O cérebro cansado

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Muitos problemas de saúde mental que adquirimos no dia a dia advém do fato de não respeitarmos nossas necessidades vitais, uma delas é o repouso. Há pessoas que se vangloriam de trabalhar muito, de não terem folga, de não ter tempo pra nada, de não repousarem,  de não tirar férias como se isto fosse algo vantajoso ou algo de muito valor para elas. O contingente de pessoas que se encontram com esse estilo de vida é cada vez maior, ao ponto dos ergonomistas terem cunhado o terno workaholics (viciados em trabalho) para designá-los.

Os estudos sobre o trabalho excessivo e o impacto disso em nossa saúde mental vem crescendo muito e esses vem demonstrando que é uma tremenda ilusão se trabalhar exageradamente em nome de qualquer coisa. Essa prática é insalubre e corresponde a uma espécie de castigo auto imposto, em que tais pessoas estão de fato fazendo muito mal para si mesmos. Nos últimos anos, a higiene mental e a neurociência vem demonstrando que o “ócio” recarrega a bateria e refaz uma séries enormes de percas adquiridas pelo excesso de trabalho. O cérebro semelhantemente ao corpo e os músculos precisa de repouso e de descanso. Muitas empresas hoje no mundo já incorporaram a noção de entremear horas de lazer e horas de trabalho entre seus colaboradores, por perceberem que os mesmos produzem mais e melhor.

A chamada estafa mental é uma condição muito ruim do ponto de vista neurofuncional ou neurofisiológico. É a fase final de um mecanismo de neuroadaptação que o sujeito se impõe como resultado de atividades exageradas. O organismo, sabiamente, se encarregará  de denunciar estes abusos antes de o indivíduo entrar em um estado de falência total por estafa mental. Nestas condições o sujeito apresenta muitas queixas físicas e psicológicas, sendo o cansaço um dos sintomas mais importantes, onde a pessoa parece mesmo que não consegui mais pensar e nem fazer nada. É como se nosso cérebro estivesse exausto, bloqueado e parou total. Nem dormir conseguem.

O neurocirurgião do Hospital das Clínicas de SP, Dr. Fernando Gomes Pinto, explica que quando os lobos frontais, regiões muito importantes de nossa vida mental, são usados em excesso eles entram em processo de esgotamento e exaustão então é preciso parar, relaxar e descansá-los. Muitas funções que são regidas por essas regiões do cérebro se alteram em razão do cansaço, pois sabemos que semelhante ao que ocorre com o lado físico, o mental também precisa de ócio e repouso.

Os sintomas mais frequentes que observamos entre as pessoas que trabalham excessivamente e que não repousam, são: fortes dores de cabeça, tonturas, tremores, falta de ar, oscilações de humor, distúrbios do sono, dificuldade de concentração e até problemas digestivos.  Referem ainda perda de memória, inquietação, dificuldade na concentração e déficit de atenção e aprendizagem, quando o cérebro atinge a estafa é porque não estamos conseguindo dividir nossa atenção para todos os pontos. “Funciona mais ou menos como uma estrela em que todas as pontas precisam ser iguais. É muito importante expandir e equilibrar a vida pessoal, emocional, conjugal, financeira, familiar, profissional e sobre tudo separar um tempo para o lazer. E essa equação tem que ser diária”, exemplifica o neurocirurgião.

Outros estudos mostram que o cérebro não consegue raciocinar e se concentrar 100% do tempo, demonstrando que é preciso manter algumas horas do dia sem pensar no trabalho, sem fazer contas e sem se preocupar com qualquer coisa.

A estafa mental além de comprometer o desempenho na rotina diária, especialmente quanto a produtividade e a qualidade do que se faz, muitas outras doenças mentais e físicas podem ser desencadeadas por ela: depressão, hipertensão, fobias, ansiedade e até problemas cardíacos e gástricos. Esses e outros males modernos muitas vezes são frutos das alterações do sistema nervoso central que ocorrem em função do excesso de responsabilidades e tensões acumuladas que provocam um desgaste metabólico e mental muito grande.

Outro grave equívoco, que já esta estabelecido em nossa sociedade e em nossa cultura, é pensarmos que relaxar é beber muito, é se embriagar, é passar noites seguidas em festa, é exagerar em atividades físicas ou mesmo em dietas. Todas estas atividades são muito importantes e já fazem parte do nosso calendário de atividades sociais só, que pra que tudo isso tenha um sentido saudável, relaxante ou antiestafa,  tem que ser praticadas com moderação. O exagero e o excesso nunca serviu para equalizar nossa vida, muito menos para promover e garantir nossa saúde física e mental.

Diante de tudo isso o que recomendamos é que essas pessoas estafadas do ponto de vista laborativo, que estão doentes e não sabem, mudem seu estilo de vida.  Os especialistas recomendam uma série de medidas, entre estas: dieta equilibrada, uso moderado de álcool, exercícios regulares de acordo com a disposição física e a manutenção do equilíbrio emocional para controlar o estresse. Reabilitação fisioterápica e condicionamento físico são fundamentais para a manutenção da atividade física e profissional. Nem só de trabalho vive o homem.

 

 

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