Futebol: emoção também nas páginas dos livros

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livro futbol

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para quem tem interesse em conhecer com boa gama de detalhes a história dos primeiros anos do futebol maranhense, Terra, Grama e Paralelepípedos, do historiador Claunísio Amorim Carvalho (Café & Lápis, 2009) é obra fundamental. O livro, cujo conteúdo é a tese de monografia do autor, convida os leitores a um enriquecedor passeio pelo tempo, lá pelos idos de 1906 a 1930, quando os populares, apontados como responsáveis pelo atraso do Maranhão, eram excluídos da prática desse esporte. Mas os preconceitos e a exclusão social felizmente arrefeceram e o futebol, como é sabido, se popularizou. Os chamados times de elite de então, a exemplo do poderoso Luso Brasileiro, passaram a fazer parte da história e deram lugar a escretes como o Sampaio Corrêa, surgido nesta época como um humilde time de periferia e que rapidamente conquistou projeção, transformando-se num dos maiores clubes de futebol do Maranhão. Ler Terra, Grama e Paralelepípedos, com suas análises lúcidas de cunho social, resgates de figuras emblemáticas como Nhozinho Santos, introdutor do esporte no Estado, além de episódios fascinantes envolvendo o esporte por aqui, é tão emocionante quanto a assistir a uma boa partida de futebol.

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História do Sampaio Corrêa em cordel (continuação)

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Charge do grande Cabral, marcando em O Estado do Maranhão mais uma vitória do Sampaio sobre o MAC

 

No ano seguinte o Sampaio

Foi de novo campeão,

Outra vez sem perder um

Jogo da competição,

Foi aquele um feito inédito

Do esporte no Maranhão.

 

Nesse torneio que entrou

Para a história dos gramados,

Um feito impressionante

De um certo Durval Broxado,

Que marcou quatorze gols

Num só jogo disputado.

 

Seu apelido era Mascote,

Craque de pernas ligeiras,

No final, por vinte a zero,

O oponente levou peia,

Com essa o Santos Dumont

Pendurou suas chuteiras.

 

Veio em 72 (1972)

A grande consagração,

Quando o Tricolor tornou-se

Valoroso campeão

Do certame brasileiro

Da segunda divisão.

 

A taça foi decidida

Num super jogão de bola.

Contra o escrete Campinense,

O Sampaio entrou de sola,

Jogando melhor, a Bolívia,

Pôs a taça na sacola.

 

Na década de oitenta

Novas glorias conquistou,

Cinco títulos seguidos

Daqueles que disputou,

E assim, no Maranhense,

Penta ele se tornou.

 

Não ganhou em 89,

Mas não veio a dar piti,

De noventa a nove dois,

Quando o juiz fez priiii!,

O Sapaio, com bravura,

Acabou virando tri.

 

Depois, em 97,

Foi bonito de ser ver,

Partiu para o brasileiro

Com um time bom como que,

E terminou como o grande

Campeão da Série C.

 

Setenta mil torcedores

Assistiram à decisão

Em um jogo disputado

No estádio Castelão,

O timão bateu o Francana

Em meio ao meior festão.

 

Todos sabem que no estado,

Esse time de escol,

Foi único a disputar,

No esporte futebol,

Um campeonato estrageiro,

Jogando no Comembol.

 

No ano 2010

Após jejum prolongado

O Sampaio, outra vez,

Saía golorificado,

Do certame maranhense

Foi o primeiro, isolado.

 

Ano seguinte mais uma

Do time predestinado,

Foi primeiro do torneio

De um modo antecipado,

Ganhando a competição

Antes de ter terminado.

 

No ano 2012

Veio nova premiação,

Mais uma vez o Sampaio

Pra alegria do povão,

Deu duas tacas no MAC,

E virou tri-campeão.

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Uma história do Sampaio Corrêa em cordel

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sampa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Neste ano de conquistas e justas homenagens ao Sampaio Corrêa, incluo este cordel (parcialmente publicado no blog), que conta em versos a trajetória da Bolívia Querida. Que venha um ano de conquistas para o futebol maranhense e muitas alegrias para os nossos milhares de torcedores.

BOLÍVIA QUERIDA: A HISTÓRIA DO SAMPAIO CORRÊA EM CORDEL

Nestes versos conto a história
De um time campeão,
Alegria da torcida,
Orgulho do Maranhão,
Seu nome, Sampaio Corrêa,
Seu mascote, um tubarão.

O time das multidões
Em vinte e três foi fundado(1923)
Por um grupo de esportistas
No bairro do Lira chamado,
Começou humildemente,
Mas logo seria afamado.

