O suicídio e a doença mental

O suicídio constitui-se como um dos temas mais fascinantes e que sempre despertou muito interesse pela psiquiatria, muito embora ainda existam muitos medos tabus e preconceitos em seu entorno. Apesar de tudo, do ponto de vista da saúde mental, é um tema atualíssimo considerando o aumento vertiginoso nas taxas de suicídio no mundo de tal forma que tem levado muitos países a desenvolverem estratégias mais seguras e consistentes voltadas para o controle e a prevenção desta ocorrência na área da saúde pública.

Este é o segundo artigo que dedico este ano ao assunto, com o intuito de ajudar a quebrar os preconceitos sobre obre este assunto o que dificulta muito seu manejo em todos os sentidos e principalmente na sua prevenção. Outro achado epidemiológico importante é o aumento das taxas de suicídio entre jovens o que torna o mais preocupante, necessitando de medidas eficazes para se prevenir esta ocorrência.

Suicídio do ponto de vista psiquiátrico é um sintoma grave, que pode esconder patologias de tipos diferentes.  Portanto, é uma manifestação psicopatológica que se revela através de pensamentos ou em atos suicidas. É um sintoma muito grave, pois o que está em jogo é a interrupção da vida pela própria pessoa, que na realidade é o que temos de mais valioso e importante em nossa existência, de tal forma que quando alguém chega a pensar ou a praticar o suicídio, ele de fato está muito doente, pois ninguém desfrutando plenamente de sua saúde mental, incorreria a esta prática.

            Estima-se que mais de 80% dos suicídios ocorra entre pessoas portadoras de transtornos psiquiátricos e dentre estes estão: transtornos de humor com taxas em torno de 1/3; dependência e abuso de drogas, 7 a 15 %; transtornos de personalidade especialmente os do tipo Boderline; esquizofrenia; transtornos comórbidos, como por exemplo, alcoolismo e depressão, ocorrência muito frequente.

Nunca se estudou tanto sobre o suicídio quanto se estuda hoje e, parte deste interesse se atribui a curiosidade científica aliada aos inúmeros prejuízos emocionais, afetivos, sociais e financeiros ocasionados por este fenômeno.

            No Brasil, estima-se que ocorram 24 suicídios por dia, mas o número deve ser 20% maior, pois muitos casos não são registrados. As tentativas são dez a 20 vezes mais alta que a de mortes e a taxa de suicídio entre jovens, multiplicou-se por dez de 1980 a 2000: de 0,4 para 4%. De tal forma que nos últimos 45 anos o número de suicídio cresceu 60%, e que até 2020 a taxa global será de 2,4% e que no ano de 2020 ocorrerá 900.000 mortes por suicídio no mundo, de acordo com a OMS. Portanto ocorrerá uma morte a cada 35 segundos na população com idade entre 15 e 35 anos, passando o suicídio a figurar entre as três maiores causas de morte do planeta.

            Nosso país é o que apresenta a menor taxa de suicido no mundo, variando entre 3,9 a 4,5 para cada /100 mil habitantes, mas como é um país de dimensões continentais e populoso, estamos entre os 10 países com maior número absoluto de suicídio. Um fato que vem ocorrendo aqui e alhures é a migração de grupo de mais idade para grupos de mais jovens que tentam se matar. Nos estados Unidos esta prática está entre as 10 principais causas de morte, pois em sua população a taxa de morte por suicídio passou de 11º em 2008 para 10º em 2009 respondendo por um quarto (1/4) da carga global de doença no ano de 2002 neste país.

            Com estes novos conhecimentos acredita-se que seja mais fácil adotarem-se medidas preventivas mais eficientes evitando com isto a morte prematura e evitável de milhares de seres humanos. Suicídio, trata-se e evita-se. 

 

 

Entrevista com Roberto Fernandes sobre Drogas

Este link é sobre uma entrevista que concedi hoje ao jornalista Roberto Fernandes por ocasião do Jornal REporter Maranhão da TV BRASIL. Foi uma entrevista que gostei muito por ter nos dado chance de aprofundarmos um pouco sobre as deficiências encontrada na execussão de tratamentos propostos para dependentes químicose outras fragilidades que deverão ser modifidas para atingirmos os pontos mais favoráveis nesta área.ttp://www.facebook.com/#!/TvBrasilMaranhao?fref=ts

A TV Brasil é uma televisão pública com programação de abrangência nacional. Ela está presente no Maranhão, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e em mais 21 estados. Na TV Brasil você encontra programas artísticos, científicos, culturais e de cidadania. Hoje somos uma das maiores janelas de exibição…

