Dor de cotovelo

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vanessa da mata

Muita gente torce a boca (escritores em especial) para quem tendo se sobressaído numa carreira anterior, envereda pela literatura. Alguns exemplos são Chico Buarque, José Sarney e, mais recentemente, Vanessa da Mata (a cantora e compositora estreou com o romance A filha das flores, pela Companhia das Letras), e a roqueira Rita Lee, que neste final de ano lançou pela mesma editora o livro Storynhas, obra que traz minicontos da cantora extraídos do seu perfil no Twitter com desenhos do cartunista Laerte.
Parece que a ideia é mais ou menos a seguinte: fazer sucesso com livros é um tanto escandaloso quando a carreira literária for alavancada pelo sucesso pré-existente na política, na música ou seja lá no que for. E que a literatura é um panteão sagrado, para o qual só podem convergir suprassumos que passam dois terços da vida em cima de um teclado de computador e o restante lendo os clássicos no original.
Tudo bem, pode ser duro, depois de tanto investimento, nenhum título respeitoso ou prêmio relevante, dar de cara com um romance de Vanessa da Mata nas estantes das livrarias, ou engolir o Jabuti de um Chico Buarque. Porém, ao contrário da Medicina, da Engenharia e demais profissões, ninguém precisa de diplomas para produzir arte, seja quadros, poesias ou romances. Como diz o amigo Geraldo Iensen, autor dos ótimos Sêpsis, O legado de Torres e Um cachorro, um vinho, uma herança e um samba: qualquer pessoa que tenha um razoável domínio da língua e empregando algum esforço, pode muito bem dar conta de escrever um romance. E se podem, e querem, porque não escrever? Tudo o mais me parece dor de cotovelo.

2 comentários para "Dor de cotovelo"


  1. Renata Ribeiro

    E o que você achou do livro? Era isso que eu estava curiosa para saber 🙂 pretendo lê-lo, mas estou com um pouco de preconceito, confesso rs…

    • wilsonmarques

      Ainda fico com as músicas, Renata. Mas pode ser dor de cotovelo.

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