Tratamento farmacológico das doenças mentais

 

               O tratamento das doenças mentais sempre foi um grande desafio à medicina. Por um lado a natureza complexa dessas doenças, por outro, os escassos recursos farmacológicos para realizar tais tratamentos. Além disso, existe o famigerado preconceito, não só sobre as doenças e os doentes mentais, quanto ao próprio tratamento dessas enfermidades. Sobre isso, há pessoas, um tanto radicais, que dizem com toda convicção que as drogas utilizadas para tratar esses doentes são perigosas, fazem mal e que podem viciar. Outros, defendem ardorosamente seu uso, pois acreditam que são drogas que “resolvem tudo” e fazem verdadeira apologia ao seu uso. Há ainda os mais sensatos e cautelosos, que dizem que quem sabe melhor sobre a utilidade destas substâncias, são os médicos, quem de fato estudou e vai tratar os doentes e atribuem ao médico a prerrogativa e a responsabilidade no seu manejo.

Essas drogas são denominadas de psicotrópicas, termo que se origina de dois outros vocábulos, psico e trópica. A primeira provém do grego, que significa psiquê, alma, mente. A segunda, direção, sentido, encaminhamento. Portanto, etimologicamente são drogas que funcionam na mente, mais especificamente, no cérebro, sede material de nossa vida mental.

São largamente utilizadas na prática médica, pois são indicadas para um grande número de condições: na clínica médica, na psiquiatria e na neurologia. Na psiquiatria são efetivas nos tratamento dos transtornos emocionais e comportamentais. Recebem as mais diferentes designações de conformidade com sua área de aplicação: antidepressivo, anticompulsivo, ansiolítico, estabilizadores do humor, antifóbico, antimaníaco, antiepiléptico antistress, etc. Independentes dessa classificação farmacológica ou de sua indicação clínica, todas, são extremamente importante, quando bem usadas, para promover e garantir a recuperação dos portadores dessas condições clínicas.

Com o avanço das pesquisas e dos conhecimentos em neurociências, a natureza biológica e psicossocial das doenças mentais se tornou mais conhecida. Sabe-se que essas doenças, entre outras coisas, se originam de disfunções que ocorrem no cérebro e, dependendo da forma, do local, e de como isto ocorre, é que serão definidas clinicamente as enfermidades mentais.

Ocorre que, como dissemos acima, pela imensa complexidade que se reveste as doenças mentais, e pela presença de muitos outros fatores que colaboram para sua manifestação, nem todas deverão ser tratadas somente com medicamentos, pois, do ponto de vista médico e psicossocial, há outras intervenções e abordagens, que são tão úteis quanto o uso de tais drogas na recuperação desses enfermos, de tal forma que o uso indiscriminado destas drogas, como vem acontecendo no mundo e em nosso país, pode provocar graves problemas de saúde aos usuários.

Há atualmente estudos que demonstram o uso exagerado de psicotrópicos, especialmente de tranquilizantes e dos hipnoindutores (indutores do sono), e muitos desses usuários já são dependentes, isto é, fazem uso dessas medicações não por indicação médica, e sim pela dependência que já se instalou. Estima-se que no Brasil sejam consumidos 4 toneladas/ano de tranquilizantes. Em 2005, através do I Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas verificou-se que o consumo de Benzodiazepínicos (tranquilizante) é maior na faixa etária igual ou superior que 35 anos e que houve um predomínio no consumo destes medicamentos pelo sexo feminino, comparado ao masculino, em todas as faixas etárias. Nesse levantamento, identificou-se 0,54% de homens dependentes, sendo que a prevalência entre mulheres, maiores que 35 anos, foi 1,02%.

O fato é que, o exagero no uso e na prescrição irá colaborar para o surgimento de um contingente muito grande de pessoas que ao invés de se beneficiarem dos mesmos, irão adoecer tornando-os dependentes dos mesmos ou mesmo adquirindo outras patologias por uso indiscriminado dessas drogas.

A sociedade pós moderna, por outro lado, de qualquer forma, incentiva o uso abusivo dessas drogas. A corrida desenfreada pela felicidade e pelo prazer fez com que o uso de alguns desses medicamentos se transformassem  no meio mais fácil de se adquirir isso. A exigência para se adquirir prazer, ter paz de espírito e ser feliz se tornou compulsiva, por isso mesmo, empurra muitos indivíduos a fantasiosa expectativa de que tem que adquirir tudo isso de qualquer forma, mesmo que seja à custas de tranquilizantes ou de soníferos. Essa prática abusiva no uso destes medicamentos psicotrópicos colabora para impedir que as pessoas percebam que o sofrimento e os dissabores da vida podem fazer parte do nosso amadurecimento e do nosso crescimento existencial.

A medicalização dos sentimentos,  da saúde, da dor, do insucesso, da vitória ou do fracasso e da tristeza, ocasionada pelo desencanto e pelas intempéries da vida, não deveriam ser consideradas motivo de se tomar ou prescreverem esses medicamentos, pois essas condições correspondem a eventos naturais entre os seres humanos e deveriam ser superadas com garra, com tenacidade e com determinação pessoal e não através de medicamentos seja de que tipo for, pois tais pessoas correm o risco iminente de adoecerem.

Esse entendimento, todavia, tem sido muito difícil de ser assimilado e acaba colaborando para uma corrida desenfreada em busca de algo que possa, mesmo de forma efêmera e imediata, provocar a ilusão de acabarmos com os problemas.

 

O amor, as paixões e o cérebro

A neurociência caminha a passos largos no sentido de esclarecer a base material dos sentimentos humanos condição por demais importantes para garantir nossa atividade mental, e       que até no momento não haviam sido desenvolvidos estudos suficientes para esclarecer sua natureza e origem.