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Justiça Federal Proíbe Propaganda de Bebida Álcoolica

 

Se for pra valer, e eu espero que se sim , será a primeira vez que a justiça se insurge conta uma prátia aboninável que é fazeem propaganda de bebidas sem qualquer controle ético neste país. Parabéns a Justiça Federal pela coragem e altivez em defender a pulação brasileira de um dos mais importantes problemas da atualidade, qual seja, o consumo abusivo de álcool e de outas drogas

 

http://www.jb.com.br/pais/noticias/2012/12/07/justica-federal-em-sc-restringe-propaganda-de-bebida-alcoolica/#

Política pública sobre o uso de crack e outras drogas

Este fato que está acontecendo em nossa bela Fortaleza é o mesmo que acontece aqui e em muios outros lugares deste país. É necessário uma arrojada política de saúde mental e particularmente sobre o uso de crack para se corrigir as as distorções de uma política equivocada e ineficiente sobre o manejo destes problemas relacionados com o uso de drogas. Temos que ter mais dispositivos médicos e psicosociais para ampliar o leque de proteção as famílias e aos usuários destas substâncias o que infelizmente não há e, ao mesmo tempo fortalecer a rede que existe como ainda não não houve nem uma coisa nem outra, estamos em um caos total que nesta área da saúde pública pública.
 

Evite o primeiro gole

Recentemente, publiquei um artigo tratando da recaída como algo que ocorre frequentemente entre pacientes que se submetem a tratamentos de dependência química, mostrando ser um fenômeno que faz parte do diagnóstico e da clínica dos pacientes.

Dizia que recair é retomar um padrão de consumo de uma substância (droga) de forma pior ou semelhante ao padrão de consumo anterior ao tratamento e que devido à alta frequência e aos graves danos provocados, especialmente para os familiares dos enfermos, a prevenção da recaída é considerada hoje como uma das mais importantes estratégias a serem utilizadas no tratamento e na recuperação.

Procurei mostrar também que, independente de alguém se tratar voluntária ou involuntariamente, haverá a possibilidade de recair e que o resultado do tratamento depende muito das medidas preventivas de recaídas adotadas.

Por sua importância, a prevenção de recaída é considerada um dos aspectos mais relevantes da prática médica em relação aos dependentes de drogas, que se dará através de um conjunto de técnicas psicossociais que o profissional e a equipe utilizarão ao longo do tratamento proposto para o enfermo.

Nesse sentido, os Alcoólicos Anônimos – AA, uma das mais importantes instituições internacionais que abordam a recuperação de pacientes dependentes de álcool, de forma sábia, cunhou uma expressão basilar que corresponde a uma espécie de “lei” na realização do tratamento que eles desenvolvem, qual seja, “evite o primeiro gole”. Para o AA, trata-se de um princípio fundamental para o doente garantir sua sobriedade. 

Embora leigos, os alcoólicos anônimos, com essa expressão, dão um show de sensatez e competência, pois quando alguém se torna dependente de uma droga desenvolve em seu cérebro uma espécie de “memória química” da substância, provocada pelo o uso continuado e sistemático. Essa memória nada mais é do que um circuito neuroquímico registrado no sistema nervoso central a partir da ação da substância no órgão, de tal forma que quando um dependente químico interrompe o uso, o contato com a droga reascende imediatamente a “memória” que desenvolveu no curso da doença, tornando a pessoa vulnerável à recaída.

Nesse caso, a droga passa a fazer parte da estrutura neurofuncional do cérebro, de tal forma que quando se volta a usar, a doença se reinstala.

Assim, não é por acaso que o AA constitui-se como uma das mais importantes instituições do mundo na recuperação desses enfermos, representando uma grande esperança aos dependentes de álcool.

Inspirado nos princípios do AA, foi criado a AL-ANON, destinado ao tratamento e recuperação de familiares afetados pelos problemas dos dependentes de álcool. Os “AL-ANONS” também utilizam os princípios e os doze passos do AA na recuperação dos familiares.

Portanto, evitar o primeiro gole e manter-se abstinente pelas próximas 24 horas é o grande legado da irmandade, uma das mais importantes orientações propostas por eles, sendo certo que para o dependente de álcool ou outras drogas o melhor mesmo é sempre evitar o contato com a substância.

 

Gritos pela Paz

Há três semanas assistimos a duas grandes mobilizações sociais que ocorreram respectivamente nos dias 18 e 23 de novembro em nossa cidade na Avenida Litorânea. Uma promovida pela Maçonaria denominada Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito, a outra organizada pelo Ministério Público do Estado, denominada “Conte até Dez”.

