Estresse e depressão podem encolher cérebro, diz estudo

O estresse e a depressão afetam no sistema que garante o bom funcionamento mental Foto: Getty ImagesA depressão grave e o estresse crônico podem encolher o cérebro, bloqueando a formação de novas conexões nervosas. Isso foi o que apontou um estudo americano divulgado no jornal Daily Mail. Segundo a pesquisa, esses problemas interrompem circuitos associados com o funcionamento mental e emotivo.

Isso poderia explicar porque pessoas com grande transtorno depressivo sofrem de perda de concentração e memória e têm suas respostas emocionais prejudicadas. De acordo com os cientistas, esses pacientes apresentam vários genes envolvidos na construção das sinapses, pontos de conexão entre as células cerebrais, suprimidos. Esse processo contribuiria para a retração do córtex pré-frontal do cérebro.

Os pesquisadores analisaram o tecido cerebral de pacientes que morreram após serem diagnosticados com grande transtorno depressivo. Eles descobriram sinais moleculares de atividade reduzida em genes necessários para a função e estrutura das sinapses no cérebro. As evidências apontam para o envolvimento de um único “interruptor” genético, ou fator de transcrição, uma proteína chamada GATA1.

“Nós queríamos testar a ideia de que o estresse provoca uma perda de sinapses cerebrais em humanos. Então, mostramos que os circuitos normalmente envolvidos na cognição são interrompidos quando este fator de transcrição único é ativado”, afirmou Ronald Duman, professor da Universidade de Yale e líder do estudo. A pesquisa foi publicada na última edição da revista Nature Medicine.

Outros estudos em ratos mostraram que quando GATA1 foi ligada, os roedores mostraram sinais de depressão. Isso sugere que a perda de sinapses no cérebro pode estar ligada a sintomas depressivos, bem como perturbações mentais. “Esperamos que através do reforço de conexões sinápticas, seja com medicamentos novos ou terapia comportamental, poderemos desenvolver terapias antidepressivas mais eficazes”, acrescentou Duman.

Sedentarismo, saúde e doença mental

A cada dia crescem as evidências que o homem contemporâneo, produto de uma era repleta de novos conhecimentos, pode viver mais e melhor. Esta é certamente uma das mais importantes notícias que todos nós queríamos ouvir, pois a busca da longevidade e da vida eterna é uma das mais antigas aspirações dos seres humanos e isto está se concretizando a passos largos.

Nos últimos 50 anos demos um salto muito grande na qualidade e em nosso estilo de vida atingindo índices de longevidade nunca antes alcançados, pois estamos vivendo mais e melhor. Sabe-se, que para atingirmos isto houve uma coincidência de fatores que garantiram estas conquistas quanto nossa maior longevidade: os avanços no crescimento da nutrologia, da bioquímica da imunologia, na farmacologia (surgimento de modernos e fármacos mais eficientes para o controle e combate ostensivo de doenças, da ergonomia e, principalmente, os conhecimentos de neurofisiologia e neuroquímica cerebral e do comportamento. Não se pode desconsiderar os avanços imprescindíveis no campo da tecnologia médica, os avanços sociais e econômicos, sobretudo na distribuição da renda e a maior participação de todos na cadeia produtiva e no trabalho.

Há algumas semanas, a revista médica britânica “Lancet” publicou um artigo científico mostrando que 5,3 milhões de mortes por ano no mundo estão relacionados ao sedentarismo. Para os pesquisadores, a falta de atividade física diminui a expectativa de vida da mesma forma que o tabagismo e a obesidade. Está no sedentarismo a causa para 10% das doenças não transmissíveis, como diabetes, câncer e problemas cardíacos.

Em outro estudo, coordenado por Pedro Hallal, da Universidade de Pelotas, informa que 30% da população mundial adulta é fisicamente inativa, e que 80% dos jovens entre 13 e 15 anos não se exercitam o suficiente. Outras informações mostram que 49% da população brasileira adulta não praticam atividade física, embora se saiba que o sedentarismo responde por 13% das mortes por infarto, diabetes e câncer de mama e do intestino.