Um dos sentimentos especiais e um dos mais importantes, que está sendo muito estudado nos últimos anos, é o amor. É um sentimento indispensável a todos nós, ao ponto de todos quererem senti-lo e viver sob seu comando. É um ingrediente  indispensável à nossa felicidade, nos deixa em paz conosco e com os outros, nos faz avançar na vida e nos motiva às conquistas. O amor nos faz tolerantes, amáveis e nos dá a base para as relações sociais, além de garantir a integridade de nossa vida afetiva.

Quem já se apaixonou sabe como são boas, e inesquecíveis estas experiência. Parece que estamos em estado de graça em todos os sentidos. Fisicamente, sentimos um friozinho na barriga todas as vezes que vemos ou falamos com a pessoa amada, o coração bate mais forte, a respiração se torna rápida, falta o ar nos pulmões, as mãos ficam frias, sentimos um medo enorme de perdermos a pessoa que se ama. Quando amando a melhor sensação é a de estarmos vivendo a vida plenamente e com toda sua intensidade.

As pesquisas que são realizadas em neurociência para se esclarecer a natureza do amor são complexas e sofisticadas. São utilizados equipamentos avançados de neuroimagem, tais como o PET- SCAM, ressonância magnética nuclear e outros métodos. Os cientistas passaram a ter um enorme interesse em decifrar os enigmas do amor semelhantemente ao que ocorria com outros sentimentos, como o medo a raiva, onde os estudos estavam mais avançados. Esses estudos demonstram que quando se ama algumas regiões do cérebro reagem de forma específica a esse sentimento e que esses estímulos ocorrem de maneira muito semelhante ao que ocorre no cérebro de alguém que usa drogas, as mesmas que viciam, com o álcool, tabaco e outras.

Estas conclusões foram obtidas através de imagens de ressonância magnética do cérebro de mulheres e homens que afirmaram estarem apaixonados, em períodos de tempo que variavam de um mês a dois anos.

A parte do cérebro dos participantes apaixonados reagiam igualmente aos estímulos da mesma forma como as partes do cérebro de pessoas envolvidas com o prazer originários do uso de drogas. Portanto havia um local comum para ambas as experiências. Esta região foi designada de área de recompensa cerebral. É uma área profunda do cérebro, formado por outras pequenas subestruturas localizadas no hipotálamo. Os neurocientistas concluíram, entre outras coisas, que o amor é uma dos sentimentos mais poderosos que podemos ter e esta região relacionada com esses sentimento é essencial e indispensável para garantir a nossa sobrevivência. É ela que nos ajuda a reconhecer se algo é bom ou não para nossa existência.

Como vimos acima, é uma  área riquíssima dopamina, um neurotransmissor cerebral envolvido com o prazer, com a alegria e com a felicidade. A dopamina nesta região do cérebro é abundante, especialmente quando há estimulação dessa área. É uma região que estabelece relações profundas com muitas outras áreas do cérebro, através das quais são garantidas as funções necessárias ao nosso equilíbrio mental, emocional social.

Esses trabalhos são unanimes em afirmar, que amar é uma experiência altamente prazerosa e indispensável para nossa vida. Através dele nós nos sentimos mais aptos, mais inteligentes, e com mais disposição. Sentimo-nos com mais coragem e mais seguros. Todo nosso corpo funciona melhor, a auto-estima e autoconfiança se ampliam ainda mais. Os que amam se sentem mais tranqüilos, mais companheiros e mais solidários, demonstrando que o amor desperta em cada um de nós, sentimentos de fraternidade e companheirismo os quais tornando as pessoas mais sociáveis e mais sensíveis.

Quem ama tem mais saúde, pois todos os sistemas biológicos, entre os quais  imunológico, cardiorrespiratório, renal, digestivo e osteomuscular, se tornam mais aptos e se articulam melhor em todo corpo. Do ponto de vista sexual há uma melhora no desempenho, na qualidade e na intensidade das relações.

Porém, nem tudo são flores. Há os que adoecem expressando o amor, esses são disfuncionais os quais apresentam alterações profundas neste sentimento ao ponto de cometerem crimes e atitudes violentas, hostilidades, submissão, indiferença afetiva entre si. Estes sentimentos patológicos respondem por muitos crimes (crimes passionais), em geral abomináveis. Uns chegam ao cúmulo de matar e se suicidar por amor.

A depressão de final de ano

A depressão de final de ano

 

Na virada do ano, em uma entrevista que concedi  a uma TV local, me perguntaram porque tanta gente se deprimia nessa época. Pois, segundo as informações do jornalista, isso era uma ocorrência frequente e não era tratada com o devido respeito. Na realidade, o comentário do repórter procede, pois de fato a incidência depressão nessa época do ano é comum, embora não se tenha muitos trabalhos científicos no Brasil tratando desse assunto.

A OMS, estima que entre 15 a 18% das pessoas terão depressão em qualquer época da vida, independente do período do ano. As perspectivas atuais sobre o seu tratamento e prevenção, são as melhores possíveis, falta todavia, uma ampla conscientização aos enfermos e às suas famílias, que os faça entender que depressão é uma doença recorrente e que se não preveni-la, fatalmente reaparecerá em outras ocasiões.

Esse comentário acima, serve para mostrar que o aparecimento de depressão em finais de ano pode ser, nada mais na da menos, que um episódio  depressivo que ocorreu nesta época, assim como poderia ocorrer em qualquer outra. Isto é, a partir desse ponto de vista, o episódio depressivo está ligado á natureza  da própria doença e não ás mudanças da época de ano. Pois, como sabemos, a mesma é recorrente, ocorre por fases, podendo portanto, ocorrer em qualquer período.