Em ambas a manifestação observou-se a participação de muitas pessoas que juntos aos organizadores buscavam sensibilizar e chamar a atenção dos outros para os graves problemas da violência em suas várias expressões bem como a necessidade de buscarmos continuamente a paz social.

“Conte até 10” é uma expressão antiga que foi muito utilizada em uma novela, onde Paulo Gracindo em seus rompantes contava até dez para controlar seu ímpeto para não agir com violência. Só a guisa de informação em 2010 no Brasil foram cometidos 49.932 homicídios por pessoas que nunca mataram antes e que mataram por impulso. Sendo as situações mais comuns, brigas de trânsito, discussões em bares e outros desentendimentos por motivos fúteis que acabaram tendo um final trágico. Portanto o grande mérito da campanha é termos serenidade mesmo em momentos de exaltação de nosso ânimo para não engrossarmos a lista de crimes cometidos de forma intempestiva e impulsiva.

A campanha da Maçonaria realçando a memória pelas vítimas de trânsito revelou a dor, o sofrimento pelas perdas inaceitáveis de pessoas que morreram prematuramente e de forma violenta, ocasionadas por um trânsito desorganizado, cruel e criminoso em consequência da incúria do poder público em não nos oferecer um trânsito seguro e saudável, pois falta entre outras coisas, leis mais ostensivas contra os que cometem tais crimes.

Na realidade sob qualquer enfoque, vive-se em uma sociedade insegura, temerosa e assustada. As pessoas parecem estranhar uma as outras, pois a impressão geral que se tem é que todos podem lhe dá o calote ou tirar proveito uns dos outros. Há uma espécie de desconfiança mórbida entre todos e, a partir destas incongruências psicossociais surge a violência como uma característica desta mesma sociedade.          Devidos os altos índices de problemas médicos, econômicos, sociais e previdenciários, a violência em nosso país se tornou predominantemente uma questão de saúde pública provocando altos índices de morbi-mortalidade em nossa população.

No Brasil nos últimos cinco anos 850 mil pessoas morreram por fatores diretamente ligados a violência, número este que não é qualquer doença chega a atingir epidemiologicamente. Ocorre que o mais preocupante de tudo, é o fato de não dispormos de medidas de claras e bem definidas a serem aplicadas de curto, médio e longo prazo ara controlar esta situação, pois se verifica que muito pouca coisa efetivamente está sendo feita para o controle social e epidemiológico da violência na sociedade. Psicológica e socialmente toda pratica violenta guarda consigo algo em comum que é a dor e o sofrimento em suas vítimas, só isto ao meu ver, deveria influenciar os distintos poderes na priorização das medidas para o enfrentamento da situação psicossocial social da violência, justamente para garantir o bem maior que todos aspiram, que é o de vivermos em paz.

Por isso quero parabenizar o ministério público que juntamente com outros órgãos, entre os quais o poder judiciário, por desenvolverem esta campanha, bem como a Maçonaria de nosso Maranhão pelo brilhantismo de sua  iniciativa e que sirvam de exemplos e inspiração para outros seguimentos da sociedade lutar para a garantirmos a PAZ para todos.

Dependentes de eletrônicos e redes sociais

O apego disfuncional ou patológico por computadores, jogos eletrônicos, redes sociais e Internet, passou a ser, entre outras coisas um problema de saúde. Nos Estados Unidos, país que lidera em acessos estes sistemas (rede), a estimativa realizada pela Associação Psiquiatra Americana – APA, que é uma das mais importante instituição no mundo que trata das doenças mentais, mostrou que entre 6 a 10% dos 189 milhões de internautas deste país, sofrem de dependência. E, como já havíamos dito em artigos anteriores neste Jornal, dependência do ponto de vista psiquiátrico, quando conceituada fora dos seus limites funcionais é uma enfermidade.

Trata-se portando, de uma relação doente que se estabelece entre o usuário e estes sistemas eletrônicos. No Brasil, as estatísticas são imprecisas, mas sabe-se que já é grande o número, especialmente de crianças e adolescentes enfermos que procuram consultórios de psiquiatras para se tratarem.

Do ponto de vista fenomenológico e comportamental, há muita semelhança entre os distúrbios compulsivos que ocorrem nestas atividades (jogos eletrônicos, internet, uso de redes sociais, telefones celulares, etc) com as compulsões verificadas entre os dependentes químicos (de álcool e outras drogas), pois em ambas as condições há um elo comum, qual seja o prazer ocasionado pelo uso destes atrativos. Neste sentido os estudos levam a crer que a área cerebral estimulada para a obtenção deste prazer é uma região denominada de área recompensa cerebral, uma minúscula região encontrada em áreas profundas do cérebro formadas por estruturas ricas em dopamina, um neurotransmissor indispensável a nossa saúde mental.