 Em outros estudos, a inatividade física é descrita como a falta de exercícios moderados (como uma caminhada) de 30 minutos, cinco vezes por semana, e práticas mais rigorosas durante 20 minutos, três vezes por semana, ou a combinação dos dois. Mas, segundo os pesquisadores, identificar as causas do sedentarismo é importante para se pensar em intervenções eficazes e aumentar os níveis de atividade física. Outros enfoques importantes, relacionando atividade física e doenças mentais ocupam destaque neste debate.

 Especificamente sobre a saúde mental, um trabalho realizado com um grupo de mais de 700 indivíduos idosos sem demência, desenvolvendo níveis elevados de atividades físicas nas 24 horas, avaliada objetivamente pela actigrafia (que mede o ciclo de atividade/repouso através dos movimentos do pulso), verificaram que estes indivíduos apresentavam um menor risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, bem como uma taxa mais lenta de declínio cognitivo. Esta descoberta dos pesquisadores apóia os esforços dos mesmos para incentivar a atividade física, mesmo em pessoas muito idosas.

A maioria dos estudos demonstra que a atividade física diminui o risco de declínio cognitivo e demência. Por outro lado segundo os pesquisadores, uma pessoa com baixa atividade física diária apresenta um risco 2 vezes maior de desenvolver Doença de Alzheimer (DA), em comparação com um que participe com alta atividade física cotidiana global. O nível de atividade física cotidiana global também foi associado com uma taxa mais lenta de declínio cognitivo global, particularmente para a memória episódica, memória de trabalho, velocidade na percepção e habilidades visuais / espaciais. Isto é, todas as funções cognitivas se beneficiam com atividade física regular

Os estudos também demonstram que não é só de exercício físico, mas também um incremento das atividades sem exercício está associado com um maior desempenho cognitivo na velhice. Indivíduos mais velhos, para quem a participação no exercício formal esteja limitado por problemas de saúde, pode se beneficiar de um estilo de vida mais proativo através do aumentos de todo o espectro de atividades de rotina. Isto é mesmo que a pessoa não pratique formalmente o exercício, mas se tem uma vida ativa, também se beneficiam evitando muitos transtornos neuropsiquiátricos.

Portanto atividade física é algo que não só mantém a beleza, como também saúde, vitalidade e longevidade, pois como se viu impede o surgimento de muitas doenças físicas e psíquicas graves e avassaladoras especialmente em populações de idosos.  

 

Síndrome Fetal Alcoólica – SAF

O álcool etílico é uma das substâncias psicoativas mais utilizadas pelo homem ao longo de sua história e seus efeitos sobre o cérebro e o comportamento já são bastante conhecidos. Estima-se que o homem faça uso de álcool há aproximadamente 15 mil anos.

Na Inglaterra, primeira metade do século XVIII, quando o consumo de gim era disseminado, as crianças nascidas de mães alcoólatras eram descritas como fracas débeis e desatentas. Apesar disso, até o século passado, a prática de não ingestão de bebida durante a gravidez estava relacionada apenas a aspectos morais e culturais.

Com os avanços científicos sobre as ações do álcool em mulheres gestantes, em 1968, surgiram importantes trabalhos demonstrando os efeitos teratogênicos (malformações biológicas em fetos) do álcool etílico consumido durante a gestação. E, em 1973, foram identificadas alterações específicas em crianças nascidas nessas condições, denominadas de Síndrome Alcoólica Fetal (SAF).

A SAF é uma condição grave e irreversível relacionada diretamente à exposição do feto ao álcool. Porém, a ciência ainda não identificou a exata quantidade de álcool e o tempo de exposição às bebidas que serão necessários para o desenvolvimento desse transtorno. No entanto, há evidências que sugerem ser o consumo de 20 gramas de álcool suficiente para provocar supressão da respiração e dos movimentos fetais, o que se verificou por meio de ultrassonografia. (mais ou menos uma dose de uisk)

A SAF apresenta anomalias típicas na estrutura do crânio, da face e no comportamento, assim como disfunções no crescimento, no sistema nervoso central, além de outras alterações. Não se deve confundir esta síndrome com os “Efeitos Fetais do Álcool – EFA”, pois este último designa outra condição médica relacionada à exposição de crianças na vida intra-uterina com os efeitos do álcool.