Outra explicação, é que independente da autonomia da crise depressiva, como vimos acima, sabe-se que o “clima e o tempo” tem uma influência no curso natural em muitas doenças humanas e a depressão não escaparia a esse paradigma. Isto é, o clima exerce uma influência positiva ou negativa sobre nossas enfermidades. Há muito se sabe, que em épocas do inverno os depressivos entram em crise mais facilmente e as mesmas apresentam algumas caraterísticas predominantes: se tornam mais melancólicos, mais inibidos,  mais retraídos e mais entristecidos. Além do mais, referem com muita frequência baixa perspectiva quanto ao futuro e se apegam muito ao passado. Evidentemente que apresentam outros sintomas nessa área porém os acima predominam.

A neurociência e a psiquiatria ainda não dispões de explicações amplas sobre  a relação depressão e inverno, todavia, sabe-se que há mecanismos neuro-hormonais importantes, ligados aos ciclos biológicos vitais que interfeririam com a eclosão das crises nesse período. Algo parecido acontece com a síndrome pré-menstrual,  com o ciclo sono-vigília, e muitas outras mudanças que ocorrem em nossa fisiologia e em nosso comportamento dependendo do horário do dia, do mês,  do ano e do clima. O fato é que há uma relação estreita entre essa época e as doenças metais, configurando as chamadas variações circadianas do nosso estado psiquíco.

Outro aspecto importante é que a época do fim de ano e do natal, as pessoas se tornam mais sensíveis, mais  amáveis, mais emotivas, e por isso mesmo mais  vulneráveis ao clamor afetivo e emocional desse período. Natal e ano novo são datas muitos significativas, sempre carregadas de muitas tradições e emoções onde muitos já se vulnerabilizam independentemente de serem depressivos ou não.

A marca desse período é o contentamento, a alegria envoltos a um clima de devoção, esperança e fé. Muitos, contagiados por essa onda de alegria nem se dão conta de seus problemas do dia a dia. Ficar triste nessa data nem pensar, compartilham dor e sofrimento muito menos. Muitos tem problema de todos os tipos: nas relações familiares, problemas financeiros, problemas no trabalho, problemas de saúde, com drogas e não examinam isso como deveriam examinar ao longo do ano e, quando chega essa data obrigatoriamente terão que rever todas essas mazelas e, muitos, não tem ferramentas ou estrutura emocional para fazê-lo, o que será suficiente  para conduzí-los  a se deprimirem nessas ocasiões.

Esses três aspectos, o psicopatológico, ligado diretamente a doença depressiva; o neuroendócrimo que expressa as variações circadianas do humor; e o psicológico comportamental, relativos a vida de cada um podem, em proporções distintas, colaborara com o surgimento da depressão nesse período do ano. Independente de ser sazonal ou não, teremos que tratá-la a contento, e  preveni-la que é atualmente o que mais se recomenda em psiquiatria. A depressão portanto independente de ocorre de forma sazonal, é uma doença tratável, evitável e prevenível.

 

 

A doença das relações sociais

Uma das doenças mentais que vem ocorrendo com certa frequência nos consultórios psiquiátricos é o Transtorno da Ansiedade Social, (TAS) também conhecida como Fobia Social ou Transtorno da Fobia Social. É uma doença que se expressa através de sintomas e sinais de ansiedade, em contatos sociais ou em situações de desempenho de uma atividade na frente dos outros.

Existem dois subtipos clínicos de TAS: o tipo generalizado e o específico. O primeiro, se caracteriza pelo surgimento da ansiedade disfuncional ( patológica) em uma grande variedade de situações da vida do indivíduo, onde se inclui: conversar em pequenos grupos sociais, falar com estranhos, conhecer novas pessoas, se expor ou comer em público ou entrar em contato com autoridades. O segundo subtipo clínico, o específico, envolve uma ou duas situações em que a pessoa esteja desempenhando uma atividade social específicas, como falar em público,  paquerar, flertar, ficar com uma pessoa em uma festa. Nestas circunstâncias se sentem absolutamente inseguras e impossibilitadas de enfrentarem a  da situação,  ao ponto de  desistirem de seus intentos.

A doença se inicia na infância ou adolescência, sendo a puberdade um período de alto risco para o início  do transtorno. A instalação pode ser de forma abrupta, após um evento estressante ou de humilhação, ou insidiosa, sendo essa última condição mais frequente. Pode evoluir cronicamente e perdurar pela vida toda da pessoa, caso não seja tratada adequadamente.

No curso desse transtorno pode haver ataques de pânicos (crise aguda de ansiedade), porém sempre ligado a um evento sobre o qual a pessoa se encontre e nunca ataques espontâneos, como ocorre na doença do pânico. Em geral surgem diante de situações temidas, como ter que fazer uma apresentação em público, ser observado realizando uma tarefa, ou em outra condição onde haja indícios de stress social.

Os sintomas que mais incomodam esses paciente são: taquicardia, respiração acelerada e ofegante, opressão no  peito, tremor nas extremidades, sudorese, boca seca, inquietação e medos de ser criticado. Paralelamente podem aparecer dificuldade de pensar de modo ordenado e expectativa de ser ofendido por alguém. Só, que isso ocorre somente nas situações descritas acima e nunca de forma espontânea e sem motivo aparente.

Nessas circunstâncias, muitos pacientes evadem da situação “ameaçadora” ou procuram lugares reservados onde possam realizar qualquer tarefa, porém longe de contatos pessoais. Passado o momento, tudo volta o normal.