Na sua primeira fase
Com muita raça e ousadia,
O Tricolor foi fazendo
Uma grande freguesia
Surrando sem piedade
Clubes da periferia.

Finalmente, certo dia,
Chamou p’rum desafiado
O tal Luso Brasileiro,
Time de endinheirado,
Na época o campeão
De futebol no estado.

Enquanto o Luso era
Um time de condição,
O Sampaio era um escrete
De povo pobre, sem chão,
Sua torcida era humilde,
Só de gente do povão.

Enquanto os atletas Lusos
Tinham nomes de estola,
Vandick, Guilhon, Negreiros…
Do Sampaio, a corriola,
Tinha Zezico, Mundico,
Zé Ratinho e Chico Bola.

Mesmo assim pro time chique
Foi negativo o placar,
O tricolor bateu o Luso,
Que não gostou de apanhar,
E implorando por revanche
Jogou outra vez, sem ganhar.

Com isso a fama do Luso
Aos poucos se escafedeu,
Enquanto a do Sampaio
Rapidamente cresceu,
O Tricolor merecia
Conquistar seu apogeu.

São três dezenas de títulos
No Estadual conquistados,
Nem precisa ser adivinho,
Pra saber, adiantado,
Que a Bolívia ganhará,
Mais torneios disputados.

Uma curiosidade
Na história do timão:
O seu nome é o mesmo
De um hidroavião
Que um dia fez um pouso
Na ilha do Maranhão.

Verde, vermelho e amarelo,
Lê-se na historiografia,
Eram as cores que os pilotos
Vestiam naquele dia,
Por isso foram escolhidas,
Pra estampar a camisaria.

Em 26 veio o primeiro (1926)
Titulo de campeão.
Era do Tricolor
Naquela competição
Chamada “Torneio Início”,
A primeira posição.

Mas foi só em 33 (1933)
Que o Sampaio, magistral,
Conquistou de forma invicta
Seu primeiro estadual,
Oito jogos disputados,
Só vitórias no total.

Aquele era o começo
De uma grande coleção
De títulos estaduais
Que não tem comparação,
Por aqui não tem mais time
Tantas vezes campeão.

Em breve mais versos da História do Sampaio em cordel.

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Profissão de escritor no Brasil é patética

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joao

Ser escritor no Brasil é a mais patética de todas as profissões. Não sou eu que estou dizendo. Foi o The New York Times que disse. Segundo o jornal, em reportagem publicada recentemente em seu site, mesmo participando de diversos encontros literários em países como Alemanha, Suécia e Itália, a carreira é desprezada no País. O texto adverte ainda que caso visitem o Brasil, é sensato autores de livros não declararem o ofício, pois as pessoas irão rir e ainda questionar sobre o que de fato ele faz para sobreviver. Em tempo: o episódio me fez lembrar uma historinha, que não sei se é verdade ou lenda, envolvendo João Ubaldo Ribeiro. Conta-se que um dia uma empregada doméstica do autor de Viva o povo brasileiro, vendo o patrão dia após dia em frente ao teclado da máquina de escrever (a história é das antigas), teria perguntado: Mas diga, seu João, em que o senhor trabalha mesmo?
Ainda que melindrado (a verdade dói!) e achando que a autora do texto (jornalista Vanessa Bárbara) comete um exagero sugerindo que escritores em visita ao Brasil possam ser alvo de galhofa caso declarem seu ofício, concordo em larga medida com o que diz o jornal. A profissão de escritor no Brasil chega mesmo a ser patética (ainda que o ato de escrever não o seja). Porém, mais patético ainda é conviver com a falta de escolas, com a desvalorização dos professores, com bibliotecas de acervos sofríveis e com nossas crianças e jovens, a quem é roubada a oportunidade de ser leitor, sendo cooptados, entre outros males, pelo crime organizado.

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Obama e o Capeta

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O assunto deve ter sido no mínimo tema de conversa durante a ceia de Natal entre os familiares do presidente americano. Inspirada no Livro Sagrado, a série The Bible transformou-se em fenômeno de audiência nos Estados Unidos. E, ao que parece, conta com um aditivo especial para alavancar os números ainda mais. Um dos principais personagens da história (no caso Satã), interpretado pelo ator Mohamen Mehdi Ouazanni, ficou, como diria minha avó, cuspido e escarrado a cara de Barack Obama. A confusão talvez pudesse ter ficado por isso mesmo, mas sempre tem um espírito de porco pra colocar lenha na fogueira. Glenn Beck, apresentador de rádio e TV conhecido por suas opiniões cristãs e que se refere ao presidente como “Aquele Cara”, lançou no Twitter a comparação fotográfica seguida da pergunta: ”Alguém mais pensa que o Diabo em The Bible se parece com Aquele Cara?”. Os norte-americanos levantaram o indicador e, como esperava Glenn Beck, a coisa pegou fogo.
sata-e-obama