Quais as características da SAF? Microcefalia (cabeça pequena); hipotonia muscular; incoordenação motora; irritabilidade exagerada; baixo peso ao nascer; retardo no crescimento (baixa estatura); retardo mental, leve e moderado; dificuldades no aprendizado; alterações morfológicas do crânio e da face, consistentes, principalmente, em: estreitamento da fissura ocular, lábios superiores finos e lisos, rebaixamento na fixação da orelha e nariz chato e profuso.

O álcool e outras drogas ao serem ingeridas pela gestante, atravessam a barreira hémato-placentária, agindo na criança da mesma forma como age na mãe. Ocorre, todavia, que para os fetos, os efeitos do álcool são maiores, devido seu metabolismo ser mais lento e sua eliminação mais demorada, consequentimente permanecendo por mais tempo no líquido amniótico.

O etanol induz a formação de radicais livres de oxigênio os quais são capazes de comprometer a estrutura e função das proteínas e lipídeos celulares. Isso aumenta a apoptose (morte celular), prejudicando, por conseguinte, a organogênese (mecanismo biológico que dá origem aos órgãos), fatos que explicariam os inúmeros problemas anatômicos e funcionais das crianças portadoras desse transtorno.

O álcool etílico também inibe a síntese de ácido retinóico, substância que regula o desenvolvimento embrionário. Tanto o etanol, quanto o acetaldeído (substância produzida no processo de metabolização do etanol em nosso organismo) têm efeitos diretos sobre vários fatores de crescimento celular, entre os quais, o de inibir a proliferação de certos tecidos.

Há outros fatores que tornam os fetos mais ou menos sensíveis aos efeitos do álcool: a quantidade da bebida ingerida, freqüência de uso do álcool na época da gestação, o estado nutricional da gestante e a capacidade de metabolização do álcool da mãe e do feto.

O consumo de álcool na gestação está também relacionado ao aumento do número de abortos, com o risco de infecções, descolamento prematuro de placenta, hipertonia uterina, prematuridade do trabalho de parto, etc.

Além da gravidade epidemiológica e clínica da SAF no Brasil que corresponde, a caso para cada 1000 nascimentos, ainda há enormes dificuldades para o diagnóstico e tratamento desta situação, especialmente por se saber que, a cada ano, no mundo as mulheres estão bebendo mais e engravidando mais, especialmente as adolescentes. Assim, a situação tende se agravar, exigindo medidas preventivas para evitar a incidência da SAF.

Estamos, portanto, diante de um dos mais importantes problemas de saúde pública da atualidade, que é a ocorrência da SAF, é preciso que se haja ênfase em políticas de saúde públicas especialmente as preventivas que esclareça bem este assunto, especialmente entre as mulheres que bebem durante a gestação.

 

Uso de drogas associado a outras doenças mentais

                 Designa-se como comorbidade o fato de em um mesmo indivíduo apresentar mais de uma doença em seu contexto histórico. É uma designação nova em psiquiatria que não tem mais que vinte anos e vem sendo aplicado nesta especialidade com muito rigor considerando que o entendimento deste conceito diagnóstico favorecerá ou não o tratamento das doenças que o médico irá realizar. Na prática clínica o psiquiatra deverá examinar seu paciente com muito maiscuidado, pois vai exigir dele uma apurada avaliação clínica na busca dos diagnósticos existentes e consequentimente aos possíveis tratamentos que este paciente se submeterá.

              Na área específica do uso de drogas e a presença de outras doenças mentais a comorbidade se destaca. O número de dependentes químicos ou abusadores de álcool e outras drogas com comorbidade é muito elevado. Estudos recentes mostram que está acima de 75% o número de paciente que mentais que fazem uso de drogas. Passando, portanto a se constituir como uma das áreas mais importantes em psiquiatria onde se pode aplicar este conceito.

Estes achados clínicos vêm levantando inúmeras polêmicas. Será que a presença de outras doenças mentais favoreceria a busca de drogas por determinada pessoa? O uso de drogas funcionaria tão somente como desencadeador de outras doenças mentais entre os usuários? A presença de comorbidade seria empecilho para a recuperação destes enfermos?  universo destes usuários? Estas são apenas uma das principais questões que haveremos de responder nos próximos anos, muito embora já tenhamos avançado muito nestas questões.