Conforme disse acima, os pacientes com Transtorno de Ansiedade Social ( TAS) percebem que a doença vai se instalando de forma lenta, insidiosa e de forma progressiva, onde os mesmos podem se retrair inteiramente de qualquer atividade que implique em contatos sociais. Vai havendo um progressivo prejuízo em outras funções neuroadaptativas e cognitivo-comportamentais, entremeadas com sintomas depressivos, ao ponto de muitos pensarem até em morrer.

Ocorre que apesar de todos os sintomas prejudiciais, limitantes e muito desagradáveis, sabe-se que o TAS (fobia social) apresenta atualmente um prognóstico muito favorável, especialmente com surgimento de medicações que corrigem os mecanismos fisiopatológicos (causadores) dessa doença. Além do mais, outros tratamentos como as psicoterapias, preferencialmente as de base cognitivo-comportamental, são as mais indicadas e as que melhor colaboram para a recuperação de pessoa.

O tratamento farmacológico, hoje recomendado para o TAS são muito efetivos e com alguns outros cuidados em seu manejo, logo se recuperam desse transtorno. O tratamento deve persistir por no mínimo 2 anos, mesmo que o paciente não apresente mais as queixas clássicas de sua doença.

O apoio familiar é importante para garantir o sucesso terapêutico, pois muita gente ainda não entende que as dificuldade patológicas encontradas nas relações sociais que ocorre com essas pessoas não é por que querem, são dificuldades graves e  por mais boa vontade que tenham pra se recuperar, precisam de tratamento médico e psicossocial para se livrarem disso.

 

 

 

 

A origem das doenças metais

 

 

A Psiquiatria clássica, sempre tentou localizar no cérebro as origens das doenças mentais, muito embora há muitos tempo se sabe da natureza multicausal dessas doenças. Nesse sentido a psiquiatria e a neurologia sempre caminharam juntas ao ponto de, por muitos anos, a junção dessas duas especialidades ter sido designada de neuropsiquiatria. Com o avançar dos conhecimentos sobre as causas dessas doenças percebeu-se que outras áreas do conhecimento, especialmente a psicologia, a sociologia, a antropologia, exerciam uma influência relevante nesse contexto pois, dificilmente explicaríamos sua natureza tão complexa, a partir tão somente do conhecimento  médico.

Na atualidade, com bases científicas sólidas e baseadas em evidências clínicas sabe-se que a sede material de onde se origina tais doenças é neurobiológica sendo o cérebro o ponto mais importante para se explicar tais ocorrências. Ao mesmo tempo, disciplinas como a genética, a bioquímica, a imunologia, a farmacologia e a neurofisiologia, clínica exercem um importante papel na rede complexa de suas causas.

Um conhecimento que vem contribuindo de forma especial para esse esclarecimento , é a neuroquímica e a neurofisiologia do sistema nervoso central, pois ambos os aspectos, garantem através de seus mecanismos vitais,  a totalidade das atividades cerebrais. Além disso, todos os estudos realizados nessas área demonstram que doenças como as fobias, depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), a esquizofrenia e muitos outras, são explicados a partir de disfunções que acontecem em determinadas áreas do cérebro desses enfermos.

Os estudos de farmacologia das doenças mentais fornecem informações relevantes sobre as bases materiais das origens dessas doenças. A farmacologia psiquiátrica, recurso imprescindível para o tratamento das doenças mentais, transformou o prognóstico sombrio que existia sobre a evolução desses transtornos, em algo promissor  garantindo chances reais de uma boa recuperação. De tal forma que graças a essa evolução, desse conhecimentos, doenças como a esquizofrenia e depressão, consideradas doenças muito graves no passado, hoje são enfermidade que tem um prognóstico favorável, com possibilidade desses enfermos levarem uma vida saudável.

O cérebro como sede dessas doenças

É uma das partes mais importantes do sistema nervoso central situado no interior do crânio, pesa cerca de 1,3 kg, é uma massa de tecido cinza-róseo. Quando cortado, o cérebro apresenta duas substâncias com tonalidades diferentes: uma branca, que ocupa o centro, e outra cinzenta, que é a parte externa do cérebro e forma o córtex cerebral. Esse está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente distintas. Cada uma delas responsável por uma atividade específica. É no cérebro que ocorrem diferentes fenômenos os quais garantem e promovem, entre outras coisas, o comportamento sadio e/ou patológicos dos indivíduos. É um órgão formado por um trilhão de células nervosas, entre as quais cem bilhões de neurônio, todos encarregados de executar suas múltiplas funções.

A célula que compõe o cérebro é o neurônio, célula altamente especializada na execução dos processos de controle, armazenamento, geração  e transmissão da informação intercelular. Estes neurônios, juntamente com as outras células cerebrais se relacionam entre si constituindo em uma grande rede, onde todas se comunicam com milhares de outras e vive-versa. São bilhões destas células organizadas anatômica e funcionalmente para garantir a integridade do órgão e do nosso comportamento. Funcionam de forma articulada e sincronizada promovendo nossa saúde ou ao contrário as doenças mentais.

De tal forma, que os estudos atuais de neurociência das doenças metais demonstram que grande parte das disfunções que ocorrem ao nível dessas atividades cerebrais são responsáveis pelas doenças mentais e dependendo da natureza destas alterações e o local do cérebro onde elas ocorram, definir-se-ão o tipo clínico dessas clínica da doença.

 

Violência e tolerância: condições insuportáveis

Talvez não haja, na atualidade, nada que chame tanto nossa atenção quanto os fatos relacionados à violência. É o prato cheio dos jornais, das tvs, dos noticiosos, dos blogs, enfim todos os meios de comunicação que nos abastecem de notícias todos os dias. Além do mais, é o assunto corriqueiro nas rodas sociais, dos encontros, das conversas informais das quais todos nós participamos.

