Wilson Marques
25 de novembro de 2013
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Quando surgiram o rádio, a televisão e a internet, os teóricos anunciaram, em tom apocalíptico, o fim da literatura de folhetos popular. Mas livros como a preciosa Antologia do cordel brasileiro, com seleção e organização do poeta e pesquisador Marco Haurélio, desmente a profecia e revela precisamente a vitalidade desse gênero na era da internet, com o surgimento de uma nova geração de cordelistas:
O poeta é o repórter
Das antigas tradições
Revelador de segredos
Guardados por gênios bons
Autor de dramas poéticos
Em todas composições.
escreve o poeta Francisco Salles Arêda antecipando a preservação da arte popular.
A antologia vai do maravilhoso ao cômico, dos clássicos (Leandro Gomes de Barros, José Pacheco, Francisco Salles Arêda, Manoel Pereira Sobrinho) até aos contemporâneos (Arievaldo Vianna, Evaristo Geraldo da Silva, Klévisson Viana e Marco Haurélio).
Quem comprar este livrinho
Terá Deus por defensor
E quem não comprar terá
O diabo por protetor!
Pra onde for se atrasa,
Finda parando na casa
Que parou o caçador!
avisa José Pacheco em História do caçador que foi ao inferno.
Antologia do cordel brasileiro
De Marco Haurélio (organizador). Editora Global. Número de páginas: 256. Preço: R$ 37
Wilson Marques
22 de novembro de 2013
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Em meio à avalanche de títulos, com ou sem qualidade, que as editoras despejam diariamente no mercado, obras essenciais acabam ficando obscurecidas, às vezes sequer vindo a conhecimento do público. É o caso, ao que parece, de Papá Hemingway, deliciosa biografia do autor de O velho e o mar, escrita pelo jornalista E. Hotchner. O livro, que foi publicado depois da morte do grande premio Nobel americano, tem sua história fundada num acaso. Destacado em 1948 para conseguir de Hemingway, para a revista Cosmoplitan, um artigo sobre o tema O futuro da literatura, Hotchner viajou para Cuba, onde Hemingway então residia. Uma vez na ilha, ainda não governada por Fidel, ele se deu conta do quanto aquele pedido era imbecil, e, sem coragem de se apresentar ao escritor, mandou-lhe um bilhete no mínimo espirituoso: “Sei que é uma besteira pretender que escreva sobre o futuro da literatura para a revista Cosmopolitan, onde trabalho. Mas, se não conseguir qualquer palavra sua, ainda que de simples recusa, corre perigo o futuro de Hotchner”. Resultado: Hemingway achou graça ou comoveu-se (ou os dois) e marcou encontro com o correspondente no bar La Florida. E embora jamais tenha escrito o tal artigo, a partir daí nasceu uma sólida amizade entre os dois, que terminaria somente com a morte do escritor, quando este se suicidou no dia 2 de julho de 1961. Ler Papá Hemingway é um aprendizado sobre a vida e o pensamento do escritor,e também sobre o fazer literário.
Wilson Marques
17 de novembro de 2013
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Lá detrás daquela serra (Editora Peirópolis) é mais uma bela obra do poeta e folclorista Marco Haurélio, com ilustrações de Taisa Borges. O livro, que pode ser lido por pessoas de todas as idades, é repleto de quadrinhas populares, brincadeiras de roda, cantigas e adivinhas rimadas, que resgatam e valorizam um formato poético muito popular no Brasil.
A obra leva o leitor adulto de volta à infância e é baseada em memórias do próprio autor. “Muitas estrofes eram cantadas por minha avó e as outras faziam parte da brincadeira de “jogar versos”, tão comum no sertão da minha infância e hoje quase desaparecida”, conta Haurélio. Para ele, as crianças das grandes cidades, a não ser por meio da escola, desconhecem as tradições populares. “As cantigas podem fazer parte do mundo moderno, mas devem ser transmitidas com naturalidade, facilitando o acesso das crianças ao rico acervo da literatura oral brasileira”, comenta.
Marco Haurélio nasceu em Ponta da Serra, no sudeste baiano, cidade que inspirou o nome da obra. Lá vivia sua avó, uma exímia contadora de histórias e de cantigas. “A casa dela ficava ao lado da do meu pai e, no quintal, havia um umbuzeiro no qual eu subia para ler os folhetos de cordel que ela guardava na gaveta de um armário”, relembra o autor. Lá detrás daquela serra é o tema que abre algumas quadras da obra, mas para Haurélio, também é uma região a ser buscada pela imaginação, que não precisa estar no planeta Terra, mas deve ser o espaço ideal.