Só a guisa de esclarecimentos o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Norte-Americana de Psiquiatria, nos informa que o transtorno por uso de substâncias, que engloba o abuso e a dependência de drogas, encontra-se freqüentemente associado a outras patologias psiquiátricas. Assim diante de um paciente com uso problemático de drogas, seja dependência ou uso abusivo, devemos sempre investigar a existência de outra doença emocional; ou por baixo da dependência ou como conseqüência.

É provável até que a existência de outros transtornos emocionais co-mórbidos à dependência dificulte a adesão do paciente ao tratamento, proporcione resultados piores em termos de freqüência e quantidade da droga consumida, bem como do funcionamento psicossocial. É isso mesmo. Nem sempre é a droga em si a responsável exclusiva pela apatia ocupacional do dependente, pelos fracassos sociais e familiares. Muitas vezes sua própria personalidade se mostra algo inviável para a condução da vida.

Outras questões relevantes que aprecem normalmente no âmbito deste debate são: Seriam outros transtornos emocionais que causariam isso tudo? Quais patologias mentais estariam mais freqüentemente associadas ao uso de drogas? Tais doenças teriam uma evolução diferente por culpa das drogas? Quais os tratamentos e as prevenções mais apropriadas?

Em relação às doenças mentais mais severas, temos a esquizofrenia e o transtorno bipolar do humor, em quase metade dos pacientes também aparece a associação com abuso ou dependência de substâncias psicoativas. Transtorno de conduta na infância, transtorno afetivo bipolar na adolescência e transtorno anti-social de Personalidade ou Borderline seriam fortes fatores de risco para uso de drogas. Há muitos relatos que crianças com temperamento considerado “difícil” isto pode representar fatores de risco para o uso futuro de drogas.  Outras comorbidade como depressão e uso de álcool, tabagismo e transtorno de ansiedade, distúrbios de personalidade e uso de crack, são muito freqüentes na prática médica.

Quanto ao tratamento do dependente químico portador também de outra doença mental tem resultados melhores quando se integra o tratamento dos sintomas psíquicos do eventual transtorno com atitudes direcionadas à dependência. A existência de comorbidade aumenta a dificuldade no controle de cada doença isoladamente, ou seja, é mais difícil tratar um paciente deprimido e dependente de cocaína do que o tratamento da depressão ou dependência à cocaína isoladamente.

Os Caminhos das Drogas no Brasil e no Mundo

Ruy Palhano

Psiquiatra

Nesta semana Nacional sobre Drogas, precisamente no dia 26 deste mes, a Organização das Nações Unidas – ONU através do setor especializado em crimes e drogas – UNODC lança o seu Relatório Mundial sobre a situação do tráfico e uso de drogas, fato que já era esperado, pois tradicionalmente nesta ocasião a ONU nos informa sobre esta situação.

Um dado que chamou muito atenção neste documento foi o incremento do mercado de drogas sintéticas, comparativamente ao mercado das drogas tradicionais como cocaína, heroína e maconha que segundo estas informações, estão estabilizados. “A diminuição dos níveis gerais de cultivo e produção de ópio e de coca foi contrabalanceada pelo aumento de produção de drogas sintéticas”, explicou a ONU.

A apreensão anual no mundo de metanfetamina (ICE como é denominada esta droga) duplicou entre 2008 à 2010 e chegou a 45 toneladas, graças às operações realizadas na América Central e Ásia. Na Europa, as apreensões de ecstasy foram de 1,3 tonelada em 2010.  Os consumidores de anfetaminas se situam entre 14 e 52 milhões de pessoas, enquanto o número de usuários de ecstasy fica entre 10 e 28 milhões de pessoas no mundo.

Estas drogas sintéticas, são excitantes, atingem com rapidez surpreendente o cérebro dos usuários, provocam uma hiperatividade acentuada deste órgão e pode por descuido provocar facilmente a morte dos usuários, por “over dose”. São drogas poderosas, fabricadas de forma clandestina, com ingredientes de substâncias conhecidas, e com alta letalidade.

Outra informação importante é que segundo o Relatório, 5% da população adulta mundial, entre 15 a 64 anos de idade perfazendo um total de 230 milhões de pessoas no mundo, consumiu alguma droga pelo menos uma vez em 2010, número parecido com dos relatórios anteriores, o que levou a ONU a afirmar que o consumo “parece ter se estabilizado no mundo todo”.  Os “consumidores problemáticos de drogas”, em sua maioria viciados em cocaína e heroína, são 27 milhões de pessoas, ou 0,6% da população adulta mundial.