Nesses diferentes momentos, é unânime a perplexidade de todos ante esse fenômeno, que cresce a cada dia e vem tomando proporções gigantescas  e insuportáveis do ponto de vista social e pessoal. Todos se mostram assustados, inseguros e sem saber onde buscar saídas. Diante disso, o que nos incomoda a todos, é o fato de haver cada vez menos lugares seguros onde as pessoas possam se encontrar, sem sentirem-se ameaçadas ou perseguidas.

Passou-se a criar rotinas tão estreitas em nosso dia a dia que se afunilam em rotas diárias supostamente seguras por medo de mudar a rota  e ver-se surpreendido por um marginal, um bandido, assaltante ou assassino. Nem dentro das próprias casas, nos restaurantes, nas escolas, nas universidades, nos ambientes de lazer, há sensação de segurança. A situação é tão séria, que há os que dizem que os cidadão estão presos e os marginais soltos. Vejam onde chegamos com tanta violência.

Sobre a violência, tenho dito que se trata de um epifenômeno, isto é, por trás dela é que estão os verdadeiros problemas, que a rigor, não aparecem mas somente os seus efeitos. É um fenômeno abrangente que quando se manifesta outras questões já se insinuaram e não se percebeu. Para que a violência possa ser plenamente examinada, temos sempre que contextualizá-la. A violência não se encerra por si mesma e não tem vida própria, é um sintoma grave de um ser enfermo que a qualquer momento pode morrer.

Veja, por exemplo, o que está havendo em nossa capital. De uma cidadezinha linda, livre e pacata, virou um inferno onde prevalecem práticas de intensa corrupção em órgãos públicos, falcatruas de todos os tipos, negligência ostensiva dos dirigentes no trato da coisa pública, omissão generalizada. Nunca se matou tanta gente quanto se mata hoje nessa cidade e nesse estado. A cada dia, se tem a impressão de que foi costurado um pacto de banalização da morte e um desrespeito assumido pela vida humana. Mata-se mais proporcionalmente em São Luís do que nas grandes guerras. O pior é não observar medidas concretas contextualizadas e estruturantes que demonstrem sensibilidade ao problema, que já é um drama local, objeto de notícia internacional, acompanhada por pressão de organismos internacionais que condenam o que está havendo nessa cidade.

 

Veja o estado vergonhoso a que chegamos: a Organização dos Estados Americanos – OEA,  através da Corte Interamericana de Direitos Humanos – CIDH, determinou que nosso país adote medidas urgentes para interferir com a situação de superlotação  dos presídios do Maranhão, onde já foram registrados mais de 50 mortes ocorridas neste ano. É de fato algo lamentável e que nos dá uma sensação de indignação total. Essa medida internacional atesta a negligência absoluta e falta de comando do Poder Público em manter um sistema prisional tão importante para o equilíbrio e segurança sociais.

Apesar de tudo, há uma espécie de tolerância assustadora ante a violência que vem ocorrendo em nossa cidade e em nosso país. A impressão é que não sabem o que fazer nem onde vai parar. Enquanto a violência toma conta da cidade, há uma demonstração de resiliência do Poder Público com a barbárie. Os assassinatos são cometidos das formas mais absurdas, em todos os lugares, dentro das casas, nos presídios, nos bares, nas ruas, nas festas, onde quer que seja, as mortes estão acontecendo. E pior, ora com requinte de extrema crueldade, como a que se viu na Penitenciária de Pedrinhas, ora de inexplicável banalidade do agressor.  Ao mesmo tempo clama-se por medidas emergenciais para sustar essa onda de crime e de  horror, e nada. Estamos de fato por conta da sorte pois se formos esperar que o poder pública tome alguma iniciativa para garantir nosso direito mínimo que é o de assegurar nossa segurança, não acredito.

 

O consumo de álcool e outras drogas na gravidez

 

O impacto do uso de drogas na gestação é surpreendente e cada vez mais se acumulam conhecimentos médicos e psicossociais que demonstram as graves consequências para o bebê, em diferentes momentos gestacionais. A vida intrauterina é crucial para definição de tudo que pode vir a acontecer na vida de uma pessoa, de tal forma que esse período deveria ser experimentado de forma absolutamente saudável para garantir o futuro da criança.

Em nosso país existem poucos estudos epidemiológicos correlacionando gestação com consumo de drogas, além de haver pouca modificação no comportamento das gestantes em relação ao uso de drogas, tanto no Brasil quanto em outros países, especialmente quanto ao álcool. No Brasil pesquisas demonstram que, nos últimos dez anos, as mulheres estão bebendo cada vez mais.

Abaixo as principais consequência do consumo de algumas das drogas em mulheres grávidas:

Álcool

Não há uma quantidade considerada “segura” para grávidas consumirem álcool. A abstinência nessa situação é considerada a melhor atitude, pois o etanol atravessa facilmente a barreira hematoplacentária e pode determinar efeitos teratogênicos no feto. A Síndrome Alcoólico Fetal – SAF é a principal consequência do uso de álcool nesse período e se caracterizada por retardo do crescimento intra-uterino, déficit mental, alterações músculo-esqueléticas, geniturinárias e cardíacas. As alterações neurológicas determinadas pelo etanol incluem alterações na mielinização e hipoplasia do nervo óptico. A família terá que conduzir esse problema pela vida toda, pois são poucos os recursos médicos e psiquiátricos para se tratar  o problema.

Cocaína

A prevalência do uso da cocaína e seus derivados, crack, merla e oxi, tem aumentado dramaticamente na população gestante nas últimas décadas. Estima-se que até 10% das mulheres norte-americanas tenham utilizado cocaína durante a gravidez, tendo ocorrido parto pré-termo ou descolamento prematuro de placenta na maioria dessas pacientes, além de outras complicações, tanto maternas quanto perinatais.