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Dor de cotovelo

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vanessa da mata

Muita gente torce a boca (escritores em especial) para quem tendo se sobressaído numa carreira anterior, envereda pela literatura. Alguns exemplos são Chico Buarque, José Sarney e, mais recentemente, Vanessa da Mata (a cantora e compositora estreou com o romance A filha das flores, pela Companhia das Letras), e a roqueira Rita Lee, que neste final de ano lançou pela mesma editora o livro Storynhas, obra que traz minicontos da cantora extraídos do seu perfil no Twitter com desenhos do cartunista Laerte.
Parece que a ideia é mais ou menos a seguinte: fazer sucesso com livros é um tanto escandaloso quando a carreira literária for alavancada pelo sucesso pré-existente na política, na música ou seja lá no que for. E que a literatura é um panteão sagrado, para o qual só podem convergir suprassumos que passam dois terços da vida em cima de um teclado de computador e o restante lendo os clássicos no original.
Tudo bem, pode ser duro, depois de tanto investimento, nenhum título respeitoso ou prêmio relevante, dar de cara com um romance de Vanessa da Mata nas estantes das livrarias, ou engolir o Jabuti de um Chico Buarque. Porém, ao contrário da Medicina, da Engenharia e demais profissões, ninguém precisa de diplomas para produzir arte, seja quadros, poesias ou romances. Como diz o amigo Geraldo Iensen, autor dos ótimos Sêpsis, O legado de Torres e Um cachorro, um vinho, uma herança e um samba: qualquer pessoa que tenha um razoável domínio da língua e empregando algum esforço, pode muito bem dar conta de escrever um romance. E se podem, e querem, porque não escrever? Tudo o mais me parece dor de cotovelo.

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Os contos africanos favoritos de Mandela

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mandela

Uma dica: além das diversas biografias sobre o grande líder , vale a pena ler Meus Contos Africanos, obra que reune histórias tradicionais da África escolhidas por Mandela. Publicado pela Martins Fontes alguns anos atrás, o livro tem 156 páginas e tradução de Luciana Garcia.

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Os crimes que a revisão comete

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setw

Outro dia tive a grata satisfação de dar de cara com um livro de pesquisa interessantíssimo sobre cordel. Seu autor é Ribamar Lopes, maranhense de Pedreiras, e Sete Temas de cordel o título da obra que trata, como o título indica, do estudo de alguns temas recorrentes na poesia popular, entre eles Mulher, Diabo e Cachaça.
Por vários motivos o livro, publicado através do Plano Editorial Secma de 1993, me chamou a atenção. Cito dois: o primeiro, por ser de alguém natural do Maranhão, estado sem forte tradição (ou sem tradição alguma) na produção dessa linha de poesia popular e, muito menos, na produção de pesquisa acadêmica sobre o assunto. O segundo, por conta de uma historinha de fundo envolvendo a confecção do referido livro.
Reza a lenda que a revisão, esmerada em dar o merecido lustro ao trabalho de Ribamar Lopes, tirou vírgula daqui, colocou ponto ali, e convicta de que havia dado o melhor de si, mandou os originais para a impressão. Resultado: quando recebeu os livros, Lopes quase cai de costas com o que ele achou uma completa heresia perpetrada contra os versos contidos no trabalho, que agora escritos de forma “correta”, perdiam muito das nuances, ritmos e sutilezas inerentes à poesia cordelística.
Furioso, Ribamar Lopes não aceitou os volumes a que tinha direito. E apenas por sorte (alguém decidiu que o melhor seria preservar o lote), a tiragem não foi parar na fogueira, como o autor certamente queria.
Seguem uns versos do inspirado poeta Afonso Nunes Vieira (com o esmero da revisão) sobre um dos temas tratados no livro, no caso, a mulher:

A mulher é como a joia:
tem seu valor garantido.
Desde que o mundo foi feito
assim ficou definido.
Dos vivos que tem a terra
ela é o ser mais querido.