“A heroína, a cocaína e outras drogas seguem matando cerca de 200 mil pessoas todos os anos e permanecem destruindo famílias e causando sofrimento a milhares de pessoas, disseminam insegurança e contribuem para a propagação do HIV”, afirmou o diretor-executivo da UNODC, Yuri Fedotov.  Este cidadão diz ainda: existe “um crescente reconhecimento de que o crime organizado e as drogas ilícitas obstaculizam a execução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”.  Isto comprova que a interface entre droga e crime constitui-se como uma das piores conseqüências que se pode prever entre os inúmeros problemas provocados pelo consumo e tráfico de drogas.

O cultivo de coca diminuiu 18% entre 2007 e 2010, sobretudo pela redução na Colômbia, enquanto o número estimado de consumidores de cocaína oscilou em 2010 entre 13,3 e 19,7 milhões, ou seja, entre 0,3% e 0,4%  da população adulta mundial. Os principais mercados desta droga estão nos EUA e na Europa.  Excepcionalmente houve no Brasil aumentou no consumo de cocaína provavelmente pela explosão do consumo de crack que segundo a Federal Nacional dos Municípios, mais de 90% dos nossos municípios já fazem uso regular desta substância.

Tradicionalmente, a maconha é a substância ilícita mais consumida no mundo. Com taxas que variam entre 119 e 224 milhões de pessoas provaram a droga em 2011, sendo a Europa seu principal mercado.

Dois outros fatos relevantes apontados no Relatório. Um é sobre o crescente consumo de substâncias obtidas pela internet fato que podem representar um sério risco para a saúde. O outro é que “o uso indevido de tranqüilizante e sedativo pode se transformar em um hábito crônico entre as mulheres”, embora a maioria dos usuários de drogas tradicionalmente sejam os homens, advertiu a ONU.

 

A depressão vai além da dor e do sofrimento

Ruy Palhano

Psiquiatra

Há alguns dias, a grande mídia nacional destacou os rumos que a depressão seguirá nos próximos anos. Os dados foram surpreendentes, pois de acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, até 2020, a depressão será a principal causa de incapacitação em todo o mundo. Muitas pessoas se tornarão incapazes e improdutivas do ponto de vista laborativo (absenteísmo) e social, fato que acarretará mais prejuízos econômicos para o país e mais ônus para o caixa da previdência.

Há no globo, atualmente, mais de 120 milhões de pessoas que sofrem de depressão e estima-se que, só no Brasil, existam acima de 17 milhões de pessoas afetadas pela doença. Cerca de 850 mil pessoas morrem, por ano, em decorrência da enfermidade, especialmente por suicídio, onde a depressão corresponde ao principal fator de risco. A OMS informa também que nos próximos 20 anos a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.

No aspecto sócio-econômico, a OMS nos informa que a depressão será a doença que mais acarretará custos econômicos e sociais para os governos, devido aos gastos com seu tratamento e por afetar a capacidade produtiva das pessoas. Na Europa, estima-se que a depressão gere um custo de 250 euros por habitante e atinja 21 milhões de europeus, produzindo custos para a economia em torno de 118 bilhões de euros por ano.

Ainda de acordo com o órgão, os países pobres são os que mais sofrerão com o problema, já que são registrados mais casos de depressão nestes lugares do que em países desenvolvidos. E os custos da depressão serão sentidos de maneira mais aguda em países em desenvolvimento, já que eles registram mais casos da doença e têm menos recursos para tratar de transtornos mentais.

Esses dados mostram claramente que, embora a ciência já tenha desvendado o caráter biológico da doença, o ambiente sócio cultural, as condições psicossociais e econômicas exercem um peso enorme na clínica, na epidemiologia e na recuperação destes pacientes.

O fato de vivermos em uma época conflitante, ameaçadora e instável do ponto de vista político, econômico e social, acarreta danos irreparáveis na estabilidade emocional, psicológica e social das pessoas, afetando diretamente os predispostos a desenvolverem a doença. A descrença, as decepções e a desesperança, sentimentos comuns nos dias atuais, provocam profundas rupturas psicossociais, resultando também na geração de comportamentos depressiogênicos (geradores de depressão). Por último, as frequentes e rápidas mudanças em nossas referências sociais, éticas, religiosas e afetivas promovem a ocorrência de depressão.