O grande desafio que a neurociência ainda não desvendou é distinguir o exato momento em que houve a transposição da condição de usuário funcional destes sistemas e se transformarem em viciados ou dependentes destas diferentes situações. De tal forma que, embora se saiba que existam as duas condições na utilização destes atrativos, nem sempre é fácil identificar o momento em que as pessoas adoecem.

O apego doentio às redes sociais tais como, facebook, twitter, orkut, Linkedin), já é identificado. No Brasil, campeão mundial de acesso a redes sociais é o país em que os usuários passam maior tempo conectados segundo, o último relatório do instituto ComScore. Aponta ainda que 90,8% dos brasileiros que acessam a internet acessam redes sociais.  E vejam que apenas 37,8% dos brasileiros estão conectados à internet. As mulheres são as que mais os acessam estas redes, chegando a consumir 58% do tempo gasto em acessos a estas redes.

Um aspecto relevante nesta constatação é a comorbidade que há entre os dependentes destes sistemas, e doenças mentais previamente existentes, pois  muitas destas pessoas que apresentam estes transtornos já tinham outras doenças que simplesmente desenvolvem através destes atrativos da internet. Neste caso o tratamento para a recuperação destas pessoas é bem mais complexo.

 

 

 

 

O Trânsito, a saúde e o comportamento

Um dos maiores problemas na área pública na atualidade é a questão urbana do trânsito nas cidades. Vejam por exemplo, que na recente disputa eleitoral os candidatos se esforçavam para apresentar para seus eleitores os melhores projetos nesta área justamente por reconhecerem que realmente é um grave problema que deve ser enfrentado e que gera queixas constantes das pessoas pela situação caótica, confusa, desconfortável e patogênica, como ele se encontra.

Passou a ser um tema de primeira ordem até em um cenário internacional, pois a mobilidade urbana, o bem estar das pessoas e a segurança no trânsito que todos aspiram se transformou em uma situação muito difícil.

Muitos fatores certamente colaboram para isto. Ausência de uma malha viária moderna que garanta maior trafegabilidade, veículos defeituosos e absoletos, engenharia de trânsito deficitária, aumenta descontrolado do número de veículos, falta de investimento em educação para o trânsito nas escolas, fiscalização precária no cumprimento das leis de trânsito, e muitos outros fatores, que juntos, concorrem para transformar o trânsito nas cidades como um grande problema de saúde pública, mas do que de segurança propriamente dita, embora seja a área em que formalmente seja tratado.

Como problema de saúde pública o trânsito está relacionado a uma variedade enorme de situações entre os quais: aos acidentes, que são cada vez maiores e de diferentes tipos os quais provocam altos índices de morbidade e mortalidade, a invalidez permanente ou transitória precoce, aos altos índices de violência, à tensão, a ansiedade descontrolada, estresse, transtornos depressivos graves, e a muitos outros comportamentos psicopatológicos, diretamente relacionados a ele.

 Estes agravos são tão importantes que já temos uma especialidade médica, denominada de Medicina de Tráfego, que se preocupa com esta situação, pois se encarrega de promover o bem estar físico psíquico e social do ser humano que se desloca, qualquer que seja o meio que propicie a sua mobilidade. Esta especialidade é reconhecida pela Associação Médica Brasileira- AMB, pelo Conselho Federal de Medicina- CFM.  

Um estudo do Centro Latino-Americano de Estudo de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realizado em 2007, sobre o impacto e a magnitude que as lesões no trânsito causam ao setor saúde, demonstrou que foram registradas 38.419 mortes geradas por acidentes de trânsito, naquele ano, sendo que 9.657 eram pedestres (76,5% do sexo masculino); 8.078 motociclistas (89,4% homens); e 7.982 passageiros (79% eram homens).

Outros trabalhos ilustram o tamanho dos prejuízos humanos, emocionais e materiais gerados por mortes prematuras e incapacidades quase sempre irreversíveis, pois se registram em média 35 mil mortes a cada ano, com perdas calculadas em torno de R$ 28 bilhões de reais. Sem contar o fato de os veículos de transportes terrestres, principalmente os carros de passeio (mais de 80%), jogam na atmosfera quantidade superior a 27,5 milhões de toneladas de resíduos poluentes, conforme dados de 2007.