A cocaína provoca doença hipertensiva gestacional e suas complicações também são dramáticas para o feto, pois entre outras coisas provocará exacerbação do sistema simpático, provocando hipertensão, taquicardia, arritmias e até falência miocárdica e morte. Essa substância atravessa rapidamente a barreira placentária sem sofrer metabolização, agindo diretamente nos vasos dos fetos determinando vasoconstrição, além de malformações urogenitais, cardiovasculares e do sistema nervoso central. Além disso, como o fluxo sanguíneo uterino não é auto-regulado, a sua diminuição provoca insuficiência útero-placentária e baixa oxigenação sanguinea.

Maconha

Provavelmente seja a droga ilícita mais frequentemente utilizada na gestação, com incidência variando entre 10% e 27%. Os efeitos psicoativos, especialmente alucinógenos são decorrentes do princípio ativo delta-9-tetra-hydrocannabinol (THC), que facilmente atravessa a barreira placentária. A maconha, diminui a perfusão útero-placentária e prejudica o crescimento fetal. O uso de maconha levaria ao retardo da maturação do sistema nervoso fetal, além do aumento dos níveis plasmáticos de noradrenalina ao nascimento, o que provocaria distúrbios neurológicos, psiquiátricos e comportamentais precoces.

Nas mãe a maconha determina descarga de adrenalina, com taquicardia, congestão conjuntival e ansiedade, enquanto que o uso crônico pode provocar letargia, irritabilidade, além de alterações no sistema respiratório, como bronquite crônica e infecções de repetição.

Tabaco

O monóxido de carbono e a nicotina, e muitas outras substâncias que compõem o tabaco passam também facilmente pela placenta. 
O monóxido de carbono apresenta uma alta afinidade pela hemoglobina do feto, impedindo que esta se ligue ao oxigênio, favorecendo a falta de oxigênio fetal. A nicotina determina vasoconstrição e o aumento da resistência vascular. Além disso, a placenta de mães tabagistas apresenta características sugestivas de diminuição do fluxo de sangue, e, como consequência, há uma maior incidência de retardo do crescimento intra-uterino, descolamento prematuro de placenta e rotura prematura das membranas ovulares.

Fumar no puerpério (após parto) também é prejudicial ao bebê, pois os produtos do tabaco passam pelo leite da mãe, além de ocorrer diminuição de sua produção. Apesar disso, somente 20% das gestantes que fumam interrompem o tabagismo durante a gravidez.

 

 

 

A oração, a fé e a longevidade

 Já somos sabedores das competentes orientações médicas sobre o que devemos fazer para se viver bem, melhor e por mais tempo. Recomendações como: evite gorduras, sal, excessos de açucar, vida sedentária, obesidade, stress, beba poco, nao fume e muitas outras recomendações, já são por demais conhecidas. Todas, com o propósito de garantir a saúde, a qualidade de vida e a longevidade.

Nesse sentido, foi anunciado recentimente, o resultado de uma importante pesquisa sobre a longevidade humana realizada pelo médico Lewis Terman da Universidade Stanford, na Califórnia, tendo ele iniciado seus estudos em 1921, selecionando um grupo de 1 500 crianças para acompanhá-las durante os anos seguintes. Terman, faleceu em 1958, mas seus assistentes proseguiram com esses estudos acompanhando todo o grupo por décadas, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que suas mortes os separassem.

Em 2012, as conclusões desses estudos foram anunciadas e entre estas, a confirmação da importância dos conselhos médicos clássicos, descritos acima. Os pesquisadores chegaram a conclusões surpreendentes, por exemplo: trabalhar muito é um caminho para viver muito, otimismo de mais pode ser prejudicial e a genética não é assim tão determinante para prever seu futuro, pois há pessoas que por terem pais longevos, acreditam que também o serão e por isso não se cuidam.

Entre as outras conclusões uma nos chamou a atenção pelo fato de confirmar algo que já estava no senso popular há anos: a fé cura e influencia a longevidade e, quem comparece à missa, culto, centro espírita, sinagoga, terreiro etc. em geral vive mais. Esta conclusão gerou um dilema: religiosos vivem mais porque rezam ou rezam porque vivem mais? Os dados não permitem concluir se a saúde dos anciãos é beneficiada pela experiência ou se, na verdade, quem tem disposição para ritos religiosos são justamente os mais saudáveis. Moral da história: na dúvida, tenha fé em alguma coisa.

Quando se diz, a fé cura, a fé remove montanhas, a fé salva e muitas outras afirmações oriundas da crença popular, nesse trabalho ficou demonstrado a veracidade científica dessas afirmações. A neurociência nesse sentido, há muito tempo, vem afirmando que a fé como vivência humana, está programada em nosso cérebro, e que tal vivência produziria, de diferentes maneiras, benefícios para a saúde.

Charles Darwin, criador da teoria da evolução há 150 anos, já havia registrado no livro, A descendência do homem, em 1871: “Uma crença em agentes espirituais onipresentes parece ser universal”. “Somos predispostos biologicamente a ter crenças, entre elas a religiosa”.