As perdas também foram objeto de estudo da OMS, que estima que em 2030, a depressão será isoladamente a maior causa de perdas (materiais, sociais e afetivas) entre todos os problemas de saúde, afirmou à BBC o médico Shekhar Saxena, do Departamento de Saúde Mental da OMS.

Além de todas estas conseqüências graves que a doença provoca em diferentes setores de nossa vida e de toda evolução que vem ocorrendo quanto ao conhecimento de sua origem e seu tratamento, a depressão permanece como sendo uma das doenças humanas que mais causa sofrimento intenso e dor nas pessoas, sendo às vezes, insuportável, ao ponto de levar muitos enfermos a se voltarem contra si mesmos.

É preciso, portanto que haja urgência nas mudanças de atitudes em relação a este problema: “A depressão é uma doença como qualquer outra doença física e as pessoas têm o direito de ser aconselhadas e receberem os mesmos cuidados médicos que é dado aos portadores de qualquer outra doença. É uma doença evitável, prevenível e curável”, Infelizmente, ainda existem muitos preconceitos em relação a ela fato que ao mer ver complica mais ainda seu manejo.

Semana Nacional sobre Drogas, o que temos que comemorar?

Há 14 anos, como já é de costume, no período de 19 a 26 de junho comemora-se a Semana Nacional sobre Drogas. Esta data comemorativa foi instituída pela Secretaria Nacional de Política sobre Drogas – SENAD, órgão do Governo Federal encarregado, entre outras coisas, fazer cumprir a deliberações do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, o órgão máximo na hierarquia das instituições públicas encarregado de formular a Política Nacional sobre Drogas.

É uma ocasião repleta de eventos pelo Brasil a fora, onde grande parte dos municípios brasileiros, especialmente as capitais, realiza uma série de atividades de diferentes matizes tendo como um dos principais motivos é chamar a atenção da sociedade brasileira sobre as distintas questões relativas ao uso e tráfico de drogas.

Ao longo destes quatorze anos houve muitas mudanças no trato e nos conceitos sobre o assunto. E, estas mudanças modificaram alguns paradigmas que predominavam até então sobre a questão. Um dos principais que ocorreu foi a mudança que houve sobre a visão repressiva, discriminatórias e descriminalizante que havia sobre o uso de drogas ao colocar-se este tema no âmbito de políticas publicas possibilitando entre outras coisas o debate social amplo e democrático deste assunto.

A partir deste ponto abriram-se as portas para debate público, sem restrição, sem medo, e de forma responsável, concedendo a todos a possibilidade de dele participar em todos os sentidos. Com isto, uma das mais importantes consequênias, foi demolir os preconceitos existentes, os quais colocavam os usuários e a própria temática na marginalidade.

Muitas coisas ainda deverão mudar com a implementação deste paradigma para se poder de fato dar um significado especial a este momento. Na área da restrição da oferta (repressão do tráfico) de drogas percebe-se que houve o aperfeiçoamento significativo nas ações de combate as organizações criminosas encarregadas de fornecer drogas pra a sociedade muito embora ainda espalhem medo e o terror na população, todavia a situação está sendo enfrentada de forma competente pelo trabalho desenvolvido, especialmente pela Polícia Federal e as polícias estaduais.

Na área da assistência houve avanços significativos embora seja necessários ajustes em sua operacionalidade e em alguns conceitos sobre tratamento e recuperação. Estes avanços foram mais significativos do momento em que se passou a entender que o problema do uso de drogas não é um caso de polícia e sim de saúde pública. Daí pra frente foi sendo alocados equipamentos e ferramentas médicas e psicossociais para assegurar o tratamento e recuperação de dependentes de drogas, bem como a alocação de recursos financeiros para efetivamente bancarmos os custos com estes tratamentos destes enfermos.

No âmbito da prevenção primária, por não haver muita consistência sobre o que está sendo feito a sociedade permanece perplexa, atônita e muitas vezes sem saber o que fazer para impedir que um filho seu, adentre nesta experiência catastrófica e movediça que é a experiência com drogas. Falta, portanto medidas mais abrangentes, efetivas e seguras a serem desenvolvidas, sobretudo na área da educação para se perceber efetivamente os efeitos destas medidas.