Outro grave problema de saúde que tem sua expressão também no trânsito é o uso de álcool e outras drogas entre motoristas que trafegam em nossas ruas e estradas. No Brasil 45 mil pessoas morrem atropeladas por alguém que dirige embriagado anualmente, e 75 mil pessoas morrem pelos acidentes. Estes índices provavelmente aumentarão nos próximos anos se não forem tomadas decisões mais rigorosas nesta área. Além do mais os elevados índices de violência e homicídios ocasionados pelo uso de outras drogas como o crack, entre os que dirigem.

O impacto também na área comportamental e emocional ocasionado por um trânsito caótico é muito grande e o número de pessoas que estão adoecendo por conta disto é significativo. Os transtornos tipo estress – pós traumático, transtorno do sono, irritabilidade exagerada, comportamento agressivo e violento, e outros distúrbios emocionais e sociais são queixas muito comuns especialmente em populações que trabalham e/ou vivem no trânsito. O importante, portanto, é que se desenvolva uma política de transito mais humanizada, que respeite e valorize a vida e que possa produzir prazer e não tristeza e sofrimento nas pessoas que dele fazem parte.

 

Depressão em idosos, um agravo frequente.

                                                                      

              A depressão é uma condição muito frequente e um dos mais importantes problemas emocionais e psicológicos que ocorre no idoso. É uma condição, em geral, negligenciada por todos, embora absolutamente tratável. É comum, recorrente, sub-diagnosticada e sub-tratada, principalmente ao nível dos cuidados primários de saúde. Prevê-se que as consequências na saúde pública do sub-tratamento da depressão no idoso irão aumentar, dado o envelhecimento crescente da população.

              Do ponto de vista psiquiátrico, a depressão pode ser um sintoma, uma síndrome ou uma doença e, no caso do idoso, pode aparecer sob a égide de uma dessas três condições, sendo imperioso realizar o diagnóstico adequado e logo iniciar o tratamento.

              O envelhecimento da população é hoje um fenômeno universal, tanto nos países desenvolvidos, como nos países em desenvolvimento, e os esforços se ampliam entre os governantes para construir uma política de saúde do idoso que garanta melhor qualidade de vida. No Brasil, impressiona a rapidez com que ocorre o envelhecimento da população, pois segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até o ano de 2025, a população idosa no Brasil crescerá 16 vezes, contra cinco vezes o da população total.

              Isso classifica o país como o sexto do mundo em idosos, correspondendo a mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (OMS, 2006). Com esse aumento eleva-se a prevalência de doenças crônico-degenerativas, dentre elas aquelas que comprometem o funcionamento do sistema nervoso central, como as enfermidades neuropsiquiátricas, particularmente a depressão.

              Os tipos de depressão mais frequentes entre idosos são: depressão bipolar, depressão maior crônica, distúrbio distímico agravado pelas condições de vida, distúrbios de ajustamento a outros transtornos orgânicos, que afetam drasticamente a performance e a resposta ao tratamento no idoso e as síndromes cerebrais orgânicas, próprias da idade. Além disso, citamos os quadros de depressão reativa comuns na idade.

             Todo ser humano em qualquer fase de sua vida pode experimentar sintomas depressivos. Nos idosos a probabilidade de ter depressão é ainda maior, pois se pode associar às limitações próprias da idade. O idoso deprimido passa por uma importante piora de seu estado geral e por um decréscimo significativo de sua qualidade de vida, ao ponto de provocar alta prevalência de suicídio.

             Estudo realizado pela OMS em 13 países europeus mostra que as taxas médias de suicídio entre pessoas com mais de 65 anos chega a 29,3 por 100.000 habitantes, e as de tentativas de suicídio, 61,4 por 100.000. Além dos dados serem elevados, a razão entre tentativas de suicídios e os consumados é muito próxima, quase 2:1.

             Os sintomas proeminentes da depressão no idoso são: isolamento social, desesperança, sentimentos de culpa e remorso e anedonia (falta de prazer). Podem surgir alterações do sono e do apetite, dificuldades em tomar decisões ou iniciativas, tristeza profunda e desalento acentuado em tudo que faz, além de inquietação ou inibição psicomotora.

             Uma boa recomendação para se enfrentar isso é a prática de exercício físico, regular e bem planejado, que contribui muito para diminuição do sofrimento do idoso deprimido. Além de oferecer oportunidade para o desenvolvimento de habilidades sociais, melhora do funcionamento psicossocial, elevação da auto-estima e das funções cognitivas.  Em casos mais severos é imprescindível o tratamento psiquiátrico para controle da situação. O uso regular de medicamentos indicados a esta condição e o apoio psicossocial através de técnicas psicoterápicas especializadas são bem recomendadas.

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