Outro neurocientista, Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia – EUA, que estuda as manifestações cerebrais da fé há pelo menos 15 anos, demonstrou que as práticas religiosas estimulam, entre outras regiões do cérebro, os lobos frontais, responsáveis pela capacidade de concentração e os lobos parietais, que nos dão a consciência de nós mesmos e do mundo. Outros estudos em andamento pretendem compreender melhor a meditação e a prece, mas a pesquisa de Newberg mostra que, durante essas atividades, o lobo frontal fica mais ativo que o lobo parietal demonstrando efetivamente a ação dessas atividades em nossa vida.  Em seu novo livro,“Como Deus muda seu cérebro”, Newberg explora os efeitos da fé sobre o cérebro e o impcato disso na vida das pessoas. Estudos anteriores nesta àrea verificavam os efeitos à curto prazo de práticas como a meditação e a oração. Agora, ele e seu grupo, pretendem responder à seguinte questão: o que acontecerá se você adotar, com frequência, uma prática como a meditação ou a prece?

 

Robert Hummer, sociólogo e professor da Universidade do Texas que também desenvolve trabalhos nesta àrea, que acompanha um grupo de pessoas desde 1992, estudando a relação entre a religião e a saúde, garante que, quem nunca praticou uma religião tem um risco duas vezes maior de morrer nos próximos oito anos do que alguém que a pratica pelo menos uma vez por semana. As evidências da influência da fé na saúde são promissoras afirma o neurologista brasileiro Jorge Moll, diretor do Centro de Neurociência da Rede Labs-D’Or: para ele o desafio é quantificar a influência da fé e tentar compará-la com os efeitos de outras práticas sem conotação religiosa.

Alguém duvida que a oração sob inspiração da fé e do amor, em momentos de sofrimentos, angustia, e dor, não juda? Que a fé influencia muitas pessoas a se recuperarem de graves problemas, como dependência de drogas e em outras doenças? Que a oração, nos dá paz e serenidade? Todos esses efeitos estão ligados a capacidade humana de ter fé e de amar.

Portanto, orar, rezar ter fé, entrar em comunhão com Deus, ir a igreja com a finalidade religiosa não é tão somente só uma atitude social, e sim são atitudes eficazes que garantem mais bem estar, saúde e longevidade. Nesse natal que se aproxima, vamos rezar muito e cultivar a fé para vê-la brotar em Deus, em nós e nos homens.

 

 

 

 

Dia Internacional Contra a Corrupção

Hoje, dia 9 de dezembro, comemora-se o dia Internacional contra a Corrupção. Esse dia refere-se a instalação da Convenção internacional das Nações Unidas contra o crime, realizada em 2003, em Mérida nos Estados Unidos. A ideia da convenção era fortalecer as medidas de prevenção e combate a corrupção em todo mundo e nosso pais e signatário, inclusive a comemoração alusiva ao dia 09 foi sugestão da delegação brasileira na convenção.

Os Srs. já imaginaram se houvesse uma mobilização global na face da terra onde todos os continentes em um só voz e com a participação de todos indistintamente desbancassem, de uma vez por todas, com essa praga chamada corrupção, que assola o mundo? Já imaginaram um mundo livre dela, e mesmo que houvesse, os que a praticassem fossem punidos de forma mais rigorosa? Imaginem, se dispuséssemos  uma justiça ágil que obrigasse esses larápios devolvessem todos os bens, que fossem saqueados ao erário publico? Que governantes corruptos fossem para as cadeias?

Muitos estão dizendo; isso e utopia, isso não existe. Mas, eu pergunto: não são as utopias e os sonhos, que nos fazem mudar? Alguém que não sonha, cresce na vida, progredi ou avança em seus propósitos? O que seria de nos se não sonhássemos? Posso afirmar, que sem sonhos a vida perde o sabor e o sentido, nada ocorre de importante quando não se sonha. Ocorre, que permanentemente somos convocados a enfrentar tantos desafios e tantos percalços, que nos resta pouco tempo para sonhar.  O mundo sem corrupção e possível, e o que  todos querem, e o desejo de todos.

Ocorre, que para se chegar onde se quer devemos fazer por onde. Não se muda nada sem agirmos, tudo começa no pensamento nas se materializa na ação. A corrupção, como ação criminosa e repudiável se alimenta de praticas espúrias que fomentam indignação e revolta. São crimes abomináveis e praticados, por bandidos em geral vestidos de terno e gravata, que a rigor exercem funções de notoriedade publica, se apossam do erário publico sem qualquer pudor, culpa ou remorso e os “ganhos” os aplica em seu próprio beneficio. Esses larápios,  aparecem vindo de todos os lados, sem avisar e, de forma lenta e insidiosa, semelhante a uma peste daninha, vai minando e destruindo todos os setores da vida publica ou privada, dilacerando prerrogativas de muito valor como a honradez, a ética, a moralidade na gestão da coisa publica, a justiça, e principalmente as instituições.

Ninguém, muito menos uma sociedade, resiste aos efeitos deletérios e devastadores da corrupção. Lamentavelmente e uma presença marcante e forte no mundo contemporâneo.

Em recente relatório internacional sobre corrupção nosso pais figura na 72 posição no ranque internacional da corrupção. Um fato curioso e que a população apesar de ainda se indignar diante das praticas de corrupção vem se tornando tão comum  e tao frequente frequente essa pratica em nossas instituições que parece que alguns segmentos dessa mesma população já se acostumou com esse câncer. Algo muito parecido ocorre quanto a onda de violência que assola o nosso pais e principalmente nosso estado. As vezes a impressão que se tem e que se tornou tão banal  corriqueiro se falar em assalto, assassinato, roubo e muitos outros crimes que já nãos nos assustamos como antes, isto e, estamos incorporando em nossa cultura essas praticas, situação que ao meu ver nos imobiliza a todos .  E tanto a pratica violência, em suas diferentes facetas, quanto a pratica da corrupção parecem que ambas as condições que fazem parte do nosso dia a dia.