Talvez esta seja a grande atitude que falta desabrochar na mente dos gestores públicos e dos governantes, a de entenderem que o problema do tráfico e uso de drogas são faces distintas de uma mesma moeda e que este fenômeno é evitável, como o são todos os grandes e graves problemas humanos. A adoção de medidas consistente, sérias, arrojadas e corajosas no âmbito de políticas educacionais, de saúde, de segurança e sociais corroboraria o cerco que devemos estabelecer sobre este problema. Aí sim, estaremos de fato impedindo que gerações futuras se protejam destes problemas, o que lamentavelmente não aconteceu com a nossa. Felicidades a todos nesta semana nacional sobre drogas

Depressão: aspectos médicos, sociais e econômicos

Na semana passada alguns jornais destacaram os rumos que a depressão seguirá nos próximos anos. Os dados foram surpreendentes, pois de acordo com – Organização Mundial de Saúde – OMS, até 2020 a depressão será a principal causa de incapacitação em todo o mundo. Muitas pessoas se tornarão incapazes e improdutivos do ponto de vista laborativo(absenteísmo) e social, o que acarretará mais prejuízos econômicos para o país e mais ônus para o caixa da previdência.

Há no globo atualmente, mais de 120 milhões de pessoas que sofrem de depressão e estima-se que só no Brasil, existam acima de 17 milhões de pessoas afetadas pela doença. Cerca de 850 mil pessoas morrem, por ano, em decorrência da enfermidade, especialmente por suicido, onde a depressão corresponde ao principal  fator de risco para cometê-lo. A OMS informa também que, nos próximos 20 anos, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.

No aspecto sócio-econômico, a OMS nos informa que a depressão será a doença que mais acarretará custos econômicos e sociais para os governos, devido aos gastos com seu tratamento e por afetar a capacidade produtiva das pessoas afetadas por ela. Na Europa estima-se que a depressão gere um custo de 250 euros por habitante e atinge 21 milhões de europeus produzindo curtos para a economia em torno de 118 bilhões de euros por ano.

Ainda de acordo com o órgão, os países pobres são os que mais sofrerão com o problema, já que são registrados mais casos de depressão nestes lugares do que em países desenvolvidos. E, os custos da depressão serão sentidos de maneira mais aguda em países em desenvolvimento, já que eles registram mais casos da doença e têm menos recursos para tratar de transtornos mentais.

Estes dados mostram claramente que embora a ciência já tenha desvendado o caráter biológico desta doença, o ambiente sócio cultual e as condições psicossociais exercem um peso enorme na clínica, na epidemiologia e na recuperação destes pacientes.

O fato de vivermos em uma época conflitante, ameaçadora e instável do ponto de vista político, econômico e social, acarreta danos irreparáveis na estabilidade emocional, psicológica e social das pessoas, afetando diretamente pessoas predispostas a desenvolverem a doença. A descrença, as decepções e a desesperança sentimentos comuns no dias atuais provocam profundas ruptura psicossociais resultando também na geração de comportamentos depressiogênicos. Por últimas mudanças rápidas e inusitadas em nossas referências sociais, éticas, religiosas, e afetivos interferem predominantemente na promoção de quadros severos de depressão.

As perdas também foram objeto de estudo da OMS, que estima que em 2030, a depressão será isoladamente a maior causa de perdas (para a população) entre todos os problemas de saúde, afirmou à BBC o médico Shekhar Saxena, do Departamento de Saúde Mental da OMS.

A condição de empobrecimento da população é outro agravante que gera índices elevados de depressão. Segundo a OMS os países mais pobres apresentam mais casos de depressão do que os países ricos. “Além disso, até mesmo as pessoas pobres que vivem em países ricos têm maior incidência de depressão do que as pessoas ricas destes mesmos países”, afirma Saxena. “As pessoas pobres sofrem mais estresse em seu dia-a-dia do que as pessoas ricas, e não é surpreendente que elas tenham mais depressão.”

Segundo o médico, o aumento nos casos de depressão e os custos econômicos e sociais da doença tornam mais urgentes uma mudança de atitude em relação ao problema. “A depressão é uma doença como qualquer outra doença física, e as pessoas têm o direito de ser aconselhadas e receber o mesmo cuidado médico que é dado no caso de qualquer outra doença.”