Para a produção do livro, Marco Haurélio colheu textos da tradição oral (contos, romances e cantigas) durante muito tempo. Tendo em mãos um farto material de poesia popular anônima, selecionou algumas quadras simples que pudessem ser lidas ou cantadas por adultos ou crianças. “A grande mensagem implícita nessa é que devemos viver o nosso tempo sem esquecer que a nossa nação é plural e, por isso, tão rica em termos de cultura. E que na simplicidade há ainda muita beleza a ser descoberta”, conclui o autor.
Utilizando ecoline – tinta de amora feita em casa – e pastel a óleo, Taisa Borges teve liberdade para procurar um novo modo de ilustrar, e optou por usar a pincelada solta e intuitiva. “trabalhar esse texto inspirado foi muito prazeroso e eu espero que o leitor sinta isso”, conta Taisa, que procurou não fechar dentro de uma imagem o sentido das rimas.
A obra, segundo o autor, faz lembrar o folclorista e escritor português Teófilo Braga, que no século XIX dedicou-se a recolher contos, quadras e canções populares pelo seu país com o objetivo de preservar e afirmar a identidade do povo.
As duas quadras abaixo reproduzidas, por exemplo, evocam um tempo em que o cavalo, animal de montaria e de aragem da terra, era imprescindível para o homem do campo.
Amarrei o meu cavalo,
Amarrei às nove horas.
Esperando o meu benzinho,
Meu benzinho, até agora…
Soltei meu cavalo n’água,
Ele n’água se perdeu.
Nesse mundo não existe
Amor puro igual o meu.
Em outras, há um lirismo ao mesmo tempo ingênuo e malicioso:
Wilson Marques
14 de novembro de 2013
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Fomentar as políticas públicas do livro, leitura e biblioteca que o governo do Estado desenvolve é o objetivo do III Fórum Estadual do Livro e Leitura, que acontece de 19 a 21 deste mês. A ideia é sensibilizar bibliotecários, professores, gestores de bibliotecas, mediadores de leitura e educadores em geral quanto à importância sociopolítica e ambiental da leitura.
O Fórum, este ano com a temática Lendo o Verde, Lendo o Mundo, é promovido pela Biblioteca Pública Benedito Leite, órgão da Secretaria de Estado da Cultura e pela Rede Leitora Ler pra Valer, em parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, com a Rede Terra das Palmeiras e apoio do Instituto C&A.
O encontro desdobra-se em duas iniciativas: o XIV Encontro Estadual do Programa Nacional de Incentivo à Leitura (Proler) e o IV Seminário Leitores em Rede.
As ações de incentivo à leitura sob a perspectiva ecológica terá uma segunda etapa, de caráter itinerante, com o Projeto Lendo o Verde, que envolverá crianças, jovens e adulto de vários municípios com o carro-biblioteca, iniciando por Pinheiro, Alcântara e Axixá.
Palestras, mesas redondas e oficinas fazem parte da programação do evento.
Wilson Marques
12 de novembro de 2013
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A livraria Leitura anuncia para julho do próximo ano a abertura da sua próxima loja na cidade, no Shopping São Luís, além de minilivraria e revistaria no aeroporto Cunha Machado. A Leitura deve ampliar ainda a loja do Shopping da Ilha, com a abertura de um mezanino de 350 m², e inaugurar um miniauditório, num conjunto de ações que consolidarão a supremacia do grupo mineiro no mercado livreiro da capital.
Inaugurada em São Luís no dia 26 de outubro de 2012, a Leitura apostou no mercado local trazendo o conceito de megalivrarias para São Luís e, a deduzir pelos projetos de ampliação, o resultado está sendo bastante positivo. Segundo o gerente da Leitura em São Luís, Gilberto Andrade, atualmente a casa trabalha com 20 mil títulos, mas esse número, que ainda é pequeno para a estrutura do negócio, deve chegar a 30 mil.
Fazem ainda parte dos projetos a ampliação dos espaços de literatura, inclusive literatura infantil e infanto-juvenil, e o incremento de atividades voltadas para o incentivo à leitura no espaço da livraria, a exemplo de contação de histórias, visitas de escolas e lançamentos.
A Rede Leitura surgiu em 1967, em Belo Horizonte, na então moderna Galeria Ouvidor. Hoje contabiliza lojas na capital mineira e em várias cidades do interior, e está presente em estados como Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, São Paulo, Maranhão e Alagoas (inaugurada recentemente), além de Distrito Federal.