Todavia, não devemos deixar que isso ocorra, devemos aproveitar o mote desse dia internacional para fortalecer movimentos internacionais, nacionais ou locais para se contestar de forma acirrada contra essas praticas antihumanas e abomináveis. Devemos manter sempre acesa a chama anticorrupção e ante tudo que seja antiético e imoral para garantir nossa sustentabilidade como seres humanos.

Na tentativa de controlar essa pratica da corrupção no pais, o governo federal propõe que a corrupção seja considerada um crime hediondo. Essa condição implicaria em punições ,ais severas contra esses bandidos corruptos. Este projeto já foi aprovado na Câmara Federal, seguira para o Senado e, se aprovado ira para a sansão da presidente.

Em 01 de agosto desse ano, foi sancionada a lei brasileira anticorrupção de numero, 12.846 a qual dispõe sobre a responsabilização objetiva, administrativa e civil de pessoas jurídica pela pratica de atos contra a administração publica nacional ou estrangeira sendo possível alcançar o patrimônio da pessoa jurídica incidindo penas altas sobre o faturamento dessas empresas, caso se envolvam com atos de corrução ativa ou passiva.

Haverá em nossa cidade algumas manifestações pontuais alusiva a esse dia, vamos participar, gritar, contestar exortando a importância de um mundo, de um pais e de uma cidade sem corrupção. Vamos ficar  apostos e fechar o cerco contra essas impostores e, uma arma a nosso favor e a denuncia. Denunciar corrupção aos órgãos competentes e um dever cívico e ético na medida um que fortalece as ações  de enfrentamento desse problema.

 

As famílias e os dependentes de drogas

No último dia três deste mês, foi anunciado dados de mais um trabalho de pesquisa realizado pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, sob a coordenação do Prof. Ronaldo Laranjeira, que desta feita tratou de questões relevantes sobre as famílias que possuem dependentes químicos, assunto importante porém pouco tratado em políticas públicas sobre a temática das drogas.

O Levantamento Nacional de Famílias de Dependentes Químicos mostrou que cerca de 28 milhões de brasileiros vivem com um dependente químico. Foi uma pesquisa inédita que mostrou também o impacto que ocorre na família, quando alguém do seu núcleo, faz uso de álcool e de outras drogas.

O levantamento mostrou que entre os parentes entrevistados, 80% são  mulheres, sendo que 46% delas são mães dos dependentes de drogas. Mais da metade delas (66%) são responsáveis pelo tratamento. Essas mães também são consideradas chefes da família, fazendo com que, além da sobrecarga de cuidar do filho usuário de drogas, cuidam tambem dos outros membros da casa.

Esse dado nos faz refletir sobre o papel de homens e mulheres em nossa cultura e no ambiente familiar pois, quem assume mesmo a lida com esses doentes são as mulheres. E, de fato, é o que se verifica na prática, pois na maioria dos casos são elas que tomam a frente para conduzir o tratamento recomendadado para esses dependentes quimicos.

Pelo estudo, mais da metade (57,6%) das famílias têm outro parente  usuário de drogas, isto é, não se trata somente de um caso, o que já seria por si só muito difícil, mas são mais de um. Para as pessoas entrevistadas, (46,8%) acreditam que maus  companhias e baixa autoestima pessoal dos usuários (26,1%) são fatores de risco mais relevantes que influencia no problema.

Na realidade, o ambiente onde se vive, as companhias, a auto-estima, as frustrações, o desengajamento em atividades sociais e no trabalho, o baixo nível educacional, a presenca outras doenca mentais ou problemas sociais, psicológicos ou comportamentais, são situacoes relevantes como fatores de risco para o uso de drogas, além de influenciarem nos mecanismos de recaídas que se veifica entre esses doentes.

A pesquisa avaliou também o tempo que as familias gastam para buscarem ajuda após o reconhecimento do uso dessas drogas, que é de três anos. Entre os usuários de cocaína e crack, o tempo é menor, dois anos. E, entre  usuarios de álcool esse tempo sobe para 7.3 anos.

 

Tempo muito longo para se buscar ajuda, para usuários de crack e cocaina, pois essas drogas provocam dependência em pouco tempo. Entre os consumidores de álcool,  sete anos também já é um tempo longo, embora se saiba que o álcool provoca dependência por maior tempo de uso. Em ambos os casos, muitos já apresentam sinais de cronificação da doença, fato que dificulta sobremaneira a recuperação dessss pessoas. Sabe-se hoje, que quanto mais cedo se empreender prevenção, as famílias evitarão muitos dissabores relacionados com o uso dessas substâncias.

Um terço dos parentes (44%) descobriram o uso de drogas entre familiares por causa da mudança de comportamento e apenas 15% por terem visto o paciente usar droga fora de casa e que se gasta muito com o tratamento desses enfermos, pois 58% desses tratamentos foram custeados exclusivamente pela família, afetando drasticamente o orçamento das mesmas, em 45% dos casos.

Esses fatos demonstram claramente a necessidade dos governos investirem mais em prevenção e em reabilitação psicossocial desses doentes. Oferecer uma rede de atendimento mais abrangente e mais eficiente que cubra as necessidades dessas famílias, deveria estar em primeiro plano nas políticas desse setor.

Podemos concluir, a partir desses dados, que as famílias de dependentes químicos estão praticamente sozinhas e desamparadas, não têm a quem recorrer, essa que é a realidade! Volto a dizer: tem-se que investir massicamente em prevenção e rabilitação psicossocial, para evitar os alarmantes índices de recaídas que se verifia entre essas pessoas. Alem do mais, ampliar a rede de cuidados primários para identificação precoce da dependência e começar desde cedo a tratá-los, pois, quanto mais cedo, maiores serão as chances de se livrarem desses problemas.

 

 

 

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