Os Caminhos Tortuosos do Uso da Maconha

Os Caminhos Tortuosos do Uso da Maconha

A maconha mais uma vez entra em foco, desta feita a partir de contribuições científicas que esclarecem definitivamente alguns “mitos sobre esta erva”.  Ao mesmo tempo em
que surgem informações científicas importantes sobre os efeitos danosos da
maconha na mente e no corpo, a Comissão de Juristas que revisa o Código Penal
Brasileiro, aprova anteprojeto propondo a descriminalização do uso de drogas em
nosso país, matéria que será encaminhada ao Congresso Nacional até o final de
julho para ser votado e, quem sabe, transformado em Lei Federal.

As contribuições científicas recentes sobre a cannabis
sativa
(maconha) provêm da British Lung Foundation (BLF), uma das mais importantes e conceituadas fundações médicas do Reino Unido, que trata das doenças do pulmão, e das Nações Unidas (ONU), que nos informa os dados recentes sobre o consumo de maconha no mundo. O primeiro mito já amplamente difundido é que a maconha, por ser natural, é inofensiva. Diz a respeitável entidade médica (BLF), em seu último levantamento envolvendo 1.000 adultos, que
um terço deles erroneamente acredita que a cannabis não prejudica a saúde. E diz mais: “a falta de consciência nesse sentido é alarmante”. Os números mais recentes mostram que 30% das pessoas entre 16 e 59 anos de idade na Inglaterra e no País de Gales usaram cannabis em suas vidas.

Em outro relatório sobre o mesmo tema, a BLF diz que há evidências científicas que relacionam fumar
maconha com a ocorrência de tuberculose, bronquite aguda e câncer de pulmão.

Este mesmo estudo mostra que 88% dos pesquisados pensavam incorretamente que cigarros de tabaco seriam mais prejudiciais do que os de maconha, todavia sabe-se que um cigarro de maconha traz os mesmos riscos a que estão sujeitos os que fumam um maço de cigarros (20 unidades).

Para os especialistas e estudiosos do assunto, fumantes de maconha fazem inalações mais profundas e
mantêm a fumaça por mais tempo nos pulmões, comparados aos que fumam cigarros
de tabaco. Esse fato provocaria mais problemas aos usuários da erva. Isso significa que alguém fumando um cigarro de maconha, traga quatro vezes mais alcatrão do que com um cigarro de tabaco e cinco vezes mais monóxido de carbono, diz a BLF.

A pesquisa mostrou também que particularmente os jovens desconhecem os riscos e quase 40% dos
entrevistados com até 35 anos de idade acredita que maconha não é prejudicial. Muito
embora se saiba há muito tempo que cada cigarro de maconha (baseado) possa desenvolver câncer de pulmão para o
equivalente aos riscos de quem fuma um pacote inteiro de 20 cigarros de tabaco, segundo a BLF.

Além do mais há danos graves no comportamento pelo fato da droga agir no cérebro especialmente nas
áreas da cognição: memória, atenção, aprendizado, concentração, inteligência e
pensamento (conteúdo e forma). As áreas afetadas são absolutamente importantes
para garantir a saúde mental, emocional e cognitiva das pessoas. Há estudos
demonstrando que o uso crônico de maconha pode provocar ou desencadear casos de
esquizofrenia, doença mental grave que requer, em muitos casos, internações
hospitalares para seu controle clínico.

Além do mais o uso recreativo de maconha pode resultar em dependência severa, outro mito que cai
por terra a partir dos conhecimentos neurocientíficos das dependências
químicas. Infelizmente, existe no imaginário social um mito de que maconha não
vicia, porém, contrariando essas opiniões leigas, a maconha provoca quadros
graves de dependência.

Finalmente, o último relatório das Nações Unidas (ONU), mostra que a maconha mantém-se no topo do ranking
internacional como a droga ilícita mais consumida com taxas entre 2,9%
e 4,3% da população com idade entre 15 e 64 anos. O Congresso Nacional tem de
ter muita responsabilidade social e médica ao votar este projeto, pois descriminalizando
o uso de drogas, pode “entornar mais o caldo” destes problemas neste país.

 

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