcool e Depressão na Gravidez

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Ruy Palhano Silva

Psiquiatra

Ao longo de 2010 publiquei alguns artigos neste Jornal demonstrando que o consumo de álcool na gestação é uma das condições que mais causam problemas de saúde a mãe e ao feto e um dos que mais tem merecido a atenção dos investigadores. Um destes problema psicofisiológicos ocasionados pelo consumo de álcool na gravidez  é o denominado de Síndrome Fetal Alcoólica – SAF, condição grave neuropsicológica que afeta o comportamento, o desenvolvimento neuromotor e psicossocial do bebe em desenvolvimento.

Em outro artigo tratei da depressão pós-parto uma condição médica relevante não menos grave e razoavelmente frequente neste momento da vida das mulheres. Essa situação que se revela, entre outras coisas, por uma aversão inexplicável da mãe pelo seu filho em uma ocasião em que normalmente todas as mulheres o que mais querem é estar junto com seus filhos, por isto mesmo se sentem muito deprimidas ao ponto de apresentarem entre outras coisas, idéias suicidas. 

            Atualmente muitos estudos têm revelado outro fato clínico também muitíssimo importante, qual seja episódios depressivos no curso da gestação, entre consumidoras de álcool. Fenômeno diferente da depressão pós- parto, pois nesta condição o consumo de álcool pode ou não estar presente. Os estudos revelam que existe uma associação direta entre o surgimento de sintomas depressivos na gravidez e no pós-parto associados ao aumento de ingestão de bebidas alcoólicas.

            As mulheres mais vulneráveis são as que bebem pelo menos uma vez em binge (beber em binge é caracterizado pela ingestão de cinco ou mais doses alcoólicas em uma única ocasião) e como se sabe uma dose de bebida alcoólica contém 12 gramas de álcool puro. “Uma lata de cerveja, por exemplo, contém uma dose de álcool”.

Estudo mostra que mulheres que bebem ao longo dos 09 meses de gestação em does até 163,7 gramas de álcool que corresponderia a algo em torno de 14 doses de bebidas neste período estão mais sujeitas a apresentarem quadros de depressão em torno de 20% e 14,7% se mostram deprimidas no pós-parto.

Clinicamente as pacientes apresentam os sintomas clássicos da depressão: tristeza acentuada, desânimo, desinteresse apatia retraimento social e anedonia, caracterizada pela perda de interesse e prazer sobre o que faz. Alterações de apetite e de sono, cansaço excessivo, falta de energia e dificuldades de concentração e na memória fazem parte do grupo de sintomas secundários. Há quadros graves onde as gestantes apresentam episódios de depressão com tendência suicida. Portanto o melhor mesmo é não beber na gestação.

 

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