Ileísmo, burrice e inteligência

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Ao invés de falar mal dos outros
fale de si.

Ficar mais inteligente não é coisa fácil. Pode-se ficar mais culto, mais refinado ou até mesmo mais apresentável, porém mais inteligente aí são outros quinhentos.

Resta, contudo, uma esperança, sugerida pela Ciência: a  prática do Ileísmo. Sim, senhores, reportagem recente da revista Época expõe resultados de estudiosos que chegaram à conclusão  de que referir-se a si mesmo na terceira pessoa ( ileísmo) conduz a raciocínios mais lógicos para tomada de decisões. A ideia é que a mudança de perspectiva dissipe a névoa emocional permitindo ver além das próprias opiniões. Ou seja, ao  olhar com distanciamento para si  você inaugura um lugar para um pensamento mais sábio. Afinal, duas pessoas pensam melhor que uma,  mesmo sendo, essa outra pessoa,  você mesmo. OK?

Esperançosos por dotar as pessoas, das quais dependemos, de um pouco mais de inteligência, imediatamente surge em todos nós o impulso de imaginar como certas celebridades ou autoridades  inaugurariam tal prática.

1.Pelé falando de si mesmo:  

“Isso não é novidade pra mim porque sempre tratei o Pelé como se fosse outra pessoa. Acho até que mereço uma condecoração por mais esse gol de placa ao ter iniciado essa prática muito antes de a ciência recomendá-la. Quanto a se resta alguma dúvida sobre se ela  nos torna mais inteligentes, lembro de que quando  disse, há alguns anos atrás, que o brasileiro não sabia  votar fui chamado de burro.  O tempo passou e as últimas escolhas mostraram que quem tinha razão era o Pelé. Quem foi mesmo  o inteligente?”

2.Gilmar Mendes falando de si:

 “Claro que estou careca de saber que esse Gilmar Mendes é um sujeito execrável e não estou me referindo apenas ao seu  aspecto rabugento.  Às vezes acho que ele deveria ir mais devagar com esse negócio de soltar ladrão, mas preciso concordar também que ele não teria conseguido tanta grana se tivesse sido, por exemplo, um soltador de inocentes sem pedigree. 

Quanto a Janot ter pensado em mata-lo, o que mais lhe deu raiva não foi o pensamento exterminador de Janot, mas o fato de este ter tido uma ideia que vai lhe render muita grana (de livro vendido). Ora, pelo que eu conheço dele, e muito bem, Gilmar, que só solta encarcerado rico,  se pudesse matava tanto os ladrões de galinha como qualquer remediado,  principiante  como Janot, em busca de fortuna.”  

3.Bolsonaro falando de si:

“Taí  um cara que eu não votaria nem para síndico de condomínio, quanto mais para presidente da República. A merda é que eu o conheço desde nasceu, sempre foi desse jeito e apenas  chegou a presidente porque neste país de um tempo para cá, basta ser analfabeto ou bronco para ser eleito. O que o estimula é que  embora tenha consciência de que ele, Dilma Roussef e Lula passam com louvor no vestibular da ruindade (na presidência) , só ele teve a vantagem de levar uma facada e não morrer.

Na verdade, ele nunca achou levar uma facada  tão complicado assim! Pior é ter que aguentar os Zeros 1, 2 e 3 porque  se facada mata de uma vez,  os Zeros, vão matando devagar.  Ainda assim, Bolsonaro não acha isso razão suficiente para permitir que os  prendam.  Num país em que os ladrões são protegidos pelas leis, e até pelo STF, quem pode criticar um pai por proteger seus filhos acusados de corruptos?”  

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis. 3a edição revista e ampliada até o fim do no

                                                          

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