O que ficou de um Oscar

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A cerimônia do Oscar tornou-se um evento global que, embora cafona e previsível, continua a arrebatar plateias no mundo inteiro. A tendência é que continue assim por muito tempo.

Mesmo não tendo assistido aos filmes em disputa, somos capazes de estabelecer nossas preferências  a partir do roteiro resumido, dos atores em ação ou pela memória do que já vimos, através da qual estabelecemos nossa conexão com o filme. Basta então sentar diante da TV para, conscientemente ou não,   estabelecermos torcidas e aspirações.

Destaco do que vi:.

1.Torcia para que Glenn Close fosse premiada com o Oscar de melhor atriz. Sou seu fã desde sua marcante atuação em Atração Fatal quando, de tão intensa, fez com que praticamente nos esquecêssemos de sua rival nesse filme.  A sua interpretação de uma mulher obsessiva, plena de ambiguidades, mas carente, gera inusitado desconforto para com seu destino anunciado de punição, apesar das crueldades perpetradas pelo seu personagem.

Sabedor que, aos 75 anos,  concorria pela quinta vez ao prêmio, torci mais ainda. A vencedora, no entanto, foi Olívia Colman, uma atriz inglesa, pouco badalada, que foi escolhida pelo seu desempenho no filme A Favorita. Sua descontraída emoção ao ser anunciada como vencedora e o discurso espontâneo de reverência à própria Glenn Close, desfez algum mal estar dos fãs de Close, conquistou a todos e foi um dos melhores momentos da premiação. 

2.Lady Gaga, por sua vez,  foi a rainha da noite, nem um pouco estranha no ‘ninho’ do cinema apesar de seu sucesso já estabelecido em arte distinta. Seria essa uma tendência atual, a de os talentos da área musical popular escaparem dos limites de abrangência de sua atividade para se  sobreporem em outros espaços de manifestação artística? Ora, Bob Dylan, não faz tempo,  ganhou um Nobel em Literatura. Agora, Lady Gaga ganhou um Oscar de melhor canção, mas quase abocanhou o de atriz, para o qual também foi apontada.

3. Ainda sob o peso da sugestão acima, surge uma pergunta natural quando nos referimos ao prêmio concedido de melhor ator a  Rami Malek pelo filme Bohemian Rhapsody. Teria ele ganho o prêmio fosse sua crucial interpretação, não a de Fred Mercury, ídolo popular, mas de outro biografado menos conhecido e menos apoteótico? Difícil responder, principalmente para mim que não assisti a nenhum dos selecionados.

Uma coisa é certa. Como fã de rock e da banda Queen aspirava a que esse filme fosse premiado.

Ou seja, o “não vi  mas gostei” também faz parte do Oscar.

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

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