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Violonista João Pedro Borges ganha biografia

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capajoaopedroSerá lançado dia 17, na Escola de Música do Maranhão, na Praia Grande, a partir das 18h, a biografia João Pedro Borges: violonista por excelência. Publicada pela Clara Editora, a obra traz a público a rica trajetória artística do violonista maranhense João Pedro Borges, o Sinhô, escrita pelo jornalista Wilson Marques. João Pedro Borges: violonista por excelência é o primeiro volume da série Perfis Maranhenses, que tem por objetivo compartilhar com os leitores, por meio de textos leves e acessíveis, a história de vida e, sobretudo, profissional, de personagens cujas produções tenham se mostrado significativas para a cultura do estado.

No caso de João Pedro Borges a homenagem é mais do que justa. Artista talentoso, João Pedro deixou São Luís ainda muito jovem para estudar no Rio de Janeiro. Ali, construiu uma sólida amizade com outra fera da música maranhense e nacional, o também violonista Turíbio Santos, e rapidamente envolveu-se com a nata do movimento da música instrumental carioca. João Pedro foi produtor musical. Participou de capítulos fundamentais da música no país, a exemplo do fenômeno conhecido como Camerata Carioca. Viajou o país inteiro pelo Projeto Pixinguinha e levou a música brasileira a outras paragens, aterrissando, por exemplo, nos Estados Unidos ao lado de outros grandes nomes, para um inesquecível espetáculo no Carnegie Hall.

Sentindo-se impelido a alçar novos voos, João Pedro lançou-se numa carreira internacional. Antes, ele já havia tido uma permanência no Senegal, na África, onde assumiu as funções de professor de violão no Conservatório de Música e Arte Dramática de Dakar. Agora, seu pouso seria a França, onde permaneceu, ininterruptamente, por cerca de dois anos, voltando em seguida àquele país para espetáculos ocasionais.

Olhos e coração voltados para São Luís

Artista do Brasil e do mundo, João Pedro não esqueceu, no entanto, sua terra natal. Pelo contrário, sempre que foi possível, se fez presente em São Luís para oferecer sua contribuição, mais marcadamente como o professor que sempre foi. Em 1974, regressando do continente africano, o músico instalou-se na capital para ensinar violão na então recém-criada Escola de Música da Fundação Cultural do Maranhão, mais tarde Escola de Música Lilah Lisboa. Desempenhando um papel vital no desenvolvimento musical das novas gerações da época, ele foi decisivo na formação de artistas como Josias Sobrinho, Giordano Mochel, César Teixeira, Sérgio Habibe, entre outros, que iriam ser os protagonistas de uma verdadeira revolução musical da qual emergiria a moderna música maranhense. Segundo Sérgio Habibe, “João Pedro lapidou esses artistas musicalmente, abrindo a cabeça da gente para a importância do estudo e do conhecimento”.

Foi ainda resultado de um esforço seu e da decisão política do então prefeito de São Luís, Tadeu Palácio, a criação da Escola Municipal de Música, um belo projeto baseado não apenas na importância da disseminação de uma cultura musical entre os jovens, mas também na oferta de oportunidades e inclusão social.

Aventurando-se em mais um voo de longo curso, em 2009 João Pedro cruzou o Brasil de ponta a ponta fazendo dupla com o violonista Daniel Wolff pelo programa Sonora Brasil, do SESC, que teve como tema O violão brasileiro. Aliás, no repertório que apresentou, João Pedro (violonista que respeita o clássico e ao mesmo tempo tem um domínio profundo do popular, nas palavras de Turíbio Santos), teve a oportunidade de mais uma vez levar a público peças dessa outra vertente em que ele transita tão bem: a da música popular brasileira. E que certamente o fizeram viajar no tempo para quando, na sua adolescência, tomou aulas memoráveis com um mítico violonista maranhense chamado Custodinho.

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Servido o Café do Tempo, de José Maria Medeiros, e O fuuro tem o coração antigo, de Celso Borges

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borgesConhecido por capitanear, na Praia Grande, a já tradicional A Vida é uma festa, o poeta José Maria Medeiros está de livro novo na praça. Trata-se de Café do Tempo, obra apresentada pelos também poetas Celso Borges e Marcelo Chalvinski, que a respeito do trabalho escreveu: Café do Tempo é, simultaneamente, o fogão à lenha e a música de Waldik Soriano. Os óculos Ray-Ban e as trempes da memória. As emoções sublunares e toda filosofia contida naquilo que Neal Cassady chamava de Primeiro Terço, posta à mesa, num desjejum beatnik-tupiniquin.  E falando em Celso Borges, o poeta também está de livro novo. Produzido com apoio da Lei de Incentivo à Cultura do Maranhão, O futuro tem o coração antigo é uma esmerada publicação na qual o artista lança mão da fotografia que não apenas complementam os textos, mas formam com estes unidades indivisíveis.

 

 

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