Tratamento não-farmacológico do alcoolismo

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Em artigo anterior, publicado nesse Jornal, abordei o tratamento farmacológico do alcoolismo e chamava-lhes a atenção para dois aspectos importantes sobre esse assunto: a importância dos medicamentos atuais no tratamento da enfermidade alcoólica, considerando que esses fármacos, interferem, eficazmente, na compulsão do consumo do álcool, reduzindo, de forma drástica, essa compulsão, levando esses doentes a pararem ou a diminuírem a ingesta de bebidas. E, que, o tratamento farmacológico é um recurso a mais, no conjunto das medidas que podem utilizadas no tratamento do alcoolismo, pois só essa abordagem, isoladamente, não seria o mais recomendado.

Nesse artigo, tratarei de outros tratamentos ditos não-farmacológicos do alcoolismo, recursos tão importantes quanto os primeiros, na abordagem dessa doença. Esses outros tratamentos, são recomendados em razão da alta complexidade da doença alcoólica e dos inúmeros problemas médicos, psicossociais e comportamentais, relacionados a ela, exigindo, por isso mesmo, múltiplas abordagens.

Esses tratamentos, são: AA e grupos de autoajuda (Modelo Minnesotta); Entrevista Motivacional e estágios de mudanças; Terapia Breve e técnicas de moderação; Prevenção de Recaída; Terapia de família e Psicoterapia de dependência química.

Alcoólicos Anônimos – AA, é uma irmandade de homens e mulheres alcoólicos, que se reúnem sistematicamente, em determinados lugares da comunidade e nessas reuniões compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver problemas comuns e ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo. O AA é uma das mais importantes instituições de autoajuda que existe na face da terra e tem prestado um serviço altamente valioso na recuperação de milhares de enfermos alcoólicos.

O AA foi fundado em 1935, em Akron, Ohio, EUA, portanto há 83 anos. E daí se espalhou pelo mundo. O único requisito para se tornar membro do AA é o desejo de parar de beber. Seu propósito primordial é manter seus membros sóbrios e ajudar outros dependentes de álcool a alcançarem a sobriedade. No Maranhão, o AA, foi fundado em 03 de janeiro de 1957, portanto, hoje com 61 anos e com dezenas de grupos aqui na ilha e em outros municípios do estado, presta excelentes serviços na recuperação de alcoólatras de nossa sociedade. Dezenas de municípios do estado dispões de grupos de AA. O contato da Central de Serviços é 3222 40 50.

Entrevista Motivacional e Estágios de Mudança. Outra modalidade importante no tratamento e na reabilitação de dependentes de álcool. É uma intervenção terapêutica que visa ajudar as pessoas a reconhecerem e modificarem seus comportamentos, aqui no caso o alcoolismo. São técnicas especializadas que visam mudar comportamentos e os conflitos, envolvendo a necessidade de mudança no estilo de vida dos dependentes.

Essa intervenção pode ser utilizada no tratamento de diversos problema, além da dependência química, e em todas as ocasiões, exige-se a disposição de mudar (motivação), e tratar das ambivalências comportamentais, além de exigir mudança de comportamento, como no caso de transtornos alimentares, do jogo patológico, de dependência de álcool e outras drogas, e até mesmo em comportamentos não-patológicos com o objetivo de promover a saúde mental.

A Entrevista Motivacional (EM) é uma intervenção terapêutica individualizada e busca aumentar a adesão ao tratamento dos paciente. Busca também, promover as mudanças necessárias para o enfrentamento do comportamento-problema e manter a pessoa mais segura na nova situação. Além do mais, a EM, também se orienta no sentido de evitar as recaídas tão frequentes entre esses enfermos.

Terapia Breve e técnicas de moderação. Outra técnica importante no manejo terapêutico do alcoolismo. Apresenta resultados terapêuticos bastante eficazes através de sessões realizadas em tempo curto, ocorre um atendimento semanal. São muito eficazes, dirigidas e focadas no enfrentamento do problema da pessoa e apresenta melhoras significativas já nos primeiros meses de tratamento. A técnica exige uma participação ativa do paciente e do terapeuta e trabalha a motivação de mudanças do paciente. Essa técnica não é específica para tratamento só do alcoolismo e de outras drogas, podendo, portanto, ser aplicada para o tratamento de outras condições psicopatológicas.

               Prevenção de Recaída. Trata-se de uma técnica desenvolvida nos anos de 80 e corresponde a uma das mais importantes abordagens que podemos oferecer aos enfermos dependentes de álcool e de outras drogas. O alcoolismo e a dependência química em geral são transtornos graves, de evolução lenta, crônica e recidivante. Isso é, o paciente alcoólico, não pode se dá ao luxo de beber depois que faz um tratamento e se recupera, devido a alta possiblidade de recaírem, ao voltarem a beber. Essa técnica, bem aplicada e de forma competente, impedi que isso ocorra, mantendo o enfermo abstinente e sóbrio.

               Terapia de família. A dependência química e o alcoolismo, em particular. é certamente, uma das doenças mentais que mais têm impacto na relação e na saúde familiar. Famílias de alcoólicos, sofrem tanto ou mais que os próprios enfermos. Filhos, esposos, maridos, ninguém escada. O sofrimento é geral e isso torna essas famílias muito vulneráveis ao desenvolvimento de muitas doenças afetivas, emocionais e comportamentais, não só ocasionada pelo comportamento idiossincrásico direto do parente enfermo, como também, por não saberem como lidar com os mesmos. Não raro, familiares de alcoólatras precisam de tratamento em razão desses problemas. A Terapia Familiar, portanto, é esse recurso destinado a tratar familiares desses enfermos. Apresenta resultado muito satisfatórios.

A Psicoterapia da dependência química, formalmente, é um outro recurso importante na abordagem desses enfermos dependentes de álcool e outras drogas. A técnica mais recomendada, atualmente, é a Terapia Cognitivo-Comportamental – TCC, muito embora, outras abordagens possam ser recomendadas. Essa técnica corresponde a um conjunto de recursos psicoterapêuticos aplicado aos enfermos, visando a mudar seu comportamento dependente. A técnica, busca a reestruturação cognitiva, a partir de uma conceituação cognitiva do paciente e de seus problemas, com vistas ás possíveis mudanças. Terapeuta e paciente têm papéis relevantes no desenvolvimento do processo de recuperação. A técnica tem um tempo previsto de tratamento, meio e fim.

 

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