Wilson Marques
8 de novembro de 2013
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Embora uma pequena parcela da população brasileira se declare espírita, o interesse e a curiosidade nacional em torno do assunto se mostram crescentes.
Evidências disso são as altas bilheterias de filmes sobre o tema, como As vidas de Chico Xavier, longa produzido a partir da biografia escrita por Marcel Souto Maior, e a própria vendagem do livro, que atingiu 1 milhão de exemplares.
Agora, o mercado volta a esquentar com a publicação, pela Record, do novo livro do mesmo Souto Maior, desta vez uma biografia de Allan Kardec, o codificador do espiritismo e ele próprio um best-seller com mais de 11 milhões de livros vendidos no Brasil considerando apenas os números da maior editora do gênero no país, a Federação Espírita Brasileira.
No livro, que deve virar filme, com lançamento previsto para 2015, Souto Maior investiga, entre outros aspectos da trajetória do biografado, de como o homem cético que era Kardek veio a dar lugar à referência mundial de uma religião que prega a reencarnação e que os mortos podem se comunicar com os vivos por meio dos médiuns.
Wilson Marques
6 de novembro de 2013
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O norte-americano Willian Faulkner dizia que para escrever lhe bastava uma máquina de datilografar, papel e uma garrafa de uísque.
Graciliano Ramos precisou apenas de lápis e o papel que lhe chegavam às suas mãos para registrar rascunhos do que mais tarde viria a ser suas Memórias do Cárcere, magistral obra em que relata sua dramática passagem pelos porões da ditadura de Getúlio Vargas.
Como dá pra ver nesses exemplos, escrever não é caro. Não precisamos de telas, lentes, câmeras ou outros equipamentos que custam às vezes, como dizem por aí, “os olhos da cara”. E, a rigor, escreve-se em qualquer lugar: em casa, no ônibus, na praia, e até no cárcere, como foi o caso do autor de Vidas Secas.
Já publicar um livro são outros quinhentos. Quem já tentou, sabe. As portas das editoras estão quase sempre fechadas para quem ainda não tem um público leitor, e, no caso das edições independentes, o autor termina, com raras exceções, amargando a posse de pacotes e mais pacotes de volumes encalhados.
Mas mesmo isso está mudando. Hoje, além da grande facilidade de transformarmos um texto num livro impresso, temos a opção muito alentadora de produzirmos tiragens sob demanda, quer dizer, em quantidades condizentes com nosso potencial de comercialização. Quem consegue vender cem livros, imprime apenas cem livros; quem só consegue mercado para cinquenta, imprime cinquenta, e por aí vai.
A maior novidade, entretanto, são as plataformas para publicação dos chamados e-books. Tem gente que ainda não sabe (conheço escritores que ainda não sabem!), mas qualquer pessoa, genericamente falando, pode lançar e colocar suas obras para serem comercializadas em sites como, por exemplo, o da Amazon. Sem gastar um único centavo você produz a capa, envia o texto, estabelece um preço e logo vai ter seu livro prontinho para ser adquirido por leitores do mundo inteiro. Para quem tem escritos inéditos, pode ser uma boa hora para tirá-los da gaveta.
Wilson Marques
4 de novembro de 2013
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Sai nos próximos dias pela Clara o livro João Pedro Borges: violonista por excelência, uma biografia do grande violonista maranhense carinhosamente conhecido como Sinhô.
A homenagem é mais do que merecida. João Pedro participou de importantes momentos da música nacional, teve papel preponderante na afirmação da moderna música popular brasileira produzida no Maranhão e, ao longo de toda a vida, preocupou-se com a formação de novos talentos, atuando como professor.
Apresentado pelo editor, Felix Alberto, e pelo também violonista maranhense Turíbio Santos, músico de renome internacional que desempenhou papel fundamental na vitoriosa carreira de João Pedro, o livro traz um resgate da vida e obra do artista num texto produzido por mim, em grande parte a partir de conversas com o biografado.
João Pedro Borges: violonista por excelência é o primeiro livro da série Perfis Maranhenses, que tem como propósito oferecer ao público leitor biografias de personagens cujas obras são de inquestionável importância para a arte e a cultura do estado.
Perfil
Autor de livros infanto-juvenis com mais de uma dezena de títulos publicados. É publicitário, jornalista profissional e leitor contumaz, sendo alguns dos objetivos do blog compartilhar experiências, alegrias literárias e aproximar leitores de todas as idades de escritores, ilustradores e outros profissionais ligados ao mundo das letras.
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