“Estamos assistindo ao desmonte do Judiciário”, alerta presidente da Associação dos Magistrados

1comentário
Gervásio lembrou que a capacidade de julgar com autonomia e independência é uma prerrogativa da própria sociedade
Gervásio lembrou que a capacidade de julgar com autonomia e independência é uma prerrogativa da própria sociedade

O presidente da Associação dos Magistrados do Maranhão (AMMA), juiz Gervásio Santos, disse nesta quarta-feira (30), em entrevista coletiva, que a emenda ao texto-base do pacote anticorrupção, aprovada pela Câmara Federal na noite anterior, feriu de morte a independência e a autonomia da Magistratura. Segundo ele, as grandes vítimas serão a sociedade brasileira e a democracia.[mais]

“Na medida em que se retira do Judiciário e do Ministério Público a independência, estamos assistindo a um processo de reação às apurações que estão em andamento no País, em especial à Operação Lava-Jato”, alertou.

Na avaliação de Gervásio, há uma reação orquestrada a partir de vários fatos que, a principio, parecem isolados, mas estão concatenados entre si no Congresso Nacional que visam enfraquecer a Magistratura e o Ministério Público.

Para ele, o mais grave na aprovação do pacote foi o fato de que as dez medidas de combate à corrupção foram totalmente descaracterizadas. “E os que estão à frente do combate à corrupção, juízes e promotores, em função das emendas aprovadas, acabaram sendo alvos da reação de determinados parlamentares”.

Gervásio alerta que essa não é uma luta apenas da Magistratura, e sim de toda a sociedade brasileira, porque o fim da corrupção e o fim da impunidade interessam a todos.

Mobilização

Em protesto ao processo de desmonte do Poder Judiciário e do Ministério Público, diretores da AMMA se farão presentes na mobilização nacional convocada pela Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público (Frentas), que acontecerá nesta quinta-feira (1º), no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, a partir das 14h.

No Maranhão, a AMMA conclamou os juízes a paralisarem suas atividades das 13h às 14h, em apoio ao ato público.

Segundo Gervásio, é importante que a sociedade saiba que a capacidade de julgar com autonomia e independência é uma prerrogativa da própria sociedade. “Imaginem que um magistrado sem independência, é algo que prejudica a sociedade. Quando se quer ferir a democracia, o primeiro alvo é o Judiciário e o segundo é a imprensa”, finalizou.

Também participaram da coletiva na sede da AMMA o 2º vice-presidente e presidente eleito para a gestão 2017/2018, Angelo Santos; a secretária-geral da Esmam e tesoureira adjunta eleita, Marilse Medeiros; e o juiz Antônio Agenor Gomes.

O juiz Angelo Santos salientou que a Magistratura e o MP têm desempenhado as suas funções constitucionais de forma que o combate e o enfrentamento à corrupção estão sendo feitos e o sentimento de impunidade tem diminuído.

“A inclusão de crimes para magistrados e promotores neste pacote vai na contramão dos anseios da população. Ou seja, os eleitos pelo povo estão contrariando os anseios da população, que sabe que essa é uma reação contra o trabalho que tem sido feito para acabar com a corrupção que assola o País”, alertou.

1 comentário para "“Estamos assistindo ao desmonte do Judiciário”, alerta presidente da Associação dos Magistrados"


  1. Paulo Humberto Freire Castelo Branco

    Se esses procuradores de justiça renunciarem, o Conselho Nacional do Ministério Público ou a Corregedoria do Ministério Público Federal, deve instaurar um processo administrativo por prevaricação contra esses servidores públicos. Não pode um servidor público dizer qual a tarefa que quer fazer ou deixar de fazer. Um Promotor ou magistrado só pode deixar de atuar em um processo se houver impedimento legal ou suspeição. Com todo respeito que temos aos nobres agentes da Lava Jato, não podemos deixar tanto poder na mão de qualquer segmento. Qual é o problema da emenda que pune MP e Magistrados por abuso de autoridade. Quem deve ser contra é quem comete abuso de autoridade, quem trabalhar dentro da lei, respeitando a constituição, os direitos individuais, o devido processo legal, o direito ao contraditório e a ampla defesa, não tem o que temer.

deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS