Calote oficial

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O Governo do Estado e a Prefeitura de São Luís, que nos últimos anos têm promovido festas populares em parceria, parecem ter se associado também para aplicar calote nos grupos culturais contratados para animar os eventos. Sem receber os cachês referentes às apresentações que fizeram no Carnaval e no São João, escolas de samba, blocos tradicionais, batalhões de bumba-meu-boi, quadrilhas, dentre diversas outras manifestações folclóricas, contabilizam dívidas que podem repercutir negativamente na próxima temporada.

È inadmissível que no segundo semestre os grupos carnavalescos ainda não tenham recebido os pagamentos pelas apresentações nos circuitos de rua e na Passarela do Samba. Quase seis meses depois do fim da folia, as agremiações aguardam, sem qualquer perspectiva, os valores que lhes são devidos. Mais do que burocracia e falta de recursos, o que impera é a má vontade e a falta de compromisso para fomentar a cultura popular e os demais segmentos beneficiados pela gestão adequada dessa cadeia produtiva.

Se os cachês do Carnaval continuam pendentes, mesmo tendo se passado quase um semestre desde o fim da programação, a remuneração artística das festas juninas, por ser mais recente, é ainda mais incerta. A falta de um calendário de pagamento das atrações revela falta de planejamento dos entes públicos que patrocinam os eventos, despertando descrédito na população e em todo o segmento cultural.

Pela exuberância do seu folclore, a capital maranhense deveria contar com um mecanismo capaz não só de pagar aos grupos dentro do prazo, como de adotar políticas de incentivo ao desenvolvimento e até mesmo da profissionalização do setor. Em vez disso, o que se tem são o caos e o risco de ver a cultura popular sucumbir em meio ao descaso dos que hoje a gerenciam.

Como se não bastassem as pendências financeiras oriundas do Carnaval e da temporada junina, a prefeitura ainda não repassou e não deu qualquer previsão de quando repassará os cachês aos grupos que integraram a programação cultural alusiva à passagem da Tocha Olímpica por São Luís, realizada em 12 de junho. Informações disseminadas em redes sociais dão conta de que os recursos, provenientes do Ministério do Esporte, já estão na conta do Município. Nesse caso, duas obrigações se impõem à administração municipal: a de pagar as remunerações e a de esclarecer o atraso.

Tão badalada por governistas e seus porta-vozes na imprensa, a parceria entre governo e prefeitura na área cultural deveria ser sinônimo de esforços redobrados e recursos financeiros suficientes para promover festas populares à altura da riqueza e da diversidade folclórica de São Luís. Mas, diferente do que se esperava, o resultado foi frustrante, com circuitos de rua esvaziados e sem brilho e arraiais desorganizados e com pouco entusiasmo.

Findadas as temporadas carnavalesca e junina, o que restou foi a insatisfação do público, pelo fiasco que lhe foi apresentado a cada programação, e dos grupos, por amargarem, até hoje, o calote oficial.

Editorial publicado nesta quinta-feira em O Estado do Maranhão

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